Eu já estava decidido, ao terminar este período na faculdade eu iria voltar pra casa. Em um dos livros de Nickolas Sparks que li a um tempo atrás, chamado: "Querido John", dizia que amor é pensar na felicidade da pessoa amada, mesmo que isso custe a sua.

Era o autor favorito de Juliard e acho que ela gostaria que eu utilizasse uma frase dele para pôr em prática. Ela estava feliz com Damon, mesmo eu achando que ele não era o cara certo pra ela, eu a tinha perdido para um cara que não a ama nem a metade do que eu, mas o que eu iria fazer?! Insistir até o final dos meus dias? Bom... seria o certo, mas o que acontece é que como qualquer outra pessoa isso cansa, isso cansaria a mim e cansaria a Juliard que enjoaria de sempre eu querer uma chance com ela se era com Damon que ela planejava o seu futuro. Mesmo que ele não fizesse o mesmo.

Faltava agora um dia para o baile da escola, depois disso estaríamos de férias e depois das notas poderíamos ir pra casa e eu iria voltar para a minha cidade, falaria com os pais de Juliard e mesmo que fosse doloroso para eles o que eu tinha a dizer, eles futuramente iam arrumar algum modo de trazê-la de volta e eu esperava até lá tentar amenizar todo esse meu sentimento.

Neste momento eu estava folheando as páginas do caderno de Rachel para repôr a matéria, mas meus pensamentos estavam longe demais de todas aquelas equações.

– Posso entrar? – Uma voz cortou meus pensamentos. Olhei pra porta e vi Juliard segurando na sua mão o livro que eu tinha lhe dado.

– Claro. – eu sorri e me sentei na cama – A que devo a honra desta visita?

– Queria perguntar se você vai ao baile de sexta...

– Sim – eu sorri torto – Será talvez a última vez que vamos nos ver.

– Porque?! – Seus olhos vacilaram o que fez com que meu coração criasse certa esperança.

– Este não é o meu lugar, Juliard – eu sorri torto – Eu queria muito ficar, mas acho que não tenho motivos pra continuar.

– Você tem sua faculdade pra concluir – ela fez bico – Você mal fez o primeiro período.

– E se dependesse do meu esforço eu nunca sairia dele, não é? – Eu abri um sorriso e ela deu uma risada curta e doce.

– Este baile então vai ser mais importante do que eu pensava – ela olhou pra baixo, fiquei observando-a até que ela sorriu e me olhou – Eu vou ver se... rola o meu primeiro beijo com o Damon.

– Ainda não deram o primeiro beijo? – Eu a olhei meio confuso.

– Ainda não... ele já tentou, mas eu... eu tenho vergonha, sabe. – ela corou – Eu nunca pensei que me sentiria assim no meu primeiro beijo.

– Seu primeiro beijo?! – Eu perguntei franzindo as sobrancelhas. Ela já tinha beijado antes, ela já tinha transado antes também... meu Deus, eu daria tudo para entender como é a mente de Juliard depois do acidente.

– Não... – ela umideceu os lábios – Eu sei que já beijei antes, mas acho que faz tanto tempo que eu nem lembro. – ela riu e eu apenas sorri mostrando o tamanho da minha tristeza. – Na noite do baile, talvez eu não possa lhe dar muita atenção Justin, mas queria agradecer desde já por ter me feito tão feliz este período, foi tão... mais tão bom – ela segurou minha mão e entrelaçou seus dedos nos meus. Sentí-la assim me fez ter mais vontade de ficar e não desistir dela, mas eu sabia que essa seria a decisão errada.

– Eu também gostei de estar com você, Juliard – eu sorri de lado – Eu vou gostar da noite do baile, mesmo sabendo que você não ficará comigo o tempo todo, só eu sei o quanto você vai estar feliz ao lado do Damon.

Ela sorriu e me abraçou forte, eu perdi a noção do tempo alí nos braços de Juliard... do amor da minha vida. Eu estava abrindo mão dela, da minha felicidade pela dela. Este era o certo a se fazer, mesmo que doesse muito em mim.

[...]

Hoje a direção da escola liberou os alunos para saírem e comprarem as roupas pro baile de sexta-feira. Não teria aula de manhã e só voltaríamos pro colégio sexta a noite para a festa na quadra do colégio. Seria um baile de verdade, teríamos que ir bem arrumados, meninos de smoke e meninas com vestidos cultos e bem arrumadas.

Rachel foi a primeira a me chamar para me ajudar nas roupas. Eu estava totalmente sem ânimo, nem sei se eu queria ir de verdade. Mas eu iria, seria uma noite especial para Juliard e claro, pra mim também, que iria vê-la pela última vez.

Saí com Rachel e fomos logo pra casa dela onde ela pegou dinheiro para irmos as compras. Eu nunca andei tanto em toda a minha vida, ela ia em todas as lojas do centro de São Francisco. Ela achava um smoke e dizia que aquele não era o ideal, e na outra loja, o mesmo smoke ela dizia: "É bonito, mas ainda posso encontrar um melhor". E no final, o smoke que ela comprou foi igual a todos os outros que vimos anteriormente.

Eu sentia minhas pernas tremerem de tanto andar, e Rachel parecia disposta a dar mais duzentas voltas pelo centro comercial de São Francisco.

– Bom, agora podemos voltar pra casa, certo? – Perguntei quase cantarolando de alegria por dentro. Finalmente tínhamos terminado as compras.

– Claro que não, agora vamos ver o meu vestido – Ela sorriu ainda maior.

– Ah não, Rachel – eu resmunguei – Poxa, o vestido é seu... você pode fazer isso sozinha.

– O smoke também era seu e eu te acompanhei não foi?! Agora é sua vez – Ela me puxou pelo braço e ignorou o palavrão que eu soltei baixo comigo mesmo.

Entramos no shopping de São Francisco ás 14:30 e saímos de lá exatamente ás 19:40. Eu estava quase não sentindo meu corpo, tudo o que eu desejava naquele momento era uma cama para me deitar.

– Meu Deus, eu nunca andei tanto tempo na minha vida – Eu disse segurando umas três sacolas que era do meu smoke, da blusa social branca, da calça e do sapato que Rachel fez questão de me ajudar a escolher.

– Ai, vocês homens são um bando de froxos sabia? Depois as mulheres é que são chatas – ela reclamou, fez sinal para um táxi e entramos. – A minha roupa está maravilhosa. Amanhã começa o outono, aquela estação fria e gostosa, eu me amarro no outono. Você tem que ver São Francisco no outono cara, é lindo! – Seus olhos brilharam.

– Eu acho que não vou ver muito, Rachel – eu sorri torto – Eu vou ficar amanhã pro baile, mas já comprei as passagens de volta pro final de semana.

– Como é que é?! – ela me olhou assustada – Como assim, e a faculdade?

– Eu não tô me importando com a faculdade – eu olhei a cidade pelo vidro do táxi – Eu vim mesmo por causa dela, sabe? E ela está realmente gostando do Damon.

– E você vai deixar, você não vai lutar? Você não ficou nem um mês aqui direito, me diz o que você tentou? Absolutamente nada! – ela alterou a voz – Você acha que ela ia se apaixonar por você em semanas? Em dias?!

– O que acontece é que ela AMA o Damon, ela não vai esquecer ele pra ficar comigo, entendeu? Porque amor não termina do mesmo jeito que começa, assim... de repente. Se fosse assim eu não estaria aqui amando ela do jeito que estou depois de tanto tempo sem nem poder tocá-la como antes.

– Ahr, você é um idiota, Justin. – Ela saiu do táxi e entrou em casa me deixando ali pra trás, fiquei observando-a entrar cheia de raiva.

Paguei o táxi e entrei, logo depois subindo pro quarto onde eu estava dormindo desde que tinha chegado alí.