O colégio era grande demais, mas eu estava disposto a procurar por ela. Corri por todos os corredores, mas nada de Juliard e de Damon, andei por um corredor escuro onde um casal no final dele discutiam algo, só conseguia ver a sombra dos dois pela luz da lua que entrava pela janela na qual eles estavam de frente, a voz deles soavam como um sussurro. Parecia uma discussão feia mas não interrompi, passei por eles de cabeça baixa até conhecer aquela voz, eu olhei para conferir e era Jannie... e Damon.

– Jannie? – Eu a olhei, ela me olhou, endireitou sua postura e tentou relaxar sua face.

– Justin! – ela sorriu um pouco confortável – Que bom ver você por aqui.

– Você conhece o Damon? – eu o olhei – Cadê a Juliard? – Eu perguntei a ele.

– Eu não sei dela – ele me encarou – Agora me dá licença, estamos conversando Bieber.

– Eu não tenho mais nada para falar com você Damon, eu já te falei tudo o que eu tinha pra falar. Procure entender – seus olhos transbordaram de piedade. – Justin, me tire daqui.

Peguei a mão de Jannie, encarei Damon pela última vez e percorri o corredor ao lado de Jannie em silêncio. Eu não sabia se deveria perguntar a ela o que tinha acontecido, mas ela parecia triste e eu não estava suportando vê-la assim.

Nos sentamos em um parapeito no final de algum dos corredores que dava vista para a frente do colégio, e finalmente perguntei:

– O que você tem com o Damon? – Ela passou a mão no braço pra se defender do frio.

– Lembra quando falei a você que fui suspensa por causa de um menino? – sua voz soou baixa – Era ele.

– O Damon?! – eu perguntei espantado – Ele deixou que você fosse suspensa? Ele não tentou nem te livrar?

– Damon é um bunda mole – ela bufou – Eu não me importei com a advertência e com a suspensão, o problema maior é que ele gosta de mim. Mas está com uma menina aí, sei que ele quer me esquecer, mas ele vai fazê-la sofrer. Ele não sabe como se comportar com uma menina, sabe como é? Ele quer me esquecer com ela, mas pelo que sei desta menina ela é sossegada, quieta na dela... Damon não vai conseguir ficar com ela por muito tempo.

– Juliard... – Eu falei baixo com o olhar perdido.

– É essa mesmo. Você a conhece?

– Sim – eu mordi meu lábio e ela olhou para frente e suspirou.

– Ele é um cara muito legal, mas não sei sabe... Eu gostava dele, ele me fez sofrer, me machucou e depois eu o esqueci. Quis com ele a mesma coisa que quis com você, apenas diversão de momento, mas ele não entendeu isso. Eu queria explicar a ele que entre nós dois não ia rolar mais nada, mas ele insistiu sabe? Eu sei o quanto ele ainda me ama...

– Resumindo... ele está usando a Juliard? – Eu a olhei.

– Um pouco – ela balançou os ombros – Mas se ele não fizesse isso ele não poderia me esquecer, talvez eu até goste disso.

– Você pode gostar, mas eu não acho certo – eu me levantei – Ele não pode usar a Juliard apenas para esquecer você. Ela é frágil, ele pode machucá-la.

– Todo mundo está sujeito a se machucar quando se entrega ao amor, Justin – Ela me olhou.

– Mas a Juliard gosta dele – eu falei – E eu não vou deixar que ele a machuque.

Eu saí dali deixando Jannie parada na escuridão no parapeito, eu estava desnorteado nem sabia por onde andar e nem pra que andar, mas de qualquer jeito isso me ajudou um pouco.

Eu cheguei até Juliard que estava no jardim do colégio, sentada lendo um livro, com fones de ouvido e provavelmente esquecendo o mundo ali fora. Me sentei ao lado dela, ela pareceu não perceber a minha presença até que eu tirei um dos seus fones e dei um sorriso recebendo outro de retribuição:

– Não foi a festa? – Ela fechou o livro e pude ler que era do Nickolas Sparks, "A última música".

– Fui sim, mas foi horrível. – eu fiz careta – Um lugar não muito legal para uma menina como você – eu passei o dedo na ponta do nariz dela e ela deu uma risadinha – Você está aqui sozinha porque?

– As vezes eu gosto – ela balançou os ombros – Mas eu estou esperando o Damon, ele marcou comigo, mas como ele não chegou eu fui no quarto e peguei um dos meus livros preferidos pra passar o tempo.

– Você podia ter ido me procurar – eu a olhei – Te faria companhia.

– Você estava na festa, Justin – Ela passou a mão na capa do livro e eu sorri.

– Você é o tipo de menina rômantica né? Os livros do Nickolas Sparks são todos românticos não é?

– Eu amo os livros dele – ela sorriu melancólica – Fala do amor, eu acredito no amor.

– Eu também – Eu olhei seus olhos e ela desviou o olhar pro livro.

– Gosto de outros tipos de livro também, mas em especial do Nickolas.

– Hum – eu sorri de lado – Você gosta muito do Damon, não é?

– Porque está me fazendo essa pergunta? – Ela me olhou, seus olhos eram perdidos.

– Eu também não sei – eu balancei os ombros – Mas você gosta, não é?

– Juliard! – Chamou uma voz atrás da gente, tanto eu quanto ela olhamos para ver quem chamava e era Damon, eu voltei o olhar pra frente e Juliard continuou a falar com ele:

– Você disse que me esperaria na mureta do corredor de filosofia.

– Desculpe, você demorou e eu vim pra cá.

– Demorei porque o Justin estava aqui – ele bufou.

– Bieber, cadê a Jannie?! vi o quanto vocês são próximos. – Ele me olhou com provocação, Juliard me olhou como se me perguntasse do que ele estava falando. Damon estava jogando sujo.

– A Jannie? – eu me levantei e o encarei – Ela está por aí tentando entender o porque você machucou ela uma vez e depois caiu de amores por ela, e está usando outra menina pra esquecê-la.

Damon me fuzilou com o olhar, Juliard se levantou e olhou pra Damon com os olhos de um cachorrinho perdido:

– Do que ele está falando Damon?

– Eu... eu não sei minha gatinha – Ele disse todo meloso.

– Você sabe sim, você machucou a Jannie – eu coloquei lenha na fogueira – E agora ta aí, amando ela perdidamente e usando outra menina pra esquecê-la. Você não se importa se caso você não consiga esquecer a Jannie você vai machucar esta garota?

– PÁRA DE FALAR COMO SE EU NÃO SOUBESSE DE QUEM VOCÊ ESTÁ FALANDO, JUSTIN! – Ela gritou, seus olhos estavam marejados o que me fez desabar por dentro.

Meu coração machucou depois de vê-la assim. Juliard saiu correndo e se perdeu na escuridão.

– Está vendo o que você fez, seu imbecil! – Ele me empurrou.

– Isso é pra você aprender que pra você falar da vida dos outros a sua tem que ser um exemplo – Eu o empurrei desta vez, ele deu dois passos pra trás, me encarou e depois saiu correndo na escuridão chamando por Juliard. Eu abaixei a cabeça e xinguei baixinho.