Se você consegue imaginar um lugar onde tudo rola menos o treino de baisebol, este era o lugar. Gente se pegando em todos os cantos, gente bebendo, rindo, gente caindo por não se agüentar mais em pé, líderes de torcida de top's e saias minúsculas, cabelos soltos, maquiagem forte. Meninos de calça e jaquetas, bem perfumados e mostrando sua pinta de gostosão conversando em grupos com uma pequena garrafa de vodka na mão.

Este era o lugar que eu não conseguia imaginar Juliard... no fundo uma música tocava, havia uma quadra de terra seca cercada por grades e iluminadas por holofotes onde alguns estudantes faziam de pista de dança, e fora da quadra estava todo o resto das pessoas, e ainda havia aqueles que ficavam ''se pegando'' atrás da churrasqueira, escadas, e da pequena arquibancada que havia alí.

Quando a loira de Thomas me viu ela veio andando em minha direção, suas amiguinhas atrás todas comentando com risadinhas e olhando pra mim. Aposto que a loira deveria estar planejando me pegar esta noite, ela parou na minha frente e sorriu:

– Bom ver você por aqui.

– Hum – eu sorri torto – Você viu a Rachel?

– A ruiva? – ela revirou os olhos – Ainda não chegou, mas esqueçe ela, promete que nesta noite você vai se divertir um pouco e esquecer essa cara de durão pelo menos por um momento...

Ela me puxou sem nem que antes eu prometesse e me levou pra mesa de bebida onde me estendeu um copo de vodka, eu peguei e logo em seguida dei um gole. O mesmo ela fez com uma garrafa, ela me encarava com um sorriso malicioso e eu retribuía o olhar, não com malícia mas queria entender qual era daquela garota.

Começamos a conversar sobre algumas coisas bobas, e depois de um tempo ela disse que eu já poderia chamá-la de Lily. Claro que eu não a chamei assim, continuei não me referindo ao nome dela – até porque eu já tinha me esquecido qual era o seu nome – Se passou uma hora e "Lily" estava quase na quinta garrafa de vodka, ela não estava mais lúcida. Eu olhava pros lados a toda hora para ver se eu não via Rachel, queria urgente sair das garras daquela garota mas Rachel parecia não ter vindo assim como Thomas também não, que por sinal eu não via desde sexta-feira.

A noite foi chegando e quando deu sete e meia já estava escuro o suficiente para que ligassem as luzes na quadra de baisebol transformando-a em uma legítima pista de dança. A música aumentou, e "Lily" me puxou pra quadra onde começamos a dançar uma música eletrônica que eu não sei definir de quem é.

A loira começou a se esfregar em mim, passando a mão pelo meu corpo em plena quadra... Eu sei que estava lotado, ninguém perceberia e além do mais aquilo era normal por ali, em pouco tempo eu já tinha visto coisa pior, mas aquilo era um tanto inadequado, e eu não queria.

Ela cheirava meu pescoço e eu tentava afastá-la com cuidado, um empurrão a mais ela despencava no chão.

– É sério, vai sentar um pouco, você não está bem – Eu falei baixo em seu ouvido, talvez se eu falasse com uma voz sedutora ela não me obedeceria.

– Eu quero tentar, hum? – Ela passou a língua em minha orelha.

– Vamos, mas quando você estiver melhor. – Eu a olhei e segurei seus punhos – Ok?

Ela sorriu satisfeita e eu a levei para se sentar na arquibancada, ela se sentou e colocou as mãos na cabeça um pouco tonta. Fiquei a observando até que decidi ir pegar um pouco de água pra ela.

Eu ainda não tinha visto Rachel, Juliard, Damon... será que eu tinha ido pra festa errada? Peguei uma garrafa de água no isopor que estava guardando algumas bebidas com gelo, e quando voltei vi um tumulto que a alguns minutos antes não havia. Todos aplaudiam, gritavam, induziam com as garrafas de bebida pra cima, eu fui me infiltrando entre as pessoas e vi a loira tirando a sua roupa toda, ela estava apenas de calcinha rebolando em cima da mesa descendo até o chão com o dedo na boca, totalmente fora de si.

Fiquei olhando aquela cena, e vendo o quão aquela garota estava se perdendo. Ela ia tirar a calcinha, agora ela puxava para baixo e com outra mão acariciava seus seios. Os meninos estavam indo a loucura e induzindo ainda mais que ela fizesse aquilo... E lá iria eu e minhas manias de cuidar de todo mundo.

Tirei meu casaco e puxei a loira de cima da mesa, os meninos me vaiaram mais quem se importava? Aquela garota na manhã seguinte nem ia lembrar o que estava fazendo. Enrolei ela no casaco e ela fungou no meu pescoço:

– Vamos nos divertir sozinhos agora? – Ela perguntou.

– Não, vamos voltar pro quarto, você vai tomar um banho e depois dormir.

– Vamos tomar um banho juntos? – Ela falou embriagada e deu uma risada engraçada, eu a ignorei e a tirei daquela festa.

Colocá-la no banheiro foi a parte mais complicada. Ela lutava contra aquilo, mas por fim consegui pôr ela debaixo do chuveiro, ela se encolheu e eu pensei que enfim ela tinha se acalmado, mais daí do nada a menina começou a dançar Lady Gaga, depois Michal Jackson, Rihanna e outros nomes da música. Ela gritava as vezes, pulava, berrava, se esfregava obcenamente na parede o que me fazia esfregar os olhos de decepção com tudo aquilo, era realmente muito triste presenciar aquela cena.

– Vem cá, gatinho – ela dizia olhando pro sabonete na saboneteira.

– Chega, chega... Vamos dormir agora.

– Nossa... – ela disse olhando para o peixinho de enfeite na parede – Ele está dando em cima de mim, você não vê? Será que ele é bom?

– Vem logo! – Eu a puxei e a enrolei na toalha. Ela veio com o corpo mole, coloquei-a sentada na cama e sequei seus cabelos, eu pouco estava me importando que ela estava nua em minha frente, o estado deplorável dela era ainda mais chamativo. Enrolei a toalha em seu corpo e a fiz deitar, ela bocejou e me olhou:

– O que está esperando para me satisfazer, hein?

– Xiiu – eu a saculejei de leve – Dorme vai.

– Ah não, vai me dizer que você ainda é virgem – Ela riu bêbada e sonolenta. Se levantou, tirou a toalha, e começou a dançar sensualmente em cima da cama.

– Pelo amor de Deus – eu a puxei e a joguei na cama – Deita aí e dorme. – Eu a cobri com o lençol e comecei a saculejá-la como se estivesse ''ninando''. Ela ficou um tempo me encarando e fechou os olhos, começou a cantarolar umas musiquinhas infantis e depois pegou enfim no sono.

Saí do quarto dela devagarinho para que ela não acordasse, eu estava exausto demais. Queria ir dormir, mas antes eu precisava saber onde Rachel estava. Fui até seu quarto e ela não estava lá, nem ela e nem sua colega de quarto.

A escola estava silenciosa demais e de longe eu conseguia ouvir o barulho da música lá fora, mas o som maior era de um eco de bola. Fui até a quadra para ver quem estava lá, e em uma imensidão de cadeiras altas envolvendo uma quadra lisa estava Rachel quicando a bola e jogando sobre a cesta, dei um sorriso ao vê-la ali sozinha jogando basquete.

– Bom, um pouco mais de treino e estará perfeita – Eu me aproximei dela, ela parou de jogar segurando a bola e abriu um sorriso pra mim.

– Curtiu a festa?

– Pelo amor de Deus, o que é aquilo lá fora?

– A realidade dos jovens de hoje – Ea sorriu torto e lançou a bola que caiu certinho na cesta.

– Você não foi porque?

– Porque eu precisava treinar basquete, o que foi aquilo? Eu deveria ter ganho disparada de você e simplesmente empatamos.

– É a vida – Eu peguei a bola do chão e taquei na cesta onde eu acertei uma de três pontos.

– Aposto que você quer perguntar sobre Juliard... – Ela me olhou e eu não respondi, não que eu quisesse saber, mas se ela soubesse me falar sobre onde ela estava eu ficaria feliz – Você viu o Damon? Não né? Então... Aposto que estão juntos.

– Aonde? – Eu a olhei e mordi meu lábio.

– Eu não sei Justin, mas acho que... não adianta você lutar contra isso, Juliard não vai deixar de gostar dele. Ela não sabe do passado de vocês dois, sabe quanto tempo demora para uma pessoa gostar de outra?

– Eu sei, mas eu não quero desistir – Minha voz falhou.

– Então faça mais por ela, corra atrás dela, não deixe que Damon tome um espaço que é seu.

Eu encarei Rachel e abri um sorriso, não precisei dizer mais nada para que ela entendesse que naquele momento eu iria atrás de Juliard. Mais uma vez.