– Ótimo... – eu disse pegando minhas malas – E quando começo? 

– Amanhã mesmo – disse a diretora.

Entrei no colégio na companhia de Luci que parecia super empolgada com a minha presença, ela era uma loira bonita até. Estava usando um rabo de cavalo alto e seus cabelos pareciam curtos e lisos.

– Gosta de Arquitetura ou está fazendo mesmo por fazer? – ela puxou assunto.

– Eu não sei se gosto ou não... - eu dizia andando sério olhando pra frente – Vou fazer por fazer, quem sabe eu não descubro meu talento?! Além do mais, estou procurando uma menina aqui.

– Talvez eu possa te ajudar – ela parou na frente de um corredor longo cheio de portas de madeiras bem desenhadas – Qual o nome dela?

– Sophia - eu respondi deixando minhas malas no chão.

– Já ouvi esse nome antes... – ela colocou a mão na cabeça como se tentasse lembrar – Estudante de arquitetura não é?

– Sim – eu disse com os olhos brilhando e um sorriso que não deu pra controlar – Você a conhece? 

– Não – ela respondeu – Você acabou de falar que ia fazer arquitetura por causa dela.. – ela respondeu meia assustada e eu bufei desanimado.

– Aqui é o meu quarto? – mudei de assunto.

– Sim – ela sorriu e o brilho voltou ao seu sorriso – Junto com Thomas, ele é o líder do grupo de baisebol daqui.

– Aqui vocês jogam beisebol? – eu levantei uma sobrancelha 

– Sim – ela deu um um pulinho – Eu sou a comandante das líderes de torcida, nosso grupo se chama "Power Games" – ela falou isso enchendo os pulmões – Quem sabe você não participa? 

– Eu não jogo baisebol – eu disse achando aquilo a coisa mais anormal do mundo – E aliás estamos na Universidade, não no segundo ano do ensino médio – eu revirei os olhos e peguei minhas malas entrando no quarto e deixando a menina plantada ali ao lado de fora.

Eu poderia até ter sido muito rude com ela, mas eu nunca fui de dar muito papo a ninguém. Sempre fui mais na minha e mais observador, e isso não ia mudar por causa de uma menina com um par de peitos e bundas.

Então apaguei a garota loira da cabeça e tentei detalhar meu novo quarto, ele era um quarto comum. Havia um armário na parte direita do quarto, da cor marrom escuro com 4 portas e umas 4 gavetas – duas em baixo de cada porta do armário – havia uma cama de solteiro, um criado mudo com duas gavetas ao lado da cama e um abajur preto com uma luizinha que estava apagado.

Ao meu lado esquerdo tinham os mesmos cômodos, mas ao lado oposto e já ocupado. Isso era notável pela bagunça que estava na cama. Eu joguei minhas malas na cama arrumada e me sentei olhando pro quarto ainda pensando em Sophia. Então me levantei e estava saindo do quarto quando bati de frente com um cara alto, moreno, forte e de olhos claros. O nariz dele era fino e arribitado, seu olhar penetrou o meu de forma intimidadora. Eu dei um passo pra trás e o encarei com mais clareza. Agora eu podia ver a roupa que ele usava, era uma jaqueta vermelha e branca com o ''P'' e o tigre atrás, assim como o colete da menina. Ele usava uma calça jeans estilosa, um tênis branco e sem nenhuma mancha e uma corrente de prata no pescoço, e também reparei na sua barba que parecia um pouquinho grande ou sei lá se ele achava aquilo charmoso.

– Desculpa aí – eu falei – Não vi você entrando.

O cara me analisou de cima a baixo enquanto eu me desculpava e depois disse com desprezo: 

– O que está fazendo aqui?

– O mesmo que você.. - eu cruzei meus braços mostrando que eu não estava de brincadeira com ele também, coisa de homem, não queira entender. - Estudando.

– Estudando no meu quarto, guri? – ele me empurrou, eu voltei pra frente com raiva e Luci - a menina loira da secretaria - o abraçou pela cintura.

– Amor, ele é estudante novo daqui. – ela beijou as costas dele e eu ainda o encarava os olhos – Ele não está invadindo seu quarto.

Mesmo assim ele não tirou os olhos de mim, deveria estar super sem graça por estar tirando satisfações a toa, ele ajeitou a jaqueta.

– Desculpa aí então, cara - ele falou com a voz séria.

– Nada... - eu passei por ele e dei um tapinha na cara dele de leve - Tá na hora de fazer a barba hein, colega de quarto. - eu completei e segui o corredor, sério e sem olhar pra trás.

A escola por dentro era muito grande e bastante surpreendente. Assim quando você virava o corredor dos quartos pra esquerda você encontrava um corredor grande e largo com pisos brancos e lisos com alguns desenhos. A parede era lisa e pintada de um verde leve com o teto branco e alguns armários cinzas onde os alunos guardavam seus materiais. Eu segui por aquele corredor já que se eu seguisse pra direita do corredor dos quartos eu ia voltar a secretaria de onde eu vim.

Neste corredor largo havia banquinhos de madeira para os alunos conversarem e do outro lado haviam os armários, onde cada 10 deles - sendo 5 em cima e 5 em baixo - havia uma sala separando dos próximos armários. Nesta sala tinham os nomes dos cursos onde davam-se aula.

Passei por economia, gastronomia, administração, Biologia, Medicina, Engenharia, Ed. Física e outros. O corredor era grande, mas assim que terminava ele começava um que cortava de um lado pro outro com mais salas, olhei para uma placa azul na parede central do segundo corredor e vi escrito: "Moda, Informática, Arquitetura e Química", e uma seta indicando pro lado esquerdo, e outros cursos pro lado direito. 

Então como eu me interessava por arquitetura para saber de Sophia, eu segui o corredor vazio onde meus passos ecoavam no chão. Era um corredor um tanto sinistro onde no final tinha uma janela aberta e os ventos saculejavam as cortinas, havia alguns armários ali também - mas não a mesma quantidade do outro corredor - e este corredor não tinha tanta iluminação como o anterior.

Cheguei na porta de Arquitetura que era a segunda do corredor, dei um longo suspiro. Abri a porta da sala dos universitários de Arquitetura e procurei por Sophia em toda a sala, haviam diversas alunas, mas nenhuma era Sophia e muito menos pareciam com ela:

– Posso ajudar? – perguntou uma das coordenadoras da Universidade.

– Hum... na verdade, eu gostaria de saber se tem alguma Sophia Moscovis estudando aqui em arquitetura.

A coordenadora passou o dedo pela lista que tinha na mão e me olhou por cima dos seus velhos óculos.

– Não há nenhuma Sophia Moscovis.

– A senhora tem certeza? – eu perguntei com um nó na garganta.

– Absoluta. Se quiser passar na secretaria mais tarde para saber se encontra ela pelo colégio, quem sabe ela não está em outro curso? 

– Talvez – eu disse meio aério.

A coordenadora passou por mim mas eu sabia... Sophia não mudaria de curso, sendo arquitetura o seu maior desejo de profissão.

Fechei a porta de arquitetura e dei um longo suspiro, eu não sabia mais o que pensar, meu coração estava apertado demais e na minha cabeça só passavam coisas que me faziam ficar ainda pior. Voltei todo o caminho que eu tinha percorrido e desta vez eu fui indo pra secretaria, eu queria saber notícias de Sophia imediatamente.