Me debrucei sobre o balcão da mesma moça que tinha me atendido anteriormente na minha chegada, e pedi que ela procurasse nas fichas de arquitetura o nome de Sophia. Ela não se recusou, agora que sabia que eu era Justin Bieber estava tudo bem mais fácil.

Ela pegou uma pasta grossa e foi no ano de "2011" e passou o dedo pela parte das letras "S". Ela pigarreou e umideceu os lábios.

– Sophia Moscovis? – ela perguntou 

– Sim – eu respondi – Sabe o que houve com ela? 

– Ela não estuda mais aqui. Bom, na verdade ela não cancelou a matrícula, mas não veio mais pro colégio.

– Como assim, não?! – meus olhos se arregalaram – Desde quando isso? 

– A uns três meses atrás – ela conferiu na listagem – E você senhor Bieber, não vai ter moleza aqui só por causa dos seus dotes familiares – ela fechou rápido a pasta e me encarou – Anda, você tem treino de vôlei agora na quadra.

– Eu não sei onde é a quadra – eu franzi o cenho e ela me apontou um mapa que estava na parede de entrada do colégio, ainda dentro da secretaria. Andei até lá e me identifiquei, corri o dedo pela folha e achei onde eu deveria ir.

– De qualquer forma... Obrigado.

Eu fui pra quadra meio desnorteado, eu não sabia o que pensar, porque Sophia teria saído do colégio?! Era o sonho dela estar aqui, estudar arquitetura, foi por isso que ela me deixou lá... Claro, havia acontecido alguma coisa com ela. Ela não pararia de mandar cartas derrepente, e nem abandonaria o colégio sem ao menos dar uma explicação. Esses pensamentos me fizeram ficar tontos e eu parei no corredor que levava aos vestiários da quadra, minha cabeça doía e eu gemi baixo passando a mão por ela.

– Está tudo bem? – perguntou uma voz feminina. Eu a olhei com um pouco de dificuldade, forçando a vista, e vi uma menina bonita de pele clara, cabelos avermelhados e encaracolados até a metade da cintura, olhos maquiados e um batom claro nos lábios.

– Eu tô bem – eu engoli a seco – Só estou um pouco tonto.

– Aposto 3 dólares que você é o Justin Bieber – ela cruzou os braços e sorriu como se já soubesse a resposta.

– Eu não aposto porque sei que você sabe quem eu sou – eu mordi meu lábio sentindo minha cabeça latejar ainda encostado na parede – Mas não sei como você sabe quem eu sou.

– A escola toda já esta comentando a sua chegada - ela bateu em meu ombro de leve e sussurrou: Líderes de torcida, sabe como é... assim como em filmes americanos elas são fofoqueiras.

– Hum – eu olhei os trajes da menina que estava na minha frente, ela vestia um short de laicra de Ed. Física preto, e uma blusa vermelha colada no corpo escrito "I Love my Life" de branco. Ela tinha seios grandes e sua barriga era reta, ela não era magra nem gorda, era uma menina bonita até e notei que não era uma Líder de torcida, não havia nenhum tigre em sua roupa, nada que se assemelhace também

– Espero que não tenham falado mal de mim.

– Claro que não... – ela sorriu ainda maior – Ao contrário, falaram bem até demais! Acho que a escola toda já te conhece, e pelo que sei... as meninas de Arquitetura estão na quadra esperando a sua chegada. Eu me sentiria muito honrada caso você quisesse me acompanhar pra eu ter o privilégio de chegar junto com o menino novo e quase popular.

– Popular? – eu estranhei a palavra e dei um sorriso torto – Cheguei a menos de uma hora na escola.

– Pois é caro amigo, acostume-se. Hoje é como seu dia de prova, as meninas daqui vão te olhar, vão ver se te aprovam e se te aprovarem você já vai ser comentado pela escola toda. E se Luci, uma menina patricinha, comandante das líderes de torcida se simpatizar com você... você poderá ser ainda mais famoso do que Thomas.

– É muita informação! – eu deitei meu rosto nas mãos e suspirei – Eu não quero ser popular e nem passar na aprovação de meninas – eu a fitei.

– Pois então nasça de novo, e feio ok? – ela riu e me puxou pela mão pra dentro de uma porta grande no final do corredor que era feita de grades verdes. Quando entramos me deparei com uma linda quadra lisa de basquete, mas hoje seria utilizada pra vôlei e por isso tinha uma rede cortando a quadra. Tinha também arquibancadas enormes e um telão onde tinha o nome do colégio de prateado e embaixo um painel, onde eu acho que era pra marcar os pontos de algum jogo oficial que deveria ter.

Havia meninas e meninos na quadra, não muitos mas o suficiente para um número de turma... uns 40, 45 por aí. O que era muito pouco pra uma quadra daquele tamanho que provavelmente dava pra todo o colégio. A menina ruiva estava ao meu lado com um sorriso estampado, ela olhou para todos que estavam na quadra se orgulhando por estar ao meu lado e me fitou sem tirar o sorriso do rosto e falou entre os dentes pra que ninguém percebesse: 

– Sorria...

Eu a olhei sem entender nada mas não sorri, nunca fui de ficar sorrindo pra qualquer um. Eu entrei na quadra sério na companhia da menina ruiva falante e o professor veio até a mim e toda a turma fez um círculo em volta da gente nos rodeando: 

– Senhor Justin Bieber – ele sorriu torto.

– Justin Bieber apenas – eu mexi meus ombros e cruzei os braços, surgiu um burburinho entre as meninas depois que eu fiz esse movimento e a ruiva ao meu lado pareceu empolgada.

– Joga vôlei? – ele perguntou – Pois se não souber, esta turma vai te detonar.

– É – se intrometeu uma baixinha peituda – Nós somos ótimos – ela se aproximou e segurou meu braço – Venha pro meu time.

Troquei um olhar com a ruiva, seus olhos brilharam e quase diziam pra mim: "Parabéns, você foi aprovado". Eu me soltei da menina devagar e andei até a ruiva.

– Eu vou ficar no time dela. – a menina merecia que eu fizesse isso, na verdade eu não sei porque mas eu fiz aquilo. As outras meninas se entreolharam e se espalharam pela quadra quando o professor disse que o jogo iria começar:

– Olha... – disse a menina ruiva – Se jogar mal saia daqui. – ela abriu um sorriso e eu não tive como não sorrir também, mesmo que fosse um sorriso pequeno.

– 3 dólares pra quem marcar mais pontos – eu estendi minha mão e ela bateu com um sorriso cúmplice.

– Tá valendo! – apitou o professor.
Eu não sabia que eles jogavam tão bem assim. No começo eu perdi muita pontuação por achar que eles apenas jogavam, não que jogavam pra caramba. Quando vi que a ruiva já sorria com a vitória em seus lábios eu comecei a jogar de verdade.

Fiz um levantamento perfeito quando um rapaz alto na minha frente que estava no bloqueio jogou pra mim, eu levantei a bola e a ruiva bateu. No outro time a baixinha rebateu a bola, um rapaz mais alto levantou e o outro bateu espelhando em uma menina mediana do meu time que bateu pra ruiva, que levantou pra um outro rapaz e era a minha chance de bater, e eu bati marcando assim um ponto pro nosso time. Depois disso eu comecei a disparar na pontuação, eu ja via o olhar da ruiva ficar aguniado e desta vez o ar de vitória estava comigo.

O jogo todo foi uma disputa acirrada entre eu e ela, eu me lembro de ter marcado uns 12 pontos no primeiro período do jogo e ela uns 10, e o resto do grupo marcou o resto da pontuação. No segundo período estávamos mais dispostos, até me taquei no chão algumas vezes pra apanhar a bola e ajudar o time, saquei com mais vontade mas eu não era o único, a ruiva também voltou com tudo.

Estávamos em uma marcação cerrada, 13 a 12 quando eu caí no chão pra pegar a bola que ia pra fora, mas tocou em minha mão dando ponto ao time seguinte. A ruiva estava aos meus pés, eu estava suado com a respiração ofegante e olhei pra cima pra olhá-la, ela tinha um sorrisinho de lado e as mãos na cintura.

– Eu acho que ganhei 3 dólares... - comentei com dificuldade por causa da respiração desrregularizada.

– aah, afinal, quem estava contando? - ela riu e estendeu as mãos para que eu me levantasse.