Jae tocou à campainha, entusiasmado. Ele tinha ainda ido a casa mudar de roupa e estava muito bonito, com o seu cabelo loiro despenteado e um casaco de cabedal preto que o fazia parecer selvagem – que era, na verdade, o conceito que ele queria passar à amiga de Su.

Levantou o braço para tocar mais uma vez mas tal não foi preciso, porque a esposa do amigo lhe apareceu à porta.

- Jae-kun, konbawa! – cumprimentou-o e ele deu-lhe um beijo na face. – Como estás?

- Estou bem, obrigado. – respondeu. – Então, onde é que está a tua amiga?

Su mandou-o entrar e encaminhou-o para a sala, onde Yoochun via uma partida de futebol.

- Uhuh, J, vem cá ver isto! – Micky fez-lhe sinal com a mão para que se aproximasse, muito embora Jae não estivesse nada com disposição para ver televisão. O que ele queria era ver a espanholita. – O Gambá Osaka está a ganhar 2-1 ao F. C. Tokyo, inacreditável!

- Hum, pois… - disse ele, mas sentou-se no sofá a olhar para o ecrã e rapidamente se começou a interessar pelo jogo. – Ei, ei… Não acredito! GOLO! Oh god, aquele Akira é fantástico, viste só aquele golo!?

- Pois é, - concordou Yoochun. – O Gambá está a dar-lhe bem.

Jae continuou a ver televisão ao lado do amigo, enquanto Su e Moon conversavam, ao pé da cozinha.

- Não. – dizia ela, fazendo gestos com as mãos. – Não, não e não!

- Oh vá lá, se quiseres ponho-me de joelhos e tudo. Preciso que faças de companheira do Jae, só por uns tempinhos. Eu e o Mike temos de sair por uma hora, e a Susana fica convosco. Por favor, toma conta dela... e dele, já agora!

- Mas porque é que têm de sair? E para isso não o convidavam!

Su pigarreou.

- Bem, uma prima do Yoochun caiu das escadas e está no hospital… Precisamos de lá ir, mas não quero que fiques aqui sozinha.

- Oh boa, e para isso arranjaste-me um maníaco por futebol!? Ah, mas tive uma ideia… Até posso ir contigo!

Su suspirou. Moon estava a ser muito mais teimosa do que ela esperara. Como é que lhe poderia dar a volta, sem que ela percebesse que tudo não passava de uma mentira? Tentou outra abordagem.

- Ah, está bem. Deixa lá, vens comigo e deixamos cá a Susana.

- Não, estás a brincar? Não concordo nada em deixares a tua filha sozinha e ao Deus dará, por aí. Levamo-la também, claro!

- No hospital não são permitidas crianças. – disse ela e Moon suspirou, vencida.

- Está bem, eu fico aqui com os dois.

- A sério? – disse Su e abraçou a amiga. – Yuuupi! Agora vem, vou-te apresentar o Jae.

Moon caminhou ao lado da amiga e, antes de Su chamar o convidado, ela quase que ia caindo só de olhar para ele. Ele era de facto lindíssimo, aliás, como diria amiga: era “um belo naco de carne”… Contudo, Moon sabia bem que todos os rapazes desse aspecto eram dotados de um cérebro do tamanho de uma ervilha e de uma vaidade capaz de ir desde a América à Indonésia.

Bem, todos não… O João Pedro não tinha sido assim. Na verdade, ele tinha sido o seu verdadeiro amor e ela ainda não o tinha esquecido. Em parte, era por isso que Su a queria ajudar, ela precisava de ter uma vida para além de viver agarrada às lembranças do passado.