Pronto, para além de estar num quarto sozinha a tentar lamber as minhas feridas ainda tinha de afastar a Catarina da porta. Não queria falar com ninguém.

- Vá lá, Moon. – disse ela, atrás da porta – Eu sei que estás aí. Não sejas assim, vamos conversar. Fala comigo. Moon!

Mantive-me em silêncio, lambendo as minhas feridas com chocolate.

- Catarina, não estou a brincar agora. Vou ficar aqui até tu saíres, não te darei mais comida e se não saíres chamo o Yoochun para me arrombar a porta. Ou então chamo o Jaejoong, sim, se calhar é a melhor solu-

- Não! – eu gritei e corri para abrir a porta. Su desequilibrou-se e quase caiu, mas eu segurei-a a tempo. – Ok, tudo bem. Eu conto.

Sentámo-nos no chão e eu comecei a falar.

- Nós tínhamos saído, o Jaejoong e eu… Só que entretanto, as coisas aqueceram de tal forma que…

Narrador Pov~

-… eu a pedi em casamento.

- O QUÊ? – os quatro colegas e amigos de Jaejoong pularam ao ouvir essa notícia. – Parabéns, hyung! Finalmente!

- Mas porque é que estás com essa cara? – Junsu perguntou.

Eles estavam num bar, por insistência do mais velho. Jaejoong queria pensar e esquecer, mas também queria alguém para desabafar. Por isso, tinha ligado para os seus amigos e praticamente os ter obrigado a ir ter com ele.

- Porque… Ela recusou-me.

Catarina Pov ~

- Tu recusaste-o? – Su levantou-se tão abruptamente que me assustou. – Mas tu estás doida ou quê? Passaste-te?

Eu escondi a cara entre as mãos. Porquê, porque é que tudo era tão difícil. Se duas pessoas se amam, porque seria tão escandaloso a ideia de não se casarem? Eu não me podia casar, nunca, nunca. Fizera uma promessa, uma promessa que tencionava cumprir.

- Podes parar com isso? Eu não cometi nenhum pecado, Su. Simplesmente a ideia de casamento não é para mim. Tu sim, darias uma boa noiva. Mas eu, eu nem cozinhar sei fazer às vezes.

Ela sorriu para mim – Mas isso é algo que o Jaejoong faz, até demasiado bem! Não precisas de deitar fora a tua felicidade por coisas fúteis, Moon…

- Felicidade? É isso alguma coisa que só se alcança com o casamento, Su?

- Não, mas… Moon, eu não te compreendo. Vocês amam-se, eu notei isso há imenso tempo. Mas porque não queres avançar um patamar?

- Não, posso, Su. Não é que seja cedo, é porque…

- Mommy! Mommy! – eu suspirei. A pequena Su entrou no quarto e interrompeu-nos logo naquele momento. Talvez não devesse contar, afinal. Talvez esse episódio devesse ser guardado só para si.

- Agora não, Susie, a mãe está a ter uma conversa. – disse Su, com ar autoritário. Eu pousei-lhe a mão no ombro, com um sorriso.

- Não te preocupes, vai lá com ela. Eu não saio daqui.

E, dito isto, deixei-as a falar e adormeci.

Narrador Pov ~

Entretanto, Jaejoong via as estrelas. Como era possível, ver estrelas dentro de um bar? Ou o bar era demasiado bom ou era o álcool vendido lá que era potente… Olhando para ele, a segunda hipótese era a correcta.

Os outros membros dos DBSK já tinham saído, ambos devido a incidentes. Yoochun tinha de ir tratar da filha que, segundo a Su, tinha um pouco de febre e ela não conseguia tratar de tudo sozinha; Changmin ia sair com uma nova miúda e pedira desculpas ao seu hyung por o deixar em primeiro lugar; Yunho ia visitar os pais e Junsu ia dormir porque tinha de filmar um anúncio no dia seguinte. Sem se aperceber, Jaejoong ficara sozinho e estava praticamente a dormir em cima da mesa.

Ele não percebia o porquê de ela o ter recusado. Tinha-o percebido mal? Será que aquele amor era um amor unilateral? Sim, só podia ser isso. Ele não nascera para ser tão amado, afinal. Alguma coisa teria de correr mal, pois claro.

Mas não isto. Bolas, isto nunca poderia correr mal. Ele queria uma hipótese. Queria estar com Moon, ter filhos com ela, viver feliz para sempre. Sim, e iria lutar por isso. Nem que morresse a tentar. Pois sim.

E, com esse pensamento, adormeceu.

 Catarina Pov ~

- Moon, estás acordada?

- Hã?

- Ah..- Su suspirou e eu levantei-me, bocejando. – Desculpa acordar-te assim, demorei-me um pouco no jantar porque a Su está um pouco doente-

- Doente? Ela está bem?

- Ah, sim, não era nada demais. Mas, Moo, eu queria conversar contigo, continuar a nossa conversa. Por favor, confia em mim.

Eu fiquei em silêncio, ponderando. Era uma memória bastante dolorosa para mim, mas talvez se contasse a alguém… Os seus pais sempre tinham sentido pena do que lhe acontecera, daí que tinham sido muito mais protectivos em relação a mim e aos meus namorados. Na verdade, só tivera um a sério depois do João Pedro – e esse era Jaejoong.

- Eu confio, Cat. – eu disse, dando-lhe a mão. – Mas é tão doloroso para mim falar disso. – Respirei fundo. – Lembras-te do João Pedro?

- Hummm… Não muito, só ouvi falar dele um pouco depois pelos teus pais, mas nada de especial. Era teu amigo?

- Mais do que isso… Éramos namorados. E até ponderávamos casar – eu revelei. – Os meus pais estavam muito preocupados, até porque eu era muito nova. Mas eu amava-o, Cat. Com todas as minhas forças.

- O que é que os teus pais disseram? O que aconteceu?

Eu respirei fundo, bebi água e comecei a contar.