Ele ouvia tudo. Realmente ouvia. Não conseguia distinguir vozes e não conseguia mexer-se para poder contrapor. A pessoa ali com ele estava a fazer muito barulho e ele queria descansar, pensar em tudo o que lhes estava a acontecer.

Afinal de contas, era tudo por sua culpa. O grupo estava separado por culpa da sua vontade egoísta, não era? Porque não pudera ele ter simplesmente aceite? Agora, os DBSK estavam separados, uns a formar um trio e os outros dois condenados a continuar na Ásia enquanto eles progrediam nos Estados Unidos.

Jae queria morrer, queria fazer tudo desaparecer. Ele queria que tudo por magia voltasse ao normal. Não queria desiludir as suas fãs, não queria magoar os outros.

De repente, a voz que ele não conhecia subiu o tom. Jae parecia estar com a cabeça a rebentar. Quase sem querer, conseguiu abrir lentamente os olhos e olhar para aquela figura que lhe apertava a mão e olhava para essa ligação.

E, sorrindo, falou. – P… Pouco barulho… Não sabes que há aqui gente a querer dormir? Estúpida espanholita!

Ela levantou rapidamente os olhos e deu um salto para trás, quase tropeçando no banco. – A... Acordaste? Oh meu Deus, acordaste!

- Duh!

Moon reviu mentalmente o momento e depois avançou. – Estúpida espanholita? O quê? Repete lá isso!

Jae olhou para ela. – Estou a brincar, está bem? Obrigado. Obrigado por estares aqui. E, quanto a estúpida, não o és, ok?

- E não sou espanhola. – frisou Moon.

Jae riu-se fracamente. – Chamei-te estúpida mas o que te interessa realmente é se te chamo ou não espanhola? – ela pareceu ficar envergonhada e ele gostou das suas faces coradas. – Estou só a brincar. Retiro o que disse na noite de Natal, está bem?

- Sim. Eu também. – disse Moon.

Ele pareceu pensar. – Bem, não tudo…. – Moon fechou os punhos e isso meteu-lhe imensa graça. – Quando disse que eras bonita, estava a falar a sério!

- Bem.. – disse Moon. – E eu estava a falar a sério quando te chamei idiota.

Jae fez uma cara de dor. – Au, essa doeu!

Ouviu bater à porta e ouviu a voz de todos. – Entrem! – disse ele, sorridente.

Viu-os a todos entrar, bastante abatidos, enquanto deixavam ramos de flores por todo o lado.

- Meu Deus, - respondeu ele. – eu ainda não morri, está bem?

Todos pararam ao ouvir a voz dele. Yunho foi o primeiro a refazer-se do choque. Changmin nem conseguiu fechar a porta, fez um ar dramático e fingiu que estava a desmaiar, Junsu apoiou-se em Yoochun e disfarçou as lágrimas, Yoochun abraçava Su pela cintura e sorria abertamente enquanto esta olhava e avaliava o ambiente. Yunho aproximou-se.

- Hyung! Estás bem? Como estás? Dói-te alguma coisa? – e virou-se para Moon. – Já chamaste a enfermeira?

- N.. Não! Oh meu Deus, não. Desculpem! – disse Moon, correndo porta fora. Passado um pouco, chegou com a enfermeira e todos tiveram de sair.

Junsu e Changmin faziam uma dança esquisita e cantavam alto algo que ninguém conseguia perceber. Yoochun e Su olhavam felizes um para o outro. Yunho ligava ao agente de Jae e aos familiares a avisar. Quanto a Moon, estava a olhar sorridente para eles.

Foi a primeira a ver o médico e dirigiu-se a ele. – Como é que ele está, doutor?

- Isto é um milagre! – disse. – Não tem lesões graves externas e internamente não tem nada. Lembra-se de tudo e o nível de QI até melhorou.

- Boa… – disse Changmin, saltitante. – O Hyung tornou-se mais inteligente! Assim talvez consiga fazer mais receitas, não acham?

O médico sorriu. – Não estão a perceber. Ele acordou e quando o auscultámos ele não falava coreano. Estava a falar outra língua qualquer, estava a variar entre o coreano e o português.

- Ah! Então foi assim que me percebeu! – exclamou Moon e, ao ver o olhar de todos, explicou-se. – Bem, eu tentei que ele acordasse, falei o melhor que pude, mas nada resultava. Então, passei-me e comecei a gritar em português para que ele abrisse os olhos e falasse! E ele respondeu-me em português, mas eu nem sequer liguei, nem reparei… oh meu Deus!

- Bem… - Yunho replicou. – Jae sempre soube como responder a uma mulher em fúria!

Todos se riram e perguntaram se podiam ver Jae novamente. O médico assentiu e acompanhou-os ao quarto. Jae, porém, tinha outras ideias.

- Jae! – exclamou Changmin, sentando-se na cama a seu lado. – Está tudo bem, hyung. Vais ficar bem! E agora sabes falar português?

Jae encolheu os ombros. – Pelos vistos. Acho que tenho de ir visitar esse país.

- Posso ir? – Junsu ofereceu-se. – Vamos no mundial de 2018, vai ser em Portugal e Espanha!

Jae abanou a cabeça. – Muito tempo. Mas de certeza que iremos mais vezes, Su. Agora eu queria era contratar uma guia particular… - Jae olhou para Moon.