Korean Moon escrita por Lady Sarah
Passaram-se dias e ele não acordava. O médico já nos deixava ir visitá-lo e tinha-nos avisado que ele podia ouvir-nos, mesmo no estado inconsciente em que estava.
Junsu e Yunho tinham ido a casa tomar banho, comer e mudar de roupa e depois os turnos trocariam. Apesar de todos quererem ficar no hospital, a verdade é que todos tinham os seus assuntos para tratar, por mais que já tivessem adiado bastantes.
- Vão lá… – disse eu para Su, Changmin e Yoochun. – Eu fico aqui à vossa espera. Qualquer coisa ligo-vos, prometo. Min, vê se almoças. Não ajudas ninguém se estiveres assim.
Changmin aproximou-se. – O problema é que, com isto tudo, eu não tenho fome. Ai, quando o hyung acordar, eu vou ralhar tanto com ele! A primeira vez na vida em que não estou com apetite.
Su sorriu, triste. – A Moo tem razão. No estado em que estamos não ajudamos ninguém.
Dito isto, os três partiram-se, olhando para trás para assegurar que eu ficaria ali na sala de espera e teria o telemóvel disponível para chamadas.
Não me lembro bem do tempo que passou já que, pouco depois, adormeci. Só acordei quando o médico me tocou levemente no ombro. – Desculpe acordá-la, mas tenho de lhe dizer. O estado do Jaejoong começa a ser grave. Ele nem com estímulos acorda. Se ele não acordar nos próximos dias, não poderemos fazer nada e ele será apenas um peso morto para nós. Lamento.
Eu levantei-me. – Como assim, «um peso morto»? Ele é um paciente, por amor de Deus! E um dos mais importantes da Coreia! Como se atreve a dizer isso?
- Lamento, - disse o médico, com voz seca. – mas para nós ele é apenas mais um paciente. Não pomos ninguém nem à frente nem atrás dele nas nossas prioridades.
- Isso é uma estupidez! – eu respirei, irritada. – Noutras alturas eu talvez louvasse essa decisão, mas é suposto um médico preocupar-se em fazer tudo ao seu alcance para o ajudar e não decidir desistir em poucos dias! Não sabe que há casos de pessoas que passaram anos em coma e acordaram?
O médico começou a mexer as mãos. – Pois, minha senhora, mas nós aqui não temos essas capacidades. A única coisa que podemos fazer é tentarmos transferi-lo para um hospital maior, só isso.
Assim que o médico se foi embora, acrescentando ironicamente que, se quisesse, podia ver o paciente, lá fui então visitar o quarto 236.
Ali continuava Jae, deitado naquela cama e completamente imóvel. Nem sequer se mexera nas últimas vezes que cá viéramos. Todos os membros tinham falado com ele, à espera que acordasse…
º~^ Flash Back º~^
Todos nós entrámos e cada um se posicionou junto à cama, menos eu. Quero dizer, eu sabia que não devia estar ali. Não era familiar, amiga, nada! Apenas uma conhecida com quem se dera mal desde o princípio.
Estavam todos com medo de falar mas Yunho, como líder, encorajou-os. – Vá lá, malta, ele não está doente. Apenas está a dormir e precisa de acordar. O que vocês fazem quando ele quer acordar?
- Eu jogo videogames! – exclamou Junsu. – Mas achas que os médicos deixam trazer para aqui a televisão e o…?
Yunho sorriu. – Não, não me parece. Outra coisa.
- Então, futebol! – disse Junsu novamente. – A liga asiática está quase a começar e vamos jogar contra o Japão… Eu aposto que ele gostaria de ver!
Yoochun pôs-lhe a mão no ombro. – Mas Su, eu acho que isso era o que tu gostarias de ver… não é verdade?
- Bem… - Junsu baixou os olhos, envergonhado.
- Mas podes ir ver, se quiseres. – disse eu, de súbito. – A sério.
Todos olharam para mim como se fosse doida, como se aquele fosse o melhor sítio do mundo onde quisessem estar.
- Tu podes ir, se quiseres. – disse-me Yunho, meigamente. E logo ali me apercebi que não era bem-vinda no grupo naquele momento.
Sendo assim, saí da sala e encolhi-me a um canto. Ainda conseguia ouvir as vozes deles.
- Jae hyung! – dizia Changmin. – Vá lá, acorda! Eu há imenso tempo que não como, tenho fome! Aliás, nenhum de nós se tratou só para estarmos aqui contigo, tens de acordar! Temos saudades tuas, hyung!
Depois foi a vez de Yunho. – Todos nós estamos ansiosos por te ver novamente, por te ouvir novamente. Não nos faças isto, hyung. Eu quero os nossos momentos YunJae de volta!
Yoochun assobiou. – E se não quer… ele diz o teu nome a dormir. Vá lá, hyung, despacha-te… Ou todos nós teremos pesadelos com a sua voz.
- Pois. – disse Su, a rir-se. – E a pequena Su está farta de perguntar por ti. Não sabemos o que lhe dizer e não queríamos contar-lhe. Se tu acordares, tornas tudo mais fácil, oppa!
Passado um bocado, eles saíram da sala. Estavam todos em silêncio. Su veio logo ter comigo, abraçando-me.
- Então, linda? Não foste para casa?
Eu enxaguei secretamente as lágrimas antes de levantar a cabeça. – Não, claro que não. Por mais que não seja nada aqui senão uma intrusa, eu quero ficar. Lamento se vos desiludo. Eu apenas achava que era melhor se se fossem arranjar e depois voltassem. O que eu quero dizer é que o Jae não vai a lado nenhum. Acreditem em mim. E qualquer coisa eu contactava-vos.
- Mas… - Yunho interrompeu.
- Eu não estou a fazer isto para ficar sozinha, não. É que eu sou a única aqui que não tem planos ou família para satisfazer! Já se avisou a família dele?
- Nós não conseguimos. – disse Yoochun. – Não sei porquê.
Todos eles depois pediram desculpas e concordaram em sair por um bocadinho.
º~^ Fim do flash Back º~^
E fora assim que eu fora parar ali.
Jae parecia muito indefeso sentado naquela cama e com tantos fios à sua volta. A cabeça estava cheia de ligaduras e o peito também. Puxei um banco para a frente e agarrei-lhe na mão.
- Jae, tens de acordar! Rápido! Os médicos dizem que se não acordares rapidamente, podes ficar assim para sempre. Jae! Toda a gente está à tua espera, bolas! – eu comecei a perder a calma e a elevar a voz. – Tens de ser forte, tens de conseguir combater isto! Jae!! Acorda, caraças, toda a gente está preocupada! És assim tão fraco? Jae!
Nada. Sem reacção. Estava a ficar desesperada.
- Jae, tens de acordar. Toda a gente que te ama está cá… Bem, não conseguimos falar com a tua família e se isto continuar teremos de o tentar de novo, mas… Tu queres assim tanto preocupá-los? As tuas fãs estão histéricas à espera de notícias. Eles disseram-lhe que tu estavas a recuperar bem mas durante quanto tempo essa mentira durará? De certeza que elas quererão averiguar a situação! Toda a gente precisa de ti!
Soltei um suspiro de derrota. Nem sequer capacidade para argumentar tinha.
- JAE! ABRE MAS’É ESSES OLHOS E ESSA BOCA E FALA COMIGO! – gritei, em português.
E, bem, ele falou… Não que fosse o que eu esperava ouvir, mas falou.
- P… Pouco barulho… Não sabes que há aqui gente a querer dormir? Estúpida espanholita!
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!