Na segunda-feira seguinte eu estava novo em folha. Ou pelo menos fingi estar.

–Esqueça a festa, Amanda – foi a primeira coisa que disse à agrota quando ela veio falar comigo.

Não me faça lembrar aquilo de novo, por favor.

Assim que Samanta entrou na sala, um sorriso proposital cobriu seu rosto. Fiz de tudo para tentar lançar nela uma maldição com o canto dos olhos. Eu não ia deixar tudo terminar assim.

Felipe entrou alguns minutos depois. Também tinha um sorriso moldado nos lábios, a diferença era que o seu ia de orelha a orelha – e não era nada proposital.

–Feliz hoje, hein, Felipe... – murmurei quando ele se sentou na carteira vaga ao meu lado.

Ele não percebeu a ironia na minha voz, alargando ainda mais o sorriso.

–Festa divertida. – ele simplesmente disse.

Eu não ia aguentar esperar até mais tarde.

–Eu vi você e a Samanta se beijando – o mais natural, o mais calmo que consegui me mostrar. Foi assim que libertei aquelas palavras.

Como o professor ainda não havia chegado e em nossa volta quase não havia alunos ainda, não me importei com o que poderia vir da resposta dele.

–Ah – meu amigo estava corando?! – Nos beijamos, sim. Ela me pediu para ficar com ela e eu disse que queria.

Arqueei uma sobrancelha. Só podia ter sido a pedido de Samanta mesmo. Não sei exatamente o porquê, mas descobrir isso tirou um peso de cima de mim...

Se ela tinha feito aquilo pela vingança, e não por qualquer outro motivo, já era um alívio.

–Fizemos uma outra coisa depois também – era a primeira vez que eu via Felipe naquele misto de timidez e felicidade.

–O que? – minha mente em branco ansiava por mais informações.

Eu só não estava preparado para o que ele diria a seguir.

–Nós dormimos juntos.

E foi então que meu mundo desabou.