Não consegui reagir, não consegui perguntar pelos detalhes. Eu não queria ouvir mais nada sobre tudo aquilo.

Eles transaram. Eles transaram! Eles, eles...!!!!

Por dentro, eu queimava; por fora, eu não demonstrava nada.

Mesmo sendo a Samanta, jamais imaginei que a garota pudesse fazer algo assim – aquilo não entrou na minha lista de possibilidades. E eu, como um bobo, um idiota, havia me afundado amargamente em sua vingança.

Ela já tinha me vencido e ainda fez questão de esfregar isso na minha cara.

Seria infantilidade minha querer continuar a enfrentá-la?!

Eu poderia não ter mais nenhuma chance, poderia me afundar ainda mais em seus próximos planos, porém, eu não queria – não podia – deixar que tudo acabasse assim.

Aquele gosto amargo iria se transformar em algo doce. Prometi isso a mim mesmo.

Deixei que os dias passassem sem eu voltar a me aproximar de Samanta. Por mais incômodo que fosse vê-la cinco dias por semana, deixei que o tempo curasse meu orgulho ferido. E o pior não foi descobrir o que ela tinha feito, e sim quem tinha feito aquilo tudo com ela. Eu não conseguia parar de pensar nas palavras de Felipe e imaginar o que havia acontecido na festa depois que fui embora. Cada toque compartilhado pelos dois, cada carícia... eu estava ficando louco. Um louco enciumado.

Eu não passava disso agora.

Por mais que eu tentasse negar, eu sabia com horror da verdade por trás de tudo isso. Eu queria estar no lugar de Felipe, queria ter feito tudo aquilo no lugar dele. Não chamo isso de amor, de paixão. Era um sentimento muito mais intenso e obcessivo que estas duas pequenas palavras.

Se alguém souber o nome desse tormento que me aflinge, por favor, me diga agora. Vou entregar minha vida nas mãos do primeiro que descobrir.

Ok, minha vida não. Mas serei eternamente grato a você.

Voltando ao pesar que caíra como uma névoa sobre meus dias, era a primeira vez que eu não sabia mais qual seria o próximo passo. Eu ansiava por uma conversa à sos com Samanta, no entanto, não sabia quando ou como essa chance chegaria. Colocar tudo em pratos limpos. Era somente isso que eu queria agora.

Nas duas semanas seguintes continuei apenas observando tudo que acontecia ao redor. Felipe não se aproximava mais de Samanta e agora nós dois raramente conversávamos como antes. Alguma coisa em mim tinha se desligado.

Uma diferença significativa que aconteceu foi com a própria Samanta. Agora, cercada de amigas e amigos, ela não parava de sorrir. Por mais que eu somente fosse aquele que observava tudo, aquela mudança dela tão repentina não me convencia nada. Seu sorriso podia se mostrar o mais encantador que fosse, mas seus olhos permaneciam gélidos e distantes como jamais eu vira antes. Aquela não era a Samanta de sempre. E vê-la fingindo ser aquela pessoa todos os dias fez eu me sentir ainda pior.

Era culpa minha tudo aquilo ter começado. Mas eu sabia que precisava ser eu a resolver tudo também. Se a chance não viria até mim, seria eu que teria que criar uma...