Heal corria com seu carro na velocidade máxima que conseguia. Ao chegar à frente da escola de Kif, se surpreendeu com o número de emissoras e repórteres que as representavam ali naquele lugar. Daqui a pouco o país todo estará sabendo disso. Viu uma faixa que separava os policias da imprensa, correu até o primeiro policial que viu tentando lhe pedir uma informação.

– Com licença senhor, sou irmão de uma menina que está lá dentro, tem uma área reservada para familiares? – perguntava aflito.

– Tem sim meu jovem, passe essa faixa e logo que passar pelo portão da escola vire a esquerda, todos os parentes estarão lá.

Logo ele passar a faixa um policial o acompanhou, mesmo parecendo sincero, se fosse de alguma imprensa seria imediatamente retirado do lugar. Ao chegar viu muitos familiares reunidos abraçados, alguns choravam de desespero. Outros pareciam estar mais calmos, provavelmente para estarem calmos, o ultimato já havia sido dado. Heal rapidamente correu os olhos até localizar seus pais.

– Pai, mãe!

– Oh meu Deus, Heal. – levantou-se sua mãe para cumprimentar o filho.

Heal respondeu ao abraço de sua mãe, mas olhando para o seu pai.

– O que aconteceu, o que vocês não estão falando? – perguntou aflito.

– Oh Heal, a minha pequena. Ah minha adorável filha.

– O que aconteceu com a Kif mãe?

– Não sabem dizer, ela está gravemente ferida, está em cirurgia neste exato momento na enfermaria do colégio. Graças a Deus que pagamos caro para um ótimo estudo e atendimento para todas as necessidades.

– Mas como? O que aconteceu? – perguntou chocado, sentando-se em uma cadeira.

– Não sabemos dizer, ninguém sabe na verdade. A.... a única sobrevivente do atentado foi sua irmã, todos os outros alunos da sala dela foram assassinados.

O estômago do Heal dava voltas. Como diabos isso tinha acontecido? Uma pessoa entrar e sair matando todos? Que lucro isso traria para alguém? Heal apenas sentou e esperou as horas passar, saiu tão rápido do carro que deixou o celular no mesmo, mas isso não importava. Sua irmã. Precisava saber como estava sua pequena e querida irmã.

– Shadow. – perguntou mentalmente.

– Em que posso ajudá-lo?- respondeu a voz do seu interior.

– Podemos ajudar a Kif de alguma forma?

– Tenho algum receio nisso, podemos nos concentrar e tentar mandar alguma energia vital para lhe dar mais força para lutar, algo, além disso, é totalmente impossível.

– Que assim seja, vamos fazer essa passagem de energia.

Heal afastou a cadeira e sentou-se no chão, seu pai olhou para ele um pouco estranho. Heal fez uma estrela de cinco pontas rapidamente simbolizando o pentagrama, sentou-se no meio dela. Ao ver aquilo seu pai entendeu o que seu filho ia fazer, ele também foi um Elementalista.

– Vamos lá filho. Estou disposto a ajudá-lo.

Heal ficou pasmo ao ver seu pai também afastar a cadeira e sentar na frente dele com as pernas cruzadas como um índio quando senta ao redor da fogueira.

– Obrigado pai.

Ambos fecharam os olhos e deixaram que o Elemento Ar tomasse conta do lugar. As famílias ao redor achavam que estavam orando de alguma forma e pedindo proteção, por isso nem bola davam para aqueles dois. Com o tempo uma corrente de ar tomou conta dos terrenos da escola, os cumes dos pinheiros que cercavam aquela fortaleza balançavam com voracidade, pássaros voavam das árvores assustados com suas violentas chacoalhadas. E foi então que aconteceu, uma energia levantou-se do meio dos dois e foi atrás da energia da Kif. Quando as energias se chocaram, eles puderam perceber a filha sofrendo, angustiada, com medo de estar sozinha. Mas aquela nova sensação que era passada para ela, a dava vontade. Vontade por agarrar-se em sua vida, precisava daquilo. Foi então que os três escutaram. Isso, conseguimos resposta! Coração está ativo novamente. Agora vamos trabalhar para mantê-la assim.

Ao escutarem Heal e seu pai abriram os olhos. O trabalho estava feito, mas ambos estavam cansados, aquilo tinha consumido uma energia tremenda. O jovem Elementalista olhava para seu pai que lhe retribuía um sorriso gigante. Aquele sorriso não era de um pai para filho, mas sim, um sorriso de respeito e admiração entre duas pessoas.

– Obrigado filho.

– Não fiz mais que minha obrigação de irmão.

– Agora só nos resta saber uma coisa. – falava a mãe, juntando-se a ambos.

– O que?

– Quem fez tal ato.

– Isso agora é comigo, vocês dois fiquem tranqüilos. – falou Heal.

– Por que você diz isso filho? – Perguntou a mãe alarmada.

– Porque essa pessoa vai ter a infelicidade de me encontrar.

Heal falava e seus olhos iam adquirindo um branco que seu pai sabia o que significava. Era raiva, uma das piores emoções para se ter. Levou os dedos à frente da testa do filho e lhe deu um peteleco na testa, fazendo Heal voltar a si.

– Raiva não vai te levar a lugar nenhum. Eu coloco minhas esperanças em você, mas não em sua raiva, lembre-se disso.

– Sim pai, tentarei – falava Heal embaraçado com a situação.

Ao saberem que Kif ia ser transportada para o hospital para repouso, os pais de Heal e ele mesmo ficaram aliviados. Porem tristes pelos pais de outras crianças. Decidiram que os dois ficariam no hospital e o filho mais velho poderia voltar para casa. Heal apenas concordou, realmente estava exausto. Ao chegar ao carro percebia as ligações recebidas de todos, não queria retornar, sua cabeça não estava apta para isso no momento, mas o destino é sacana, e logo após ele dar a partida no carro o pequeno aparelho voltou a soar sua melodia.

– Alô?

– Heal! Que bom, consegui falar com você. – falou a voz.

– Forest? De todas as pessoas você é a que eu menos esperava ligar.

– Também digo isso. Mas estão todos aqui em casa, estamos querendo saber como vai à pequena.

– Está bem, ta sendo transportada para o hospital agora mesmo.

– Hm. Então, podemos discutir sobre outro assunto? – perguntou curioso o Elementalista da Terra.

– Que outro assunto? – devolveu Heal.

– É sobre o atentado da escola e A Profecia.

– Cara, não da pra dar um tempo nisso. Pelo menos hoje?

– Não da, infelizmente. E tenho motivos para isso.

– Espero que sejam bons, fale. – respondeu Heal olhando para a rua enquanto dirigia.

– Então, invadi o sistema do departamento de policia de Nightfall.

– VOCÊ FEZ O QUÊ?

– Bom. Era o único meio de nós descobrirmos o que aconteceu naquela sala. Não concorda? – Heal apenas respondeu um Huhum, e Forest decidiu prosseguir. – Então, achamos algumas fotos do incidente de hoje, o cenário é um caos completo. Quem causou aquilo não era alguém em sã consciência mental. – Ele tomou um ar e assim continuou. – Mas isso não é tudo. Alguém deixou algo escrito em sangue na parede. E esse recado não é um recado qualquer. Tenho certeza. Esse recado. É para nós.

Heal apenas engoliu seco e disse:

– Estou a caminho, me de trinta minutos.

E assim o jovem Elementalista pisou no acelerador para alcançar seu destino.