Ao chegar ao condomínio onde se encontrava as casas de todos Elementalistas, Heal dirigiu seu carro até a frente da residência de Forest e Sophie. Podia ver que todos estavam ali esperando ele, o engraçado era ver que até Ayano e suas Elementalistas também estavam presentes. Ao chegar o jovem deu um aceno com a cabeça para todos e olhou diretamente para Forest.

– Que tal me mostrar o tal recado?

– Primeiro você tem que me prometer que possui um estômago de aço. – falou Forest.

– Eu disse para me mostrar, o resto eu me viro.

– Ta bom senhor ditador. Vamos entrar todo mundo de novo.

Heal percebeu que ninguém das dez pessoas ali presente perguntaram sobre Kif, e tinha agradecido por isso. Forest os guiou por sua casa luxuosa, tapetes tomavam os chãos de cada lugar da casa, as paredes eram forradas com as mais caras madeiras, Heal podia ver quadros que contavam a passagem de vida da família, desde crianças até hoje em dia. Quando menos perceberam estavam em um lugar que parecia ser um salão de festas pelo tamanho, o jovem Elementalista dos Espíritos podia ver que na mesa ao centro, estavam três notebooks abertos e vários papéis jogados sobre a mesa. Forest pegou uma das fotos e mostrou para ele.

Heal ficou pasmo com a cena diante aos seus olhos, a sala que anteriormente devia estar radiante de sorrisos alegres e amigos fazendo planos, agora era uma cena horrível de um filme de terror, corpos sobre carteiras jogados como se fossem panos de louça. Os rostos com os olhos revirados para cima e as bocas abertas gravando o ultimo segundo de suas vidas. A cena era realmente perturbadora, ele tentou passar os olhos na foto, mas não conseguiu achar Kif no meio daqueles corpos. Mas torcia para que a memória de sua querida irmã esquecesse do incidente.

Aos poucos Forest ia passando mais e mais fotos a Heal. Cada uma apresentava um lado da sala, e cada foto que o mesmo observava, mais terror seus olhos apresentavam, alguns corpos estavam até com barrigas abertas e suas tripas escorrendo para fora, quem fez aquilo não era uma pessoa normal. Kif teve sorte de sair viva de um ataque tão brutal.

– Bom, agora que terminou as fotos, olhe para essa aqui. – Forest estendeu a foto para Heal, que era acompanhado pelo olhar de todos na sala. – Consegue entender o que está escrito?

– Não, essas palavras não são inglesas, muito menos francesas. Mas que língua é essa? – olhou o jovem elementalista para as pessoas ali. – Alguém sabe?

– À Aki nos falou o que poderia ser, e fomos atrás e confirmamos. – falou Ayano agora. – É uma língua que antigamente era usada entre os nobres assim como o Francês, mas os padres sempre usavam seus termos, até hoje se encontra até no Direito algumas palavras.

– Hmmm... Estamos falando de Latim?

– Elementar meu caro Watson. – falava Aki com uma mão segurando o queixo e a outra o cotovelo. – Essa frase escrita fala assim: “Alia exivit ignis equum rufum et qui sedebat super illum datum est tollere pacem de terra, et ut invicem se interficiant, et datus est gladius magnus”. Certo?

Heal apenas arqueou uma das sobrancelhas como se não tivesse entendido bulhufas nenhuma.

– Vou levar isso como um sim, bom, se você pesquisar mais afundo, essa frase diz o seguinte: E saiu outro, um cavalo cor de fogo; e ao que estava sentado nele foi concedido tirar da terra a paz, para que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.

Heal apenas parou e ficou com uma cara séria, realmente tinha se iniciado. Podia sentir dentro dele. Shadow e os Esquecidos se preparando para uma gigantesca batalha.

– Heal – falou Nagisa agora. – Esse foi o primeiro passo, isso prova que realmente estamos indo para o caminho da Profecia.

– Mas como é que vocês podem ter tanta certeza? – Perguntou o mesmo aflito.

– Pois o que acabamos de ler para você, é um dos versículos do livro sagrado. – Respondeu Aki novamente. – Essa parte especificamente representa um dos cavaleiros. Senhoras e senhores, eu apresento vocês o nosso primeiro obstáculo, à Guerra.

Isso não estava certo, não podia. Heal estava tão longe que quando entrou no carro dirigiu em piloto automático até sua casa. Era realmente aquilo? Estava para acontecer mesmo? O seu dia tinha sido cheio, apenas queria ir para casa, deitar em sua cama e assim poder ter uma boa noite de sono, iria pensar nisso amanhã. Logo após tomar banho, Shadow o avisou que ele e os demais dragões estavam conversando para saber se algum deles teria alguma informação de valor.

Ao fechar seus olhos o jovem Elementalista caiu em um profundo sono. Sentiu um cheiro de ferro, mas o cheiro lhe provocava muitas náuseas, achava estranho, quando abriu os olhos entendeu o porquê. Estava na mesma sala de Kif, os corpos jogados nos lugares que a foto antes lhe mostrava. Podia ouvir um leve riso, ao olhar para cima, viu a figura que poderia ter causado aquilo, a pessoa do sobretudo negro do cemitério, pairava no ar agora sobre sua cabeça. A única coisa que Heal via daquela pessoa era o sorriso, pois seu rosto estava escondido nas sombras da toca.

– Heal, Heal, Heal. Que tal eu lhe passar uma pequena charada? Eu adoro charadas, e você? Gosta? Amanhã ao chegar à faculdade, sente-se no mesmo lugar de sempre, embaixo de sua cadeira esterá um envelope. – A pessoa aos poucos foi deixando de flutuar até o chão. – Lembre-se, quanto mais procuramos, mais demoramos a ser achados.

E assim Heal acordou. Seu celular berrando no bidê a sua esquerda, o mesmo girou na cama e atendeu o pequeno objeto.

– Heal, venha para o Hospital.

– Pai? O que aconteceu? – perguntou sentindo sua garganta secar em um segundo.

– A Kif meu filho. Ela acordou, e ela diz que tem que falar com você urgente. Falou que tem um recado para um conhecido seu.

– Um conhecido meu?

– É, ela disse que o nome dele é Shadow.

Nesse exato momento Heal ficou estático. Como ela sabia sobre seu Dragão? Não era permitido Elementalistas falarem sobre eles, como raios ela sabia? O Jovem desligou o celular e logo estava dentro do seu carro a caminho do hospital de Nightfall.