POV ALICE

- Michael ? – eu perguntei surpresa

- Alice ... – ele disse olhando para mim e para o Eric, que estava com a mão em minha cintura – Err ... Eu não devia ter vindo.

Ele saiu rapidamente em negação.

- Michael espera – eu gritei, mas meu braço foi segurado pelo Eric.

- Deixa ele ir, uma hora ou outra ele ia descobrir – Eric disse

- Não ! – gritei – Ele é meu amigo tanto quanto você ! Eu também namorei ele, eu morei com ele por um pouco mais de um ano ! Me deixa ir atrás dele ! – esbravejei , meu braço foi solto e corri atrás do meu amigo.

- Michael ! – gritei novamente, mas ele não olhou para trás. Corri mais rápido até conseguir alcançar seu braço.

- CHEGA ALICE ! – ele gritou – EU SINCERAMENTE NÃO SEI O QUE VOCÊ QUER !

- Nem eu ... – murmurei

Ele balançou a cabeça negativamente, olhou para baixo e desviou seu olhar. Ele estava frustrado , aborrecido.

- Eu quero ser sua amiga ... – disse

-  Como você quer que nós sejamos amigos, nós moramos juntos por um tempo, namoramos. Não é agora que a amizade vai vir ...

- Ela pode não vir, mas quer dizer que nós não podemos tentar trazê-la de volta. – respondi

- Isso é muito para um dia só – ele respondeu e saiu.

Hoje eu começo a perceber que as pessoas geralmente gostam de sair e me deixar de lado, em impressionante a quantidade de pessoas que vão embora sem ao menos dizer : “Tchau, beijos . “. Isso me deixa profundamente irritada, profundamente. Enfim, liguei o modo “foda-se” , porque se eu ligasse para cada vez que isso acontecesse eu iria estar profundamente irritada e começaria a freqüentar a psicóloga, se bem que não é uma péssima idéia ...

- Vou começar a ir à psicóloga – disse ao voltar para o lado do Eric

- Por quê ? – Eric me perguntou desconfiado

- Muita coisa para uma menina de menos de 20 anos – respondi e bufei

- Tadinha da minha bebê – Chloe respondeu – Em falar em bebê , sabe que dia é amanhã ?

- Não sei , não quero saber e tenho MUITA raiva de quem sabe – respondi , ela vez menção de falar e comecei a cantarolar – Lálalalalalalalalalalá

- PARA DE SER CRIANÇA ALICE CATHERINE ALBUQUERQUE ! – Chole gritou

- QUE SACO CHLOE ! -  respondi no mesmo tom – Já cansei de dizer que eu não quero que ninguém saiba disso. Ninguém nunca descobriu isso até agora !

Todos acompanhavam com os olhos nossa discussão pessoal, definitivamente eu preciso de uma psicóloga ou eu surto de vez !

- Então eu faço questao de anunciar – ela disse alto – Amanhã, dia 20 de Março é o aniversario da nossa queria Alice.

- Eu vou numa psicóloga – disse e sai andando , quem sabe essa mania não passou para mim ?

- Esqueceu que nós não podemos sair de dia de semana ? – Miranda respondeu querendo dar uma de fodona

- Querida – eu disse ironica – FYI eu não estudo mais aqui .

-Aff – ele disse – vai se ...

- Miranda ! – Eric a repreendeu e eu ri alto

- Desculpa – ela disse abaixando o olhar. Eu ri muito mais, vários olhares de reprovação passaram por mim.

- Desculpa – pedi e todos riram – Ah ! Vá se fuder !

- Ragazzina – Eric disse colocando a mão no meu ombro – Vai procurar uma psicóloga vai.

Eu sai bufando a batendo os pés, com várias risadas de fundo. Pelo amor de Afrodite, porque eu não estou em um filme, porque nos livros os meninos são muito novos, de Percy Jackson ? Daí no ultimo filme ele já vai estar mais velho e vai vir correndo para mim ! Eu quero um menino de olhos verde mar e cabelo castanho pra já !

O verdadeiro motivo para eu consultar uma psicóloga é porque eu preciso contar a alguém o meu passado, eu preciso que alguém saiba o que aconteceu quando eu tinha 15 anos, quando eu disse que aprontei todas, vocês não têm nem idéia das coisas que aconteceram. Eu preciso desabafar, eu preciso contar esse segredo.

Sophia Prata. Essa era a psicóloga da minha família, eu ia quando meu pai nos abandonou, para falar a verdade até hoje eu não sei onde ele está. Família, foi uma coisa que eu não tive desde pequena, se não fosse pela minha mãe de coração , eu não saberia o significado de amor.

- Boa tarde – eu disse a secretaria – Meu nome é Alice Albuquerque e eu preciso falar com a Sophia.

- Perdoe-me , mas a senhora Sophia não tem horários disponíveis para pacientes de rua – respondeu com desdém.

- Você deve ser nova ou não estar me reconhecendo. – disse – Minha família freqüentava esse lugar, quando eu tinha 10 anos mais ou menos eu freqüentei aqui. Na verdade procure nas fichas a família Albuquerque, tenho certeza que já “paguei” diversas viagens para a senhora Sophia.

Ela olhou novamente para a tela do computador e pesquisou o meu sobrenome, seu olhar surpreso significa que ela descobriu a minha real origem.

- OH – disse espantada, pegou o telefone e discou um numero – É senhorita Alice está aguardando a senhora ... Sim, eu peço – disse ao telefone – Ela está te aguardando na sala 23.

- Obrigada – respondi e subi as escadas.

Aquele prédio antigo era lindo, sua estrutura era perfeita. Cada pedaço pode guardar um pedaço de história, a historia de uma família que morou na casa no século 19 , ou melhor, mansão.

20 ... 21 ... 22 ...23

- Sophia Prata? – perguntei ao abrir a porta

- Sim, sou eu – disse uma voz mais velha – Alice Albuquerque, quanto tempo !

- Quase 10 anos – respondi – Eu precisava te rever.

- Como sempre, certo ? – ela perguntou retoricamente – Sente-se por favor

Ela se sentou na minha frente e eu deitei naquela cama, que eu esqueci o nome.

- O que aconteceu ? – ela me perguntou, mas foi interrompida por uma mensagem que eu recebi.

“Querida Alice,

Não agüentou segurar o segredo certo ? Precisava contar para alguém. Mas saiba que se ferrarem para o meu lado, eu não vou deixar barato.

Com amor, Rebecca. “

Revirei os olhos, contei até três mentalmente e respirei beeeem fundo. Por que agora os segredos precisam começar a aparecer ? Ele poderiam ser enterrados no tumulo.

- Algum problema ? – ela me perguntou

- Não nenhum – neguei – Vamos começar?

Ela concordou com a cabeça e as lembranças voltaram para a minha cabeça.

Ano de 1993

Eu andava pela praia de LA quando eu tropecei e cai no chão. Lembro de um grupo de meninas rindo de mim , elas eram do meu colégio e sabiam que meu pai tinha ido embora. Mas aquela menina foi o meu maior pesadelo, minha ex-amiga. Rebecca Collins , uma das meninas mais populares graças a mim. Quem me ajudou a levantar foi o Rick Robson, um ex-ficante da Rebecca.

A partir desse dia nós começamos a ficar mais amigos, passávamos tardes juntos e até namoramos por um tempo. Os ciúmes da Rebecca começaram a aumentar e a coisa ficou feia para o meu lado. Um dia eu voltava da escola quando ela me abordou e me ameaçou. Começamos a brigar no meio da rua quando fomos em direção da rua , um menino de bicicleta tentou nos ajudar mais sem sucesso. Alguém contou sobre a briga para o Rick, que tentou vir correndo nos ajudar, mas ele não olhou na rua para ver se algum carro passava e acabou sendo atropelado.

Aquelas horas foram as piores horas da minha vida, fiquei o tempo todo do lado dele, quando a Rebecca saia com as amigas, nós éramos jovens mais tínhamos responsabilidade. O tempo foi passando , as coisas foram mudando , Rebecca mudou de cidade e o Rick nunca acordou.

ANO DE 2003 (atual)

- Então isso – respondi após contar a historia – Até semana passada. Eu recebi uma ligação do hospital, pois eu era a única que sabia do acidente, já que a família dele morreu. Ele acordou, mas não sabe que tanto tempo passou, eu preciso voltar lá. Eu preciso ajudar ele a recuperar a memória e tudo mais.

- E o que você pretende fazer ? – perguntou

- Voltar amanhã para LA , ajudar meu amigo e voltar o quanto antes.

- Mas Alice, ele não sabe que se passaram 10 anos, muita coisa mudou, os tempos são outros. Como você pretende contar tudo isso a ele em tão pouco tempo ?

- Não tenho a mínima idéia – eu disse – mas é isso  que eu vou tentar descobrir.

[ .... ]

- Como foi a psicóloga ? – Miranda me perguntou sarcástica

- Nada do que te interessa pirralha – respondi

- Olha a grosseria ! Eric você vai deixar ela me tratar assim ? – perguntou com cara de cachorro abandonado

- Dane-se você ! – intrometi. – Tenho um anuncio.

Todos olharam para mim curiosos.

- Eu vou voltar para LA por tempo indeterminado – disse e todos ficaram surpresos. – Bem , era só isso que eu queria anunciar. Preciso fazer minhas malas.

- Ele acordou ? – Chole perguntou preocupada

- Acordou – afirmei – E se passaram 10 anos , eu preciso ajudá-lo.

- Entendi – ela disse – Eu vou com você

- Nada disso ! Você tem aula ! E o Blake ?

- Eu quero ver as minhas amigas também ! – ela respondeu – O Blake pode ir junto.

- Todos nós podemos ir – Eric respondeu

- Podem ir , mas eu vou fazer as minhas coisas sozinha, sem ninguém por perto.

- Como você quiser – ele respondeu – Faz um tempo que eu não vou para lá, preciso ir na praia.

- Daqui a 2h na entrada. Sem atrasos, quem atrasar fica pra trás. – eu disse e elees fizeram menção para ir – E mais uma coisa, cada um paga a passagem de avião e o hotel.

Voltei para o quarto da Chloe, com ela , claro !

- Saudades dele ? – perguntou

- Muita – respondi – Aquele acidente foi uma parte minha culpa.

- Claro que não Alice ! Ninguém poderia saber que ele iria ser atropelado.

- Eu não devia ter brigado com a Rebecca...

- Ela é uma vadia de quinta categoria ! – respondeu – Deixa ela pra lá.

- Ela me mandou uma mensagem para mim hoje – eu disse, deixando-a surpresa

- E o que dizia ?

- Se eu ferrasse com ela , ela iria se vingar.

- Vagaba ! – disse rindo – Fala pra ela tentar.

Pegamos nossa mala e saímos do quarto rindo, indo até a entrada da escola.

O grupo já se reunia na frente, todos com as suas devidas malas.

- Prontos ? – perguntei

Todos concordaram com a cabeça, eu sou a única que não quer que todos vão a essa viagem ?

Chamei dois táxis, nos dividimos em dois grupos. Miranda, Eric e Chloe em um. Clarice , Mike e eu no outro.  Entramos e partimos para o aeroporto, o caminho foi calmo, não disse uma palavra, Clarice e Mike ficaram juntos o tempo todo, aquela pegação já estava me dando dores de cabeça. Passamos pelo London Eye , um casal de amigos estavam juntos tomando sorvete, um deles tinha aliança e outro não, eles eram bastante unidos. Sinto falta dele, do meu Rick.

- Chegamos – o motorista disse ,

- Obrigada – respondi e lhe entreguei o dinheiro necessário.

Peguei minha mala, e entrei pela porta automática. A movimentação me deixava feliz, era mais um passo para eu revê-lo. Sorri e andei pela multidão até um balcão de uma companhia aérea.

- 6 passagens por favor – pedi – Cada um pagando o seu ! – avisei

Paguei a minha e daí passagem para mais um pagar, como minha mala era pequena usei apenas a bagagem de mão, eu iria com certeza comprar o resto lá. Entrei no avião  e evitei ao máximo conversar com as pessoas porque eu sabia que isso significava ter que explicar o motivo da viagem.

Fingi que dormi por um tempo, mas no fim acabei adormecendo de verdade. O meu sonho foi tranqüilo, sonhei com o meu futuro e por mais incrível que pareça o Eric estava envolvida. Um pequeno “pacote” estava no meu colo, eu o ninava sem parar , seu choro cortava meu coração. Eu estava em um quarto diferente, talvez de hospital , por tinham várias agulhas no meu braço. Eric chegou algum tempo depois, feliz com a cena. Seu sorriso era o meu maior presente, mas o bebê do meu colo era a minha maior conquista ...

Acordei ofegante e assustada, Eric estava do meu lado, afagando minha cabeça.

- Quer conversar sobre isso ? – ele perguntou

- Eu sonhei com o nosso futuro – respondi – Nós tínhamos acabado de ter um filho ...

- Isso é uma coisa boa ou ruim ? – ele perguntou

- Boa ... Eu sempre quis ser mãe – disse

- Eu sei ... Vamos, o avião já pousou – ele me puxou e saímos do avião juntos, como se nada mais importasse só nós dois e o futuro.

[ .... ]

- Vocês vão indo ao hotel que eu preciso ir a um lugar – disse e sai o quanto antes, sem perguntas por favor ...

Eu andei rapidamente pelas ruas, entrei no táxi mais perto e parti para o hospital. Não esperei a enfermeira responder qual era o quarto, subi rapidamente as escadas e entrei no quarto.

- Alice ? – o menino de 20 anos me perguntou