POV SEBBS

Andei desorientado pelas ruas de Londres, que se encontravam vazias pelo horário. Parei um pouco e respirei fundo, as imagens daquela noite eram como flashes na minha cabeça, lembranças ruins dos acontecimentos tomavam minha memória. A partir desse dia eu me tornei  frio, como a velha Alice iria dizer: Quando paramos de nos importar as coisas ficam mais fáceis.

Chutei uma lata de lixo da rua com força, poucas pessoas que passavam na rua me olhavam assustados, aqueles com crianças tentavam fugir, como se eu fosse um criminoso, bem talvez eu seja.

FLASHBACK

- FICA LONGE DA ALICE – eu gritei para Brian.

Ele se virou e eu soquei sua cara com fora, ele caiu no chão e colocou a mão no nariz, agora quebrado.

- QUEM VOCÊ PENSA QUE É ? – ele perguntou – VEM AQUI E ME DÁ UM SOCO E ACHA QUE VAI FICAR TUDO BEM ?

- VOCÊ NÃO PODE CONTINUAR FAZENDO ISSO SEBASTIAN ! – ele disse em um tom elevado – você acha que isso é vida ? Ficar correndo atrás de uma menina que nem dá bola para você !

- CALA A BOCA ! – eu gritei – VOCÊ NÃO SABE DO QUE ESTÁ FALANDO ! VOCÊ AO MENOS SABE QUEM EU SOU !

- Sebbastian, filho do senador de Londres, carrega um grande peso pela pressão que sou pai faz sobre você – ele disse calmamente.

- Não, não , não – eu continuava repetindo e coloquei minha cabeça sobre as minhas mãos – Isso é mentira !

- Não é e você sabe disso – após ele dizer essa frase, pulei em cima dele e soquei sua cara diversas vezes.

Quando parei sua cara era divertida, como tivesse gostando disso .

- Sebbastian – a voz do meu pai ecoou pelo pátio – Entre no carro agora !

Levantei-me e olhei para meu pai, que tinha um olhar incrédulo sobre mim.

- Sim, senhor – respondi e andei até o carro.

Fiquei um bom tempo sozinho, olhava pela janela, mas nada conseguia ver pela escuridão da noite. De repente a porta se abre, meu pai estava com as mangas arregaçadas e com a aparência cansada.

- Como você pôde deixar isso acontecer ? – perguntou

Abaixei minha cabeça em submissão , não estava no clima para receber sermões.

- Olhe para mim ! – ordenou – Eu quero que olhe para mim sempre, como um verdadeiro político deveria agir!

- Não sei se você percebeu, mas eu não sou um político e nunca vou ser – disse pela primeira vez

- Você é o meu filho ... – ele disse

- Queria que não fosse – interrompi e recebi um tapa na cara

- Nunca mais repita isso ! – impôs

- Você não pode me obrigar ! – eu respondi

- Eu aposto que consigo – ele respondeu.

POV ALICE

Acordei na manhã seguinte com muita dor de cabeça. Lembrei-me da imagem que eu vi na noite anterior, com certeza era o pai do Sebbs, mas o que ele queria dizer ? Muitas perguntas e poucas respostas disponíveis, eu definivamente odeio isso. Queria poder saber todas as respostas necessárias, queria poder adivinhar tudo de uma hora para outra, tudo seria tão mais fácil ...

- Bom dia, dorminhoca – Chloe disse – Ficou acordada até que horas ?

- Não é da sua conta – respondi grossa

- Não está mais aqui quem falou – ele disse – Vou tomar café da manhã, quer que eu te espere ?

- Por favor – pedi

Entrei no banheiro e fiz minha higiene matinal, sai do banheiro e abri o armário da Chloe.

- Ei , o que você pensa que está fazendo ? – ela perguntou

Não respondi e continuei procurando, no fundo do armário achei o fundo falso, que uma vez guardei algumas peças de roupas para qualquer imprevisto.

- Bingo ! – exclamei

- Agora que a Cinderela achou o vestido perfeito, podemos ir ? – ela perguntou irônica

- Claro – respondi terminando de trocar de roupa.

Saímos andando até o refeitório que estava lotado por sinal, avistei nossa antiga mesa, cheia das mesmas pessoas.

- Reunião do pessoal ? – perguntei divertida

- Apenas você pode fazer uma visita ao nosso colégio Alice  ? – Zac respondeu grosso

- Desculpa querido – respondi sua pergunta

- Tudo bem , amor – ele respondeu rindo, revirei os olhos.

- As crianças continuam crianças pelo que eu estou vendo – comentei

- Desculpe mamãe – Ryan disse .

Sorri timidamente, lembranças do meu filho vinham a minha mente, ele estaria hoje com dois anos. Meu filho poderia estar hoje correndo pela escola, mas infelizmente o pior aconteceu. Todos da mesa perceberam que o clima tinha pesado, menos Ryan que comia feliz. Olhares de reprovação se dirigiam a ele.

- O que foi ? – ele perguntou distraído.

- Nada – respondi – Se me dão licença vou dar uma volta. Levantei-me da mesa e andei até a porta.

- Seu idiota ! – ouvi Clarice dizendo e dando um tapa na cabeça dele.

....

- Por que você está sozinha ? – Eric perguntou sentando ao meu lado

- As vezes isso ajuda a pensar um pouco melhor na vida. – respondi pensativa

- Como está sendo seu primeiro dia de volta ? – ele perguntou

- Eu te conto quando ele acabar, pode ser ? – perguntei rindo

- Claro, espero que você venha até mim e me responda.

- Pode apostar que eu vou – disse sorrindo.

Era impossível não sorrir na presença do Eric, ele era a melhor pessoa para se conversar, divertido, calmo , atencioso e principalmente carinhoso.

- Fiquei sabendo do que aconteceu no refeitório , você esta bem ? – ele perguntou

- Agora não mais, já que você me lembrou disso. Parece que você tem o dom de me lembrar das coisas ruins – eu disse atuando, mas meu maior erro foi não contar isso ao Eric.

- Desculpa se eu te lembro das coisas ruins, se não queria minha companhia era só dizer, não precisa fingir que gostava de mim – ele disse magoado e se levantou

- Eric, espera. Era uma brincadeira – eu disse, me levantando

- Então aprende de uma vez por todas Alice, quando se brinca mude o tom de voz – ele disse – Cansei de ser usado por você ! Cansei de esperar !

Ele saiu andando me deixando sozinha mais uma vez com lágrimas nos olhos. Mais uma vez Alice Albuquerque faz merda.

POV AMANDA OLIVEIRA

Depois de muito tempo, finalmente estou de volta a minha velha Londres. O sentimento de estar de volta em casa não tinha preço, simplesmente era a melhor coisa. Depois que toda a minha família morreu esse lugar me trazia más lembranças, mas agora eu vejo que tudo não passou de um engano. Há dois anos eu deixei esse lugar ...

Estou aqui com apenas um objetivo, infernizar a vida daquela que magoou profundamente meu irmão.

Andei pelas ruas a procura de um bom bar local, logo a frente avistei um. A aparência não era tão ruim, então resolvi arriscar. Meus cabelos negros voavam com o vento, chamando a atenção de muitos olhares masculinos. Essa atenção era ótima, fazia eu me sentir desejada.

Abria a porta e aquele sino característico soou, o garçom olhou para mim com um olhar faminto. Ele não aparentava ser muito velho no máximo 20 anos, coitado não vai aproveitar nada da sua juventude.

Eu nos meus míseros 18 anos sabia muito mais de vida social do que ele, hello estamos no ano 2003 precisamos ter social status ou não somos nada na vida.

Logo no balcão um garoto, no máximo 20 anos também, estava bebendo o que aparentava ser vodka. Senti ao seu lado e pedi uma caipirinha, uma bebida típica do Brasil, eu morei no Brasil minha vida inteira, mas me mudei para cá há dois anos, por ironia do destino tive que voltar para minha terra natal. Quando minha caipirinha chegou, eu perguntei ao garoto do meu lado.

- Preocupado com alguma coisa ?

- Nada que interesse a você – ele disse me olhando, mas quando seus olhos se encontraram com os meus tudo mudou – Perdoe minha grosseria.

- Não tem problema – disse tomando um gole da minha bebida – De qualquer maneira meu nome é Amanda.

- Eric – ele respondeu educadamente e se voltou para a bebida.

- Mora há muito tempo por aqui ? – perguntei tentando puxar assunto

- Na verdade não , morei por um tempo em NY – respondeu

- Ah – disse , pelo jeito não estava muito afim de papo.

Peguei um guardanapo e escrevi meu telefone, paguei o garçom e deixei o papel na frente do Eric.

- Sou nova por aqui e preciso de um amigo – sorri e sai.