- O que você está fazendo aqui ? – eu perguntei

- Nós precisamos conversar – Sebbs disse sério.

- Claro. – respondi – Que tal o seu antigo quarto ?

- Perfeito.

Eu sai do quarto e fechei a porta, o sorriso que antes estampava meu rosto, agora foi tomado por uma feição de confusão.Ele passou a andar na minha frente, com uma postura reta e séria. Chegamos ao seu quarto e ele fechou a porta logo após nós entrarmos.

- Sebbs ... eu ... – comecei

- Agora me deixa falar, por favor – ele suplicou. Eu concordei com a cabeça. – Quando eu fiquei com você naquele dia, meus sentimentos estavam todos muito confusos. Não sabia o que estava fazendo, queria muito poder ter ficado aquele dia, mas ...

- O Brian voltou. – conclui

- Sim, mas tente entender. Eu estava nervoso, ele realmente tinha te deixado chateada. Ele voltou com a intenção de te matar Alice. Não podia deixar isso acontecer.

- Sebbs ... – eu tentei dizer, lágrimas começaram a brotar em seus olhos, quando uma caiu, limpei com meu polegar – Não chora.

- Alice, você não entende ! – ele disse em um tom mais elevado – Você precisa saber de uma coisa!

- Que nós somos irmãos ? – perguntei

- Você sabia ? – ele me perguntou indignado

- Sebbs ... eu ... desculpa – eu tentei me desculpar

- Eu descobri isso hoje ! Vim correndo falar com você ! – ele dizia

- Eu queria te contar , eu juro ! – exclamei

- Mas não contou . – ele afirmou – Deixa pra lá , eu quero que você saiba que você não vai se apresentar para a minha mãe !

- Como é que é ? – perguntei

- Minha mãe está com a saúde debilitada e não suporta tamanha emoção – ele disse

- Quem é você ? O Sebbastian nunca falaria debilitada, tamanha emoção – eu disse

- Ele mudou , ficou mais maduro. Diferente de outras pessoas – desdenhou

- Ficou pior, chato , irritante e o pior – eu pausei – O oposto do meu melhor amigo

- Acho que seu melhor amigo era um babaca – ele respondeu

- Você já se olhou no espelho hoje ? – perguntei ironicamente

- E você ? Já se pesou hoje ? – ele me olhou de cima para baixo

- Sebbs acho que melhor a gente se falar outro dia – eu disse – Tchau

Andei de volta para o meu quarto, de braços cruzados. Olhei no meu celular e o relógio marcava 00h00 em ponto, suspirei .Como a minha vida conseguiu dar tantas voltas em tão pouco tempo ?

Bufei. Entrei no quarto da Chloe e me joguei novamente na cama, esperando poder dormir novamente. Olhei para o teto, mudei de lado várias vezes e recebi alguns travesseiros na cara.

Dá pra parar e dormir ? – ela disse irritada

- Desculpa – respondi

Peguei meu celular e esperava encontrar alguma notificação, por sorte Eric tinha acabado de postar algo no Facebook:

“ Sozinho na noite.”

Logo respondi:

“ Que dó de você , HAHA . Também estou sozinha.”
“ Isso aqui vai virar um MSN. Bora ir no pátio ? “

“Nem que me paguem. Correr risco de ser pega pela diretora não é comigo. “

“Você não percebeu ainda que a diretora é a minha mãe ?”

“Desculpa , senhor sou filhinho da diretora. Vou tentar dormir. Boa noite “

“Boa noite, sonhe comigo.”

Um enorme sorriso se formou no meu rosto, não sei porque eu esperava que  ele viesse de surpresa no meu quarto e tudo mais, mas acho que isso é apenas um sonho.

Peguei um casaco e sai do quarto.

De repente fui puxada com força para dentro de um quarto. Uma mão tapava minha boca, me impedindo de gritar, minha respiração estava ofegante, meus olhos encontraram sem querer com os olhos da pessoa que me “raptou” , aqueles olhos eram muito familiares para mim ...

- Você ? – perguntei

- Fique longe do meu filho! – o homem gritou

- Quem é o seu filho ? – eu perguntei, mas era tarde demais , o homem saiu correndo pela porta.

Eu sentei no chão assustada, aqueles olhos eram muito familiares para mim , eu conhecia aqueles olhos. Quem será ?

Levantei rapidamente, tirei a poeira da minha roupa e sai do quarto. Olhei para os dois lados, na esperança de encontrar algum rastro daquele homem, cruzei os braços e andei sem rumo, ainda assustada e com as pernas tremendo.

Os corredores estavam vazios, andei mais rápido em direção ao quarto.

De repente eu passo por uma estante com troféus e fotos de ex-alunos, parei para observar. Uma foto de 1978 me chamou a atenção. Um adolescente tinha ganhado um campeonato na escola, eram os mesmo olhos daquele que me seqüestrou. Ele era o ....