–Emily? – ouvi Jason me chamar, sentado na cama, me olhando.

–Hm? – cocei os olhos.

–Olha pras suas pernas – apontou de leve.

Olhei para minha canela, ou parte dela, que estava à mostra e vi o quão avermelhada estava.

–Eu disse pra não dormir com a legging – levantou as mãos.

–Você não disse por causa disso, não mesmo – riu.

~*~

–Jason, me empresta um casaco? – pedi pela fresta da porta de seu banheiro.

–Pra que quer um casaco? – franziu o cenho.

–Pra não andar com esse short pela rua – saí do banheiro usando o short de quando era mais nova – Por favor. É só até minha casa.

Se virou para pegar um casaco em seu guarda roupas, jogou-o para mim e o enrolei na cintura, de modo que minhas coxas não aparecessem tanto.

–Vai assim? – arqueou uma sobrancelha – Porque, sabe, eu não ligo.

Belisquei seu braço.

–Só até minha casa. Depois a gente vai pra escola.

–Então... vamos?

–Depois que você trocar de roupa. E tomar banho.

–Mas eu to com preguiça, Emily – reclamou.

Dei a volta em seu corpo e o empurrei para dentro do banheiro, fechando a porta em seguida.

Me deitei na cama e me cobri novamente, ficando enrolada no edredom azul de Jason e ignorando o que eu deveria ter usado a noite.

–Acorda – me fez cócegas já vestido.

–Me deixa dormir! – enfiei o rosto no travesseiro.

–Não – riu e puxou minhas pernas, me deixando caída no chão.

–Jason!

–Nós temos que ir à sua casa, pra você trocar de roupa.

Fui pra casa, vesti um short jeans, porque minhas pernas estavam doendo, uma regata branca e um All Star vermelho.

~*~

–Podiam parar de olhar pra suas pernas – disse Jason quando nos sentamos no gramado do colégio depois do último horário.

–Não estão olhando pras minhas pernas! Além do mais, olha – mostrei uma marca no meio da canela – Tem essa linha vermelha.

–Eu não ligo pra ela – deu de ombros, me fazendo rir de leve.

–Hã, Jason, mudando de assunto, eu preciso te dizer uma coisa.

–Fala.

–Eu meio que contei pro Dean que nosso namoro é falso.

–Então eu acho que acabou – sorriu de lado.

–É. Acho que sim.

Ficamos em silêncio por um tempo até que se levantou e estendeu a mão para mim.

Saímos andando sem dizer nada, até porque, eu estava me sentindo péssima por “terminar” assim e não queria piorar a situação.

–Pra onde estamos indo? – perguntei.

–Sei lá – sorriu – Pode ser pro parquinho?

–Pro parquinho? Sério? – assentiu – Tá.

Chegamos e nos sentamos no gramado – o que já tinha virado rotina, porque sempre nós sentávamos em algum, fosse no colégio, na casa de praia ou no parquinho.

–Emily, se eu te desse um beijo agora, poderíamos esquecer daqui a quinze minutos? – perguntou.

Sorri.

–Pensei que quisesse parar com isso.

–Eu não quero, mas a gente precisa – se inclinou a roçou a ponta do seu nariz na minha bochecha.

–Fazer isso não vai ajudar. Mas eu não sou boa em ajudar as pessoas.

Beijou a lateral da minha boca e pos um braço em cada lado do meu corpo, me fazendo deitar no gramado.

–Tem gente olhando – olhei para as crianças que brincavam na caixa de areia.

–Com a idade deles eu já tinha uma namorada; dei até um anel de pirulito pra ela. Nunca nos beijamos, mas era legal quando brincávamos juntos. Depois, ela virou minha namorada falsa, nós terminamos e agora estou com abstinência – riu.

–Abstinência?

–É, abstinência do seu beijo – se inclinou e encostou levemente nossos lábios.

–Parece coisa séria.

Me inclinei e inverti as posições, deitando por cima de Jason e o beijando.

–Não lembrava desse nosso namoro – me deitei ao seu lado – Mas lembro do anel de pirulito, era de morango.

–Eu lembro – riu – Tem uma foto na cabeceira da minha mãe, em que estamos sentados na porta da sua casa, cada um com seu anel. O meu era de maçã verde, e eu pisei nele enquanto arrumava o quarto. Acho que acabamos o namoro aí – se virou pra mim.

–Nossas relações não duram muito – suspirei – Pelo menos, não as que ultrapassam os limites da amiza... Ah, desculpa, eu não quis...

–Tudo bem – sorriu, me reconfortando – Eu vou dar um jeito nisso.

–Jason, você vai ficar bem?

–Vou, não se preocupa.

–Claro que sim! – me levantei, ficando sentada – Depois que você disse aquilo, alguma coisa começou a martelar em dobro na minha cabeça. E pensar que eu posso te magoar me deixa mal, muito mal.

–Eu já disse que vou ficar bem. A gente só precisa seguir em frente; não adianta ignorar tudo isso.

–Seguir em frente – repeti – Falando nisso, tenho um trabalho, mais que atrasado, pra fazer.

–Tudo bem, te vejo depois. – se levantou e me ofereceu a mão para levantar.

–Até outra hora, então – sorri.