–Desculpa demorar, tive que resolver algumas coisas – disse a mãe de Jason colocando sua bolsa no sofá ao lado – Oi filho, oi Emily – deu um beijo em cada um – Vou subir, tentem não passar dos limites. – sorriu e foi para seu quarto.

–Sua mãe é meio desencanada – eu disse.

–A sua também é.

–Mas ela nunca falaria isso se chegasse e nos visse abraçados com as luzes apagadas. Ah, e sozinhos em casa.

Riu.

–Minha mãe é um pouco diferente.

Ouvi um relâmpago.

–Por favor, não acaba a luz, não acaba a luz – pedi de olhos fechados.

Dois segundos depois, a luz acabou.

Eu e meu bocão, sempre me acompanhando nas piores situações.

Me virei de frente para Jason e me enfiei em seu peito.

–Como eu vou embora? Lá fora tá escuro, bem escuro.

–Fica aqui.

–Aí você aproveita e reserva sua cova, porque meu pai vai te matar quando pensar no que podemos fazer.

–Seu pai tem que aceitar que você cresceu. Se for assim, vai estourar os miolos do cara que tirar sua virgindade.

–Eu não preciso falar com ele sobre essas coisas, não fala disso com ninguém. Se eu quisesse perder a virgindade agora, perderia e não contaria pra ele.

–Papo legal o de vocês – disse a mãe de Jason e senti meu coração quase saltar pela boca – Vai ser legal saber quando perder a sua, Jason, se é que já não perdeu.

Como é que essa mulher fala disso com tanta naturalidade?! Pior, como é que o Jason reage com tanta naturalidade?

–Mãe, eu sou virgem – bufou.

–Tudo bem, só espero que não me de um neto.

Comecei a rir.

–Seu pai também não gostaria, Emily – parei de rir.

–O que? Eu e o Jason? Sai pra lá – me afastei um pouco.

Não conseguia ver seu rosto, mas tive a sensação de que estava sorrindo.

–Emily, liga pra sua mãe e diz que você vai dormir aqui hoje. Amanhã você acorda mais cedo, e vai em casa antes da escola. Nessa chuva você não vai sair.

Me separei de Jason, ainda segurando uma de suas mãos e peguei meu telefone.

–Oi? – ouvi a voz da minha mãe.

–Vou ficar na casa do Jason, volto amanhã de manhã. Beijo, te amo – disse correndo e ia desligar quando ouvi:

–Se desligar esse telefone pode dar adeus a sua vida social. Me explica.

Expliquei tudo a ela, que iria dizer a meu pai que estava na casa de uma amiga.

–Então... Onde eu vou dormir?

Jason sorriu.

–Comigo.

–Durma aonde quiser, contanto que...

–... Não passem dos limites – completamos a frase juntos.

–Isso mesmo. Vou pro banho. Emily, se precisar de alguma coisa é só falar.

–Obrigado.

Subiu as escadas e ouvi uma porta ser fechada.

–É sério que vai dormir comigo?

–Sozinha no escuro eu não fico – me enfiei em seu abraço de novo.

–Ah, se quiser, pode usar aquelas roupas que estão aqui.

–São pequenas.

–Por isso mesmo – riu e beijou minha nuca.

–Vou pegar minhas coisas – saltei do sofá.

Peguei meu celular e subi as escadas com Jason atrás de mim.

–Segunda gaveta – disse quando entramos no quarto – Posso sugerir uma coisa?

–Não, mas tenta.

–Usa o short preto e a blusa do Slipknot.

–Esse short não tampa nem metade da minha bunda e a blusa não passa do meu peito.

Peguei uma legging – que não era mais uma legging – e uma camiseta azul.

–Eu não quero ficar sozinha, então vira de costas, ok?

–Não prometo nada.

–Jason, vira de costas!

–Tá, tá. Que saco.

Me troquei o mais rápido possível e disse a Jason que podia se virar.

–Essa calça vai estourar sua veias e a blusa vai deixar seus peitos achatados.

–Desisto! – tirei a blusa – me empresta uma camisa.

Mexeu no guarda roupas e tirou uma blusa branca de lá.

–Desde quando você tira a roupa com tanta facilidade na minha frente? – arqueou uma sobrancelha e me entregou a camisa.

–Sei lá, não é nada de mais, é? – estreitei os olhos.

–Não, claro que não – sorriu malicioso.

–Jason! – riu.

–A blusa é grande o suficiente pra tampar metade das suas coxas, tira essa calça.

–Eu mexo a noite e você não vai deixar a chance passar se eu estiver só de blusa do seu lado.

–Juro que não faço nada – sorriu – Deve achar que quero te estuprar.

–Eu to bem com a calça, ok?

–Ok.

Tirou a calça e a camisa ali mesmo, na minha frente, e pegou dois cobertores.

–Vai dormir assim? – fiz um movimento com o indicador.

–Eu durmo assim – deu de ombros, me entregando um cobertor.

–Jason, veste uma calça, a Emily está com você! – gritou sua mãe.

–Dormir de roupa incomoda – bufou e pegou uma bermuda em sua gaveta.

–Quero ver se vai falar a mesma coisa quando estiver lá fora – gritou novamente.

Gargalhei.

–Veste logo.

Se vestiu e se deitou ao meu lado.

–Jason? – chamei depois de um tempo.

–Hm? – perguntou sonolento.

Olhei para o escuro a minha frente e me virei para ele, saindo de dentro do meu cobertor e entrando no seu.

–Se eu acordar sem cobertor pego o skate de volta.

Enjireci o corpo.

–Brincadeira – me deu um selinho e meu abraçou.

Me aninhei em seu abraço e pus a cabeça em seu peito agora quente.