Beijei seu pescoço quando retribuiu o abraço.

-Pra mim também não é fácil.

~*~

Entrei em casa e fui direto para o quarto, me jogando na cama.

Eu sempre faço coisas que me ferram, mas isso foi o cúmulo. Eu meio que usei o Jason. Agora, pensando assim, fica bem pior. Ainda mais com esse treco do Jason gostar de mim; gostar mesmo.

Eu não devia ter feito isso, não mesmo. É errado. Brinquei com os sentimentos do garoto. Dos garotos. Claro, porque ninguém gostaria de ficar com alguém que mentiu, por mais que fosse um namoro falso.

Levantei e caminhei até meu banheiro.

Tirei minha roupa com preguiça e a joguei em algum canto perto da pia, entrando no Box e deixando a água quente escorrer por meu corpo.

-Sua anta – disse com a cabeça virada para cima.

Terminei meu banho e me troquei.

Joguei a toalha em algum lugar a minha esquerda e me deitei na cama olhando o teto.

~*~

Quando cheguei, nem olhei o horário, só sei que estava tarde. E, desde a hora em que saí do banho, não dormi nada.

Enfiei a mão embaixo do travesseiro, ainda fitando o teto, e peguei meu celular, olhando as horas.

03h12min

Pronto, tá todo mundo dormindo e eu aqui.

Dizem que as três da manhã as portas do inferno se abrem, e as almas caminham livremente por aí, mas não me importei. Por maior que fosse meu medo de escuro e espíritos, eu estava mais preocupada com Jason.

Sim, com Jason. Nesse momento, não estou nem aí pro Dean, ele que se dane.

Enquanto o Jason se preocupa comigo, o Dean fica lá com a Helen!

Ah, cara, que idiota. Crise de ciúmes no meio de uma noite de insônia.

Parei de encarar o teto e conectei meu celular a internet.

Entrei no Facebook para ver se algum dos meus nove amigos – contando com minha mãe, minhas irmãs e a empregada – estava online. Nenhum.

Entrei no Tumblr. Pornografia.

Entrei no MSN. Jason.

Emily diz:

Não deveria estar dormindo?

Jason diz:

Talvez sim. E você, porque não está dormindo?

Emily diz:

Não consigo. Fiquei encarando o teto desde a hora que cheguei.

Jason diz:

Eu fiquei encarando o papel de parede do notbook.

Emily diz:

Deve ser muito bonito então

Jason diz:

Um terço dele, sim.

Emily diz:

Qual é a foto?

Jason diz:

Eu, você e Tom na pista de skate há uns dois anos atrás.

Emily diz:

Seu papel de parede tem uma foto de dois anos atrás?! Eu tinha quatorze anos e usava aquela mechinha azul!

Jason diz:

Era legal. O único problema é que você ficava escondendo a parte colorida por causa da sua mãe, ou seu pai, sei lá.

Emily diz:

É. Mas aí ela descobriu e me levou ao cabeleireiro pra cortar.

Jason diz:

Aquilo foi engraçado. Você ficou com um fiapinho que ficava em pé, e vivia pegando meus bonés pra esconder.

Emily diz:

Jason, mudando totalmente de assunto

Jason diz:

Você quer saber se o que eu disse ontem era sério, não é?

Emily diz:

Era sério?

Jason diz:

É sério. Não precisa preocupar, não vou te roubar do Dean.

Emily diz:

Não estou preocupada com isso.

Jason diz:

Está preocupada com o que então?

Emily diz:

Com você.

Jason diz:

Porque comigo?

Emily diz:

Você ta me ajudando, deve ser difícil pra você. Não é chato ficar perto de mim desse jeito?

Jason diz:

Não, é bom.

Emily diz:

Isso soa estranho. Mas você é assim, e já estou acostumada.

Jason diz:

Sou tão estranho assim? Ok.

Emily diz:

Sim, você é. E essa é uma das suas qualidades.

Jason diz:

Qualidades? Tenho outras?

Emily diz:

Sim, várias.

Jason diz:

Pode me dizer duas?

Emily diz:

Você é (n/a: lindo) fofo e não me julga por gostar de um garoto que está comendo a vadia da escola.

Jason diz:

Ah, desculpa por falar isso. Não gostaria que dissessem que, sei lá, o Tom está te comendo.

Emily diz:

Jason! Isso seria ridículo!

Jason diz:

Não sabia quem falar.

Emily diz:

03h58min.

Jason diz:

Já?

Emily diz:

Pois é.

Jason diz:

Tenho que tomar banho.

Emily diz:

Tomar banho?!

Jason diz:

Fiquei encarando o papel de parede e não tomei banho.

Emily diz:

Fedido!

Jason diz:

Disse a garota que ficou três dias sem tomar banho.

Emily diz:

Eu tinha seis anos e estava de férias!

Jason diz:

Fedida!

Emily diz:

Fedido!

Jason diz:

Tchau fedida, vou pro banho.

-

Ótimo. Essa conversa só me deixou pior. Mesmo eu fazendo tudo isso, o Jason ainda é assim comigo.

Olhei as horas; 04h02min.

Pelo visto vou acordar atrasada amanhã.

***

-Emily!

Senti algo me sacudir e dei um tapa no local, depois percebendo que era minha mãe.

-Que foi? – perguntei ainda de olhos fechados e com a voz fraca.

-Você está atrasada! Ou melhor, já perdeu três horários!

-E isso é ruim? – sorri.

Jogou a toalha que estava no chão em mim.

-Ai – riu.

-Desisto, mata aula hoje.

***

Ouvi alguém bater na porta.

-Entra.

Sorri vendo Tom entrar e fechar a porta atrás de si.

-O que ta fazendo aqui?

-Bom ver você também.

Se sentou ao meu lado na cama.

-Porque não foi na escola?

-Acordei atrasada, fui dormir quatro da manhã.

-O que você ficou fazendo?!

-Olhando pro teto e conversando com o Jason.

-O namoro de vocês é meio estranho.

-É falso, não estranho.

-O que?

-Falso. O namoro de verdade nunca existiu.

-Mas porque isso?

Bufei.

-Vou ter mesmo que falar?

-Vai, não confia em mim?

-Não diz isso. Foi assim que eu entreguei meu caderno de músicas pro Dean e foi por isso também que eu fiquei com o Jason. Essas quatro palavras já me trouxeram muita confusão!

-Agora me explica por que começaram o namoro falso.

-Por causa do Dean. Por que eu queria fazer ciúmes nele. E essa foi a pior coisa que eu já fiz na vida.

-O que aconteceu?

-O Jason... O Jason gosta mesmo de mim – olhei pra baixo.

-E você gosta mesmo dele? Tipo, mais do que do Dean?

-Eu não sei. E também não sei por que gosto tanto do Dean.

Se levantou e me abraçou.

-Senti sua falta – eu disse.

-Eu também senti a sua. Agora você só fica com o Jason.

-A Mia te roubou de mim.

-Deixa de ser dramática Emily – riu.

-Mas é verdade, poxa! Eu ficava muito mais com você do que com o Jason antes dela aparecer. E eu nem aprovei o namoro!

-É mesmo, esqueci que tudo que eu faço tem que ser aprovado.

Sorri.

-Quer fazer alguma coisa? – perguntou me soltando.

-Tipo...?

-Sei lá, vamos no boliche?

-Mas a agente precisaria de um grupo de cinco pessoas.

-Eu, você, o Jason, a Mia e, pode ser o Dean?

-Não!

-Pensei que gostasse dele.

-Eu gosto, só não quero que ele vá.

-Facilitaria muito seu plano se você ficasse com o Jason.

-Só porque você ta pedindo – bufei.

Peguei meu telefone e digitei uma mensagem pedindo para Jason vir até aqui.

-Vou trocar de roupa.

Caminhei até meu guarda roupa, peguei uma calça jeans, uma blusa do Paramore e um Vans xadrez que não usava há um tempo.

-Sai – empurrei Tom para fora do quarto.

Me vesti e saí do quarto ainda calçando os tênis.

-Mãe, vou no boliche com o Tom! – gritei abrindo a porta.

-Tudo bem, só não chegue tarde.

Fechei a porta atrás de mim e fomos andando até a esquina, onde estava Jason.

Era estranho beijá-lo na frente de Tom, por isso só levantei o braço e dei um tapa em sua testa.

-Quanto amor – zombou – Porque me chamaram?

-Nós vamos ao boliche.

-Nós, quem?

-A gente – apontei para nós três – A Mia e o Dean.

Engoliu em seco.

-Vamos nos encontrar com eles lá?

-Hã, não. Vamos chamar o Dean e depois a Mia.

***

-Porque nós estamos na frente do colégio? – perguntou Tom.

-O Dean mora atrás – respondi normalmente.

-Tipo... Lá? – perguntou apontando para a imensa casa atrás da escola.

Sorri.

-É. Lá – caminhei um pouco e parei perto do telhado – Jason, me ajuda aqui.

Entrelaçou as mãos e as colocou na minha frente, onde pus um pé e peguei impulso, subindo no telhado.

Depois de dois minutos, os dois estavam ao meu lado.

-Deixa eu adivinhar; nós vamos pra casa do Dean pelo telhado – disse Tom.

-Uhum. Mas não vamos entrar. Só vamos chamá-lo. Aí ele que dê a volta no quarteirão. – riu.

Me sentei com os pés balançando no ar acima da piscina.

-Dean! – gritei.

Não ouve resposta.

-Dean! – silencio – Alguém em casa? – suspirei – Acho que não tem ninguém.

Levantei, andei um pouco para trás, tirei os tênis e a blusa, ficando só de jeans e sutiã.

-O que você...? – perguntou Jason olhando minha barriga.

-Vocês já me viram de biquíni e eu não vou nadar com aquela blusa – apontei para a blusa jogada no telhado.

-Vai fazer o que?! – perguntaram os dois.

Corri em direção ao fim do telhado e pulei, sorrindo para os dois.

-Maluca! – gritou Tom.

Para alguns, isso seria se jogar para a morte – levando em conta os muitos metros de queda livre – mas pra mim, bem, já fiz coisas piores.

***

-Vão ficar aí? – perguntei nadando de costas.

-E se alguém chegar? – gritou Tom de volta.

-Se você ficar gritando, é lógico que alguém vai vir olhar o que ta acontecendo – fiz careta.

Vi Jason tirar os tênis e a camisa.

Ok Emily, para de ficar olhando.

-O que ta fazendo? – perguntou Tom.

-Ficando peladão, não ta vendo? – ri – To indo nadar, bocó.

O empurrou e pulou logo depois, juntando as pernas com as mãos, como uma bomba, para amortecer o impacto.

Segurei as cabeças dos dois quando afundaram e se levantaram arfando segundos depois.

-Caralho, porque fizeram isso?! – perguntou Tom.

-Calma. Ninguém vai chegar.

-Como sabe disso?

-Por incrível que pareça, os empregados daqui só vem três vezes por semana. Os pais do Dean estão viajando e ele deve estar com a Helen – olhei para Jason.

Tom bufou.

-Deixa de ser chato! – pus a mão em seu peito e o afundei.

-Vai afogar o coitado – senti Jason me virar em sua direção.

-Fodas – me inclinei para beijá-lo e, quando estávamos a milímetros de distancia, Jason colocou as mãos em minha cintura e nos afundou juntos, fazendo o beijo ser embaixo d’água.

(n/a: PEEEEEEEEEERCY JAAAAAACKSON \o/)

(n/a2: eu imaginei o Dean chegando com uma lancheirinha da Marvel e saindo correndo e chorando =x)

-Hã, vocês dois vão ficar aí ou vão nadar? – perguntou Tom obviamente constrangido.

Nos separamos e me afundei novamente, evitando olhar para os dois.

-To com fome – disse quando me levantei.

-Você sempre está com fome – disse Tom.

Dei um tapa em seu peito e saí da piscina.

-Vai aonde? – perguntou Jason.

-Comer – dei de ombros.

Fui até a porta dos “fundos” – porque não era exatamente aquela coisa de porta de empregados – e abri.

-Quem ta com fome? – gritei pegando uma lata de Coca.

-A gente ta alagando a cozinha dele – disse Jason – Ah, tomara que morra afogado – sacudiu o corpo, molhando ainda mais o chão.

Passaram por mim, pegaram refrigerantes e nos sentamos na mesa.

-Nós temos que ir embora – disse Tom.

-Você ta chato – eu disse – Se quiser ir embora, vai – apontei pra porta.

Bufou.

-Quem quer ver a sala de TV? – perguntei saltando da mesa.

Saí andando pela casa com os dois atrás de mim. Subimos as escadas, passamos pelo escritório e chegamos a sala.

Me joguei no chão, deitando e colocando as pernas no sofá.

-Vai ficar andando de sutiã pela casa? – perguntou Jason se deitando ao meu lado logo depois de Tom.

-Uhum, por quê?

Bufou.

-Fica pelada então.

-Se continuar me enchendo o saco vou tirar a calça!

-Vou continuar então – sorriu malicioso.

-Tá bom, parou – disse Tom – Tão querendo ficar pelados? Vão pra casa. Ou pra um motel, sei lá.

-Deixa a menina tirar a roupa em paz! – disse Jason chutando a canela de Tom.

Me levantei, dei um tapa em cada um e fui olhar os DVDs e jogos de vídeo game na estante.

-Que jogos ele tem? – perguntou Tom.

-Que jogos ele não tem, seria o certo – respondi – Querem jogar God of War? Guitar Hero? Mario? – arqueei uma sobrancelha.

-Guitar Hero – responderam juntos.

Peguei o disco, coloquei no aparelho e entreguei uma manete a cada um.

-Ganhei! – gritei.

Escolhemos jogar contra o computador, e os dois com pontuação mais alta jogariam depois.

-No médio, não conta – disse Tom.

-Claro que conta!

-Joga no expert então – sorriu debochado.

-Você ta cansado de saber que eu não consigo jogar no expert!

-Joga no difícil, já que você é tão ruim.

Bufei e voltei ao menu do jogo, colocando no difícil.

-Ganhei. De novo – mostrei a língua e bati na testa de Tom com a manete.

-Legal. Tecnicamente, eu teria que jogar contra os dois, porque ganharam no difícil e eu no expert, mas podem jogar os dois.

***

-Como saímos daqui? – perguntou Tom – Não dá pra subir o muro por esse lado, é alto pra caralho.

-Vamos dar a volta – dei de ombros.

-As roupas de vocês tão no telhado. Fora que você ta só de sutiã.

-Não, eu também to de calça.

-Grande diferença – arregalou os olhos – Espera, faz sim, não tira a calça.

Sorri.

-Eu ando atrás de você e o Jason atrás de mim. Depois a gente volta no colégio pra pegar as roupas.

***

-Fica na minha frente! – disse segurando o tronco de Tom em frente ao meu corpo.

-Ninguém mandou tirar a roupa.

Saiu correndo e fui atrás.

-Volta aqui, Thomas! – gritei.

-Não me chama de Thomas, Lily!

Corri atrás dele até o colégio, onde pegamos nossas roupas.

-Deu na mesma de ter vindo sem o Tom na minha frente – disse calçando os tênis – Ainda vamos no boliche?

-Mais tarde – respondeu Tom – se quiserem.

-Só a gente.

-Vamos desperdiçar jogadas.

-Então a Mia vai.

***

-Tchau Emily. Te ligo depois – disse Tom quando chegamos em frente a minha casa.

-Ok. Tchau Tom – dei um peteleco em sua orelha.

-Vai ficar aqui? – perguntou a Jason.

-Só mais um pouco – respondeu.

-Vejo vocês mais tarde.

_

-Não posso entrar em casa molhada, minha mãe vai me matar.

-Se você não tirar essa roupa, vai acabar gripando.

-Não tem problema. Prefiro gripar do que levar bronca.

Me pegou e me colocou nos ombros.

-Jason!

-Que leve a bronca.

Saiu andando comigo e bateu na porta.

-Oi Julia – disse quando minha irmã abriu-a.

-Oi Jason. Oi Lily – abriu espaço para passarmos.

-A mamãe ta em casa? – perguntei.

-Foi no supermercado.

Subiu a escada, entrou em meu quarto e me jogou no banheiro, ligando o chuveiro logo em seguida.

-Vou tomar banho de roupa? – arqueei uma sobrancelha.

-Pode tirar se quiser – sorriu.

Tirei os tênis encharcados e os joguei para fora do Box aberto.

-Deu na mesma de ter me jogado desse jeito.

Me joguei no chão, cruzando as pernas e deixando a água cair no meu rosto.

-Não vai sair?

-Não.

-Eu to a fim de tomar banho.

-Pode tomar, já disse.

Tirei a blusa, a joguei para fora e desabotoei o primeiro botão da calça.

-Ainda vai ficar aí?

-Você mesma disse que já te vi de biquíni.

-De biquíni, não pelada! Sai daqui garoto! – joguei água nele e o observei sair.

***

-Me deixa trocar de roupa – pedi quando saí do banheiro enrolada na toalha.

Fui até meu guarda roupa, peguei uma roupa e um tênis.

-Olha eu sei que você é um garoto, e entendo que sinta atração por garotas, mas não vai me ver trocar de roupa! – joguei minha blusa nele.

-Não vou fazer nada que você não queira.

Se levantou da cama e veio até mim, abraçando minha cintura.

-Me larga.

-Hã... não – beijou minha nuca e me empurrou até a parede.

-Jason, eu to só de toalha.

-Melhor assim.

Apertou minha cintura e me beijou.

Não era certo ficar me agarrando com o Jason só de toalha. 1º Alguma das gêmeas pode chegar a qualquer momento. 2º Eu estava só de toalha. 3º Dois adolescentes cheios de hormônios fazendo isso não daria boa coisa. 4º Nosso namoro é falso e não é legal fazer isso com ele.

-Emily viu minha... – disse Mary entrando no quarto.

Ai caralho, fudeu.

-Ops! – sorriu amarelo e saiu correndo.

-Eu. To. Fudida.

-Você? Seu pai vai me matar!

-Claro que não, só vai me proibir de ver você.

-Só? – bufou – Eu não vou fazer discurso nenhum, mas você sabe que pra mim não é só isso.

-Desculpa, mas você que me agarrou.

-Se não quisesse daria um jeito de me tirar de cima de você.

-Ela não vai contar.

-Ela tem nove anos! É a coisa mais estranha pra ela ver a irmã se agarrando com o amigo de toalha!

-Ela tem nove, não dois. E não vai contar.

-Só por precaução, vou evitar seu pai por um tempo.

-Agora me deixa trocar de roupa – o empurrei para fora do quarto.

***

-Não vai olhar pra ela por um bom tempo, não é? – perguntei quando saí do quarto e o vi sentado do lado de fora.

-É – sorriu amarelo e puxou meu braço, me fazendo sentar ao seu lado.

-Vai no boliche? – encostei a cabeça em seu ombro.

-Vou. Só vou tirar essa roupa.

Ri e mexi em seu cabelo ainda um pouco molhado.

Desci a mão até sua nuca e me inclinei, o beijando.

-Nós estamos pedindo pras elas nos verem – eu disse entre o beijo.

-A Mary já viu mesmo – passou a mão em minha cintura.

Pus a mão em seu ombro e forcei para trás.

-Vai logo, senão fica tarde.

-Você sempre acaba com a graça – fez biquinho.

-Ah, que dó – lhe dei um selinho – Você só vai demorar uns dez minutos!

Bufou.

-Tááá. Te vejo depois.

***

-Vou no boliche. A mamãe sabe, vocês ficam bem sozinhas? – perguntei as gêmeas quando desci as escadas.

-Nós ficamos bem e não fazemos nada de errado. Já você e o Jason... – disse Mary sorrindo maliciosa.

-Vai contar?

-Depende.

-Argh, te dou um sorvete.

-Contar o que? – perguntou Julia.

-Que ela e o Jason estavam se agarrando só de toalha no quarto – respondeu normalmente.

-Agora que eu sei...

-Te dou um sorvete também! – olhei para Mary – Tomara que não solte isso tão fácil perto do papai.

-Já entendi, que saco!

-Ah, você falou alguma coisa com o Jason?

-Não. Mas a cara dele quando passou por nós foi muito engraçada! – riu.

Dei um beliscão em seu braço.

-Ai!

-Olha, eu to saindo, qualquer coisa, liguem pra polícia, porque eu não vou atender vocês.

-Tudo bem. 911?

-Esse é o número dos bombeiros, mas serve.

(n/a: nos Estados Unidos esse é o número dos bombeiros. Ah, lembrei de uma música “Somebody call 911, shawty fire burning on the dance floor” o.O esquece sámerda).

***

-Sua vez – disse para Jason.

Se levantou, jogou – derrubou oito pinos – e se sentou ao meu lado novamente.

-Sua vez – sorriu.

Fui até a pista, peguei a bola preta – mais pesada por sinal – e caminhei para frente, mas acho que passei da linha, onde tinha cera, porque saí escorregando pela pista.

Nada pra mim tem um lado bom, mas esse teve, porque fiz strike.

Ouvi Jason e Tom rindo e Mia segurando o riso, me levantei e disse:

-Caí, mas marquei. Nenhum de vocês fez isso até agora.

-Ficou nervosa? – perguntou Tom rindo.

Dei um tapa em sua testa.

-Caralho, sua mão é pesada, sabia?!

-Tadinho – me sentei ao lado de Jason.

-Dói? – perguntou Mia pondo a mão na testa de Tom.

-Só um pouco – respondeu.

-Dói? – imitei a voz de Mia, afinando bastante a minha – Só um pouco – fiz a mesma careta que estampava o rosto de Tom.

Jason riu.

-Deixa eles.

Mia colocou as mãos em volta do pescoço de Tom e começaram a se beijar.

-Isso é muito tenso - disse olhando para frente, com Jason ao meu lado

-Tenso deve ser pro Tom ver a gente se beijando.

Concordei.

-Mas a gente não fica se beijando na frente dele...

-E porque não?

Se inclinou e me beijou.

-Isso ainda é estranho – ouvi Tom falar e percebi que nos encarava.

-Ah, vai pro inferno – balancei a mão direita em sua cara, ainda beijando Jason.

***

-Tchau garota que fez um strike quase perfeito – disse Jason enfrente a minha casa, depois que Tom foi levar Mia em casa.

-Foi perfeito, okay? O tombo só fez ficar ainda melhor - fechei os olhos e balancei a cabeça.

(n/a: não sei outra forma pra explicar o u_u)

-Vê se não mata aula amanhã, tudo bem? Agora que o Tom ta com a Mia, eu fico sozinho na escola e as garotas ficam se jogando sobre mim – sorriu convencido – Preciso de você lá pra mantê-las longe.

-Sei... Se você não tivesse dito aquilo, eu teria falado que devia aproveitar. Mas, como disse, esquece – sorri amarelo.

Segurou meu queixo e levantou minha cabeça, encostando nossos narizes.

Podia sentir sua respiração encontrando com a minha, e isso era estranho. Pra mim, lógico. Claro que ele já ficou encostando o nariz no de suas namoradas milhões de vezes, e eu aqui, achando a coisa mais esquisita do mundo. Claro também que ele não precisava agüentá-las imitando a voz das namoradas dos amigos. Não tinha que ser expulso do quarto delas quando queria simplesmente beijá-las. Não tinha que levar “toalhadas” de ninguém. Não tinha que andar com uma garota que parece um menino por aí. Não tinha que perder dela no vídeo game. Não tinha que ter vergonha das irmãs da garota. Não tinha que suportar a garota.

-Tá tudo bem?  -perguntou.

-Hã, ta. Tudo bem.

-Tem certeza?

-Não.

-O que foi?

Olhei para os lados.

-Posso perguntar uma coisa?

-Claro.

Se fosse em suas condições normais, ele teria dito “Já perguntou” e, quando eu dissesse “Posso perguntar outra coisa?” ele responderia “Já perguntou outra coisa” e assim ficaríamos por um tempo, por isso percebi que ele estava mesmo preocupado comigo.

-Você não acha chato ter que sair por aí comigo?

-Não. Dá onde tirou isso?

-Não acha chato eu brigar com você o tempo todo e evitar seus beijos? – fitei meus tênis – Não acha que eu pareço um garoto?

-Emily, olha pra mim – levantou minha cabeça pelo queixo – Eu amo tudo em você. Amo tudo o que você faz e tudo o que você é.

-Tem certeza disso? Não preferiria estar com uma garota comum ao invés de estar comigo?

-Eu não quero uma garota comum, eu quero você.

Olhei para os lados, evitando encontrar seus olhos.

-Eu sou idiota e sem nenhuma experiência.

-Ah, e eu sou tão bom em relacionamentos que me apaixonei pela minha melhor amiga e agora estou ajudando ela a conquistar um garoto que odeio – riu fraco – Entende isso, ok? Eu amo você. Não quero mais ninguém. Amo tanto que não consigo nem brigar mais com você. Era a coisa que mais fazíamos antes daquele baile idiota.

Ouvi-lo dizer isso fez eu me sentir um monstro. Sim, o Jason é louco por mim. Não, ele não se importava em estar me ajudando a ficar com outro garoto.

Alguma hora eu ia acabar o magoando. E o pior é que ele não tem culpa nisso.

-Olha, se te faz sentir melhor, eu não ligaria que estivesse com o Dean, se estivesse feliz.

O abracei.

-Me desculpa – sussurrei.

Me apertou forte.

-Você não tem que se desculpar. Você gosta do Dean, está fazendo isso por causa dele. Eu gosto de você e estou fazendo isso por sua causa. Eu quis assim, não você.

Passei o dedo indicador por suas costas, o fazendo mexer um pouco e rir.

-Às vezes eu sinto falta das nossas brigas – disse – Era mais fácil daquele jeito.

-Quer brigar? Podemos resolver isso.

-Não – enterrei a cabeça em seu pescoço – Assim está bom.

Beijei sua nuca e fui subindo os beijos até o canto de sua boca.

-Não faz isso, é sacanagem. Você vai parar na melhor parte – reclamou rindo um pouco.

-E quem disse isso?

O beijei e pus as mãos em seu peito.

Apertou minha cintura e se inclinou para frente, deixando meu cabelo caído.

Senti o vento passar pelo meu pescoço e me inclinei, encerrando o beijo.

-Não falei? Acabou na melhor parte.

-Amanhã tem aula, e está tarde. Te vejo depois.

Lhe dei um selinho e entrei em casa.