[dia seguinte - sábado]

Fomos andar de skate (Jason me emprestou um antigo que estava na casa de praia) em uma pista próxima a praia.

Comecei a andar, afinal, estava lá pra isso, certo?

Eu estava vestida normalmente; com jeans pretos, All Star vermelho e um casaco de capuz por cima de uma regata branca.

Quando parei, tirei o capuz e já estava tirando o casaco quando ouvi algo parecido com “É uma garota!” atrás de mim.

Me virei e disse:

-Obrigado por perceber.

Era um grupo de garotos que estava olhando pra mim. Acho que por um bom tempo.

-Uma garota bonita – disse um deles.

-Uma garota que tem namorado – disse Jason parecendo e colocando a mão na minha cintura.

Dei uma risadinha e disse para que só ele escutasse:

-Um namorado falso.

-Que seja – disse normalmente.

-Calma aí – disse o garoto que tinha percebido meu sexo – nós só estávamos dizendo que ela anda bem.

-Mas que ela é bonita, é – disse o outro.

Jason ignorou.

-Emily, a Yasmin acabou de ligar, chamando a gente pra ir pra praia, quer ir?

-Tá, pode ser. Só deixa eu pegar minha mochila.

Saí de perto e fui pegar minhas coisas.

-Então a garota bonita se chama Emily? – era o garoto que estava me “admirando”.

-É. De acordo com os documentos eu me chamo Emily.

-Sabe, eu duvido que aquele garoto seja mesmo seu namorado.

-O Jason? Claro que é. Por que acha isso?

-Deve ser porque ele não ficou nem perto de você desde quando chegaram.

-Que foi, vai me interrogar?

-Não, só queria saber se tinha chance.

-Não, não tem. Já disse, ele é meu namorado – agora, se me dá licen... – me beijou.

Fiquei parada, com os olhos arregalados. O que você queria que eu fizesse?

-Solta ela! – disse Jason arrancando o garoto dali.

Pegou minha mão e saiu me puxando.

-Tava demorando demais – disse.

-Jason eu...

-Você não fez nada, eu ouvi a conversa. Tá bem? Além do mais, isso é só um namoro falso.

-Eu nunca teria o beijado por vontade própria, acredite.

-Posso pedir uma coisa?

-Aham.

-Lava a boca.

-Pra que... Deixa; to indo – disse me soltando de sua mão e indo em direção ao banheiro feminino. Entrei no banheiro e bochechei um pouco d’água. Sequei meu rosto e voltei para perto de Jason.

-Lavou?

Assenti.

-Ótimo, vem cá.

Ele estava me levando para o grupo de garotos de antes.

-Jason o que...

Parou na frente deles, cutucou o garoto que me beijara e me beijou.

Mas foi beijo mesmo!

-Namorada o suficiente pra você, otário?! – perguntou.

-Uuuhhh – disseram os outros em uníssono.

E saímos dali. Jason estava com um sorriso triunfante nos lábios.

-Que foi? – perguntei

-Nada.

-Diz. Você fez isso só pra se exibir não foi?

-Não. Fiz isso pra te exibir.

Silencio.

-É... Não entendi.

É um namoro, né? Mesmo que seja falso – assenti – Então, isso me deixa... Sei lá, enciumado? É como se eu tivesse que cuidar de você. E você é minha amiga. Não vou deixar qualquer imbecíl dar em cima de você. O Dean é uma exeção.

-Hey! O Dean não é um imbecil! – repreendi.

-Claro que é. Se não fosse perceberia que você gosta dele e te daria atenção ao invés de ficar se agarrando com a Helen.

O resto do caminho foi silencioso.

.

Chegamos a casa, fui pro quarto e me troqui.

Pus um biquíni e um short, sem blusa mesmo.

-Nunca te vi assim – disse Jason entrando.

-Claro que já sua anta! Já nadei com você várias vezes.

-É, mas sempre tinha algo pra tapar isso – disse fazendo um retângulo com as mãos, como se estivesse fotografando meus seios.

-Pervertido! – joguei uma toalha nele.

-Que foi? To dizendo a verdade. A gente sempre pulava de roupa, ou você estava de maiô – o que é desnecessário, já que você é magra – e teve aquela vez que você veio pra cá. Só que você caiu, ralou a barriga e ficou nadando de blusa.

-Ai, Jason, que saco! É só um biquíni, ok?

-Hey, você não vem? – perguntou Yasmin entrando – hã, desculpa interromper a discussão sobre biquínis, mas nós já estamos indo.

.

Fomos caminhando todos juntos. Eu, Jason, Yasmin, Clare, Luce e Sam.

Sam e Jason andavam conversando meio que separados da gente, o que ajudou com o papo da Clare.

-E esse seu namoro falso? – perguntou.

-O que é que tem?

-Ué, vocês se beijam, se abraçam, cochilam juntos no sofá e blá, blá, blá.

-E...?

-Mas ainda se tratam como amigos.

-Nós somos amigos.

-É, mas quais são as regras disso?

-Não sei direito. Ele quer provocar as garotas e eu fazer ciúmes no... Deixa. Mas as regras eu não sei.

-Em quem você quer fazer ciúmes?

-Érr, no Dean. Um garoto que entrou na escola no meio do ano.

-Vocês podem ficar com outras pessoas?

-Não falamos sobre isso, mas acho que não. O Jason quase socou um garoto que me beijou na pista.

-Mas você se importaria se ele ficasse com alguém?

-Por que, quer ficar com o Jason?

-Não.

-Sério? – perguntei com uma das sobrancelhas arqueadas.

-Eu já fiquei com o Jason, Emily – arregalei os olhos – Acho que foi ano passado... Mas ele não faz meu tipo.

-Então por que...

-Vou botar seu plano em prática, achei legal.

-Vai provocar ciúmes em quem?

-Você não conhece. Mas o importante agora é arrumar um namorado falso.

Chegamos à praia, que por sinal era muito linda, e nos sentamos em uma mesa próxima ao mar.

-E aí, quem vai passar protetor solar em mim? – perguntou Jason balançando o frasco em suas aos.

-Eu passo.

-Sério? Eu tava brincando Emily.

-Sério. Senta aí logo- disse pondo a mão em seus ombros e o sentando na cadeira.

Hm. Tá né.

Peguei o protetor e enchi as mãos.

Fiquei lá passando nele.

-Chega né, Emily? – disse.

Só tinha agente na mesa. Sam tinha ido pegar refrigerante e as meninas tinham ido nadar.

-Pronto.

-Não ficou branco, né? – perguntou.

-Não.

Não, ele não estava branco. Estava parecendo um boneco de neve! Teria dado certo. Ele teria andado o dia inteiro todo branquelo, se não fosse pela mesa de trás.

Eles começaram a rir e a apontar para Jason, nada discretos, pois é.

Aí ele mexeu nas coisas de Yasmin, tirou um espelhinho de lá e se olhei. Arregalou os olhos e eu comecei a rir.

Parei assim que ele abriu os braços.

-Me dá um abraço? – pediu se levantando.

Comecei a correr com ele atrás de mim.

-Jason, pára!

-Quem mandou me deixar parecido com um fantasma?!

Ele é mais rápido que eu, óbvio, e me agarrou por trás.

Saímos meio que girando abraçados até o mar.

Caímos na água e ele me soltou. Estava mais preocupado em me afogar.

Eu me levantava, ele ia lá e me abaixava.

Ficamos assim por um tempo, até eu resolver “ficar por lá”.

Quando ele me abaixou, fiquei em baixo d’água.

Acho que isso o deixou desesperado, porque senti suas mãos me puxando pra cima.

Fingi que estava desacordada e ele começou a me balançar.

-Há! – gritei o fazendo pular pra trás me jogando na água e caindo também.

-Emily! Me assustou caramba!

Não consegui dizer nada, estava rindo. Primeiro, porque ele ainda estava branco (protetor a prova d’água) e segundo pelo tombo que ele levou.

-Não queria que eu me afogasse? – perguntei rindo.

-Que saco! – socou a água.

Então começamos a jogar água um no outro.

Estávamos parecendo duas crianças de dez anos, é... Tudo bem que nossa mentalidade não passa muito disso, mas... Ah! Esquece!

Ele foi se aproximando, agarrou meus pulsos e começou a jogar água em mim.

Aí ele parou e ficou me olhando, sem soltar meus pulsos, e então me beijou.

Soltou meus braços e pos a mão em minha cintura. Pus minha mão em sua nuca e aquilo teria gerado o segundo “grande beijo” do dia se não fosse pela Clare.

-Desculpa interromper o momento fofo de vocês, mas o Sam tá chamando a gente na mesa – disse com um sorriso constrangido.

Eu devia estar mais vermelha que o cabelo dos Weasley!

(n/a: eu disse que ela gosta de Harry Potter, lembram?)

-Hã... Tá bem; estamos indo – disse Jason.

Começamos a andar pela água.

-Sério, esse povo tem que parar que chegar nas melhores horas! – reclamou.

-Pois é – disse com um sorriso torto.

-Se o Sam estiver chamando por causa dos refrigerantes eu meto a mão na cara dele – continuou – eu preferia continuar te beijando!

-Jason, quer parar?

-Por quê?

-Primeiro, porque você tá me deixando com vergonha. Segundo, que você tá parecendo uma garota de TPM!

-Sai pra lá!

Ri.

Fomos andando em direção a mesa, onde Sam e as garotas estavam nos esperando com uma porção de batatas e refrigerante.

-Tão de sacanagem, né? – perguntou Jason se jogando em uma das cadeiras. Me sentei em seu colo (n/a: vcs pediram pra ser fofo! To tentando u_u).

-Por quê?

-Eu tava numa boa com a Emily, aí chegou a Clare chamando a gente!

-Desculpa se eu interrompi alguma coisa – deu de ombros.

-Toda vez que a gente vai se beijar alguém atrapalha. Ou é o pai dela, ou minha mãe, ou a Clare!

-Tadinho do Jason! – disse Luce ironicamente – Dá um beijo nele Emily!

-Eu beijar o Jason na frente daquele povo todo?! Nem vem.

Mas aí ele virou meu rosto e me beijou.

Luce e Yasmin bateram palminhas, mas soltaram um “aahh” em desaprovação quando me separei de Jason.

-Demente! – disse á ele.

-O garoto só queria te beijar em paz! – disse Luce.

-Não é em paz quando tem três intrometidos olhando! – zombei.

-A gente vira se quiserem – disse Sam.

-Vai comer batata, garoto!

Nós comemos, bebemos, nadamos um pouco e voltamos para a casa.

-Por que você está com marcas brancas pelo corpo? – perguntou sua mão quando entramos.

O protetor já tinha saído. Só restavam algumas manchinhas espalhadas...

-Emily.

-Ah.

É, ela sabe que a gente se provoca.

# # #

Tomei banho, me troquei e desci pra sala, onde Jason, Sam e as garotas assistiam aquele seriado, American Horror Story.

-Onde sua mãe está? – perguntei me sentando ao lado de Jason.

-Lá em cima, conversando com minha tia e a amiga dela – deu de ombros.

O seriado falava sobre uma família que se mudava para uma casa cheia de espíritos que estavam presos nela.

-Ele tá morto – disse Luce, falando sobre um garoto loiro que conversava com a filha do casal que se mudou.

-Que desperdício! – eu disse.

-Hey! – Jason me empurrou.

-Que foi? Ele é bonito – me ajeitei no sofá.

Quando faltavam uns dez minutos pro seriado acabar, a luz acabou.

Coloquei os pés pra cima e me arrastei para perto de Jason.

-Eu tenho... – sussurrei – tenho...

-Medo do escuro? – perguntou baixinho.

-U-hum.

Ele começou a gargalhar e se afastou deitando no sofá.

-Sério, Emily, por essa eu não esperava! – continuou rindo.

Apalpei o sofá buscando sua mão. Quando a encontrei, apertei com força me aproximando.

-Que saco, Jason! – me agarrei a seu corpo.

-Desculpa – disse segurando o riso.

Me deitei ao seu lado o abraçando.

-Awn, que fofo! – disse Yasmin – eles ficam tão lindos juntos!

Peguei uma almofada que estava aos meus pés e a joguei em Yasmin.

-Cala a boca, Yasmin! – eu e Jason dissemos em uníssono.

-Que foi? – deu de ombros – é verdade.

Suspirei.

-Tive uma idéia! – disse Luce se sentando no sofá (estava deitada).

-Diz – disse Jason de olhos fechados.

-Vamos jogar verdade ou conseqüência.

-To fora – disse Clare se levantando.

-Tá fora porra nenhuma – disse Luce a puxando novamente pro sofá – você vai jogar. Todo mundo vai jogar.

-Menos eu – disse Jason.

-E eu – eu disse.

Vocês dois vão jogar sim!

-Merda – disse Jason.

-Vou pegar a garrafa – disse Yasmin se levantando e indo em direção a cozinha.

Jason se sentou e eu fiquei meio tombada no canto oposto.

-Pronto – disse Yasmin se sentando novamente – eu giro.

Ela girou a garrafa, que parou para mim e Sam, que estava sentado em uma poltrona calado.

-Verdade ou conseqüência? – perguntou.

-Conseqüência, você não sabe nada da minha vida – dei de ombros.

-Opiniões? – pediu.

-Você pode me mandar tomar um copo d’água – sugeri.

-Tá bem. Bebe um copo d’água.

-Vocês não sabem jogar! – disse Luce dando um tapa na testa de Sam – eu escolho. Emily beija o Jason.

-Ele é meu “namorado falso com benefícios”, beijo ele toda hora.

Emily presta atenção no que você diz!

-Beija logo!

-Não! Minha conseqüência é beber um copo d’água.

Levantou-se, pegou minha cabeça e a cabeça de Jason e ficou forçando uma na direção da outra.

-Luce, pára – disse forçando na direção oposta.

Ela forçou tanto que nós acabamos dando um “selinho”.

Girou a garrafa e sorriu vendo que a garrafa havia parado para ela e Sam.

-Bosta – ele disse.

-Verdade ou conseqüência? – perguntou Luce.

-Conseqüência.

-Ótimo – bateu no queixo com o polegar – beija a Clare.

-Você só pensa em beijo?! – perguntei.

-Eu não vou beijar a Clare – disse Sam.

-Cara, vocês não sabem jogar. Parece que nunca beijaram alguém!

-Tá – grunhiu.

Não dava pra ver muito bem, mas vi que ele se levantou, foi até Clare e a beijou.

Então a luz voltou e eles se separaram.

-Aleluia – disse me levantando.

Saí andando, agradecendo pela luz ter voltado e eu não ter que continuar jogando com aquelas malucas.

Quando cheguei a metade da escada, a luz acabou de novo.

Eu posso ser tudo; mas também sou medrosa, principalmente em relação ao escuro.

Me sentei em um dos degraus e me encostei na parede com os olhos fechados.

Minha mão estava apoiada ao lado do corpo quando senti algo.

A puxei rapidamente. Mas quando vi o rosto de Jason, voltei a agarrar sua mão

-Vem cá – disse me puxando e me deixando de pé ao seu lado.

Subimos as escadas e fomos para seu quarto.

-Por que tem tanto medo do escuro? – perguntou.

-Não sei te explicar. Qualquer coisa no escuro me assusta – sorriu – Jason, você não vai me assustar. Só estamos nós dois aqui.

-Jason você viu a... – disse Luce entrando no quarto.

Gritei me jogando em cima de Jason.

Riram.

-Algum de vocês viu a Yasmin?

-To aqui – disse Yasmin entrando no quarto.

-Você deixou a Clare e o Sam sozinho? – perguntou como se fosse um crime.

-Deixei. Por q... Ai, eu tenho que ver isso! – disse puxando Luca para fora do quarto.

Jason me puxou até a cama e me deitei em seu colo.

-Dá pra parar de rir?! – perguntei vendo que ele segurava o riso.

-Desculpa. Mas é que você ter medo do escuro é novidade. Por que eu não sabia disso?

-Sei lá. Você nunca perguntou.

-Então eu posso te perguntar tudo que quiser saber sobre você?

-É.

-Qualquer coisa? – inclinou uma sobrancelha.

-Q-qualquer coisa – gaguejei com medo das perguntas que viriam a seguir.