“Já estou na porta.” A mensaem de Jason era clara – praticamente gritava que não ia entrar. Peguei minha mochila e desci as escadas rapidamente. Minha mãe e as gêmeas estavam na cozinha tentando fazer um bolo colorido e meu pai estava de plantão, então só gritei um "Tchau".

- Oi – Jason me deu um selinho e pegou a mochila em minhas mãos. Sorri em resposta e nos dirigimos para o carro, colocando minha única 'mala' no porta-malas.

- Oi, tia – sorri para Carol, a mãe de Jason, e coloquei o cinto. Não me pergunte o porquê, mas chamá-la de tia era muito mais simples do que dizer Carol.

- Oi, Emily – me encarou rapidamente pelo retrovisor e sorriu. Jason se inclinou para o banco da frente e pegou o PSP ali jogado.

Me acomodei na porta e fechei os olhos. Tinha uma grande tendência a ficar enjoada, e dormir era a melhor opção.

Acordei no colo de Jason, que me encarou assim que me levantei apressada.

- Por quanto tempo eu dormi? – riu e esticou o braço, ajeitando meu cabelo.

- Pouco mais de uma hora.

Então já estávamos quase chegando. Deviam ser umas dez da noite, provavelmente não faríamos mais nada hoje. Dormir havia sido uma péssima ideia, ficar com insônia em locais desconhecidos não é nada legal.

Me ajeitei em seu peito e levei sua mão até meu cabelo. Jason começou a brincar com as mechas, mas isso durou pouco, porque já havíamos chegado.

A casa era linda. Haviam janelas de vidro do teto ao chão, e uma varanda imensa na frente. Era possível enxergar a piscina na lateral da casa pelo carro, e eu me lembrava de como era grande. Havia me afogado ali.

Entrei na frente de Jason, segurando seus braços ao redor de meu corpo. Estava um pouco frio, e meu único casaco estava na mochila.

- Quem é? – uma garota apareceu à nossa frente assim que pisamos na sala fazendo com que todos voltassem sua atenção para mim. Merda.

- Minha namorada.

- Falsa – acrescentei rapidamente.

- É. Namorada, namorada falsa... é tudo a mesma porcaria.

Carol entrou na sala carregando sua bolsa e uma mala pequena, cumprimentou todo mundo e subiu. Jason me apresentou às pessoas. A garota que havia perguntado quem eu era, era Luce, e a outra prima era Yasmin. Havia uma garota com elas, Clare. Duas das mulheres ali eram tias de Jason e uma delas amiga, que estava com o filho, Sam.

Viu, pai? Parecem pessoas normais, nada indica que irão me estuprar.

As mulheres (que eu me segurei para não chamar de tias, já que não sabia os nomes) subiram atrás da mãe de Jason e ele me levou para cima. Seu quarto na casa de praia não era tão diferente do de Palm Springs. As paredes eram pintadas de branco e o guarda-roupas cobria totalmente uma das paredes. Havia um pequeno sofá em um dos cantos, ao lado de uma mesa de vidro. A cama era de solteiro – sendo que a de Palm Springs era de casal – e estava arrumada. E essa era a maior diferença. Ri fraco. [N/A: créditos da cidade à Letícia que sabe usar o Google Maps e tals...]

- Onde quer ficar? – se jogou na cama e encarou o teto.

- Tanto faz. Depende das opções.

- Pode ficar aqui comigo – sorriu e me puxou pelo braço, fazendo-me sentar na cama – Sabe, não seria ruim. Ou no quarto com a Clare.

- Acho que prefiro a segunda opção.

- Isso é medo de ser seduzida de madrugada – jogou o cabelo para o lado enquanto eu ria.

- Claro. Com toda essa sua sensualidade – me inclinei e mordi seu lábio inferior, fazendo-o colocar o peso do corpo em um dos braços e me puxar com o outro. Tentei me afastar, mas ele me puxou novamente e me envolveu em um abraço de urso – Jason? Já pode me soltar agora.

- Não quero – sussurou no meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse com a proximidade. Não! Eu só estava arrepiada porque ter um garoto sussurrando no seu pescoço é estranho, não por... gostar do Jason.

- Quer sim – o empurrei.

Fez uma careta e se levantou.

- Minhas primas estão lá embaixo assistindo TV, quer descer? – assenti. Ficar no quarto não seria muito bom, levando em conta que eu havia dormido no carro.

- O que estão vendo? – Jason se sentou no único sofá vazio e me puxou pelo braço, fazendo-me cair deitada ao seu lado.

Yasmin sorriu.

- American Horror Story.

Eu já tinha ouvido falar, mas não assistia séries assim há bastante tempo. Antigamente, chegava a passar madrugadas inteiras assistindo todo e qualquer tipo de série.

A série era legal, e não dava medo – apesar do nome. As coisas são estranhas, e só. Tipo... no primeiro episódio, um dos personagens "faz aparecer" algum tipo de monstro enquanto ri feito um psicopata.

- Jason? – me virei no sofá e encarei-o enquanto dormia calmamente. Quem vê até pensa.

Já era de manhã e não havia mais ninguém na sala.

- Jason, acorda – balançei seu corpo. Me apertou contra seu corpo, predendo-me ali. Com um pouco de custo retirei seu braço de cima de mim e fui para a cozinha.

A copa também estava vazia, e a cozinha não era diferente.

- Quantas horas? – Jason entrou cambalenando na cozinha. Sorri.

- Não tem ninguém acordado, deve ser cedo.

Assentiu e se sentou em um dos bancos giratórios da bancada.

- Ei, porque a gente dormiu no sofá?

- Você dormiu primeiro – deu de ombros – Então eu te abracei e peguei no sono.

Dormir abraça com você não ajuda muito, Jason.

- Bom dia, pombinhos! – eu disse. Luce adentrou a cozinha com um sorriso estampado no rosto e pegou uma maçã na fruteira.

- Bom dia – sussurrei. Jason encarou-a nervoso.

- O que foi? – girou os olhos – Não fui eu que dormi abraçada com alguém no sofá – se sentou entre mim e Jason e mordeu a maçã – A família da casa ao lado veio.

Sussurrei um "quem?" e me virei para ela.

- Ah. Os donos da casa do lado. Eles não vem muito, mas quando vêm geralmente fazemos coisas juntos – assenti.

- Posso dar uma sugestão? – arqueei uma sobracelha e Luce assentiu.

- Não, não pode – Jason se apressou.

- Cale a boca – balançou a mão na frente do rosto dele e se voltou para mim novamente. Ri com isso.

- Só pensei em um aguerra de balões d'água – dei de ombros. Luce assentiu animada.

- É! Ainda tem balões da festa de aniversário da Yasmin do ano passado!

Saiu saltitando e dando tapinhas pelas paredes – certo, eu fazia isso quando tinha 12 anos. Encarei Jason a minha frente.

- Só isso? Sério mesmo? – sorri e assenti.

- Esperava que eu dissesse luta livre?

Como iríamos "brincar com água", vesti só um short que secaria rápido e uma blusa clara. Mexi nos pequenos bolsos da mochila procurando a tinta em pó que havia deixado ali há algum tempo. Peguei os pacotinhos e os prendi entre o elástico do short e meu corpo.

- Hey – a garota que saiu da casa ao lado era bonita e tinha uma expressão feliz, do tipo "não me meti em merda aceitando um pedido de namoro falso do meu melhor amigo".

- Oi, Evelyn – Luce sorriu – Quem veio hoje?

- Eu, a Melissa, a Lily e o Harry. Por...? – arqueou uma sobrancelha.

- Querem fazer uma guerra de balões d'água? – a garota, Evelyn, assentiu e foi para o lado, dando espaço para que um garoto pudesse sair de dentro da casa. Para que um garoto bonito pudesse sair de dentro da casa. Ele sorriu para nós e falou alguma coisa rápida com Evelyn. Luce sussurrou um "Oi, Harry" e eu me peguei pensando em como ele era melhor que o Potter. Chega de garotos, Emily.

Evelyn entrou novamente na casa e voltou com mais duas garotas, Lily e Melissa. Os quatro nos seguiram até o gramado de trás, onde Jason enxia os balões na área de serviço mais próxima da casa. No final, haviam cinco baldes enfileirados no gramado e 10 pessoas. Por mais que ficássemos divididos em cada um por si por final, havíamos nos dividido em duas equipes, cinco de cada lado do gramado. Eu, Jason, Harry, Clare e Melissa éramos uma equipe, e Luce, Yasmin, Sam, Evelyn e Lily, a outra. Cadda um de nós estava com um balão em mãos, e começamos a atirar assim que Luce gritou.

Depois de atirar uns dois ou três balões, voltei correndo na direção das torneiras. Peguei alguns balões vazios e coloquei um pouco da tinta em cada um. Eu não me lembrava de que cor era cada saquinho – já que todos tinham o pó branco –, mas sabia que todos tinham cores vibrantes. Enchi e amarrei todos os balões que consegui e comecei a empurrá-los para o gramado. A medida que os outros acabavam, eles pegavam os com tinta e atiravam. Eu ria de longe.

Yasmin gritou quando viu seu corpo pintado de azul, fazendo com que Jason revirasse o gramado com os olhos procurando por mim. Quando me encarou, começou a rir.

Se afastou do grupo e veio até mim.

- Eu disse que você não faria algo tão simples – sorri. Jason passou os braços por minha cintura e me levantou, fazendo com que eu balançasse e me esfregasse em seu peito, ficando tão suja de tinta quanto ele. Me deixou no chão novamente e passou as mãos por meu rosto, me beijando em seguida – E a culpa disso é toda sua sua.