Voleur Sinderella escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 6
Capítulo 6 - Meet Me Halfway


Notas iniciais do capítulo

WTF???? Sério, ainda teremos mais uma parte! Esse capítulo é o capítulo fútil em que eles acabaram de entrar na festa. O sétimo está em seu final e espero postar amanhã (hoje, afinal já sua 2h da manhã) e bla bla bla. Por que dividir? Porque tinha 5 mil palavras e ele ainda não tinha aberto o cofre... Por isso dividi na terceira parte.



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Tudo parecia ter sido organizado como se estivesse acontecendo um casamento da realeza. Eram enfeites pelos mais diversos cantos apenas na entrada principal do Hotel Claire Les Nuages, com limusines e mais limusines chegando, enquanto as mais belas e encantadoras presenças adentravam sob flash de repórteres. Logicamente, nenhuma revista de fofoca poderia perder aquela noite tão especial e cheia de glamour promovida por Devoir Perrault, o bilionário mais importante de Auckland.

A família dos Perrault era extremamente bem sucedida pelo fato da cadeia de hotéis de Devoir ser uma das mais cobiçadas não apenas na Nova Zelândia, mas aquela lugar era especial por ter sido o marco inicial da riqueza dele. Um detalhe trivial, por exemplo, era seu nome: Claire, o nome de sua filha caçula, e Cloud, nome de seu primogênito, em francês se traduzia Nuage. Claire Les Nuages ou Clarear Das Nuvens.

E no meio de toda aquela gente importante desembarcando por debaixo de máscaras e mais máscaras chamativas – semelhantes aos acessórios dos desfiles da Victoria’s Secret –, vinha um rapaz louro em completa discrição, num smoking negro como breu que todos observavam como se tivesse sido feito pelo mais habilidoso dos alfaiates, ou talvez tivesse sido encomendado por um estilista famoso. Era robusto e escondia numa máscara também preta os olhos azuis, olhando com simplicidade para onde andava e para quem passava em sua frente. Não foi de se surpreender que alguns dos fotógrafos lançaram os flashs em sua direção, mas ele se virou e continuou a andar sobre a escadaria da entrada. E ao contrário do que muitos imaginavam, era um jovem sem reputação, sem dinheiro, sem fama. Era Charles Gareth.

– Nome, por favor. – disse o homem na portaria.

– Adrien Filinto. – ele disse com um sorriso de lado. – E acompanhante.

Por detrás dele vinha um magricela com sorriso amarelo quase escancarado, enquanto cambaleava em seus próprios pés. O homem na entrada repetiu como se estivesse duvidando:

– Acompanhante?

Charles riu e segurou a mão do outro como se fossem verdadeiros companheiros. O porteiro desconcertado pela “falta de educação” apressou-se em procurar na lista digital o nome do convidado e ao encontrar deixou-os entrar rapidamente, com leves e apressadas reverências.

O saguão do lugar estava em mais completo brilho, quase assustador. Todos os convidados estavam mascarados, alguns com exageros como penas e purpurinas, outros com apoios em suas mãos. Era uma festa de gala encantadora. A atenção dos convidados permanecia sempre naquilo que faziam, ainda que uns olhares atravessados e sobre os ombros se lançassem sobre os dois, ainda mais sobre Charles e seu charme inquestionável. Podia não ser tão velho, mas aparentava idade maior do que sua verdadeira, beirando entre os 23 e 25 anos.

– Pode me dizer o que foi aquilo lá fora, Rato? – murmurou Charles para o amigo enquanto andava pela entrada do Hotel, não percebendo nenhum olhar.

– Desculpe-me, mas normalmente eu fico no furgão e não faço parte da operação, estava meio nervoso. – ele respondeu se encolhendo.

– O problema é que não se deve distrair tão cedo assim. Que horas são?

Rato puxou a manga do smoking e se confundiu um pouco ao ver os vários ponteiros de seu relógio. Charles ao ver a cena revirou os olhos com um leve sorriso.

– São quase onze. – disse Rato baixinho – Exatamente as onze e quarenta e cinco a segurança abrirá uma brecha, aí teremos que ser rápidos porque meia-noite é nosso tempo limite para fugirmos.

Charles assentiu com um rápido movimento de cabeça, andando em meio à multidão. Não que Rato merecesse ficar só, ou sequer pudesse, mas o plano ocorreria com sucesso e discrição se ambos mantivessem suas presenças distantes, ou seja, não se envolverem para diminuir o nome de possíveis testemunhos contra os dois. Andando cada qual para seu lado, para um lugar diferente.

A verdadeira festa ocorria no enorme salão de eventos do Hotel, vista e embelezada com as luzes coloridas piscando por todos os lados, os garçons servindo espumantes, os tecidos de pintura exótica caindo sobre as paredes e quase uma multidão de convidados mascarada.

Uma vinheta triste tocava ao fundo do bar, onde Charles estava tomando sua segunda taça de espumante. Ele ficava observando os lados, a boate e todas as mesas das pessoas mais importantes, sentindo até enjôo do que via. Costumava notar que muitos dos ricos pareciam porcos ao comer e os bajuladores os viam com todo o brilho nos olhos. Irônico o suficiente para que ele risse sozinho. Entretanto, não estava ali apenas para observar as cenas. Contava, da maneira mais discreta que podia, o número de seguranças em cada porta. Dois na entrada do salão. Três espalhados nas paredes. Dois na porta dos fundos. Por sorte, algumas portas eram de vidro, conseguiu enxergar os elevadores. Apenas mais dois.

A situação se mostrou até confortante em seus pensamentos. Não se prendia muito a detalhes por já ter a maior parte do plano traçado em sua mente.

Como está? Nervoso, Sin? – a voz vinha em seu comunicados microscópico, quase invisível se estivesse sendo observado descuidadamente, era coberto por seu cabelo e a ponta da máscara preta.

– Preocupada comigo, Marianne? – ele murmurou baixinho, continuando com seu olhar meio perdido.

Certamente, ainda que me perguntasse seus motivos para tanto silencio e calmaria.

– Preocupação de mãe, eu suponho.

Ela calou-se rapidamente. Tinha parado a transmissão.

Charles sentou-se no banco do bar e apenas levantou a mão como se chamasse o atendente.

– O que o senhor deseja?

Charles deu uma rápida olhada no cardápio de coquetéis, quase sem compromisso, deixando o desagrado transparecer.

– Experimente o Mojito. – a suave vos feminina velou em seus ouvidos.

Quando Charlie olhou para o lado deu de cara com uma moça loura se escorando na mesa e pedindo dois Mojitos para o barman. Ela o mirou de maneira ligeira e abriu um leve sorriso, retirando a máscara de seu rosto - já que era do tipo que se segurava num fino bastão com as mãos.

– Sou Allen Torrance. – ela disse, pegando os drinks e oferecendo um copo ao rapaz.

– Meu nome é Filinto, Adrien Filinto, é um prazer conhecê-la.

Charles olhou-a de cima a baixo, tentando não reparar na silhueta acentuada pelo vestido vermelho, reconhecendo ser a amiga de Claire da qual Rato falara.

– Não deveria estar acompanhado? – disse Allen mordendo o lábio inferior. Obviamente estava dando em cima de Charles – Digo, um cara bonito como você fica sentado no bar sozinho como se esperasse as mulheres virem para cima... Arrisco dizer que as três filhas do prefeito e a mulher do diretor de marketing da Hills já atravessaram o olhar para você.

Ele riu um pouco, enquanto ela se sentou mais confortavelmente ao seu lado.

– E você? Não é jovem demais para tomar Mojitos? – disse rindo – Deveria se conter mais na minha opinião. Alguns homens podem interpretar mal sua “abordagem”.

Allen sorriu e tornou a colocar a máscara, observando as pessoas da mesma maneira e posição que Charles estava. Ele até riu mais um pouco, dando uma ligeira olhada no relógio em seu pulso.

– E então? Vai arriscar mais alguma coisa?

Ela parou voltou a atenção para a multidão. Foi quando mirou duas presenças exageradas, brilhos por demasia e berros ensurdecedores. Charles acompanhou seu olhar e deu de cara com Rhonda e Rose se empurrando no meio do salão.

– Está vendo aquelas duas? – disse Allen – Estudam comigo. São meio estranhas quando as vejo e sempre estão achando que estão por cima.

– Quer dizer que as acha estúpidas? – o loiro indagou.

– Não estúpidas. – ela falou rapidamente – Não gosto delas porque se metem onde não são chamadas e se humilham sozinhas, ainda que tentem desprezar a maioria dos bobos e nerds do colégio. Deveriam ter amor próprio.

Charles parou e chegou a sorrir com a situação, lembrando que ele mesmo era feito de capacho para a família. Entretanto, ao lado delas vinha outro rapaz de cabelos levantados e elegância tamanha, sendo cumprimentado com sorrisos por todos que passavam na sua frente. Não tinha uma máscara em seu rosto, sendo facilmente reconhecido, ela estava em sua mão. Paul Wolfgang era quem era, abrilhantando os olhos azuis acinzentados, olhando com serenidade para quem fosse. E quando ela o viu, levantou-se e pegou o braço de Charles, gargalhando enquanto falava:

– Vamos nos divertir um pouco, Adrien!

Ele foi completamente arrastado pelo meio do salão, tentando não cambalear e acompanhar a loira apressada em seus passos largos.

Sin, o que está fazendo? – a voz de Marianne ecoou em seu ouvido.

Não teve alternativa senão ignorar o chamado, acompanhando a jovem Allen aonde ia. Foi rápido até chegarem bem a frente do salão, onde havia uma larga escadaria branca com um tapete vermelho incrivelmente clichê e centralizado com um lustre de vidro, lembrando o ambiente do filme Titanic. E Charles estava tão centrado em reparar em seus detalhes, em tudo que era entalhado na madeira ou não que mal viu quando Allen pulou, escutando apenas seu grito histérico:

– Minha nossa! Você está fabulosa!

A concentração dele se extinguiu quando uma presença se fez no topo da escadaria em seu vestido negro de seda fina, colando num corpo de musa de caimento justo. Charles não teve outra reação senão ficar observando a moça, reparando em seus cabelos castanhos claros caindo sobre os ombros entre cachos, seu queixo fino e seus olhos, que o encaravam, verdes vibrantes, quase escondidos na máscara dourada repleta de rendas negras e penas igualmente escuras. Por alguns instantes mal percebeu de quem se tratava, ignorando completamente a maneira com que Allen o observou.

A moça desceu com um sorriso deslumbrante, quase fazendo com que Charles desvencilhasse caminhando na direção de Allen.

– E então? Ficou bom? – ela disse suavemente, girando o próprio corpo rapidamente.

Suas costas estavam desnudas, o que mexeu ainda mais com o “frio na espinha” que o jovem sentira.

– Está brincando? Claire, você está um arraso! – berrou Allen, em seguida virando-se para Charles – Preciso apresentá-los. Claire, este é Adrien Filinto. Adrien, esta é Claire Perrault, uma dos anfitriões desta festa.

Claire Ariosto Perrault. Então tudo pareceu se ligar para que ele voltasse a sua carapaça original, esquecendo o rápido devaneio pela beleza pura e sedutora da pessoa que deveria despistar naquela mesma noite.

– É um prazer conhecê-la, senhorita. – disse ele, segurando levemente a mão dela e dando-lhe um beijo singelo.

– O prazer é meu, senhor Filinto.

– Oh, chame-me de Adrien, eu insisto. – seu sorriso foi tão doce que a própria Claire admitiu deixar-se enrubescer. E Allen percebeu.

A moça Perrault não tinha nada em sua mente. Ela o viu como um jovem de belos olhos por trás da máscara, não conhecia seu nome ou sobrenome e preferiu manter-se calada, como de costume. Entretanto, assim como ele, ela o mediu de cima a baixo com o olhar, chamando a própria atenção para os detalhes de seu rosto belo e cabelos brilhosos.

– Bem, eu vi o Wolfgang passeando por ali, quer vir? – Allen pulou em seu próprio lugar – Têm uns drinks ótimos que você tem que experimentar.

Mas antes que a moça pudesse pegar no braço de Claire, ele as interrompeu.

– Adoraria desfrutar da companhia de belas damas como as senhoritas mais um pouco. – disse rápido.

– Assim como nós. – falou Claire com um sorriso de lado.

– Mas, temos que encontrar o noivo de Claire, não temos querida? – Allen quase berrou, enfatizando a palavra “noivo”.

– Noivo? – indagou o rapaz.

Claire simplesmente baixou o olhar, quase se forçando a manter o sorriso, antes de sair de braços dados com a amiga. Ele ficou observando as duas. A beleza de Claire estava fascinante, ainda que não pudesse ver seu rosto coberto pela máscara, mas tinha realmente se impressionado com ela. Logicamente, ele pensou, se Rato a visse naquele vestido nunca mais falaria de outra coisa.

Foi então que seu relógio começou a fazer barulhos pouco estridentes. Acabara de dar 23h00min e já seria seu momento de agir.

– Marianne, já está na hora. – suas palavras foram baixas, mas seu olhar atravessou por completo a multidão de convidados, pousando sobre o elevador.

­­- Seja rápido e esperto. Suba o mais rápido que puder para o 80º andar, lá estará a porta para o nosso sucesso.



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Notas finais do capítulo

Como sempre, espero que tenham gostado! :D Está dando um bocado de trabalho escrever sobre essa noite tão tempestuosa, sério mesmo.
Meet me halfway é uma música do conjunto The Black Eyed Peas :3



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