Charlie escrita por Reet


Capítulo 20
19 - Como um alface


Notas iniciais do capítulo

Oi ((:



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Capítulo 19 “Como um alface”

Danny

Tinha alguém me puxando pela perna para fora da cama, e eu estava me sentindo um cacto morto e sem a menor vontade de levantar, até porque hoje era o dia em que eu precisava acordar cedo para viajar para a programação de inverno. Que eu não estava a fim por alguns motivos.

Ah, eu pude reconhecer as mãos fininhas e pequenas de Charlie em volta do meu tornozelo, por isso mesmo a estava ignorando.

Os motivos eram que eu seria obrigado por mim mesmo a fazer a Charlie ficar juntinha com o Andrews e ela mesma arranjaria alguma forma de me fazer ficar juntinho com alguma menina que Gerard e Rocket me apresentariam.

— Ah, Charlie, para com isso! – Eu murmurei.

— Levanta, Moritz!

— Nha. Não.

Ela soltou meu cotovelo, mas segundos depois eu estava sentindo a respiração quente dela do lado do meu rosto e eu soltei uma risada por estar sendo observado por uma menina tão linda como ela. Eu nem queria abrir os olhos. Mas conseguia vê-la perfeitamente ali. Ela estava rindo perto da minha orelha, aquele riso infantil com hálito da manhã. E eu sentia vontade de agarrá-la ali mesmo, e minha mente disparava em motivos para não fazer aquilo, como por exemplo, hoje eu precisava me barbear.

Às vezes parece que ela só chega assim pertinho para me provocar mesmo, o que pode estar certo.

Ela colocou sua mão gelada no meio das minhas costas nuas e eu me sacudi, grunhindo com ela e abrindo os olhos. Eu fiquei tão surpreso quando a finalmente vi. Ela estava com uma camisa branca um pouco maior que ela, caindo pelos ombros, usando um jeans claro e meias, fofas meias azuis com flores rosas, e o anel grande que Gerard havia lhe dado. Com o cabelo curto preso de alguma forma para trás, mas a franja loura mais curta que ela havia acertado na tesoura caía dos dois lados de seu rosto, e... aquilo era um laço? Ela estava usando um laço.

— Onde você estava? – Eu olhei para ela. Ela me olhou confusa.

— Aqui, tentando te acordar, lesado.

Não era isso, eu estava perguntando onde estava aquela Charlie fofa que usava meias com flores desenhas e o cabelo preso com um laço de seda. Balancei a cabeça. Eu puxei Charlie pelos ombros e a trouxe para cima da cama, fazendo-a sentar em minha frente. Eu só não podia perder o controle e beijá-la.

Me aproximei rapidamente como se fosse beijá-la e passei minha bochecha pela sua. Voltei a encará-la.

— Está incomodando muito? – Eu sorri – Não quero me barbear hoje.

Charlie pareceu sair de um transe e riu como se antes estivesse muito tensa e agora tentasse quebrar o clima. Negou primeiramente, mas depois voltou a seu estado normal e falou que eu precisava me barbear. Foi o que me fez me levantar da cama e adentrar o banheiro de porta aberta e começar a passar a espuma no meu rosto.

— Vamos levar mesmo o Nikabrik? – Ela perguntou.

— Claro!

— Mas ele é tão grande e pesado, e ocupa espaço!

— Ora, ele não é tão grande. E ele é o Nikabrik. Certo, então fazemos o seguinte – Eu bati a espuma na pia – deixamos o Nikabrik e você também, que é grande e pesada, ocupa espaço, pirralha.

— Seu feio. – Ela fez uma careta e me lançou o dedo do meio.

— Danny é feio? Então eu também sou, Chars? – Gerard havia acabado de entrar no quarto, ele também estava com espuma de barbear por todo o rosto. Mas eu e ele já estávamos acostumados quando fazíamos coisas iguais assim. – Poxa, eu me dedico, compro anéis para você, te ajudo a esconder Pringles e ruffles do Danny quando você quer comer e sabe que ele não vai deixar, e você não consegue gostar de ninguém.

Eu bati com o punho no espelho, alertando os dois. Aquele assunto novamente não, ela iria ficar triste e eu não deixaria ninguém deixa-la triste.

— Não é isso, segundo Moritz idiota e imbecil. – Charlie mudou o tom de voz para alguma coisa macabra – Eu só gosto de pessoas com tatuagens.

Eu gargalhei muito alto. E Gerard me acompanhou. Foi ainda mais hilário ver Charlie com aquela carinha confusa e repetindo a mesma pergunta várias vezes: - Do que estão rindo, bobocas?

Eu deixei a gilete de lado e me aproximei de Charlie, ao lado de Gerard. Abaixamos alguns centímetros da calça de moletom que usávamos para dormir e mostramos para Charlie, o nosso segredinho, localizado bem acima do osso da cintura: eu tinha um “0628”, e Gerard tinha um “0620”.

Charlie ficou pasma. Abriu a boca e a fechou várias vezes.

— É a nossa diferença – Eu expliquei – Somos gêmeos idênticos e nascemos com oito minutos de diferença. Então fizemos uma tatuagem e nossa mãe não sabe disso ainda.

Rimos juntos.

— E sim, eu sou mais novo. – Eu reclamei.

— Agora que temos mais um dos seus pré-requisitos, você já pode gostar de nós? – Gerard sorriu cativante.

Ela negou. Eu concertei a calça de moletom e sorri de lado para Charlie, vendo-a ficar vermelha ao olhar para mim. O mais engraçado e quase impossível de acreditar naquela realidade, era que eu via diversas vezes, Charlie ceder às minhas provocações. Mas eu só havia dito que a faria ficar com Andrews (depois de pensar no assunto em silêncio todo aquele tempo que ela ficou discutindo com o técnico da sala de radiográfica antes de engessar o pulso) porque cheguei ao ponto final em que Charlie era, acima de tudo, minha irmã. Meia-irmã. Mas ainda assim. Mesmo que eu me atraísse pela pequena criatura, eu simplesmente não podia. E mesmo que ela se atraísse por mim também.

Eu e Gerard voltamos para o banheiro e terminamos de fazer a barba, enquanto ele conversava com Charlie e eu só ouvia sua voz se irritar, abaixar o timbre, machucar meus tímpanos e continuar brigando incansavelmente com Gerard sobre alguma coisa banal como cabelos tingidos e tatuagens.

— Eu só não vou fazer uma com a hora do meu nascimento porque eu não sei exatamente a hora de quando nasci. – Disse ela.

— Pergunta a sua mãe. – Respondeu Gerard.

Deixei a gilete escorregar da minha mão, e a mesma caiu prontamente no pé direito de Gerard, cortando-o. Ele gritou, mas era inaudível quando eu via Charlie abaixar a cabeça e sair do quarto o mais rápido possível. Passou como um plano de fundo e eu corri quarto afora, segurando o cotovelo da Charlie no décimo degrau da escada e puxando-a alguns degraus acima, envolvendo-a nos meus braços.

Ela não chorou, manteve-se calada por minutos longos e incansáveis. Eu me sentei na escada com ela ainda em meu abraço, enquanto ela precisava passar as duas pernas por cima das minhas de forma que se sentava em uma posição estranhamente sexual em mim, mas eu não liguei, e nem ela se importou.

— Danny.

Disse ela, baixinho com a voz abafada assim que ouvimos Gerard quebrar o silêncio no andar superior aparentemente, quebrando alguma coisa no meu banheiro.

— Oi?

Eu respondi no mesmo silêncio.

— Você ainda não terminou de se barbear, seu cão estúpido, está me sujando toda.

Como ela é delicada.

 

(...)

 

Eu já estava pronto e com minhas malas em cima do sofá, onde eu estava deitado, jogando Mario Kart e perdendo para o meu próprio time. Eu vinha andando sem vontade de jogar jogo alguma.

Estava tudo me deixando mal, e até sem vontade de comer. Charlie aprontava comigo porque eu estava esquecendo-me de alimentá-la, mas o meu problema era simplesmente ela.

Mãos geladas puxaram meu cabelo, me fazendo arquear as costas e grunhir. Olhei para trás, mas já sabia que seria a Charlie me irritando novamente.

— Agora deu para puxar meu cabelo?

— Não estou mais a fim de te morder ou te bater.

Olhei para seu rostinho e fui incapaz de não lança-la um sorriso pervertido, lembrando-a de ter mordido a minha boca docemente da forma que ela sabia fazer.

Charlie ficou vermelha rapidamente.

— Isso é sério? Não vai mais me bater?

— Eu preciso crescer, Danny. – Falou ela.

Meu queixo caiu. Então a porta da frente se abriu, revelando um idiota de cabelos negros que usava aparelho dental e queria roubar a minha Charlie de mim. Logo atrás veio Lucas com sua tradicional cara de tédio e suas malas.

— I’m only gonna break break break break you neck – Cantarolou Andrews.

Eu e Charlie balançamos a cabeça, ele estava cantando a música errada. - É “heart”’, Andy. – Charlie corrigiu.

— Mas eu vou quebrar seu pescoço, não seu coração. – Disse ele.

A campainha tocou dessa vez, e não foi invadida por meus melhores amigos. Charlie levantou-se de boa vontade o que a gente quase não se vê por aqui e foi atendar a porta, fazendo uma careta feia quando abriu a mesma.

Deve ser o carteiro, ela odeia o carteiro.

— MORITZ DOIS! – Charlie gritou. Eu deveria ter preparado meus ouvidos antes – SUA NAMORADINHA CHEGOU.

E Charlie deixou a porta aberta, voltando totalmente largada para o sofá e caindo em cima de mim. Eu fui provocativo enquanto toda a atenção estava voltada para duas meninas na porta e o barulho que Gerard fazia para descer a escada, então passei instintivamente os braços em torno da cintura da Charlie, que estava jogada bem em cima da minha, encostando meu queixo em seu bracinho fino.

Ela maldou meus gestos, mesmo que estivéssemos nesse clima fraternal por dias, ela maldou meus gestos. Era tudo isso que eu queria provocar. Charlie virou o rosto para mim com a boca semiaberta, respirando pela mesma e com os olhos confusos. Ela está tão sexy! Eu precisava me livrar daquele pensamento, e a soltei, pois logo em seguida, a atenção de Andrews se voltou para nós dois no sofá e ele ficou emburrado com aquela cena.

Charlie se sentou normalmente no sofá ao meu lado, quando Gerard trouxe as duas meninas para dentro da casa. Uma delas, eu já conhecia da faculdade, era a Rocket, namorada do Ge. Ela não era a coisa mais alta, mas a segunda menina conseguia ser ainda menor. A segunda menina tinha cabelos cor-de-rosa! Metade deles, e a outra metade era castanha, usava uma blusa do Nirvana e coturnos. Batom vermelho e olhos provocativos. Pelo canto do olho, Charlie olhava para mim como se estivesse me testando, com ciúmes.

Rocket beijou Gerard rapidamente e acenou para todos, apontando para a menina ao lado.

— Garotos, essa é a Julia. – Aquela menina era a mais estranha que eu já havia conhecido. Conseguia superar Charlie. – Julia, aqueles são os estúpidos amigos do Ge, e o irmão gêmeo babaca dele. É o Danny. Vão e se cumprimentem, e vocês sejam bonzinhos com a Julia, porque ela é anti-social e tímida. Ah... E aquela de pulso engessado é a Charlie.

Charlie estava fervendo no sofá. Era como se ela pensasse “quem são essas vadiazinhas malucas roubando a minha cena? Sou eu quem sou mandona, e eu sou anti-social e não qualquer rockeira que a estúpida namorada do Gerard traz.” E eu estava morrendo de vontade de rir.

Levantei-me assim mesmo e dei um beijinho na bochecha de Julia, que estava vermelha. Ela conseguiu ficar mais vermelha ainda quando chegou perto de Andrews, que parecia o tipo de maluco que se encaixava com ela.

— É Chars, parece que você não é mais a única menina do grupo. – Disse Lucas, provocando o demônio.

E me diz que grupo é esse que eu fui me meter? Um aprendiz de assassino, um pequeno demônio, um estranho que por coincidência parece comigo e que pinta o cabelo, o nerd do grupo, e duas meninas de cabelos pintados que parecem vir do planeta do rock n’ roll.

— Eu odeio ficar no meio de meninas altas e mais bonitas do que eu. – Charlie grunhiu para a sala inteira ouvir e ficar em silêncio. Até as meninas se assustaram, mas pareciam estar querendo rir da Charlie. – É por isso que eu cacei um bando de idiotas meninos como vocês para ficar junto!

Charlie já estava indo se levantar do sofá puta com Deus e o mundo, mas eu puxei seu pulso engessado e a mandei voltar a se sentar. Ela lutou contra minha força. Estava fazendo draminha de criança.

— Calma, Hagen! – Eu briguei com ela.

Calma Hagen porra nenhuma, Moritz!

— VOCÊ NÃO DISSE QUE PRECISAVA CRESCER?!

— NÃO PRECISO MAIS!

Ela me bateu, me fazendo largá-la e saiu correndo para seu quarto. Eu estava quase indo atrás, mas a intrometida da Rocket se colocou na minha frente e eu fui obrigado a ver Andrews correndo no meu lugar para o quarto de Charlie. Ele estava no meu lugar. Eu quem deveria estar correndo para ela.

— Danny – Rocket repetia enquanto eu não prestava atenção nela, só na porta do quarto de Charlie que se fechava me deixando para trás – Daniel! Você precisa deixar aquela criança! Ela precisa crescer sozinha.

E quem é você para achar que sabe alguma coisa dela? Eu quase retruquei contra Rocket. A Charlie é diferente das outras crianças.

— Até por que, precisamos nos mostrar superiores, ela é criança e precisa obedecer. – Continuou Rocket.

— Ela não é criança.

E não fui eu quem disse isso, fora Lucas. Aquele que parecia nem prestar atenção no que estávamos conversando. Ele quase nunca falava, mas está aí, a verdade. Charlie não é criança. E Rocket não manda em mim. Ela manda em Gerard, não em mim.

Eu passei pela garota de metade dos cabelos da cor azul e abri a porta do quarto de Charlie, vendo ela e Andrews discutindo baixinho. Peguei suas malas e me aproximei dela e de Andy.

— Eu não estou me sentindo bem, Danny. – Disse Charlie.

— Está passando mal?

— Não, eu estou me sentindo um alface! – Ela disse com um sotaque sarcástico – Se eu não estou bem, suponha que eu estou mal, idiota.

Andrews estava fazendo uma careta do tipo “como é se sentir um alface?”.

Eu me sentei na cama, e Andrews se sentou do meu lado, deixando apenas a pequena Charlie em pé. Ela conseguia ficar do meu tamanho comigo sentado na cama, para constar a diferença de nossos tamanhos.

— E o que você quer que eu faça? – Perguntei.

Charlie fez um biquinho fofo, cruzando os braços e se balançando para os lado, sentou-se no meu colo e deitou a cabeça no meu ombro.

— Eu quero Pringles. Aquele novo que a gente achou no mercado, de cheddar, com coca-cola da garrafa de vidro que faz o gás durar mais tempo.

Eu sorri, empurrando brutalmente Charlie de cima de mim para ir buscar o que ela queria, e Andrews estava rindo pela forma que Chars falava quando fazia pirraça e queria atenção. Sim, eu empurrei Charlie brutalmente, mas isso era comum. Ela se acostuma com pancadas na cabeça como a gente se acostumou com ela.

— Você só precisa de uma boa dose de atenção. – Falou Andrews.

Ele é um besta. Ao invés de falar alguma coisa romântica, não, fala que ela precisa de atenção. Que idiota. Como posso ter amigos tão idiotas? Não, o Lucas não é idiota, ele aprendeu na base da porrada como não ser idiota com a Charlie.

Eu posso mostrar para ele como não ser idiota.

Passei a mão na franja da Charlie, bagunçando-a e disse: - Nenhuma menina mais alta ou mais bonita, mais rockeira ou mais estilosa vai substituir você, Chars.

Ela gostou do que ouviu, mas sempre tem um idiota para atrapalhar.

— Ui, jogou na cara que a Julia e a Rocket são mais altas, bonitas, rockeiras e estilosas.

Gerard estava merecendo um belo soco hoje.

***

Não fomos de carro, pegamos um ônibus para o hotel da nossa programação de inverno, que era para longe de Los Angeles. Jeane, minha mãe, havia confirmado que pagou todas as despesas por alguns dias no hotel.

Nikabrik foi só até a metade do caminho. Precisamos deixá-lo em um hotel para cachorros. Mais tarde eu daria um jeito de contrabandeá-lo para dentro do nosso hotel

Eu não fiquei muito surpreso em ver um hotel extremamente grande de sei lá quantos andares e uma largura imensa. No panfleto do jornal dizia que já tinha uma sala de vidro imensa que simulava neve caindo e haviam aulas de esqui, além das salas privativas de piscina aquecida, academia e spa.

Eu só tinha que cuidar de tudo, indo até o balcão e pedindo as chaves.

— O senhor tem reserva?

— Hm, deve estar no nome Moritz. Gerard Moritz, Danny Moritz... – Eu disse.

Ela negou.

— Nenhuma reserva com sobrenome M. – Informou a atendente.

Arrisquei um palpite: - Hagen?

— Sim, há uma.

— Joseph Hagen?

A atendente tinha um sorriso curtindo no canto da boca, e negou. Ao mesmo tempo em que o capeta da Charlie apareceu, ficando na ponta dos pés para olhar na cara da atendente.

— Está na reserva de Charlie Hagen! – Chiou Chars.

— Aqui estão as chaves.

Por que raios a reserva do hotel de inverno está no nome do capeta com fogo no cu, e não no meu nome, que tive a ideia e programei tudo?!

Eram quatro flats reservados, eu ficaria com Gerard, Andrews com Lucas, Rocket com Julia e a Charlie ficaria sozinha. Resultado? Devolvi uma chave.

— Charlie, você escolhe, ou fica no flat da Rocket e da Julia, ou fica comigo e com o Gerad.

Eu disse. Não era uma opção ficar com o tarado maníaco do Andrews e com o lesado do Lucas. Eu e Gerard somos os responsáveis oficiais, então nos tornávamos uma opção. Charlie me olhou com aquela cara de “ficou-maluco-se-achou-que-eu-fosse-escolher-as-vadias-roqueiras”. Seja lá como seja essa expressão.

Carreguei as malas de Charlie obrigatoriamente para o nosso flat de dois quartos, no qual eu fui obrigado a ir dormir no quarto do beliche com Gerard e Charlie ficou com o quarto de casal. Claro que eu escolhi essa segunda parte. Não caberia a Charlie dormir no mesmo quarto que Gerard, nem no mesmo meu quarto, apesar de essa ser uma linda e provocante opção.

Charlie estava pintando o sete desde que entrou no flat. Eu via a carinha dela bisbilhotando cada canto do local com os olhinhos brilhando e a cada cinco minutos ela surtava:

— NHAW ISSO DAQUI É LINDO!

Eu atendi o telefone do flat quando tocou.

Senhor Hagen?

Disse da outra linha. Quem diria ter o sobrenome dela, aquele Joseph podre de rico.

— Sim, sou eu. – Menti. Precisava manter a pose.

Boa tarde, sou Mosley, da recreação de inverno. Gostaria de informar a programação do dia do hotel Lithium, hoje a sala de simulação de neve está aberta com aulas de esqui grátis para todos os hóspedes, e o jantar de hoje à noite será especialmente preparado para a chegada do inverno.

O cara da recreação falou mais um pouco e logo depois eu desliguei, vendo o “resto” do meu estranho grupo de amigos adentrar meu flat com garrafas de vodka. Primeiro eu recolhi as garrafas antes que a doida da Charlie chegasse na sala e as visse, a nanica iria adorar ficar bêbada. A qualquer hora.

E assim que ela entrou saltitando (que logo parou, voltou a andar com seu olhar assassino depois que viu Rocket e Julia na sala), eu falei sobre a programação de inverno. Mandei todos vestirem seus casacos.

— Vamos esquiar.

Eu disse.

Charlie estava indo colocar seu casaco no seu quarto, eu a puxei no corredor em silêncio. Qualquer um que visse aquela cena, certamente me chamaria de pedófilo ou estuprador. Eu sussurrei:

— Não me esqueci do trato.

— Nem eu. – Sussurrou Charlie de volta com desdém impregnado na voz – Você vai querer aquela Julia, não é? Ela é linda.

Eu revirei os olhos. Charlie, a única linda aqui é você.

— Sim, vou querer. – Menti. Estava me forçando a querer.

— Então vamos acabar logo com isso.

Charlie me empurrou brutalmente e fechou a porta do quarto dela com força e parecia cheia de raivinha.

Ela não quer fazer isso. Não quer fingir querer estar com Andrews, nem mesmo jogar a Julia para cima de mim. Ela não quer fazer nada desse trato.

E nem eu.

 


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Notas finais do capítulo

Eu e a demora. Gente, eu levei um tempão para ganhar inspiração para Charlie e fiquei sendo forçada a escrever, ai o capítulo saia uma merda e eu eu voltava tudo de novo, até que minha leticia me ajudou lá e GRAÇAS AOS CÉUS (-N) só faltam 2 capítulos para acabar Charlie, e acho que consigo terminar até semana que vem! *-*

Dois capítulos do capítulo que eu estou escrevendo, mas daqui, faltam 4. Bjs