Charlie escrita por Reet


Capítulo 19
18 - Charlie tem um problema... Ou três


Notas iniciais do capítulo

oi



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Ele havia me jogado no chão empurrando a porta. Nesse momento, eu me ergui com raiva e me joguei contra ele ainda parado, tentando acertar–lhe um soco, mas Danny colocou o braço na frente e minha mão acertou o osso do seu braço, me machucando mais. Eu grunhi de dor e ele segurou meus pulsos.

— Não, pirralha, você não vai me machucar! Você vai me responder!

E com isso, me tirou do chão apenas me segurando pelos pulsos, eu gritei, até que fui jogada na minha cama e Danny se afastou, começando a despejar palavras em cima de mim.

— Por que você quer saber?

— Por que você não quer se envolver? – Ele ignorou minha pergunta, obrigada.

— Porque não vai levar a nada! – Eu gritei. – Não existe amor!

— É claro que existe, Charlie!

— Eu não acredito! Porque eu vi o amor morrer diversas vezes, e ele não volta mais! Olha lá pra fora e me diz onde está todo esse amor que você acredita! É um mundo muito babaca mesmo.

— Até que enfim você está falando como adulta. – Danny revirou os olhos e se aproximou um passo – Você só não acredita porque não pode sentir. Ele está em pequenos lugares e você só vai encontrar se experimentar.

— Acontece que eu não sei experimentar, Moritz idiota, eu nasci sem amor, ou talvez não, mas fui criada assim.

— Por que você não pede ajuda?

Essa pergunta me calou por alguns segundos, mas eu pude responder com outra.

— Pra quem? – Eu gargalhei alto.

— Para quem você confia, ou os seus amigos, ah, sei lá! Andrews está disposto a ficar com você! – Ele falou a última parte de uma forma meio relutando e piscando demais como se estivesse mentindo. – Já que você não confia em mim.

— Eu não gosto do Andy, e eu confio em você, mas não adiantaria te contar nada, porque você não entenderia. Você tem uma vida muito boa pra entender a minha.

— Tenta, você nunca tentou.

Eu neguei com a cabeça e me levantei um pouco furiosa da cama, tentando passar por Danny, o mesmo que me segurou apenas com um braço. Eu olhei para seu rosto, e ele precisou abaixar a cabeça para olhar para mim. Nesse momento, eu me perguntei como um dia já pude ter beijado–o se ele é tão alto e bem mais velho. Mas havia coisa que eu não podia entender nos olhos dele, algum tipo de sentimento que ninguém nunca havia colocado a minha disposição, e eu senti que podia confiar, ou talvez queria muito contar pra Danny.

— Eu precisaria de um tempão pra te contar tudo – Falei baixinho.

— Tenho tempo de sobra. – Respondeu ele – Me conta.

Eu ainda estava de braços cruzados, sendo presa pelo braço de Danny para que eu continuasse ali, a olhar em seus olhos e ele abaixando a cabeça para olhar para os meus.

— Minha mãe é psicótica desde o dia em que eu nasci, ela nunca teve carinho por mim, nem por ninguém depois. Meu pai não é o tipo de pessoa que dá carinho para os outros, então eu realmente nunca tive amor, nem amigos, irmãos - porque logo ela foi internada no hospício - e a falta disso, me fez não gostar de abraços, de contato físico, de me socializar com os outros, porque eles podem me achar estranha e louca, parecida com ela. Eu odeio me comparar com ela, ela é tão ruim. Ela usava um cabelo grande, obrigada por cortar o meu. É desconfortável abraçar os outros, ou ficar perto. Eu fico bamba e acho que vou cair. Como agora.

Em três segundos que eu parei para respirar, me senti bamba novamente, ele me segurou pelos braços.

— Não vou te deixar cair, pirralha.

Frase linda mais apelido carinhoso. Olha só como ele me ama. Beijos.

— Essa é a base do meu problema. O resto, é que eu não sei amar, não existe amor, só existe meu pai para mim. E eu paro de gostar das pessoas facilmente. Sou um monstro, não tenho medo de machucar fisicamente, nem emocionalmente.

— Por isso você está assim. Você só precisa parar de se conformar com o problema e tentar resolvê–lo.

— Ah, não brinca? – Fui sarcástica.

Eu senti um aperto na garganta e me virei para Danny, colocando o braço em volta da sua cintura e a cabeça escondida em seu peito.

Você é bom! Não fica perto de mim, eu sou má.

— Você não é má!

Danny me apertou contra seu corpo.

Eu não sinto amor, não sinto quando você me beija... – Eu senti o corpo de Danny ficar tenso quando falei aquilo – Não conseguiria gostar de Andrews mais do que um amigo por mais que ele seja lindo, e as pessoas não gostam de mim.

— Você podia começar parando de falar contra a minha camisa e eu agradeceria se você não estivesse chorando e molhando ela, porque ela é branca.

Eu sorri e tirei o rosto de sua camisa, me afastado e erguendo a cabeça para olhar naqueles olhos azuis, mas...

— Sente isso, Charlie.

O que? Não!

Danny apertou a mão em minha cintura e encaixou seus lábios nos meus, apertando o seu rosto contra o meu, tanto, que eu me inclinava para trás tentando me afastar, mas ele se inclinava junto.

Senti sua língua pedindo passagem. Eca, aquilo era tão nojento, mas mesmo assim eu abri passagem e começamos um beijo de tirar totalmente meu fôlego (eu já estava sem quando ele me beijou de surpresa). Ele se afastava um pouquinho e selava meus lábios vezes e vezes, mordiscando e lambendo. Eu fiquei surpresa e estapeei seus braços até que ele os prendeu. Seu cabelo castanho caía no meu rosto e o perfume forte invadia minhas narinas, me fazendo franzir o nariz.

Eu estava sentindo aquilo. Perfeitamente bem, eu estava sentindo todas as sensações de beijar Danny, e me animar também.

Mas acontece que eu estava ficando sem ar! Sabe aquela sensação de pré–morte que te deixa euforia para respirar? Então, foi isso que me fez usar toda a minha força para empurrar Danny longe e puxar o ar com toda a minha força.

Danny gargalhou sentado no chão, e depois de respirar algumas vezes, eu também comecei a rir.

— Você sentiu isso. – Ele disse.

— Eu fiquei sem ar.

Ele ficou vermelho de tanto rir, ele já estava vermelho antes por ter me beijado e eu esperava que não estivesse tanto. Fui me dar com das minhas palavras um pouco depois e fiquei corada.

Dava para acreditar? Eu havia perdido o BVL há poucos dias e eu já estava voltando a beijar Danny novamente. E isso era incrível. Danny era perfeito. O perfume, os olhos azuis, as roupas sem estilo definido com calças largas e blusas de gola V, até o simples cabelo castanho era perfeito. E ele era perfeito por dentro também. Apesar de ser um chato e viver implicando comigo.

Okay, sou eu quem implica com ele.

Foi nessa hora que eu olhei para a janela aberta e vi um bicho aterrorizante adentrá–la e vir em minha direção.

Desespero antes de alcançar o chão, eu gritei muito alto, abaixando para passar por Danny e chegar a porta, tentando abri–la, mas ela estava fechada e alguma coisa estava com problema, até eu arrancar a maçaneta.

Arranquei a maçaneta fora. Gente, eu estou destruindo essa casa, socorro.

— Charlie? – Danny perguntou entre os meus gritos agudos.

— Uma... – Eu apontei pra janela – É UM DINOSSAURO!

— What??! – Danny olhou para trás e viu aquele bicho azul e aterrorizante vindo em minha direção pelo ar. – É uma borboleta.

— Ahhhh! TIRA DAQUI! TIRA DAQUI! É UM DINOSSAURO!

— Que dinossauro?!

Danny foi em direção a borboleta, mas ela escorregou por suas mãos, ainda vindo em minha direção. Eu estava espremida contra a porta e quando ela chegou perto, eu me abaixei gritando e correndo pelo quarto. Subi na cama, nos móveis, mas a vadia continuava a vir pra cima de mim. Como eu tinha medo de borboletas! Danny tentava me mandar calar a boca e não gritar, mas estava sendo meio impossível quando aquele bicho do colo de Hades estava me perseguindo!

A porta foi aberta do lado de fora por Gerard, aquele tonto que não serviria para nada aqui se não estivesse trazendo... Uma espátula de fazer ovos e salvasse a pátria.

Acontece que ele ainda não salvou a pátria, a borboleta me perseguiu e pousou no meu cabelo.

— Achei a borboleta! – Gerard gritou apontando pra minha cabeça.

Isso foi o suficiente para eu acabar com as minhas cordas vocais de tanto me esgoelar e me balançar, batendo na minha própria cabeça. Gerard estava rindo, aquele bêbado safado.

— Chars! CHARLIE NÃO BALANCE ESSE GUARDA ROUPA! – Gritou Danny de olhos arregalados e de mãos ao alto.

A borboleta pousou na minha blusa logo em seguida (eu estava usando uma blusa com o logo do 1–up do jogo Super Mario Bros), e a única coisa em mente foi me livrar da blusa, arrancando pela cabeça e jogando longe junto com a borboleta.

Viva! Agora eu estava só de sutiã.

Eu me balancei tanto no guarda roupa que...

— AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!

— VAI CAIR! – Danny gritou.

E realmente caiu. Puta que pariu! A PORRA DO GUARDA ROUPA QUE ME MANTEVE EM CIMA POR TANTOS DIAS QUANDO EU TENTAVA ACHAR SINAL DE WI-FI, CAIU LOGO COMIGO EM CIMA! Sim, eu me machuquei feio dessa vez. Logo que alcancei o chão, senti meu pulso (aquele que eu tentei me apoiar) estalando forte e começando a doer insuportavelmente.

Eu comecei a chorar e a gritar, Danny e Gerard vieram para cima de mim com aquelas caras gêmeas e preocupadas.

— Meu conhecimento espiritual e químico me dizem que temos um problema. – Gerard disse lentamente olhando para o meu pulso.

— Que conhecimento espiritual e químico? – Eu arqueei a sobrancelha enquanto tentava aliviar a dor e segurava o pulso.

— Temos três problemas. – Danny corrigiu.

— Okay, eu vou ligar o carro, Danny, traga a Charlie.

— Que? FIQUE LONGE DE MIM SEU IRMÃO GÊMEO ESTÚPIDO E MALUCO!

— Me deixa ver. – Ele me ignorou e pegou meu pulso. Obrigada por me ignorar, beijos.

— O que você sabe sobre pulsos quebrados?

— Mais do que você, eu joguei basquete quando era criança e já quebrei o meu umas... dez vezes.

Então Danny me pegou em seu colo, me ajudou a colocar uma blusa (o que nem foi tão dramático levando em conta que ela já me vira nua) e foi atrás de Gerard pela casa até a garagem e eles me colocaram no carro.

Eu fiquei gemendo de dor e reclamando que meu pulso doía a cada segundo, até que eles me disseram que me levariam no pronto–socorro. Aí eu pirei e comecei a espernear, até que senti uma pontada na garganta, e logo depois veio a dor de garganta por eu ter gritado por causa do dinossauro.

— Não há necessidade de me levar lá! Gerard, concorde comigo!

E pela primeira vez, o putinho me contrariou, me deixando nervosa e agoniada de chegar naquele lugar público onde as pessoas têm melecas escorrendo do nariz.

“Eu tinha três problemas, de acordo com Danny. Primeiro: eu precisava aprender a gostar das pessoas. Segundo: eu tenho medo de insetos. Terceiro: eu tenho um pulso quebrado.”

Ainda bem que havia quebrado o pulso que não usava para escrever ou coisa do tipo, então agora, eu estava sentada no sofá da sala, apoiando o gesso fresco de um lado do netbook e escrevendo com a outra mão. Danny pedia pizza e Gerard simplesmente havia comprado um novo Nintendo Wii para jogar.

Estava jogando Mario Galaxy.

— MOVE ESSE CONTROLE, PEGA A PORRA DA ESTRELINHA! ALI GERARD! ALI SEU CABEÇÃO! PEGA A ESTRELHA COM O CONTROLE GRANDE! Você é burro heim.

Infelizmente, pessoas, eu ficaria com gesso por um mês, ou seja, até eu precisar voltar para casa, ainda não teria tirado o gesso. Sim, faltava menos de um mês para que eu fosse embora, e essa era a notícia que mais me agradava.

Danny havia acabado de pedir a pizza e se sentou do meu lado no sofá. Eu o encarei com raivinha e joguei meus pés em cima dele, para incomodá–lo, mas o safado colocou uma almofada por cima dos meus pés e se inclinou para prestar atenção no jogo batalhador em que Gerard não conseguia mover o controle e pegar as estrelas. Era muito burro mesmo.

Nikabrik saltitava em um canto da sala, tentando alcançar com a boca o enfeite da estante. Ele não conseguiria, era um buldogue gordo e pequeno.

— Eu tive uma idéia, Chars. – Danny falou baixinho.

— Desembucha, babaca.

— Vamos fazer uma trégua. – Ele disse, esperando inutilmente que eu lhe respondesse “sim” ou “não”, mas eu fiquei em silêncio com aquela cara de tacho – Okay, é o seguinte: eu vou te ajudar a acabar com pelo menos esse dois problemas, ou todos que eu puder, como medo de escuro e... pare de tremer Charlie, é só o escuro! E em troca, você vai me ajudar a viver um romance com qualquer garota, daqueles que a gente se apaixona e fica feliz.

Agora tínhamos uma trégua. Ele me ajudaria a bater os meus dois problemas iniciais e eu teria que ajudá–lo a viver um romance clichê. Só que eu fiquei em silêncio, esperando que ele adivinhasse que eu tinha aceitado a trégua. Mesmo contra minha vontade. Ele não poderia viver um romance clichê comigo? Não? Okay.

— Vi no jornal um hotel de férias e podemos ir todos juntos! Andrews e você, Luc, Gerard, a namorada dele e eu. E talvez até Nikabrik. Para respirar novos ares.

— Novos ares? Eu odeio insetos. – Acenei para o pulso quebrado.

— Exatamente pelos insetos e por você e o Andy ficarem juntos.

Eu revirei os olhos.

— Olha Chars, eu posso achar uma menina lá também... – Danny fez carinha de hamster sem dono pedindo para você cantar Baby do Justin Bieber –... Pense em mim!

— Nhaaah – Eu fiz uma careta, e Danny entendeu totalmente errado o que eu quis dizer.

— Okay, nós estamos partindo de carro em dois dias! Vou pedir para Jeane pagar o hotel e mandar dinheiro! Amanhã para avisar para o Andrews e o Luc, e logo de manhã cedo no segundo dia, estamos indo. – Danny exclamou alto – Gerard, vamos para um hotel de férias e você pode levar a Roquete... Rocky... Seja lá o nome dela.

— Uh, chegou perto. Rocket.

Gerard corrigiu sem tirar os olhos da tela.

— Será que ela tem algumas amigas pra levar junto? – Danny perguntou alto para a parede.

Não, por favor, que aquela maluca rockeira não tenha amigas!

— Eu odeio ficar no meio de garotas mais altas, mais bonitas e mais velhas.


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Notas finais do capítulo

Vou divulgar uma fanfic que me pediram aew, é uma original da Rafaela linda que conversa comigo no msn, se chama Clube do Imaginário e eu acho que vocês deveriam ler por causa do que ela conta: imaginação fértil.
Eu, particularmente sempre fui muito boa com a imaginação. Tenho amigos imaginários desde os 5 anoss, mas eu diminuí o número e agora só tenho um, um garoto, chamado Charlie (sim, charlie haha), que veio daquele desenho Charlie & Lola. Eu amo s2
Aqui o link, gente: https://www.fanfiction.com.br/historia/185669/Clube_Do_Imaginario
Vamos ler e deixar reviewszinhos.
Bj