Charlie escrita por Reet


Capítulo 11
10 - Band-Aid da Barbie


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Muuuuuuuito obrigada pelos reviews no capítulo passado, eu estou tão feliz por Charlie estar alcançando minhas expectativas *-*
E as recomendações! 3!
Obrigada Bruna Riddle Malfoy, Juliiet e miss_mystery ♥
Mais um capítulo entediante que dói até o figado de ler para vocês :)



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Naquela noite, eu fiquei meio desorientada. Cambaleei um pouco tonta da porta do quarto de Gerard escada abaixo. Tinha acabado de perder o meu BV e não que isso fosse uma conquista muito grande, porque eu imaginava que beijaria um astro do rock, ou um ator que faz o galã das novelas... Ok, nem tanto. Eu imaginava que fosse com alguém mais bonitinho.

Está bem! Danny é muito, muito lindo! Mas, entende? Eu queria... Ah, esquece!

Tropecei na escada. Sim, eu tropecei na escada e fiz um barulho alto, ouvi a porta de um quarto se abrir e a voz lá de cima me fez confundir se era Gerard ou Danny.

— Está bem aí embaixo? – Perguntou a voz misteriosa vindo do além lá de cima.

— S-sim. – Eu respondi gaga sem total da minha ironia natural. Queria estar irônica, queria o meu sarcasmo de volta! Mas ele sumiu.

Eu toquei meus lábios, estática, continuei cambaleando até o quarto sem fome alguma. Parei depois de fechar a porta com chave com a mão no interruptor. Fui até a cama e arrumei da forma que iria usar para dormir, voltei ao interruptor e apaguei a luz, “voando” para minha cama e me enterrando debaixo das cobertas com medo dos fantasmas do além lá de cima.

(...)

Eram sete horas da manhã quando eu acordei. Resumindo, tomei um banho e vesti um vestido branco. Pode até parecer brincadeira, mesmo eu tendo todo aquele estilo de garoto de rua (vamos concordar, eu tenho sim) gosto de vestidos. Não, não gosto de salto, eu gosto de sapatilhas e vestidos. E pela primeira vez, deixei meu cabelo solto pela manhã, tinha acabado de lavá-lo e eu gostava da forma que ele escorria meio desgrenhado e pingando pela casa.

A casa estava silenciosa. Isso me dava arrepios, mas aproveitei para tomar o café da manhã que queria. Posso dizer que abusei do potinho de cappuccino do Danny, até porque eu derramei um pouco na toalha branca da bancada, e fiz uns três copos para mim. Cappuccino era muito bom!

Sozinha, queria mexer no meu notebook, mas não tinha internet em um lugar confortável, ou seja, usei aquela proposta que Danny tinha me feito usar o notebook dele. Subi as escadas silenciosamente, pois minhas sapatilhas douradas não faziam muito barulho e entrei em seu quarto, que por sorte, ou por ele ser burro mesmo, estava destrancado.

Paralisei.

 

E praguejei muito aquele idiota dormindo.

Danny estava sem camisa e usava uma calça de moletom azul escura, seu edredom estava embolado no pé da cama e ele estava encolhido de uma forma fofa. As pernas juntas e os braços em frente ao peito nu. Um dos braços estava estendido pela cama, mas eu fiquei mais focada em seu rosto corado com os cabelos castanhos desgrenhados em cima dos olhos.

Balancei a cabeça e virei o rosto para a estante com o notebook. Isso. Lá era meu foco. Não podia perder o foco com um menino lindo deitado na cama que parecia estranhamente com frio, precisando de alguém para deitar ao seu lado ou de alguém, eu, que o cobrisse novamente... Ah, céus! Eu preciso parar de pensar assim tão rápido e controlar meus pensamentos sobre ele.

Puxei sua cadeira sem fazer muito barulho com as rodinhas e liguei seu notebook. Demorou um pouco e por sorte não tinha senha!

— Ufa. – Eu murmurei e me lembrei de calar a boca.

Ele se remexeu na cama, mas voltou a dormir.

Acessei a internet que já estava ligado ao notebook e acessei meus lindos sites que esperavam por minha atualização, como meu facebook, já que eu sou uma pessoa super importante e tenho várias atualizações.

Mentira, não tinha nenhuma. Eu tenho mais ou menos treze amigos, e dois deles são meu pai e minha madrasta. E minha empregada lá da outra casa. Viu como eu sou popular? O pessoal me ama. Olá ironia.

A santa empregada postou uma coisa engraçada. Eu ri. Eu gargalhei e Danny se remexeu mais ainda na sua cama.

Eu arregalei os olhos e saí da cadeira, subindo em sua cama e sussurrando uma canção de ninar com “shh-shh-shh”. Fui me aproximando do seu rosto, pois a canção de ninar parecia muito baixa para ele. E fui me aproximando, até que Danny abriu os olhos.

Céus, aquele azul brilhante me paralisou onde estava.

Mentira, me alarmou! No primeiro segundo, pensei em correr do quarto dele, e aí ele não saberia que eu estive lá. No segundo, pensei em ficar muito parada, quem sabe ele volta a dormir. A segunda opção me agradou e eu fiquei bem parada, olhando em seus olhos. É, quase funcionou. Ele voltou a fechar os olhos e eu respirei fundo, me afastando, aliviada.

Então ele abriu os olhos e gritou:

— OOOOOOAAAAAAAAHHH!

Eu pulei da cama com o susto e ele também, cheguei a tacar um travesseiro em seu rosto para que ele parasse de gritar, mas o garoto desviou e saiu correndo pelo quarto, procurando o edredom para se cobrir. Essa parte, eu comecei a gargalhar.

— O-o que está fazendo aqui, pirralha? – Danny abaixou o tom de voz, ainda de olhos arregalados.

Eu não consegui responder, pois estava rindo até o estômago.

Gerard apareceu na porta, com seu corpinho à mostra, usando também só uma calça de moletom. Então eu parei de rir e encarei os dois de forma séria.

— É isso mesmo? Vocês aqui dormem sem camisa? É uma tradição?

Os garotos balançaram a cabeça afirmativamente, mas minha pergunta não os fez recuar. Gerard começou a me praguejar por eu tê-lo acordado com os gritos de Danny. Com os gritos de Danny, ou seja, a culpa é minha. E Danny me xingava até a raiz do cabelo loiro escuro que eu possuía.

— Capeta!

— Mini-capeta!

— Escandalosa!

— Infeliz!

— Desgraça!

— Ok, meninos, eu já entendi. – Revirei os olhos – Gerard, você é um idiota de qualquer forma; Danny, se cobrir com o edredom foi um ato muito gay.

Então eu paralisei ao me lembrar do que aconteceu da última vez que o chamei de gay, ontem à noite. E o pior, é que Danny também pareceu se lembrar, sorrindo de forma nada inocente para mim, ficou um silêncio no quarto.

— Realmente, Danny, ser macho é não ter vergonha do corpo que tem, apesar das bolsas de gordura que você possui... – Gerard começou, mas parou logo que se deu conta do silêncio de perversão que rolava entre Danny e eu. DIGO, NÃO ROLAVA PERVERSÃO NENHUMA DA MINHA PARTE! – Hm, estou mais perdido que surdo em jogo de bingo. O que está acontecendo aqui?

Ao ouvir aquela última frase, desviei o olhar de Danny e me prendi em Gerard. Cabelos vermelhos desgrenhados, olhos assassinos tão inocentes, um corpo bem, hm, definido como o do irmão... Droga! Lá venho eu pensando no irmão dele de novo! Olhei para o teto, pro chão, para a parede branca... Queria desviar o olhar e o pensamento de Danny.

Aí, para provocar ou me deixar vermelha (ou talvez as duas coisas), Daniel Moritz fez o favor de deixar o edredom cair aos pés, ficando com o peito nu novamente.

— É, quer saber, dane-se a presença do capeta em casa. – Danny revirou os olhos, subiu em sua cama e ficou de pé nela, ficando assim, mais alto que nós dois e me fazendo erguer o olhar para seu rosto, dando uma rápida olhada no seu corpo – Vou ficar sem blusa, porque eu estou em Los Angeles e to morrendo de calor.

Bufando cheia de raiva, me voltei ao notebook, sentando-me na cadeira e voltando a mexer. Achei um fone de ouvido no fundo da estante e o peguei para usar.

— Ahn, Charlie, eu quebrei esse fone, está com um metalzinho solto... – Gerard começou, mas era tarde.

— OUCH! – Eu gritei ao sentir meu dedo sendo perfurado por um metal do fone sem a capinha de proteção.

Juntei meu dedo ao meu corpo e o apertei com a outra mão. Para que? Para sangrar mais, arregalei os olhos quando vi aquilo e gemi um pouquinho de dor.

Gerard foi o primeiro e o único a se aproximar de mim com pena. Ele pegou meu dedo, sendo cuidadoso, e examinou.

— Ai, ai, ai! – Eu disse a cada movimento dele com a minha mão.

— Charlie, fica quieta, eu preciso ver! – Gerard quase gritou.

— Eu vou deixar? Um idiota que nem você mexer no meu dedo machucado? Olha aí, está sangrando mais! – Eu fiz um bico, tentando juntar minha mão de volta ao corpo. Ardia!

— Cara, não vai ajudar? – Gerard olhou de lado para Danny, agora encolhido em sua cama.

Danny negou com a cabeça, sem tirar os olhos de mim. Eu me senti até um pouco envergonhada. Não gostava que ficassem me olhando sem falar nada, era incômodo.

— O que há, medo de sangue, seu franguinho? – Eu provoquei.

Aleluia, a ironia de volta!

Danny fez uma careta e virou o rosto, mas quem confirmou aquilo foi Gerard. Eu desatei a rir, quem imaginava, Danny tinha medo de sangue! Desse jeito ele nunca iria conseguir viver nas minhas memórias com as imagens da minha mãe cheia de...

Balancei a cabeça para desviar o pensamento e fitei Gerard.

— Pelo menos vá pegar um band-aid. – Gerard disse para Danny, e enquanto o garoto castanho passava apressado por nós, entramos em seu banheiro para lavar meu dedo.

Notei o sangue escorrendo, vermelho, bem vivo. Isso me lembra mentes psicóticas.

Névoa branca embaçou minha visão e eu comecei a me lembrar de outra coisa que não queria.

Passos eram ouvidos no corredor que ligava à cozinha naquela estranha casa muito familiar. Lembrava-me o barulho daqueles sapatos de advogados, e na época, era realmente um sapato de advogado. Era Joseph, atravessando o corredor correndo em direção à cozinha, eu, ou o meu fantasma, corri atrás dele.

Quando nós dois chegamos à cozinha, vi a mulher de cabelos loiros que escureciam em direção à raiz do cabelo, usando seu habitual vestido branco, soltinho. Pés descalços, mas estavam limpos. A mulher mexia em algo, em total silêncio, em sua frente. Quando ergueu o braço, ficou visível que era uma grande faca de cortar carne, bem amolada.

Quando se virou um pouco, notei a cadeira azul escuro de um bebê em cima da bancada, e a criança – agora com os olhos verdes ainda mais brilhantes e o cabelo longo e com alguns cachos presos por xuxinhas cor de rosa – estava lá sentada. Mas seus pulsos, cortados, saiam um pouquinho de sangue, pois não estavam tão feridos.

Joseph abafou um grito e tirou a faca das mãos da mulher, que sorriu amargamente para Joseph.

Devolva, querido. — Disse Caillet.

Está maluca? O que deu em você, Caillet? — Joseph foi rude, jogou a faca dentro da pia e retirou a criança da cadeira. A criança sorria com o mesmo sorriso hipnótico da mãe. Charlie era a cópia perfeita daquela mulher com sérios problemas psicológicos. – E não pense em se cortar, Caillet! Ou vou chamar novamente o doutor Hirch e sua camisa de força.

Caillet ficou pálida e se virou para a pia. De repente, minha visão mudou para os olhos castanhos de Joseph tão perto dos meus, eu agora era o bebê em seu colo. A névoa embaçou meu olhar novamente, e agora eu era a menina com o dedo sangrando na pia de Danny Moritz.

Gerard tirou suas mãos das minhas para procurar alguma pomadinha no armário do banheiro e eu aproveitei para fiscalizar meus pulsos, vendo se havia alguma marca de algum corte que minha mãe tinha me feito. Nada, haviam desaparecido com o tempo, que me ajudou bastante a esquecer aqueles problemas, ou afundá-los mais ainda na memória.

Danny entrou no banheiro de olhos fechados e entregou à Gerard um band-aid.

— Só tinha esse daí, e mais uma caixa dessa marca. Não é culpa minha, e então, Charlie, não me bata. – Disse, depois se retirando.

Gerard colocou o band-aid no meu dedo e eu me dei conta de que era um... Era um band-aid da Barbie.

Olhei com meu típico olhar assassino para Gerard, que deu de ombros e saiu do banheiro também.

— Não combina comigo! Eu quero outro band-aid! – Reclamei.

— Não tem, caramba! – Danny retrucou, sentado com as pernas cruzadas em sua cama.

— Se vira!

— Olhe pelo lado bom, Charlie – Gerard começou -, ficou fofinho.

E depois fez um biquinho lindo. Eu revirei os olhos e saí do quarto, trotando para o meu. Ficar a qualquer custo longe deles, ou... Aprontar minhas melhores por causa do meigo band-aid da Barbie que haviam me colocado. A segunda opção sempre me seduz, fala sério.

 

Na cozinha, peguei um pote de mel. Sim, mel do ursinho Pooh. Como eu amo mel, eu adoro comer mel puro, mas não iria comer mel dessa vez. Vagando pela sala, encontrei um livro de literatura da faculdade de direito que Danny cursava. Estava marcado em uma página lá, e eu passei um pouco de mel no marcador, fechando o livro direitinho e colocando do lugar.

Na área de serviço, vi a toalha azul de Gerard estendida. Já sabem o que eu fiz, não é? Coloquei mel na toalha e a dobrei-a bonitinha, para quando ele abrisse novamente para tomar banho e...

E depois disso, eu esperei. Sentado no quarto e olhando para o teto, fazendo amizade com as sombras, até ter a alucinante ideia de começar um diário, no meu notebook. Depois disso eu coloquei uma senha, é claro.

Entrando no Word, comecei a digitar. Tec, tec, tec. Tinha uma página inteira digitada. Mentira, meia página só.

“7 de junho. Oi, ér. Eu estava sem nada para fazer, esperando os meninos começaram a gritar, melados de mel (uma das minhas travessuras e nem é halloween) e vim aqui digitar um diário. Mas acontece que eu não sei como fazer isso. Vou contar uma história. Mentira, eu não tenho paciência, mas olha só: há uma semana, meu pai me deixou com essas duas criaturas. Danny e Gerard Moritz são lindos, mas são uns frescos! D. parece um gay e G. é roqueiro. Até então, venho pregado todas as minhas peças neles, e hoje, foi a do mel. Coloquei mel no livro do D. e mel na toalha de banho do G. Estou esperando a reação deles e sei que não vai ser boa, haha. Pois é, não tem mais nada para escrever aqui.”

Fechei o notebook no mesmo segundo em que ouvi um grunhido vindo da sala, basicamente o grunhido de alguém que acabou de melar sua mão em mel, e sujou seu livro. Contei cinco segundos e...

— CHARLIE!

“Sabe diário, acho que o pessoal aqui gosta do meu nome. Eles vivem gritando quando acontece alguma coisa.”


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando de Charlie e agora, ohhhhhhhhhh ela está ~começando~ a reparar em Danny, enquanto ele, humpf, nem dá bola pra ela foshfos
Deixem seus reviews, suas lindas! *-*
Té o próximo.