Charlie escrita por Reet


Capítulo 10
09 - Visitando o museu


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Vou morrer, amei os reviews, vieram tantos! Estou pulando de felicidade.
Eu gosto desse capítulo (: Espero que gostem também e lamento avisar que estou de castigo C: e posso demorar mais para postar os capítulos.



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E finalmente, eu contei nos dedos, uma semana se passou desde que eu vim para esse inferno de casa com esse dois gêmeos pirados – um, de certa forma, parece gay e tem um estilo muito preocupado; e o outro é alguma coisa muito indefinida com o cérebro reduzido e ouve muita música alta de rock.

Eu adoraria dizer que muita coisa mudou, mas...

Ouviu-se um barulho de frigideiras caindo no chão e também na cabeça de alguém para logo depois, ouvir-se um grito agudo vindo de Danny dentro da cozinha.

— CHARLIE HAGEN!

Sim, eu tinha empilhado as frigideiras de forma suspeita, pois eu sabia que ele seria o primeiro a abrir o armário, então elas cairiam em cima dele. Eu gargalhei para a parede.

Veja bem, nada mudou. Eu continuo a mesma pestinha com eles, tentando aprontar de tudo – acontece que as coisas aqui acontecem sem eu precisar fazer muito esforço. Eu poderia então dizer que meu pensamento sobre eles havia mudado e que agora eu estava mais feliz em tê-los como “quase-irmãos”, mas na verdade...

A porta do meu quarto se escancarou e Gerard apareceu com seu notebook nas mãos, com o rosto pálido.

— Charlie, me explica. Eu abri um e-mail desconhecido e agora a tela do meu computador está cheia de buldogues lambendo pênis.

Eu gargalhei pela forma enojada que ele disse a última parte, mas Gerard apenas bufou com muita raiva pelo visto. Sim, aquilo foi plano meu.

— SENHOR MORITZ 1, EDUCAÇÃO MANDOU LEMBRAÇAS! – Eu gritei por ele ter batido a porta do meu quarto - Ué, Gerard, parece que os buldogues andaram acessando sites pornográficos, só torça para que sejam todas fêmeas ou têm cachorrinhos gays no seu computador.

— CHARLIE, como eu tiro essa merda da minha tela?

— Saia. Bata na porta. Entre. – Eu disse pausadamente e o ruivo tingido, com muita raiva, fez o que eu mandei.

Toc, toc. Eu mandei entrar com um sorriso orgulhoso no rosto e ele trouxe o notebook até minha cama. Eu levantei a mão para ele.

— Vinte dólares, por favor. Isso vai demorar um tempinho. – Eu falei com a voz séria tentando esconder a gargalhada.

Gerard revirou os olhos e colocou duas notas de dez na minha mão. A coisa mais simples que eu fiz foi apertar no botão que desligava o computador e Gerard me olhou incrédulo.

— O que você fez, peste? – Gerard perguntou.

— Desliguei ué. Quando ligar, passa o antivírus e pronto.

— VINTE DÓLARES PARA ISSO?

E assim foi o começo da minha manhã de domingo, calma, muito feliz e irônica, onde eu já comecei ganhando vinte dólares. Com mais um pouco, eu já poderia comprar a caixa dos sonhos cheia de Pringles para só eu comer. Tinha acabado as caixinhas na semana passada e a programação para hoje era de ir ao supermercado.

Depois de tomar banho e voltar para cima do guarda roupa e acessar a internet, eu fiquei um tempinho lá em cima, mudei de posições algumas vezes, pois meu pescoço começava a machucar. A porta do meu quarto se abriu lentamente e eu vi a cabeça de Danny se enfiar lá. Apenas observei.

— Onde aquilo se meteu? – Danny falou sozinho.

— Danny, coitado, seu cérebro também foi reduzido? – Eu disse lá do alto do guarda roupa e o garoto soltou uma exclamação, me olhou de olhos arregalados.

— Desce daí, pirralha! – Mandou – Não quero levar ninguém no hospital hoje.

— Não vou descer, a internet pega aqui com muito custo, mas pega.

— Eu deixo você usar o notebook do meu quarto, mas desça já daí, Charlie Hagen!

— Com essa proposta tentadora, claro que eu desço, docinho. – Esbocei um sorriso irônico e rolei para a ponta do guarda roupa. Danny quase gritou com meu movimento, felizmente eu já tinha feito aquilo diversas vezes e caí de forma planejada em cima da minha confortável como pedra de cama.

— O que você quer aqui no meu quarto, Moritz? – Eu arqueei a sobrancelha olhando para seu rosto de cabeça para baixo ainda deitada na cama.

— Vá se arrumar agora, nós vamos sair com Lucas, Andrews e a namorada de Gerard.

— Oh, então ele também não é gay? – Eu perguntei retoricamente.

— Não, ele não é gay... Também? Charlie, eu já disse quinhentas vezes nos últimos oito dias desde que você chegou aqui, EU NÃO SOU GAY!

— Coitado do Moritz, não tem como provar. – Eu dei de ombros e ele fechou a porta do meu quarto com força que fez até as janelas estremecerem.

Eu adoro irritar aquele menino, como gosto.

Sem saber para onde íamos, eu coloquei um vestido azul escuro que ia até metade das coxas com as mangas curtas e bufantes de princesas da Disney onde um cintinho bem fino e vermelho marcava minha cintura, junto com as sapatilhas douradas quase sem brilho. Penteei o cabelo e estava terminando de fazer a trança quando bateram como um furacão na minha porta.

— Vamos logo!

— Pare de irritar hoje, seja qual gêmeo for você. – Eu revirei os olhos, realmente ainda não os reconhecia pela voz, apenas pelas gírias, mas imaginei que fosse Danny antes que ele abrisse a porta e me puxasse pelo braço.

Mas ele não fez isso assim tão rápido. Primeiro ele abriu a porta e ficou me encarando por segundos, eu o vi refletido no espelho com a boca entreaberta. Balançou a cabeça como se espantasse um pensamento ruim e veio me puxar pelo braço para fora de casa.

Entramos em seu carro, no banco da frente estava sentado Gerard e logo depois três pessoas se juntaram atrás. Lucas na porta direita, uma menina de cabelos castanhos grandes com cachos nas pontas que não parecia ser muito mais velha do que eu, e Andrews encostando-se a mim com fones de ouvidos tão altos que eu podia ouvir Usher onde estava sentada. Andrews era o único que não tinha muito medo de mim, por isso eu já estava até amigável com ele.

— Charlie – Gerard começou com a voz entediante – Essa é Zoe, minha namorada, e Zoe, esse é o capeta da Charlie. Não confraternize muito com ela antes que você saia cheia de hematomas, é melhor não duvidar como Lucas fez, note a cicatriz na bochecha que ela deixou nele na semana passada.

Zoe riu e eu encarei-a com meu melhor olhar assassino, a menina parou de rir no mesmo instante.

É, eu havia deixado uma pequena marquinha quando arremessei meu alicate de unha em Lucas, em um dia desses que ele ousou mexer no meu controle de videogame quando eu estava disputando uma corrida de motos com Andrews.

— Prestem atenção agora – Danny começou quando paramos o carro no estacionamento de uma casa muito grande e bem velha – Vamos visitar esse museu, mas, Charlie, faça-me o favor e não apronte, eu lhe imploro!

Com “casa muito grande e bem velha” eu quis dizer museu. Era um museu de tudo, eu olhei o mapa enquanto Danny acertava as entradas. Mas é claro que, se eu tenho uma chance, vou brincar com ela. Eu estava pronta para encarar qualquer brincadeira dentro daquele museu, só para ferrar com Danny e Gerard, os Moritz idiotas.

O idiota fez o favor de prender minha mão junto ao seu quarto para garantir que eu não iria fugir. Do ponto de vista de um estranho, Danny se parecia com um estrupador ou meu namorado, mas talvez parecesse meu irmão mais velho por eu ser tão baixa.

Um guia se juntou ao nosso grupo, usava uma roupinha gay de historiador com aqueles chapéus de metal na cabeça e uma arma de mentira presa à cintura. Ele sorriu como se olhasse para um grupo de crianças.

— Olá seres que habitam a terra hoje em dia! – Disse o meigo. – Meu nome é...

— Por acaso você é algum tipo de homem do futuro que veio na máquina do tempo para trabalhar no museu?, porque se for, eu até aceito esse “seres que habitam a terra hoje em dia”, mas se não for... – Eu comecei, mas fui logo interrompida por um puxão de Danny.

— É interpretação, menina, eu sou ator. – O guia revirou os olhos – Meu nome é Alfredo e eu serei o guia de vocês por hoje!

— Alfredo? HAHAHAHA – Eu gargalhei muito alto enquanto apontava para o bicha, ele fez uma cara muito feia – Que nome de peixe de aquário! Haha, acho que vou comprar um só para colocar esse nome!

Eu continuei rindo e o guia me encarou muito feio.

— Céus! Quem é o dono disso? Eu preciso terminar esse tour em uma hora! – O guia reclamou e Danny colocou sua mão por cima da minha boca, me fazendo calar. Eu tentei mordeu sua mão, mas era impossível, então comecei lambe-la e ele tirou logo a mão, limpando-a na sua blusa com uma cara de nojo para mim.

— Desculpa, é a filha da minha namorada... – Danny mentiu.

— Namorada? Você não pega nem resfriado! – Eu comecei a discutir – Eu sou sua quase-irmã, oh, imbecil!

— Cala a boquinha, maninha, porque estamos em um museu! – Danny retrucou.

— Eu não...!

— Se vocês não calarem suas bocas, eu vou mandar o segurança – o guia apontou com a cabeça para um homem grande que parecia ter saído da prisão, era o segurança que trabalhou no supermercado semana passada, eu acenei para ele. – tirarem todos daqui, então se não querem que o titio Marcus venha, me deixem falar!

— Marcus? – Eu disse alto despertando a atenção do segurança – Poxa, então o cara que trabalhou no supermercado se chama Marcus? Eeeei! Titio Marcus! Lembra de mim? Sou a garota do carrinho!

Eu me virei em direção ao Marcus que me olhou torto. Algo me dizia que titio Marcus não gostava muito de mim. Eu pulei na sua frente para ficar do seu tamanho.

— EI! Sou eu! Lembra de mim? – Eu dizia uma frase a cada pulo e o segurança balançou a cabeça. – Claro que lembra!

— Alguém segura essa criança? – O guia Alfredo quase gritou no grupo de turistas e o meu grupo um pouco mais afastados.

— Ah, que droga! Grande merda, Charlie! – Danny reclamou vindo em minha direção – Gerard! Me ajuda aqui!

Nesse momento, o rosto de Marcus se iluminou para mim e ele abriu um grande sorriso macabro de dinossauros que gostam de unicórnios. Apontou para Danny.

— Ah, me lembro sim, do maluco que fala com pessoas que não existem! – Marcus disse – E você é a coitada que foi presa no carrinho.

— Sim! Sou eu, Marcus!

— Coitadinha, eu deveria chamar o conselho tutelar por ter um irmão mais velho tão ruim! – Marcus passou a mão na minha cabeça e olhou feio para Danny, que estava morrendo de medo.

— Não é isso, senhor Marcus – Danny começou a se explicar e a gaguejar ao mesmo tempo – Eu não falo sozinho! É o meu irmão, aquele ruivo ali, ele é o Gerard, e a Charlie é uma pestinha! Ela vive arrumando problemas!

Marcus continuou olhando feio para Danny e passando a mão na minha cabeça.

— Eu não estou vendo nenhuma pestinha aqui, você está vendo, Charlie? – Disse o segurança – Eu só estou vendo uma pequena loirinha de olhos verdes precisando de amor e carinho de pessoas que não sejam loucas!

— Isso mesmo, titio Marcus. – Eu concordei com cara de cachorrinho pidão para o segurança e passando para o olhar assassino para Danny.

— Não! Eu estou dizendo, ela é do mal!

— Como se atreve a falar assim da minha amiguinha? – Marcus começou a discutir.

— Amiguinha? Senhor Marcus, ela não é amigável!

Eu olhei de novo para Marcus de forma piedosa e fingi que iria chorar, ele soltou alguma coisa do fundo da garganta que pareceu um rugido, mas em seguida eu percebi que ela uma fungada, e segurou minha mão.

— Vamos lá, querida, eu vou te acompanhar para não deixar esse maníaco te atormentar. – Marcus disse, passando por Danny e indo em direção ao guia que já se afastava com os meninos e outras pessoas turistas.

Danny veio atrás de nós dois, bufando, visivelmente com muita raiva.

— Então, senhoras e senhores – segurança grandão e a pirralha – observem que essa miniatura é de um dos guerreiros do antigo México, que lutou bravamente pelas terras que hoje pisamos e blábláblá – O guia continuava falando e eu parei de prestar atenção. Zoe e Gerard estavam se paparicando na minha frente e isso me deixou enjoada.

Caminhamos por dois andares, parando de vez em quando para o guia explicar alguma coisa demorada. Eu estava cansada e queria sair daquela casa velha, infelizmente eu não poderia sair correndo com Marcus do meu lado sorrindo igual a um gigante com cérebro reduzido.

Por sorte, seu rádio foi chamado e ele precisou sair para cuidar de um pirralho de seis anos correndo pelo salão principal, aparentemente sem os pais.

— Te vejo na saída, amiguinha. – Marcus deu tchau para mim e se afastou.

Observei enquanto ele se afastava e me virei de volta para o guia, mas eu esbarrei em uma muralha da China, que era Danny, logo me segurou pela mão e continuou seguindo o guia, eu o encarei furiosa.

Tinha que fazer alguma coisa para me livrar dele, e ao mesmo tempo, atrapalhar mais sua vida. Sem pensar, pisei com força no seu pé, e Danny gritou chamando a atenção de todos, soltou meu braço e eu corri de costas, esbarrando em turistas que me xingavam em outras línguas, provavelmente. Esbarrei também em Zoe que usava uma grande saia azul cheia de elefantes brancos, que eu aproveitei para puxá-la enquanto corria de costas.

Sim, Zoe ficou com a calcinha aparecendo e deu um grito agudo – Gerard, pervertido, fez o favor de ajudá-la a levantar a saia. E a menina deu um tapa na mão dele. Eu esbarrei no guia também, fazendo seu chapéu cair. Então me virei de costas para o grupo de pessoas que faziam tumulto na sala das múmias e comecei a correr.

— PEGUEM AQUELA GAROTA!

Alfredo gritou em pleno corredor e eu gargalhei alto, correndo no meio de vários grupos e esbarrando em várias pessoas. Me sentia agora no desenho animado do Scooby Doo, naquela parte – que sempre tem – onde os garotos correm em um corredor cheio de portas junto com o monstro do episódio, e eles entram em portas procurando o monstro, até aparecerem todos juntos com o monstro na mesma porta.

Eles estavam todos me seguindo, até os turistas que nem me conheciam, o que me fez rir mais ainda, olhando de vez em quando para trás. Virei o corredor, passando pelo Egito e pirâmides muito estranhas que pareciam faltar pedaços. Ouvia de longe os gritos pelo meu nome, “Charlie! Charlie!”

Sem querer, esbarrei em uma pilastra que continha uma bonita jóia cor de rosa em cima, que acabou caindo no chão, por sorte, não quebrou.

— Ooops!

Falei, enquanto virava mais um corredor, chegando agora na pré-história onde os homens-macacos tinham em média 1,50cm de altura – imagino mesmo que eu seja um parente próximo, pois tenho por volta disso aí.

Me abaixei em uma pilastra grossa, escondendo-me. Ao meu lado, um menino de cabelos castanhos e olhos negros bem alegres e excitantes com um sorriso debochado no rosto, também estava agachado atrás de uma pilastra. Eu sorri para ele, e ele acenou para mim.

Então ouvimos pés fortes baterem no chão de madeira daquela seção e ficamos imóveis.

— CHARLIE! – Ouvi várias vozes vindo de um lado, gritando juntas.

— CHRISTIAN! – Do outro lado, mais um grupo de vozes chamavam aquele nome.

Os pés correram para longe e eu me sentei no chão, olhando para o garoto, que apontou para um quadro de um desenho bem feio de um homem das cavernas.

— É a cara do museu. – Disse, debochando. Eu gargalhei.

— Sim, é tudo uma chatice, por isso eu fugi.

— Bate aqui, eu também. – Estendeu a mão e eu bati minha mão na dele. – Sou Christian, mas me chamam de Chris quando eu sou bonzinho.

— Me chamo Charlie... Ninguém nunca se atreveu a me dar um apelido – Eu dei de ombros e ele riu.

— Hmm, ok Chars. Fugindo da família?

— Gostei do apelido. – Eu balancei a cabeça, afirmativamente e me levantei do chão, balançando a poeira das roupas – Dos meus quase-irmãos que provavelmente agora querem me pegar. E você?

— Da minha mãe e do meu padrasto, que provavelmente, agora também querem me matar, depois que eu abaixei a saia de uma mulher.

— Eu também! – Nós rimos.

Logo em seguida ouvimos vozes vindo no corredor.

— Vamos correr!

Chris começou a correr em disparada para o lado contrário que os pés que me chamavam tinham chegado. Eu corri atrás dele, rindo, obviamente. Nunca fiz uma amizade tão rápido – nunca fiz uma amizade de qualquer forma – como tinha feito com Chris. Foi só olhar nos olhos daquele menino para saber que era um peste igualzinho a mim.

Correndo, voltamos ao corredor do Egito. Por desgraça, notei que Chris ficou paralisado com uma mulher cheia de rugas que usava um óculos gigante, que eu logo deduzi ser sua mão, quando a mulher gritou seu nome, enfurecida.

Então voltamos a correr de volta para a era pré-história, atravessamos a seção e corremos por outras, para longe das pessoas. “Atenção seguranças, duas crianças loucas correm pelo terceiro piso. PEGUEM ELAS” Reconheci a voz do guia nos alto-falantes e essa frase só nos fez rir mais ainda. Há tempos não me divertia correndo por um museu.

Eu corri e olhei para o lado, verificando se Chris estava bem. Ele também olhou para mim, mas logo em seguida, eu fui retirada do chão. Quando me dei conta, tinha trombado com Danny, e ele estava de braços abertos, para quando eu chegasse, e me levantasse do chão, me colocando em seu colo.

— Peguei você, Charlie! – Danny disse.

Ele passou os dois braços pela minha cintura e me apertou com força para me manter ali. No primeiro segundo, eu arregalei os olhos pelo perfume masculino inefável – eu tinha minha cabeça agora na cava de seu pescoço, e o perfume era mais intenso ali. Mas no segundo seguinte, me dei conta de que aquele era Danny, o Moritz idiota, e não um príncipe encantado que estava me pegando no colo. E mais um segundo bastou para que eu começasse a lutar no seu colo, tentando me soltar.

O problema se resumia em: eu estava usando um vestido azul que ia até a metade das coxas, e isso deixava minha calcinha aparecendo, pelo menos na posição que eu me encontrava.

— Danny, me solta! – Eu falei baixo, apesar da raiva que estava.

— Na-na-ni-na-não, pirralha! Não sei por quê eu faria isso.

— Porque minha calcinha está aparecendo, idiota!

Danny de repente ficou vermelho e balançou a cabeça, fazendo força com os braços para me empurrar para cima dos seus ombros, ou seja, deixando minha bunda inteira à mostra.

— DANNY! – Eu grite.

— Shh! – E em seguida gargalhou, caminhando pelo corredor.

Não sei se foi imaginação, mas tenho a estranha impressão de que Danny fez determinada força sobre minhas coxas, quase como se apertasse-as enquanto caminhava.

É, depois disso eu não vi mais Christian e todos nós fomos expulsos do museu. E o guia foi despedido. As duas partes me deixaram bem feliz, eu não gostava do museu, nem do guia, mas o Marcus também foi despedido por se socializar com o capeta, no caso, eu. Sim, ele foi despedido e agora nem sei se encontro o Marcus novamente – e tudo isso numa mesma tarde.

E para completar, Gerard se trancou no seu quarto chorando por ter perdido a namorada, graças a quem? Eu, viva.

Escorreguei na madeira da porta do quarto do ruivinho e Danny bateu novamente na porta, insistindo para que o irmão abrisse.

— Eu prometo fazer bolinhos! – Danny disse com a voz confiante.

Não quero bolinhos!— Gerard respondeu do outro lado da porta.

Danny bufou, sussurrando um “desisto!” e se jogou no chão ao meu lado, eu mexia nos meus dedos observando as unhas grandes que eu tinha. Ficamos em silêncio por segundos bem tensos e de repente, Danny olhou para mim com aquele olhar assassino que eu tinha ensinado a ele.

Eu revirei os olhos, cansada de, no final do dia, falar “ops” com o riso debochado no meu rosto. Sabia agora que Gerard tinha ficado realmente triste com a perda da namorada vadia, e Danny estava bravo comigo.

— Passou dos limites, Charlie! – Danny grunhiu.

— Já sei, já sei. – Eu falei com a voz forçada.

— Por que você não consegue se comportar como gente? Você tem dezesseis anos, então se comporte como uma menina de dezesseis anos! Parece até que não teve infância!

— Consigo, só não quero! – Eu retruquei.

— Sua mãe nunca te ensinou a se comportar, não? Que saco! – Ele disse e virou o rosto para o outro lado.

Eu fiquei tensa por alguns segundos e foi tempo suficiente para minhas lágrimas ameaçarem a cair. Respondi baixinho:

— Não, nunca.

Danny virou o rosto com visível preocupação, ele tinha ouvido o que eu falei, e perguntou “o que?” em um sussurro para que eu repetisse, contando uma história como naqueles filmes clichês que as menininhas fazem drama e depois o rapaz beija-as. Mas não foi exatamente assim que aconteceu.

Eu balancei a cabeça como se o mandasse esquecer e ele se calou, resolvendo mesmo esquecer o assunto.

— E por que você não pára de escândalo e soltar gritinhos agudos como um gay, como se tivesse muito medo de mim? – Debochei.

Sei, sei. Em uma hora estranha como essa, eu ainda consigo zoar com Danny.

— Eu não sou gay, Charlie!

E dizendo isso, puxou-me pelo vestido azul soltinho, fazendo-me me aproximar demais, até que seus lábios rosados e gentis estivessem roçando nos meus, suavemente. Logo me pressionou com mais força, forçando um selinho quente e perfumado do seu cheiro que invadiu minhas narinas no instante.

Me soltou logo em seguida, e pela surpresa, eu me inclinei demais de olhos arregalados e bati com as costas na madeira atrás de mim. Danny se levantou em disparada e se trancou no seu quarto, logo ao lado.

E foi assim o fim do meu dia, e o relato tenso do meu beijo. Do meu primeiro selinho, e que ninguém saiba disso.

 


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Notas finais do capítulo

E fim do capítulo! fshofhso Vocês gostarem? Do selinho da "Chars" e do Danny? Do Chris? (Que vai entrar na história mais tarde, como o titio Marcus entrou agora, e esperem que os narcotraficantes entrem mais tarde também) gfoshofs Quem está gostando muito de Charlie levanta a mão! O/
Beijos pra vocês, té o próximo.