Charlie escrita por Reet


Capítulo 12
11 - A pedra Rochelle e o buldogue Indeterminado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas.
Idiota que nem eu não existe. Passei o dia inteiro ontem no Nyah e me esqueci de postar Chars.
Ok, aqui mais um capítulo para vocês.
Nome grande do capítulo, mas eu gosto dele ^^



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Segui até a sala encontrando Danny com a mão direita estendida, cheia de mel, e um marcador de texto grudado. Prendi o riso e revirei os olhos procurando algo para olhar ao invés dele.

- Me explique, irmãzinha. – Ele debochou – Que. Porra. É. Essa.

- É mel! – Eu sorri.

- Puta que pari...!

- Olha boca, mano.

Gerard desceu as escadas indo em direção à área de serviço, ele voltou com sua toalha azul dobradinha e eu sorri de lado, pena que fui pega por Danny.

- Cuidado, Ge, ela deve ter feito alguma merda com você também.

- Que isso, eu ajudei-a com o dedo hoje de manhã, a menina está grata por mim, não fará nada. – Gerard confirmou.

- É, Danny. Que isso! – Eu sorri de lado para o castanho, que se ergueu do sofá para lavar a mão.

- Já vou avisando, é melhor não confiar. – Danny resmungou.

 No meio do caminho fez questão de passar a mão na minha cara e eu gritei de nojo, batendo em seu braço. Entramos em uma guerra fria que terminou com ele todo estapeado e com uma marca de beliscão no braço.

Além das mãos meladas. Ah, esse menino só se ferra comigo.

Joguei-me no sofá no lugar onde Danny estava sentado e liguei o wii para jogar uma partida de corrida e competir com o videogame. Ganhei, é claro, com pouco esforço. Faria isso de olhos fechados. Tempo depois, Danny se sentou para ler seu livro de literatura. Eu prestei atenção nele fazendo um biquinho fofo e franzindo a testa enquanto lia. Era lindo.

Danny notou que eu estava prestando atenção e fez uma careta.

- Olhando o que? – Perguntou.

- Os defeitos que você nasceu com. – Ironizei e Danny voltou a ler o livro sem começar a discutir por isso.

Minha intenção era implicar com ele, por isso fiz de tudo para conseguir o que queria.

Gerard apareceu na sala com a toalha azul enrolada na cintura, notou a cena em que eu e Danny nos batíamos no sofá e xingávamos um ao outro. Isso era natural, então passou despercebido.

- Estou sentindo uma melação no meu traseiro... – Gerard comentou, coçando o bumbum.

- Sabia! – Danny exclamou – Foi a Charlie! O que aprontou dessa vez, capeta?

Danny me olhou de cima, pois ele havia conseguido prender meus pulsos acima da minha cabeça e minhas pernas com os seus joelhos. Eu parecia uma lagartixa no sofá e ele estava por cima de mim, me olhando torto. Isso podia despertar em mim algum tipo de desejo, mas eu o odeio, então acho que não.

- Tem mel no seu traseiro, Gerard – Eu bufei – Nossa, será que preciso explicar toda piada?

- Não, Charlie, eu acabei de tomar banho. – Gerard disse como se fosse óbvio. Era óbvio, mas tinha mel em sua toalha.

- Tem mel na sua toalha, animal! – Danny grunhiu – Ah, Charlie, você só fode! Caramba, não tem como sossegar?!

- Mel? Mas ela está limpa, peguei ontem! – Gerard afirmou confuso.

Ele já estava quase tirando a toalha para fiscalizar, eu e Danny gritamos para que ele não fizesse isso. O garoto revirou os olhos e disse que tudo que Danny tinha, ele tinha em dobro.

- Argh, não precisa comentar! – Eu grunhi.

- Mentira! O meu tem... – Danny começou, mas foi interrompido.

- Puff, não vá falar que tem trinta centímetros que essa piada já é sem graça, maninho! – Gerard revirou os olhos – Eu já medi com a régua e tenho...

- CALEM A BOCA AÍ, ESTÚPIDOS! – Gritei.

- ... centímetros. – Gerard terminou a frase e depois calou a boca. Eu revirei os olhos e aproveitei que Danny estava distraído para jogá-lo no chão e pular do sofá antes que ele me pegasse de novo.

- Gerard, eu to tentando te explicar: eu coloquei mel na sua toalha, seu idiota! Ai, meu Deus! Danny, como você tem um irmão tão burro?! Ainda por cima é lindo...

Opa, essa frase escapou e eu tampei a boca no segundo seguinte. Gerard me olhou no canto do olho com um sorrisão estampado.

- Ahn, Charlie, não precisa me lembrar disso, me deixa corado. Sei que sou bonito... – Gerard apertou minhas bochechas e levou um tapa na mão – Ai!

- Você é mais burro que uma pedra! – Eu quase gritei.

- Não é verdade! – Gerard se apressou a dizer – Eu vou ao supermercado comprar comida; a pedra é tão burra que fica no mesmo lugar e faz fotossíntese.

Danny se deu um tapa na cara tão forte que até estalou. Eu revirei os olhos, mas o irmão fez o trabalho:

- Ge, maninho, pedra não faz fotossíntese, pedra é cenário; não tem vida! – Disse o castanho, sentando-se no sofá.

- Ahn.

Gerard soltou um muxoxo e pegou uma pedra grande e acinzentada debaixo do sofá, com um sorriso triste para a mesma.

- Por isso a Rochelle nunca se mexe nem pede comida. Ela morreu! – E desatou a chorar, sentando-se no sofá ao lado do irmão.

- Moritz 2, seu irmão tem uma pedra chamada Rochelle. – Eu repeti como um robô, analisando o quão crítico era a situação.

Danny pegou a pedra cinzenta com a maior facilidade e rodou-a em suas mãos. Cravou os dedos na pedra e quase sem fazer força, quebrou a pedra ao meio, mostrando que por dentro ela era feita de isopor. Gerard começou a chorar compulsivamente.

- Santo Cristo!... Além de ter uma pedra chamada Rochelle – Eu comecei – ainda por cima era falsa e de isopor.

- Você queria o que? – Gerard começou – Se eu comprasse uma pedra de verdade, ela iria dar muito trabalho, então eu comprei uma pedra cenário!

Balancei a cabeça negativamente.

- Sendo falsa ou não, pedras não se movem! – Eu quase gritei, incrédula. – E se você já sabia que era de isopor, para que esse drama?!

Gerard me olhou feio e subiu as escadas correndo. Imaginei que ele fosse trocar de roupa ou tomar um novo banho por causa do mel no seu traseiro. Ao olhar para Danny, o garoto acenava negativamente como se eu tivesse feito uma coisa muito malvada.

- O que?! Ele é um idiota!

- Charlie, você não aprende! Ge é sensível. Ele gosta de coisas que vão dar atenção para ele para sempre, porque tem medo de se decepcionar com humanos, e você só o decepciona.

Por um momento, senti pena e tortura naquelas palavras. Só por um momento, o resto eu continuo sendo fria da forma que sempre fui, além de irônica. Até porque, eu tinha motivos para ser assim.

- Uma pedra vai dar atenção para ele para sempre? – Eu perguntei – Uma pedra não dá atenção pra ninguém.

- Uma pedra vai ficar ao lado dele para sempre. – Danny revirou os olhos – Você não é humana, você não sente pena!

Revirei os olhos com desdém.

- Ele tem você. Vai ficar com ele para sempre. – Eu disse.

- Vou, mas ele só me tem! Você mesma deve ter alguém que vai ficar com você para sempre. Mesmo que não more com sua mãe, imagino que vá ficar com ela para sempre...

E o resto, eu não prestei mais atenção. Ele havia falado da minha mãe, dizendo que ela iria ficar comigo para sempre. As lágrimas arderam como fogo nos meus olhos e minha garganta se fechou. Pensei que estava tendo uma reação alérgica ao cappuccino do Danny que tomei de manhã, mas nem era. Era vontade de chorar mesmo. Minha visão embaçou e eu saí correndo da sala para o meu quarto, fechei a porta com força e me joguei na cama, enfiando o rosto no travesseiro.

Devo ter dormido, não ouvi ninguém vir em minha procura, isso me deixava mais triste ainda. Mas eu cultivava solidão, queria colher o que? Alegria que não era. Olhando para o teto, fiz amizade novamente com minha sombra.

Oi sombra. O tédio me persegue. Sentando-me aos pés da cama, vi minha imagem no espelho. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo sem precisar de xuxinhas, ajeitei meu vestido branco e me retirei do quarto. A sala estava vazia. Subi as escadas, vi os dois quartos fechados, mas ouvi Danny falando sozinho, me aproximei para escutar.

- Certo... Peculiar? Joseph, você nos pede para cuidar de uma criança com problemas psicológicos e não conta nada? Como eu poderia saber... Sim, eu quase sei! Mas quero dizer, não posso deixá-la sozinha quando estiver tendo essas crises, isso me deixa...

A campainha tocou. Eu me escondi, planejando a forma que Danny iria passar pela portando quando a abrisse e não poderia me ver ao lado da porta.

Eu só tinha duas informações: Danny falava com meu pai e sabia que eu tinha problemas. Perfeito, minha vida iria se tornar um inferno.

- Preciso desligar, sim, até mais. – E pareceu ter desligado o telefone em que falava. Abriu a porta e saiu voando escada abaixo, gritando rapidamente algo como: - Ninguém atende essa merda.

Desci as escadas em silêncio enquanto ele abria a porta e ouvi vozes conhecidas, que pareciam ser Lucas e Andrews chegando. Gerard passou mais rápido por mim na escada, sem me olhar. Será que os dois já sabiam de tudo? Calei minha mente e a presença dos dois meninos foi confirmada quando cheguei à porta.

Lucas estava desconcentrado e entrou na casa tropeçando nos móveis enquanto lia uma revista em quadrinhos do Batman, era um nerd mesmo. Já Andy, segurava um pequeno buldogue, muito fofo, branco com algumas manchas castanhas.

- Pessoal, olhem só para o que eu achei preso na caixa de papelão no quintal da minha casal! – Andrews anunciou.

- É tão fofo! – Gerard deu um pulo. Isso sim é gay.

- É seu? – Danny perguntou.

- Não, eu achei no quintal. – Andrews respondeu – Ei, Charlie, quer para você?

Eu fiquei em silêncio e enrubesci quando vi todos aqueles meninos olhando para mim. Eu era a garota dos garotos, sempre cercada por quatro deles. Isso é cômico.

- Posso ficar com ele, Danny? – Perguntei e o garoto acenou positivamente enquanto sorria, aquilo me deixou mais corada.

- Agora temos uma cadelinha! – Gerard pegou o buldogue das mãos de Andrews e me entregou.

Era tão fofo, o pelo macio e a carinha triste, mas ao mesmo tempo, mal-humorada. Parecia comigo. Isso me fez rir.

- Parece com a Charlie. – Lucas falou pela primeira vez.

- Estava pensando nisso agora – Danny concordou e um múrmuro de “eu também” encheu a sala por Gerard e Andrews.

- É... – Eu disse pausadamente – Eu também. Isso é algum tipo de indireta?

Todos negaram com a cabeça.

- Vamos colocar um nome nela! – Gerard saltitou.

- Mas espere! Andy, você achou no seu quintal, não acha que pode ser a cadela de alguém? Alguma criancinha deve estar procurando-a. – Danny começou com seu discurso.

Nesse momento, eu já me sentava com a cadela no colo, fazendo carinho em sua cabeça, que lambeu algumas vezes a minha mão. Parecia ser o único ser vivo no planeta Terra que me fez um carinho em dezesseis anos de vida. Então me recordei que sempre quis um cachorrinho.

- Por que não colocamos um nome nela e depois de tirarmos uma foto, podemos imprimir cartazes, porque não será nada legal cuidar de um animal sem nome dentro de casa enquanto não achamos o dono! – Eu disse.

- Primeira idéia boa que a Charlie tem. – Andrews disse, o garoto sem medo de mim. Eu quem tinha um pouco de medo dele.

- No começo até pensei que fosse outra besteira. – Lucas disse, ainda entretido em sua revista – Mas se for para dar nome, pode ser Frida.

Arregalei os olhos. Frida não!

- Nah, pode ser Charlie mesmo por ser parecia com a capetinha que nós temos em casa. – Danny disse rapidamente.

- Podemos colocar o nome da cadela de Facada! – Andrews empolgou – Imagina, “Facadaaa, venha aqui”.

- Gente, não! O nome da cadela vai ser Michelangela porque se eu me lembro bem, Andrews me deu, então eu escolho! – Eu disse.

- Mas eu gosto tanto de Rochelle! Vamos colocar Rochelle em homenagem à minha pedra cenário que morreu hoje de manhã! Vamos! – Gerard disse de forma cativamente, mas eu não caí nessa.

- Vai ser Michelangela! – Eu quase gritei.

- Fui eu quem te dei, então mereço escolher, vai ser Facada! – Andrews retrucou.

- Eu aceitei a cadela, então contente-se vocês dois com Charlie! – Danny disse.

- Já temos uma Charlie que vale por mil! Vamos ficar com Facada!

- Michelangela!

- Rochelle!

- Facada!

Crendo eu que Lucas nem prestava atenção quando ele tirou o buldogue das minhas mãos e virou o animal, mostrando seu sexo para que todos pudessem ver.

- Que tal se o nome dele for Da Vinci? Vai ficar legal. – Lucas deu de ombros – Já que a “cadela” é cachorro.

Tive um segundo para bufar quando a briga reiniciou.

- Facada serve para homem também! – Gritou Andrews, maníaco por assassinato.

- Julius, o marido da Rochelle em Everybody’s hate Chris! – Gritou Gerard.

- Chuck! Masculino de Charlie, mas pode ser Charlie também, que é um nome de homem tanto quanto de...

Ele levou uma almofadada na cara antes de terminar aquela frase.

- Está dizendo que eu tenho nome de homem, Danny?! – Eu gritei.

- Nãaao, Charlie, maninha, você tem nome puramente feminino, ele combina tanto com você que se encaixa perfeitamente... – Disse o Moritz 2.

Resumindo, no final do dia, enquanto tomávamos café da tarde todos juntos, resolvemos que o nome do buldogue seria Indeterminado por um tempo, até que o dono o encontrasse. Ninguém chegava a um acordo! Tiramos a foto do buldogue e Lucas se atarefou de fazer os cartazes.

Eu segurava Indeterminado no colo – ainda – enquanto cada um fazia seu lanche na cozinha.

- Ge, você viu meu cappuccino? – Danny perguntou ao irmão.

- Dispensa, eu acho.

- Obrigado.

E foi pegar sua lata de cappuccino. Enquanto volta a pia notou que meu copo estava cheio daquilo e que a toalha de mesa estava toda suja de pó de cappuccino porque eu havia usado pela manhã e acabado com o pote sozinha.

Danny colocou o pote de cabeça para baixo, fazendo cair poeira em seus olhos. Ele tossiu e depois olhou com raivinha para mim.

- Vamos lá novamente, me explica, Charlie, cadê meu cappuccino?

- Esse negócio de tudo sempre acabar sendo minha culpa está realmente irritando! – Bufei.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou? O/
Essa Chars é 1 peste, mas muito cativante *-*
Estou esperando seus comentários, e por favor, não sejam fantasmas, eu tenho medo ~fazendo carinha de buldogue FAIL~ ~e tentando ser meiga falhamente~
Beijos vocês, té o próximo.