She was Innocent. escrita por Cibelly H


Capítulo 5
Não aceite um convite para as cataratas do Niágara


Notas iniciais do capítulo

Finalmente postei. Vocês vão me espancar pela demora.
Desculpem, mas enfim, leiam *u*



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Vida de semideus não é uma coisa simples. Agora imagine um semideus cupido. Isso, substituindo temporariamente o carinha das flechas de amor. Lindo, para quem não sabe o quão desgastante e cansativo isso é. Ou o quão loucos são seus professores.

Eu só fui me conscientizar da loucura que tinha feito na viagem de volta a Edmonton no carro de Apolo, com Afrodite tagarelando animada no banco do passageiro sobre patinar e ir ao West Edmonton Mall, que basicamente era o maior shopping center de todo o Canadá e ficava justo em Edmonton. Apolo pareceu ignorar tudo, estando, para minha felicidade atento ao trânsito aéreo em seu pedaço-do-sol materializado-em-carro-voador.

E eu estava imaginando jeitos de explicar meu desaparecimento repentino para Meena. E talvez papai, mas duvido que ele perceberia. Nesse momento ele deveria estar ocupado realizando algum transplante de rim ou recebendo prêmios por sua excelência médica. Mamãe provavelmente estaria em alguma daquelas festas para caridade que só pessoas desagradavelmente ricas frequentavam.

— Quanto tempo se passou desde que fui sequestrada? — perguntei, sonolenta.

Afrodite olhou para o relógio.

— Dois dias, variando de acordo com o fuso horário.— ela respondeu docemente — e você não foi sequestrada.

— Dois dias? — gritei quase desesperadamente — Meus pais devem estar dando queixa na polícia nesse momento! Céus, pareceram poucas horas quando eu dormi.

Afrodite ignorou e pôs os fones de ouvido, cantarolando Glória Gaynor. Ótimo, era exatamente de I love you baby que eu precisava.

Suspirei, olhando para baixo. Íamos tão rápido que eu nem fiquei surpresa quando vi a placa "BEM VINDO A DAKOTA DO NORTE". Apolo disse que em menos de uma hora estaríamos em Alberta — completando um ciclo de Nova Iorque até Edmonton em oito horas. É, aquele carro com certeza era mais rápido do que eu imaginava.

Durante quase toda a viagem eu tinha um único foco: não vomitar. Afrodite e Apolo nem piscavam com toda aquela velocidade, me fazendo sentir um tanto patética.

— Estamos quase chegando. Alguém quer antes dar uma passadinha nas cataratas do Niágara? — Apolo sugeriu.

— Que alívio. E não, me leve direto para casa, estou quase a ponto de vomitar os meus próprios orgãos.

— Dramática. Me ajude com o endereço.

Revirei os olhos e expliquei detalhadamente meu endereço. Tive que explicar mais de uma vez, por que Apolo ficava um tanto desatento quando acelerava.

— Certo... Temos um problema. Eu não posso aterrissar aqui com todo esse gelo.— ele falou, só depois de oito horas de viagem.

Xingei e dei um tapa na testa de Apolo.

— Por que você só veio me dizer isso agora ? — berrei. Sério, não se assuste. Em circustâncias normais eu sou ,calma e até um pouco tímida, aconte que deuses definitivamente me tiram do sério. E essas não eram circunstâncias normais.

— Hey, fique calma. Eu sempre dou um jeito. E, por favor, sem violência se você quiser um dia fresco e ensolarado, mocinha. — ele disse, segurando minha mão e depois soltando.

Certo, aquela temperatura corporal definitivamente não era fria.

Claro. Ele é o deus do sol. Faça-me o favor.

— Certo, então qual é a seu plano? —perguntei. Ele franziu o cenho, provando minha certeza de que ele estava totalmente perdido.

— Um telhado. Preciso de um telhado sem neve.

Ah. Isso, continue com esses planos.

— É impossível. Quando a neve cai, ela se acumula sobre a superfície das casas, sabe? — eu estava em uma quase cômica mistura de irritação e diversão e pronunciava as palavras como se estivesse conversando com um bebê. O que eu faço com muita frequência com Andy, o irmão de dois anos de Chance, namorado da Zoe. E eu não estou brincando sobre o nome dele. Bem, uma pessoa que tem como nome um mês do caledário não pode tirar sarro de outra que se chamaChance.

— Não subestime a minha genialidade.— ele disse, pousando em cima de um conhecido telhado vermelho com uma chaminé de tijolinhos vermelhos.

O carro pareceu dar um solavanco e o telhado tremer, mas felizmente não arrebentamos o telhado da pizzaria da minha melhor amiga.

— Céus. Se Meena souber que eu acabei de deixar alguém estacionar o carro no telhado da pizzaria dos pais dela, eu vou me ferrar totalmente. — sussurrei, ainda meio confusa.

— Aterrisagem perfeita! Se eu estiver certo, estamos a seis quarteirões da sua casa. — Apolo pensava ter tido uma idéia brilhante. Funcionou, admito. Mas brilhante é outra coisa.

— Epa. Casa.Como vou explicar minha ausência? Ah, a culpa é de vocês! Vocês vão ter que dar explicações!

Afrodite e Apolo trocaram um olhar confuso, como se dissessem "Eu não, vai você!".

Andy de dois anos deveria ter mais maturidade que esses dois deuses com milhares de anos.

Por fim, Afrodite suspirou, habilmente saltando do telhado para o chão.

— Certo, eu resolvo isso. Agora vamos.Apolo me levantou como se eu fosse do peso de uma folha de papel e se jogou do telhado, caindo em pé ao lado de Afrodite e me colocando no chão em seguida. Me senti um tanto ofendida, sendo colocada no papel de donzela incapaz de pular de um telhado. Mas o pior era que fazia muito tempo que eu não pulava de telhados. Ou brincava de tentar fazer uma bomba em formato de cereja, só para pode literalmente gritar "Cuidado, cherry bomb!"* em pleno West Edmonton Mall. Faz muito tempo que eu não faço mais esse tipo de coisa. (*Cherry Bomb se refere a música "Cherry Bomb" da banda de rock "The Runways")

Desde que meu melhor amigo foi embora.

— June? June, você está me ouvindo? — Afrodite falou, me sacudindo.

— Acho que agora eu estou. Chegamos? — eu percebi que nós tínhamos parado de andar por que havíamos chegado.Lentamente, subi os degraus de mármore irritantemente polidinhos e delicadinhos da enorme mansão de vidro dos Brooks. Eu já havia implorado mil vezes para morar com Meena e sua família, os Stean na linda e campestre casa que ficava há umas três quadras da pizzaria. E já se pode concluir que todos os meus pedidos foram rejeitados, então eu era obrigada a morar na mansão mais espalhafatosa de provavelmente toda a grande Edmonton. Não que a casa fosse exatamente um horror, mas eu tinha um certo complexo com paredes de vidro, tentando ao máximo não me encostar nelas, temendo que eu quebrasse o vidro e caísse diretamente na rua e quebrando algumas costelas, como eu fiz quando tinha sete anos. E de vez em quando um monte de turistas admirados pela arquitetura moderna e extravagante paravam em frente e começavam a tirar fotos. A única coisa que eu podia fazer era entrar de fininho escondendo meu rosto para ninguém descobrir que moro ali.

Apolo deu um assobio, olhando a casa.

— Eu pensei ter ouvido casa e não mansão. — ele comentou, não ajudando em nada.

— Por favor, finja que é uma casa como qualquer outra. Quatro andares já é vergonhoso e traumatizante o suficiente. — gemi.

Ele assentiu, mas não conseguiu evitar dar mais uma olhada. Eu toquei nervosamente a campainha várias vezes, até que mamãe, ao telefone, abre a porta. Ela deu um grito e me abraçou, por algum tempo me pegando de surpresa. Mrs. Katherine Brooks não era o tipo de pessoa que gostava de dar demonstrações públicas de carinho.

— Onde você esteve? Estávamos desesperados! — ela disse em um tom serevo, mas preocupado.

— Ah... Mãe... Temos visita. E acho que essas pessoas podem explicar tudo. — falei, saindo do abraço e apontando para Apolo e Afrodite, sorrindo e acenando para mamãe. Minha mãe olhou para mim quase em pânico e eu decidi que era hora de sair e deixá-los se entenderem.

Entrei no meu quarto quase abraçando casa coisa que via pela frente. Eu senti falta das paredes verdes, da cortina lilás. Da bagunça e do frio, mesmo do frio eu senti saudade. Admito, não tanto. Mas senti alguma coisa. Deitei na minha cama e dormi por um tempo indeterminado, só acordando quando ouvi batidas na porta e Meena aparece, com um vinco na testa de preocupação e arfando. Ela ainda estava com a farda da Stean's Pizza, então deduzi que ela correu quando recebeu a notícia. Ou quando me viu de carona em um carro estacionando no seu telhado, mas torci que fosse a primeira opção.

Eu não estava com muita paciência para lidar com " Oh, Meena, acabei de descobrir uma coisa! Sou uma espécie de mutação humana-divina! Adivinha: meu pai é o deus do amor e não sabe que eu existo! Fui sequestrada pela mãe dele e vou ser treinada pelo deus do sol dos solteiros e de um monte de coisa para substituir temporariamente meu pai como cupido! Ah, ele é um gato total e me deixa nervosa e acabou de estacionar o carro no telhado da sua pizzaria! E eu estou começando a achar que vou ter uma nova crise histérica por falta do meu melhor amigo Marvel que foi para outro país há quatro anos."

— Onde. Você. Estava.— ela silibou.

Eu não resisti e dei uma risada bem sarcástica, imaginando qual seria a reação de Meena se eu dissesse a verdade.

— Eu fiz uma pequena viagem com uma... Amiga.— foi a melhor coisa que eu consegui criar. E, em parte, era verdade.

Ela levantou a sobrancelha.

— June, eu sou sua única amiga. E você nunca viajaria do nada sem avisar. — ela me desmentiu.

Suspirei. Era impossível mentir para alguém que se conhece há quatorze anos.

— Meena, eu adoraria poder te explicar mais... Eu não posso.

Ela remexeu o colar dourado com pingente de floco de neve.

— Eu confio em você. Mas como posso saber se você está bem se não puder me contar a verdade? — ela disse, com uma voz meio afetada. Meena era tão pequena, tão delicada e com uma cara infantil que ninguém acreditava que ela tinha dezesseis anos. Ela poderia ser irmã de Kate e Zoe, com os olhos igualmente azuis e o cabelo loiro. Bem, eu tinha que ser a ovelha colorida da família.

— Eu vou ficar bem. É só que bem... Eu aceitei um emprego. E ele é um tanto diferente.

Ela não conseguiu conter o riso.

— Dá última vez que você conseguiu um emprego foi um completo desastre. Lembra?

Oh, como eu poderia me esquecer que explodi a cozinha da pizzaria dos pais de Meena acidetalmente jogando uma embalagem inteira de mentos em uma garrafa de Coca?

— Seus pais nunca vão me perdoar.— gemi.

Ela estava rindo tão descontroladamente que precisou se sentar na beira da cama para se acalmar.

— Verdade incontestável. Mas você precisava ver a sua cara de desespero, gritando que tinha criado sem querer uma bomba nuclear.

Até eu ri, mas não era o que eu possa chamar de boa lembrança. Sentei ao lado de Meena.

— Acho que isso não vai ser um ponto positivo no meu currículo.

— Definitivamente.

Depois do que deveriam ser horas, a porta finalmente se abriu. Era Afrodite, mas sem o mesmo entusiasmo.

— Sua mãe chamou você e mandou dizer que o pai da sua amiga pediu para ela voltar pra pizzaria.

Nós duas obedecemos e eu fui até a biblioteca, onde estavam mamãe, Apolo e um cara alto, com mãos nervosas remexendo o que achei ser um quadrado irregular meio amarelado. Ele usava uma camiseta surrada laranja e tinha um cabelo preto bagunçado para todos os lados que só uma pessoa poderia ter.

Marvel.



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Notas finais do capítulo

Quem.É.Marvel?
Descubram no próximo capítulo.
E a camisa é meio familiar, não acham...?



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