She was Innocent. escrita por Cibelly H


Capítulo 4
Queda livre rumo ao Starbucks.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, sério. Eu realmente sei que magoei vocês, mas quero que entendam que eu tinha trabalhos para começar e terminar. Talvez esse mês os capítulos demorem um pouco por causa das provas finais, mas vocês me perdoam?
Prometo postar mais rápido quando passar.
Podem ler agora (:



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O sujeito sorriu, revelando quase toda a arcada dental. Eu geralmente achava esse tipo de sorriso uma ridícula exibição de um grande cheque gasto em clareamento dental, mas até que aquele sorriso foi decente.

— Ótimo, adoro conversas femininas! — sua voz era aconchegante e aveludada, como o verão — Ah, oi June! Apolo, prazer em conhecer.

Fiquei estática, encarando o sujeito. Afrodite pareceu um tanto descontente com sua presença.

— Saia. Agora. Estando assustando-a. — ela disse, firme e forte.

— Hum... Geralmente não é essa a reação que eu desperto nas pessoas. Ou não. — ele disse, pegando no queixo. Parecia realmente pensativo.

Dei um tapa na minha própria testa. Sério, esse era o tipo de gente com que eu iria conviver de agora em diante?

— Certo, me deixe adivinhar.— falei, recompondo a expressão — Deus dos solteiros, do sol, do arco e flecha e da medicina? Aquele carinha que em quase todas as vezes levava um pé na bunda?

Ele levantou uma sobrancelha.

— Nem todas. E tudo por causa do seu pai. Ele implica comigo. — Apolo respondeu.

— Bom saber. — falei, desejando muito ter faltado ao treino de Meena naquela manhã.

Afrodite parecia esquecida em toda aquela confusão.

— Apolo, por que você só sabe atrapalhar? Eu já disse, as aulas só vão começar amanhã! — ela disse.

— Eu não sei não. Acho que ela vai enlouquecer se ficar mais um segundo com você ou Ares. — ele disse.

— Aulas? Espera aí, aulas de quê? — berrei.

Eles me olharam assustados, como se nunca tivessem visto alguém berrar.

— Ah. Você ainda não contou a ela que ela vai ser o novo cupido? — Apolo falou.

Espera aí.

Espera aí.

Para tudo.

O novo cupido?

— Mentiu para mim. Disse que meu pai queria me matar por que a mulher dele não gostou de ser traída. Disse que Hera estava contra mim por que eu era fruto de duas traições. Mentiu para mim! — gritei, batendo com força no balcão.Fiz uma nota mental para não fazer aquilo de novo — meu pulso nunca doeu tanto.

Afrodite estava em silêncio. Evidentemente procurava um jeito racional de explicar tudo aquilo.

Apolo encarou Afrodite, um tanto surpreso.

— Não sabia que você era tão criativa. Conspiração divina, hein? Qualquer um aceitaria vir com você. — por mais séria que a situação fosse,Apolo até me fez cogitar um sorriso.

Um suspiro. Uma fala suspensa no ar. Afrodite ainda não sabia o que dizer.

Levantei-me, disposta a pegar o primeiro avião para Edmonton que visse.

— Você disse alguma coisa que não fosse mentira para mim? — falei a meia voz.

Ela encarou os sapatos, desviando do meu olhar.

— Odeio mentir. Isso mexe comigo de uma forma... Uma forma que machuca. Eu sei como está se sentindo. June, eu preciso de você. Mais do que qualquer coisa que já precisei. E, por favor, me deixe explicar. — ela disse, com sua voz doce e aveludada que quase me enganou de novo.

— Você já teve sua chance de explicar. — falei, partindo em direção ao Lobby.Eu não tinha exatamente um plano em minha mente. O elevador tinha aquele cartão de acesso. Onde Afrodite o teria colocado... Certo. O Lobby tinha janelas. Eu só precisaria de um pára-quedas improvisado e talvez caísse no telhado pontiagudo... Aí era rezar para que o homem aranha existisse.

Ou morrer

— Desculpa me meter, mas acho a segunda opção mais provável. — Apolo disse, repentinamente aparecendo ao meu lado e quase fazendo a segunda opção acontecer com o susto que me deu.

— Você é um deus, certo? Então me tire daqui. Acho que seus parentes me devem isso. — ordenei, apontando para a porta que levava a cozinha, de onde Afrodite misteriosamente não saiu. Ele deu um meio sorriso e suspirou.

— Acredite em mim, esse não é o procedimento normal. Você é um caso especial. — levantei a sobrancelha.

— Acho que nada da sua realidade se aplica a termos como "normal" — retruquei.— Acho que você precisa urgentemente se distrair. Se não eu também enlouqueço. — ele disse, olhando para as janelas como se visse um mundo diferente lá fora. Assenti como quem conspira.

Parecia inevitável agora ficar cada vez mais sufocada ali dentro. Apolo chegou mais perto de uma janela e abriu-a. Ele se colocou um pouco para fora, para medir o tamanho. Depois sussurrou para mim.

— Eu tenho um plano, mas precisa confiar em mim.

Seus olhos não eram muito fáceis de olhar, eles prendiam a miha atenção. Em poucos minutos eu já sabia que encarar aqueles olhos era uma armadilha mortal.

— Honestamente? Confio em qualquer um que me tirar daqui. — sussurrei — Qual é o seu plano?

—Eu pulo. Você pula. Eu chamo meu carro. A gente cai nele.— ele sorria, se vangloriando do brilhante, comum e infalível plano.

Dei um tapa na minha testa.

— O que te faz pensar que o seu carro vai voar até aqui? — tive a teimosia de perguntar. Ele sorriu.

— Você verá.

E, sem mas nem menos, segurou minha mão e me puxou, fazendo nós dois cairmos do 274ª do Chrysler Building.

O vento era tão forte que parecia sugar toda a minha pele. A única coisa que eu conseguia ouvir era o zumbido do vento, forte demais para uma primavera de Nova Iorque. Eu quase não sentia mais meu corpo quando percebi que estávamos há alguns metros da antena do segundo maior edifício de toda Nova Iorque — que morte trágica

. Será que quando achassem meu corpo conseguiriam alguma explicação para "como ela foi parar logo na antena do Chrysler Building?" Provavelmente nem encontrariam meu corpo, só alguns restos mortais espalhados por toda a Manhattan.

— Aqui! — Apolo gritou em meio a ventania.Nosso destino trágico parecia cada vez mais próximo. Mais perto e mais perto, a antena parecia uma coroa de diamantes sobre o edifício. Diamantes pontiagudos, resistentes, inquebráveis e mortais...

Quando eu estava prestes a fechar os olhos para não ver a trágica cena alguma coisa dourada apareceu debaixo de mim. Um carro, percebi depois. Ao invés de rodas ele tinha o que deveria equivaler a um propulsor a jato, soltando fogo pelas ventas. Caí de bruços no banco de trás, enquanto Apolo aterrissou em posição perfeita na cadeira do motorista.

Essa teria sido a coisa mais estranha do meu dia se eu não tivesse descoberto que o deus da guerra era meu avô.Me levantei respirando com dificuldade e com o coração a mil. Apolo dirigia o seu carro voador em uma velocidade mais rápida do que a nossa queda, me fazendo constantemente ficar focada em não vomitar. Ele só parou quando chegou ao asfalto, estacionando em frente ao Starbucks.

— Foi divertido. Devemos fazer mais vezes! — ele disse, como qualquer pessoa que pula todo dia de janelas do 274ª andar.

— Devia agradecer por meu pescoço ainda apoiar minha cabeça! Céus, eu realmente achei que iria morrer. — murmurei, ainda arfando.

Ele revirou os olhos, abrindo a porta do carro para minha saída e em seguida fechando o capô. Imaginei se a experiência teria o mesmo sucesso com o capô fechado.

— Não exagere. Agora vamos, um delicioso Mocha Franppuccino me aguarda.

Deveriam ter passado horas que eu nem notaria. Estar longe da minha atual realidade era um fator inibidor de qualquer sentido sensorial de horário. Depois de comer o que deveria ser alimento para uma família inteira, conversamos sobre o real motivo de Afrodite ter me sequestrado.

— Espera. Me deixa processar a informação. Eros resolveu tirar um período de férias sem data para retorno e Afrodite precisa de um cupido temporário, que, no caso, sou eu. Então, por que ela não me disse a verdade desde o começo? — perguntei, dobrando nervosamente um guardanapo.

— Ela tinha medo de que você não aceitasse o cargo.— ele respondeu prontamente.

— Bem, isso vai acontecer de qualquer jeito. Segunda pergunta: ela vem me protegendo todos esses anos mesmo ou não passou de uma mentira? E por que?

Ele não respondeu prontamente dessa vez. Passou algum tempo encarando o trânsito pela janela.

— Sim. Por que ela sempre soube que um dia precisaria de você. — suas palavras foram com dificuldade entrando e ressoando na minha mente, me fazendo refletir.

Uma parte de mim...

Uma parte de mim devia isso a ela, embora a outra parte quisesse voltar para o mundo de fantasia onde deuses olimpianos não existem.

De qualquer forma... Eu não estava mais no meu outro mundo. A outra parte de mim, a parte, digamos, "divina" sabia que essa responsabilidade poderia, de formas bem melosas, salvar o mundo. Por que o mundo sem difundir o amor... Era um mundo em guerra. E a última coisa que eu pretendia no momento era deixar meu avô dominar o mundo.

— Não que eu tenha mudado de idéia, mas... Hipoteticamente, se alguém aceitasse esse cargo, o que a pessoa em questão teria que fazer? — perguntei, com um falso desinteresse.

Apolo sorriu, percebendo minha relativa mudança de opnião.

— A pessoa em questão sairia por aí com suas flechas de amor flechando que julgasse necessário. E quem Afrodite pedisse, claro. O cupido é subordinado a Afrodite, mas tem sua liberdade. — ele falou, colocando os pés na mesa. Eu lhe dei um olhar reprovador e ele colocou os pés no chão.

— Mas e quanto a vida pessoal da pessoa hipotética? Ela... Nunca mais veria sua família? Teria que morar com Afrodite? — perguntei, me dando conta que mamãe, Meena e talvez Kate estivessem desesperadas, querendo saber onde eu estava.

— June... Eu não sei, mas acho que se Afrodite concordar você poderia exercer a função de Cupido na sua própria cidade. Se ela concordar, acho que será possível que você recebe o treinamento lá mesmo. Vê? Não é tão ruim. — eu podia sentir ele se iluminar mais com o pensamento de deixar o Canadá mais ensolarado.

 — Hey, estamos falando de uma pessoa hipotética, o.k.? — falei, me levantando — Pague a conta. Acho que a pessoa hipotética em questão precisa ir até o Chyrsler Building aceitar um emprego.


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Notas finais do capítulo

E aí, compensou a demora?
Alguém adivinhou que Afrodite escondia algo tão grande?
Beijos, quero reviews!



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