Vestígios escrita por tamirisweinert


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, um pouco mais longo. :D
Boa leitura!



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"Acho que eu devo me conformar que eu perdi você, apesar de isso não fazer parte dos meus planos.", tamanha insanidade, (e talvez arrependimento), lhe fizeram imaginar nítidamente os lábios de Urie pronunciarem cada palavra, próximo de seu lóbulo, invadindo sem aviso algum o que restava de sua racionalidade. 

O passado tinha retornado para um lapso de memórias confusas. Retornou os olhos à tela do computador, lendo atentamente. Estava pagando o preço por não ter dito o quanto ele significava aos seus olhos. 

Tatuagens, quatro delas - duas acima de seus cotovelos -, pensara em removê-las há algum tempo. As roupas, - em caixas no fundo de seu sótão algumas delas apenas, que não pôde devolver por puro egoísmo. Discos, - em uma das gavetas próximas de seu aparelho de som, os colocava para tocar quando sentia falta de Brendon. Karma Police,- suor nos bancos de couro, vidros embaçados, doloroso, gemidos, terrívelmente amável. Praia, - distante, turbulento, sempre.   

Suspirou, enquanto pegava seu celular e rapidamente digitava uma mensagem. Haveriam arrependimentos? Provavelmente. Mas, ignorá-lo era rude demais e seria mais um erro não responder. Que se danasse, Sarah, Z Berg, mídia, carreira. 

"Starbucks, Las Vegas. Segunda-feira,14h30min. R. R." (...)

Deitou-se no sofá, entediado, esperando que algo acontecesse, fitou o teto, falando consigo mesmo o quanto era estúpido por ter caído em si meses depois em que deixou o Panic! para trás, que era massoquista em manter algo que chamava de relacionamento com Z Berg, descontar suas frustrações na garota. Seis anos, seis primaveras, eram tempo o suficiente para ter certeza que sentia falta de Urie por um motivo único.  

Sentiu o bolso vibrar, pouco depois de trinta minutos, tateou o aparelho e abriu a nova mensagem. 

"Hospital de Salt Lake, Brendon está com suspeita de ter contraído malária. Próximo vôo para Salt Lake City em duas horas. Corra. - Spencer Smith." 

Arregalou os olhos. Como era? Correu em direção ao quarto abrindo uma das malas que acabara de desarrumar após uma viagem com Z Berg, e atirou as primeiras peças de roupas que viu em seu guarda-roupas.

Calçou seus sapatos, e saiu porta a fora, com as chaves do carro em sua mão. Colocou a chave na ingnição, após afivelar seu cinto de segurança. Bateu nas bordas do volante gritando um sonoro: 'merda!', dirigindo em direção ao aeroporto.

(...)

Torceu os lábios ao ver a intravenosa em sua veia com o soro fisiológico pingando em gotas mínimas de ruído irritante, aquele leito do qual seu corpo sentado estava repousado era pequeno em meio a tantos cobertores e travesseiros. 

Exames. Retirada de sangue, diagnósticos, pílulas, termômetros. Bastava Sarah adentrar o quarto com mais um suposto médico, e ele enlouqueceria, - de vez. Por Deus, qual era a dificuldade em aceitar o fato que se sentia bem depois de duas horas em observação? E a roupa descartável para enfermos? Não existia humiliação maior do que caminhar pelo quarto semi-nu com o olhar da enfermeira em suas nádegas, depois de Spencer rir sobre, lhe trouxe pijamas e o fez vesti-los. (Nota da autora: Qualquer enfermeira olharia, certo?) Finalmente, estava só.

Apenas o som do ecooar de passos apressados no corredor, uma respiração acelerada audível e falha, se aproximando do quarto. Inspirou profundamente, lamentando a intromissão de seu recente devaneio.

Um esboço de sorriso surgiu no canto de seus lábios, era ele. Ryan Ross estava no batente da porta, ofegante, após fechar a porta atrás de si e trancafiá-la. Com a camisa verde água dobrada até os cotovelos, vestindo um colete de veludo preto, calças jeans de lavagem escura, cabelos bagunçados e sapatos sociais. Deu passos vacilantes em direção à Brendon, resgatando o silêncio que estava presente há poucos minutos atrás, o fitou.

Chocou a mão contra o rosto de Urie. E o abraçou. 

- Você me deu um tapa...? - Surpreso. - Oi, aliás. E não, não estou com malária.  

O mais velho sorriu trinfunte.

- Saber do noivado do seu melhor amigo via-internet não é tão agradável quanto parece. - Separou-se do corpo de Brendon, sentando-se na margem da cama. - Digo o mesmo quanto esta situação. 

Arqueou as sobrancelhas. 

- Situação um: suspeita de malária. Situação dois: estou prestes à subir ao altar com Sarah, amando outro alguém, sendo que ele está na minha frente neste exato momento. Ou... Situação três, a minha preferida: não quero conversar sobre o que acontece entre nós, mesmo sabendo que há altas possibilidades de terminamos na cama. (Nota da autora: Minha situação pervertida, quer dizer, preferida. ;D) - Riu ao terminar. 

Ross sentiu as maçãs do rosto corarem, desviou o olhar para o aparelho que registrava batímentos cardíacos, em seguida voltando a Urie.

- As três situações são embaraçosas o suficiente e todas são reais. - Confessou. - E quanto a última delas, está certo sobre eu não querer relembrar.

Silêncio, - tão profundo ao ponto de ser possível ouvir a própria pulsação o ensurdecer -, continuou sentado na cama, e logo levantou-se andando impacientemente pelo quarto. Escondeu as mãos trêmulas nos bolsos da calça, enquanto Brendon suspirava e afundava o rosto entre os joelhos. Sabia muito bem à que ponto aquilo tudo chegaria.

- Brendon... - Disse. - Não, não, não. - Aumentou a voz.  O encarou, parando imediatamente. 

- É inevitável. Aceite. - Respondeu, sustentando o olhar de Ross. - Por favor, não fuja como da última vez. - Sussurou. 

Ajoelhou-se perante o leito, na altura dos olhos de Urie, com os olhos marejados, tentando disfarçar as lágrimas fitando o chão. O mais novo lhe afagou os cabelos, tomando a face em suas mãos o trazendo para perto, roçando os lábios levemente nos dele, - um leve arrepio o fez estremecer -, cedeu sentindo a língua macia de Brendon invadir sua boca, as mãos enroscando em seus cabelos. Apenas se separaram quando lhe faltaram ar. 

- Brenny... - Ryan disse, um pouco tonto por interromper o beijo tão rapidamente.

Um ruído o fez ficar de pé em um pulo, a maçaneta girou inutilmente e a voz conhecida soltou algumas palavras de baixo calão. 

- Querido. - Sarah chamou.  Não evitou revirar os olhos, com Brendon rindo baixinho ao seu lado.  - Por que a porta está trancada? - Perguntou.

- Para que nenhuma vadia entre. - Ross rebateu com a voz baixa. (Nota da autora: Ai, essa doeu!)

- Desculpe, querida. - Brendon a respondeu. - Alguma enfermeira a trancou, procure por ela. 

A sombra projetada no chão do quarto se afastou, e aquela foi a deixa para que Ryan saísse do quarto depois de anotar seu endereço e telefone em um papel qualquer para Brendon.

"Me ligue, não importa o fuso-horário. 

P.S.: Eu te mato se não me visitar na próxima segunda-feira. RyRo."

Sorriu largo, guardando o papel em um dos bolsos do pijama que vestia. 


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