Vestígios escrita por tamirisweinert


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá. Devo confessar que estou ciente que este capítulo ficou curtinho, mas na minha opinião, foi o melhor até agora. A parte com aspas após os pontos com parênteses é um e-mail que o Brenny está escrevendo para enviar para o RyRo.
Boa leitura!



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Um suspiro lhe fez levantar os olhos, fitando o outro extremo do cômodo. Tentou sorrir, mas o que conseguiu foi um leve frizar de lábios. Estava exausto, pendia a poucos centímetros do chão com os braços lhe envolvendo em torno das axilias, de forma com que o imobilizasse, - inútil a tal ponto. Quem lhe dava apoio para deixá-lo firme sobre seus pés, o deixou deslizar de suas mãos.

Tamanha naúsea o fizera curvar-se em sentido ao chão, enquanto sentia o gosto do próprio sangue invadir-lhe a boca. Pousou uma das mãos em seu estômago, tamanha dor não se propagava ao que sentia. Levantou-se, trêmulo, e encarou o mais velho. 

Mágoa. Frustração. Mentiras. Indiferenças. Tudo aquilo tornava o ar ainda mais rarefeito no estúdio, inspirou com dificuldade, e exalou engasgando com o nó mantido em sua garganta. 

Pela primeira vez, o mais velho se moveu. Moveu-se tão calma e lentamente, que o deixou aflito, se densvecilhou das mãos de Jon, - que o segurava firmemente pelos quadris -, e se posicionou de modo que pudesse ficar de pé por alguns minutos.

- George. - A voz saiu falha. - Por quê? - A única palavra que conseguiu pronunciar em meio as lágrimas que saíram sem sua permissão. - Eu confiei em você, Ryan! - Gritou, o fitando. 

Acordou de modo brusco, gotas de suor contornando sua feição confusa. 

- Brendon. - Spencer o chamou. - Tudo bem?

Eram por volta das quatro da manhã, após uma hora de show, Spencer estava exausto, tudo o que conseguira fazer pouco antes de se deitar fora tomar uma breve ducha fria e mudar de roupas. Fazia alguns minutos em que estava em repouso na cama de solteiro do hotel, pensativo, - para ser exato, com os pensamentos focados em um alguém que se encontrava há milhas de distância -, e depois de um momento silêncioso, um grito em meio a escuridão. 

O abraçou, depositando um singelo beijo em meio aos cabelos bagunçados de Urie, que banhou parte da manga de seu pijama com lágrimas. 

(...)  

"Salt Lake City, 2011.

Nem ao menos sei como iniciar um contexto lógico ao seus olhos nessas palavras. Porque você pensa que tudo o que deveria ser dito, já foi esclarecido. Sinto muito, está errado. 

Estava lembrando de 2006. Palavras que definam os anos seguintes a esse: vazios, nostaúgicos. 

Lembra-se do verão em que nos conhecemos? Era verão, dia de ar parado, sol dourado, e Spencer me levou à sua casa. Você estava sentado na grama, com as mangas da camisa dobradas até os cotovelos, de óculos escuros, com um copo de chá gelado em suas mãos. 

Terceiro ano do ginásio. Nós transamos no banco traseiro do carro do seu pai, ouvindo Karma Police. Roubamos absinto do armário de bebidas da cozinha, e subimos no telhado para consumi-la, depois acendemos alguns cigarros enquanto as primeiras estrelas surgiam no céu. 

Ano da faculdade. Decidimos não escolher uma profissão, julgaram você, te expulsaram da própria casa. Me julgaram, Brent e Spencer também. Que éramos garotos ingênuos em trocar nossas vidas por um futuro incerto. Não importava, continuamos. 

2006. Praia, pouco depois de subirmos ao palco para nosso último show da turnê, dançarinos, equipe, Spencer, Brent, você e eu. Todos vestindo as roupas intimas ou nus, alguns sóbrios, muitos bêbados. Outra vez, transamos, dessa vez, de um modo mais intenso e caótico, - pior -, com uma pequena multidão em volta. Não nos importamos, de novo.

Depois, tatuagens. Juntos. Empréstimos de roupas. 

E, onde eu me perdi? Tudo o que me lembro após isso tudo é uma sequência de discuções, brigas, reconsilações à contragosto. 

2011. Agora. Eu, noivo. E Ryan Ross, provavelmente, com Z Berg, porque é nela quem você desconta afeto, - o afeto que eu consegui ter por um tempo. Eu, Brendon Boyd Urie, fingindo felicidade. Você, George Ryan Ross III, anestesiado.

Onde está o garoto que sempre tinha uma caderneta ao lado da cama, caso tivesse pensamentos novos? Que me acordava no meio da noite para conversarmos? 

Acho que eu devo me conformar que eu perdi você, apesar de isso não fazer parte dos meus planos. 

Me mande notícias.

Eu amo você."

Com receio, clicou no botão 'enviar'. Agora o que restava era esperar.


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