Eu e Tom saímos dali e fomos direto para o meu carro. O caminho até o meu apartamento pareceu interminável, nenhum dos dois disse nada, apenas respirávamos, fiquei imóvel olhando a passagem passar enquanto pensava em tudo que já aconteceu comigo e Georg. Tom dirigia sem nem piscar. Assim que chegamos ao meu prédio sai rapidamente ao carro enquanto Tom entregava a chave para o manobrista do meu prédio.

Logo ele já estava parado imóvel ao meu lado esperando o elevador, apenas ouvi sua respiração profunda.

O elevador chegou e logo entramos, assim que as porta se fecharam Tom me puxou para ele me abraçando serenamente, minha cabeça ficou muito bem acoplada no meio do peitoral superior dele, o mesmo beijou a parte superior da minha cabeça antes de apoiar o queixo nela. Foi extremamente relaxante ficar ali nos braços dele, naquele momento morar no último andar. Assim que as portas se abriram Tom cessou ele cessou nosso abraço, entrelacei minha mão na dele, o mesmo sorriu meio desanimado enquanto caminhávamos até a porta do meu apartamento.

Entramos no meu apartamento e então comecei a falar pra ele tudo que ocorreu entre mim e Georg. Tom ouviu tudo atentamente, ele mantinha um olhar indecifrável, e pediu detalhes, não dava para imaginar qual seria sua reação assim que terminei de falar.

 _Sei que não posso disser desculpa, mas eu sei que errei e vou entender se você quiser me xingar e sumir da minha vida, eu mereço! Afirmei de pé na minha sala, com Tom a alguns metros de distancia de mim apoiado na porta de entrada do meu apartamento.

­_Admiro muito sua coragem, entretanto preciso pensar em tudo que ocorreu antes de tomar uma atitude!-Afirmou ele já com a porta aberta.

_Tom, por favor, não...

_Pode deixar não vou fazer nenhuma burrada Disse ele antes de fechar a porta já com o celular na mão, talvez precisasse conversar com o irmão.

Assim que ele saiu fiquei uns minutos olhando para porta, antes de ir tomar um banho longo. Aproveitei o tempo livre para poder terminar minha coluna do The New York Times e começar a da Moxie. Antes de Solange ir passar o fim de semana na casa dela, ela deixou meu jantar pronto e todas as ligações do dia anotadas no bloco perto do telefone. Por volta das 10 horas da noite desci para sala onde liguei a televisão, aproveitei para ligar para Lizzie precisava conversar um pouco, mas o telefone dela tocou até cair na secretária eletrônica.

Sem nada para fazer e não prestando atenção na televisão, resolvi ler os recados que Solange havia escrito, eram apenas mais e mais ligações de trabalho. Depois de ler tudo resolvi ouvir as mensagens deixadas na minha secretária eletrônica, o primeiro era um imenso recado de 20 minutos deixado por Clair, o que achei estranho, já que a mesma quase nunca me liga.

Nos primeiros 5 minutos ela falou apenas como estava com saudades de mim, Hillary, povo da Moxie e principalmente de New York, pediu para eu dar uma olhada no seu apartamento que está em reforma, moramos  no mesmo prédio e temos a chave uma do apartamento da outra. Os 10 que se seguiram acabei sendo atualizada sobre todas as novidades de Paris e a semana de moda, já iria fazer um mês que Clair estava morando na cidade luz, a mesma me pareceu louca para voltar para nossa selva de pedra. Os 5 minutos finais foi ela explicando que havia acabado com seu namorido Josh depois que o mesmo admitiu que não estava pensando em se casar com 24 anos. Clair sempre teve o objetivo de se casar com 25, como a mesma estava com 23 anos, achou melhor terminar com ele para poder tentar procurar algo melhor. Ela sempre teve medo de ser a mulher mais velha a se casar na sua família, de jeito nenhum ela queria aquele título que hoje em dia pertencia a sua prima Lindsay que se casou aos 26 anos.

Clair se formou em jornalismo na faculdade de Columbia, nasceu e viveu a vida toda no Upper East Side, filha de dois bem sucedidos cirurgiões plásticos, herdará a beleza da família do pai e bom gosto, educação e requinte de sua mãe. Loira, alta, olhos verdes, corpo lindo, tudo na medida certa, nem peito de mais nem bunda de menos, curvas na medida certa. Fazia o estilo Blair Waldorf, vestindo apenas roupas finas de grife e na maioria das vezes em tons nude, sempre acompanhado de um belo salto alto, sempre trabalhou como diretora da parte de moda da revista, conhecia todos que se devia conhecer em Manhattan. Seu apartamento era impecavelmente decorado, e vivia em reforma para se adequar as novas tendências, nunca entendi como nos tornamos melhores amigas, só sei que depois que nos conhecemos nunca mais fui obrigada a comprar mais nenhuma roupa, e meu apartamento ficou descentemente decorado.

A segunda mensagem era de Less meu chefe e dono da revista, me chamava para passar o fim de semana com ele e outras pessoas no Hamptons.

As outras mensagens eram de novo sobre trabalho, e alguns convites para festas.

Por volta das 11 horas da noite resolvi pegar meu celular para ver se Tom havia me ligado, mas para minha surpresa encontrei 13 ligações perdidas do Bill, e 3 da Hillary. Resolvi ligar antes para Hillary, logo na segunda chama ela atendeu.

_Oi Hillary, aconteceu algo amiga? Perguntei depois dela me disser um oi desanimado.

_Espera antes de eu te xingar até não querer mais, o Bill queria falar com você Disse ela e antes que eu pudesse perguntar o porque do Bill estar com ela essa hora da noite, já ouvi Bill começando a me perguntar se seu sabia onde Tom estava.

_Não vejo ele desde as 5 horas da tarde, não sei onde ele esta, pensei que ele tinha ido conversar com você Afirmei enquanto esperava minha lasanha esquentar no microondas, se Hillary visse o que eu estava para comer naquele momento ela com certeza começaria a me falar de quanto aquilo tudo pesaria no meu corpo, quantas horas de caminhadas eram precisas para queimar tudo aquilo.

_Rach eu estou preocupado com meu irmão, se ele for para ai você me avisa, por favor? Pediu Bill parecendo-me muito aflito.

_E você também me avise se ele chegar ai Disse um pouco antes de desligar o telefone.

Pequei minha lasanha e meu celular e me sentei no sofá, entretanto mal comi qualquer coisa, meus olhos estavam extremamente vidrados na tela do meu celular.

Eram por volta das 2 horas da manhã e eu já estava dormindo quando a campainha do meu quarto tocou, assim que abri fui surpreendida por um imenso buquê de rosas amarelas, daquelas que se usa para festas de formatura ou casamentos, de um amarelo que me lembrou Clair, ela odeia cores fortes. Tom estava ali com flores, ele entrou calmamente no meu apartamento, pediu desculpas por todas as burradas que fez comigo, não entendi nada, mas o desculpei. Ele resolveu que poderíamos tentar novamente e ver se dessa vez dava certo. Só sei que depois de Tom resolver tudo com Bill, acabamos passando a noite todas vendo filmes engraçado e acabamos os dois dormindo no meu sofá.

Algumas semanas havia passando, e eu estava extremamente feliz ao lado de Tom. Nem queria lembrar-me daquele dia desastroso no clube. Só sei que devo ser a pessoa mais transparente do mundo, por que Hillary assim que me viu na segunda-feira depois do ocorrido me deu um enorme sermão sobre lealdade, e como Tom estava sendo um cara legal comigo depois de tantas vaciladas minhas.

Lizzie acaba de me ligar chorando e disse que está vindo pra minha casa. Meu Deus, por favor, que ele não tenha acabado o casamento com ela, como eu sou sínica, até parece que não iria me sentir feliz se isso acontecesse. Esquece ele é casado com ela, não tenho que tirá-lo da minha cabeça. Solange acabou de sair do meu quarto me dizendo que Lizzie já me aguardava na sala.

_Lizzie o que foi? - Perguntei enquanto caminhava em direção dela que estava chorando que nem uma doida no sofá.

_Eu perdi meu anel de casamento.

Não acredito que ela está fazendo essa loucura toda só por uma jóia. E só ir avisar o seguro, caramba a Lizzie está mudada.

_Já ligou para o seguro?Por que se ta fazendo esse escândalo todo? Deve estar em algum lugar, onde se deixou ele da última vez?

_Na casa - Diz ela chorando que nem uma louca. Deve estar menstruada.

_Na sua?

_Eu traí o Georg- Diz Lizzie chorando agora de soluçar.

Olho para ela, visivelmente chocada.
Sim, Lizzie é uma namoradeira. Sim, ela vive se arriscando. Sim, ela é egoísta. E sim, ela adora a atenção masculina. Os atributos se somam e fazem sentido. Não me surpreende ela ser capaz de trair Georg. Quer dizer, Georg não é como ela e também é capaz disso. Ainda assim, estou chocada. Como alguém no mundo teria coragem de trair Georg?

Então lembrei as perguntas que Josh o jornalista da parte de investigação do The New York Times me ensinou.

_Com quem? Perguntei séria enquanto me sentava ao seu lado no sofá.

_Um cara que eu conheci numa loja.

Agora sim estou pasma, Lizzie conhece um cara numa loja e já vai pra cama com ele, mas quem sou eu pra falar, me deitei com o marido dela quando o conheci. Eu estava bêbada, mas depois de tantos anos pensando, acredito que não posso usar o excesso de álcool como desculpa.

_Quando?

_Algumas vezes desde a semana passada

_E foi assim que você perdeu o anel?

_Sim, a gente tava fazendo então tirei o anel e deixei-o na cabeceira do quarto, e sai pra encontrar o Georg, então notei que estava sem meu anel, e você sabe como ele pesa e tudo. Liguei pra ele falando que precisava te ver com urgência, rapidamente liguei pra Brad e juntos voltamos no apartamento dele, só que ele estava todo revirado, foi quando o mesmo lembrou que hoje era dia de faxina. A empregada deve estar essa hora vendendo meu anel.  Sabe sempre trai o Georg, mas eu nunca tinha dado um vacilo desses antes.

Fico sem fala depois da última declaração dela, respiro fundo imaginando que não ouvi realmente aquilo. Nunca fui boa em criticar os outros, deve ser por isso que Lizzie sempre faz merda e conta só pra mim, porque ela sabe que não ficar a chamando de puta ou inconseqüente.

_Tem certeza? Que foi ela quem roubou? Pergunto tentando esquecer-se de Georg, mas era impossível, eu queria saber mais das traições dela.

_Já era meu lindo anel já era.

_Bem, será que ele não pode simplesmente falar com a faxineira e esclarecer tudo?
          _Nós tentamos isso. Ela não fala inglês bem. Ela só ficava repetindo "não vi anel nenhum, não"- Disse Lizzie às lagrimas, ainda bem que ouço bem, se não nem ia entender nada - Ofereci uma ótima recompensa se ela achasse o anel. A piranha não é burra. Ela sabe que cinco quilates correspondem a vinte milhões de privadas sujas.
           _Mas esta no seguro né?

_Está, porém como vou contar isso para o Georg?

_Bem diga pra ele que estávamos juntas, eu pedi pra ver o anel e de repente eu o deixei cair sem querer da minha mão, e foi direto pra o bueiro, que tal?

_Você faria isso por mim?

Claro já fiz coisa piores, tipo desistir do amor da minha vida. O que eu não faço por uma amiga.

_Claro isso não é nada.

 Não consigo acreditar que esteja ajudando a acobertar o caso de Lizzie. Será que todo mundo trai?

_Sabe nunca tive um bom casamento, no começo era só para tentar ter a atenção dele, chegava tarde da noite e ele nem ao menos ligava, ficava apenas o dia todo se dedicando na música e no computador. Foi humilhante não fazer sexo na lua de mel, Georg não queria, aliás, nesses 4 anos nunca tivemos uma noite descente de amor, as poucas que tivemos eram seguidas de péssimas discussões matinais. Então comecei a o trair e não parei mais, nunca tive um amante fixo, apenas caras de um ou duas noites.

_Lizzie, a Sophie é filha de quem? Perguntei e logo em seguida Lizzie chorou ainda mais, eu não abracei, não podia continuar apoiando em suas burradas.

_Não sei! Afirmou ela entre lágrimas.

Lizzie saiu tarde de minha casa, colocamos tudo em pratos limpos, ela me explicou tudo que ocorreu nos últimos 4 anos, e de como foi extremamente péssimo todo seu casamento. Depois de chegar no seu quarto de hotel ela me ligou aliviada dizendo que Georg acreditou nela, e me fez jurar que nunca iria contar nada a ninguém.

_Rach se esta me ouvindo?- Perguntou Tom enquanto estávamos no carro dele a caminho de uma festa.

_O que você falou?-Perguntei começando a prestar atenção no meu namorado,

_Você quer ir pra Los Angels comigo? Sabe só algumas semanas, voltamos rápido, me acompanha?

_E pode ser to precisando tirar minhas férias Digo sem ao menos raciocinar.

No dia seguinte Less chega irritado na minha sala assim que recebe meu memorando de férias.

_Quando foi que você teve essa idéia? Perguntou ele tacando a papelada das minhas férias na minha mesa.

_Como assim? Pergunto calmamente sabendo que isso vai o irritar mais ainda.

_Você não me avisou que ia tirar férias!

Vejo as veias dele saltando, mas Less tem que entender que tenho direito a ter uma vida privada.

_Desculpa pensei ter avisado, bem tenho que acompanhar uma pessoa, e minhas férias já estão pendente, que não pude tirar no começo do ano.

Ele falou um monte de coisa, como eu era importante pra revista, e minha coluna também, depois ameaçou me despedir, mas como viu que isso não deu certo, porque sei que ele não seria louco de me demitir. Ele voltou atrás quando lembrei a ele que a Compojo havia me feito uma ótima oferta. No final acabei ganhando até um aumento de salário, no qual me caiu muito bem, estou pensando em no final do ano ir viajar com Clair até o Caribe.