Capítulo 159 - Não desanimem! As ameaças não param!

De volta à Academia Wong, Mestre Wong continuava a varrer o pátio principal, enquanto Amanda mantinha seu estado de alerta contra qualquer ataque inimigo. A garota estava atenta a qualquer barulho suspeito. Ming, que apenas observava tudo (e rezava para que tudo acabasse bem), sentia a tensão no ar.

"Eu estou nervoso, o Mestre está nervoso, essa menina está nervosa...todos estão nervosos", pensou ele. "Tudo isso por culpa minha...se eu não fosse tão covarde"

– Não se culpe - disse Amanda, sem desviar seu olhar do horizonte.

– Hã?

– Pude sentir que você está bem chateado - disse ela, mantendo o tom sério de sempre - Mas não precisa se culpar. Aqueles bandidos jogaram sujo. Pela história que Lien me contou, você só tentou proteger sua família.

– S-sim - gaguejou Ming - Mas não esperava prejudicar tanto o Mestre e...

– Mas você não está sozinho agora - falou Amanda, agora voltando rapidamente seu olhar para Ming - Relaxe. A Lien nunca vai deixar a Meyou Zidan fazer o que quer.

– Ainda assim...temo pela amiga Lien. Aqueles caras são fortes demais. Se até o Mestre Wong teve dificuldades com..

– Não subestime a Lien - disse Amanda - Quando ela apanha, volta cada vez mais forte. O mesmo pode ser dito do namorado dele.

– Eles...são tão bons assim?

– Nesse exato momento, aposto que estão treinando duramente.

– S-sim - concordou Ming.

Naquele mesmo instante, Amanda mudou sua expressão. Ming estranhou, mas Mestre Wong parecia saber exatamente do que se tratava.

– De novo...aquela mesma aura - disse o velho mestre.

– Isso mesmo. Depois de ter treinado, minha percepção de energia interior também aumentou bastante. É algo incomum. Está vindo.

Amanda manteve seu estado de alerta e saltou para o meio da entrada principal do prédio.

– Mestre Wong - disse a menina - Esconda-se com o Ming, sim? Eu cuido disso.

– Nada disso. Vou ajudá-la. Essa é a minha Academia. Eu é que preciso protegê-la!

– Não precisa se preocupar - falou Amanda - Eu estou bem treinada. Se tudo der errado, o senhor ainda estará próximo da barraca para protegê-la.

– A barraca.. - repetiu Wong - Verdade! Lien e André estão lá dentro. Ainda é cedo para eles saírem?

– Sim. Ningjing ainda não liberou eles. Se eu não conseguir segurá-lo...chame pelo menos o Astolfo.

– Aquele moleque ainda está muito verde. Acha mesmo que ele será de alguma ajuda?

– O tempo passa muito mais rápido dentro da barraca. Ele deve ter ficado mais forte nesses minutos.

– Tsc - Wong olhou para Ming, que apenas observava tudo sem saber o que fazer - Vamos, Ming. Confie na Amanda.

– Amiga Amanda - disse o jovem oriental antes de se ausentar - Não perca.

– Pode deixar - sorriu a líder do grupo disciplinar. Assim que os dois saíram, não demorou muito para uma nova figura hostil aparecer diante dela. Era um rapaz de cabelos lisos e compridos até os ombros. Sua roupa continha um verde bem escuro e a gola cobria até sua boca. Não dava para saber se ele estava sorrindo ou não.

– Academia Wong? - perguntou ele. Sua voz era bem suave, mas seu olhar bastante frio.

– E se for? - perguntou Amanda - O que você deseja?

– Nada de especial...apenas conversar com uma conhecida - falou ele, no mesmo tom suave.

– Deve estar falando de Ningjing.

– Exatamente. Quero saber as intenções dela...afinal, ela traiu a Meyou Zidan.

– Prefiro pensar que ela apenas escolheu o lado certo - falou Amanda.

– Não diga bobagens - ralhou o estranho - Nada nem ninguém desse mundo pode derrotar a Meyou Zidan. Apenas fuja enquanto pode. Não costumo ter piedade com ninguém, muito menos mulheres.

– Interessante - sorriu Amanda - Também não costumo ter nenhuma piedade dos meus adversários.

– Ora, ora, então está pensando em lutar? - perguntou o invasor, detectando uma aura de batalha em Amanda - Você faz da ideia do que vai enfrentar?

– Acho que não nos apresentamos, não é? Meu nome é Amanda Viena..e isso é tudo que precisa saber.

– Entendo - respondeu ele friamente - Meu nome é Báozhá(*).

"Que aura mais fria", pensou Amanda. "Nunca enfrentei nada assim antes"

– E sou - continuou ele, mostrando o javali simbolizado no pingente que carregava - O escolhido para representar o javali do horóscopo chinês!

"Vamos nessa!", pensou Amanda, já se preparando para a luta.

Não muito longe dali, Kéfera continuava seguindo seu radar na tentativa de encontrar o pingente do galo que havia sido expelido com um dispositivo de emergência. Embora seu inimigo Shuìmían também estivesse atrás do mesmo pingente, seu radar conseguia obter mais detalhes de localização.

"Preciso achar logo aquela coisa...onde será que...", pensou ela. Bastou um olhar mais atento para Kéfera reconhecer o lugar onde estava.

– Ei, peraí - ela olhava a região ao redor - Aqui é...o bairro do Colégio Lua Minguante.

A surpresa da garota só foi maior quando o radar apontava cada vez mais na direção do Lua Minguante.

Como poderia esquecer? Foi no Lua Minguante que ela teve uma batalha difícil no estranho desafio que o diretor de lá havia proposto para o diretor do Sol Nascente. Infelizmente, ela acabou sendo atingida por um golpe do inimigo e dormiu boa parte daquela aventura. Ainda assim, podia reconhecer bem o local.

"Ai, tá zoando que o pingente caiu bem aqui, né? Como é que eu vou entrar na escola sem levar uma surra desse pessoal barra pesada?"

De fato, o colégio era conhecido por seus delinquentes. Por outro lado, o medo de Kéfera era altamente infundado. Ela tinha condições de barrar boa parte dos alunos daquele lugar com facilidade, com exceção, é claro, dos alunos mais fortes. Esses poderiam dar um pouco mais de trabalho.

A garota viu que era possível entrar subindo pelos muros em local relativamente discreto. Meio desajeitadamente, Kéfera subiu pela muretinha sem ninguém olhar e, pronto! Estava dentro do Lua Minguante. Era mesmo muita coincidência o pingente estar bem ali.

"Bom, consegui entrar sem ninguém ver", pensou ela. "Agora, só preciso continuar procurando o pingente e..."

A loirinha arregala os olhos ao ver seu adversário de pé, bem ali, diante dela.

– Entendo, então o pingente está nesse prédio, não é? - comentou ele.

– Q-Quando você me alcançou? - estranhou Kéfera.

– Quando? - riu Shuìmían - Eu poderia te alcançar muito facilmente. Mas como deduzi que estava atrás do pingente, esperei até que chegasse em algum lugar específico. Agora eu assumo. Mas antes...quero eliminar os obstáculos o quanto antes!

Shuìmían estendeu sua mão na intenção de começar a atacar. Kéfera protegia seu aparelho o quanto podia. Não podia vacilar.

– Garota...resistir é inútil - rangeu o chinês de longos cabelos. Mas, nessa hora, uma bola de basquete o atingiu. Shuìmían olhou para trás e viu Nick, um dos melhores lutadores do Lua Minguante. Ele recuperou a bola, enquanto a garota do lado dele, Cassandra, apenas debochava.

– O que é isso? É festa de fantasia na escola e eu nem sabia? Que roupa esquisita é essa? Japonesa ou chinesa?

Kéfera havia dormido demais na ocasião para se lembrar daqueles dois. Mas sabia que eles não eram pessoas comuns.

– Saiam daqui. Vocês não tem nada a ver com isso - disse Shuìmían.

– Ah, temos sim - disse Cassandra - Se tem alguma coisa acontecendo na nossa escola, tem muito a ver com a gente.

– Ei, vocês - uma das inspetoras chegou na ocasião - O que estão fazendo aí? Já estão tumultuando e..

– Relaxa, tia - falou Cassandra - A gente cuida desse cara!

– Mas...

Mais gente começava a se juntar. Shuìmían detestava chamar a atenção.

– Dá pra sentir que você sabe lutar - continuou a garota, enquanto o garoto do basquete, Nick, apenas observava tudo - Heh! Tava sentindo falta de uma treta! Quero muito dar uns sopapos em alguém que valha a pena!

Apesar disso, Shuìmían não parecia nem um pouco abalado. Que tipo de lutar sairá dessa situação?

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(*) Pronúncia aproximada para os ideogramas 爆炸. Significa algo como "explosão"