Capítulo 160 - O Mestre do Sono

Kéfera seguiu as orientações do radar até chegar nas proximidades do colégio Lua Minguante, onde já esteve em uma ocasião anterior para enfrentar o desafio proposto pelo diretor. Shuìmían, o membro da Meyou Zídan que Kéfera estava evitando, havia seguido a garota. Porém, de repente, dois guardiões daquele colégio apareceram. Tudo bem. Eram um jogador de basquete e uma garota delinquente, mas não eram nada fracos.

– Heh! Faz tempo que essa escola tá precisando de um agito - falou Cassandra, a garota. aquecendo seus punhos - Vamos lá. Quero ver o que você sabe fazer.

Cassandra e Nick garantiram à inspetora que iriam cuidar do caso. Naquela altura a escola estava praticamente vazia e, mesmo que não estivesse, aqueles dois não iriam se segurar por causa de um detalhe desses.

– Saiam daqui - repetiu Shuìmían - Vão se arrepender se continuarem interrompendo.

– Você invade nosso colégio e quer que fiquemos de bico fechado? - retrucou Nick, enquanto batia sua bola de basquete no chão repetidamente - Não gostamos muito daqui, mas ainda é nossa área. Não vamos deixar um china estranho que nem você fazer o que quiser!

– E-Ei, podem deixar - disse Kéfera - É melhor não mexerem com esse cara.

– Ei, não te vi em algum lugar? - questionou Cassandra ao ver a cara de Kéfera - Você...não tava com aqueles caras que invadiram nossa escola naquela treta?

– Siim...acho que estou lembrando - falou Nick - Você tá junto com esse cara?

– Nunca! - retrucou Kéfera. Shuìmían apenas suspirava. Ele se virou para Kéfera e exigiu o radar mais uma vez.

– Garota, pare de complicar as coisas. Entregue as informações que tem.

– Já disse que não! - Kéfera resistia - Lutarei com o que for preciso! Aliás, já tô cansada de fugir!

– Não me force a usar violência! - disse Shuìmían, avançando para pegar o celular dela. Nessa hora, alguma coisa atinge sua mão de raspão. O chinês retirou a mão no mesmo instante, então não sofreu grande efeito. O objeto que o atacou parecia..uma estrela ninja!

– Mas é o... - Kéfera se lembrava desse cara. Ele foi seu inimigo durante a invasão ao Lua Minguante e o responsável por fazê-la dormir no resto da luta.

– Heh! O melhor ninja desse colégio acabou de chegar! - disse Flávio Yamazaki, o japonês ninja daquele colégio. Shuìmían já estava ficando mais nervoso.

– De onde você veio? - perguntou Cassandra.

– Estava disfarçado e observando tudo. Ah, Kéfera, você voltou! Quero muito uma revanche! Estou bem mais forte agora!

– Eu também - disse ela, com um sorriso - Também tô a fim de te enfrentar de novo.

– Mas agora... - continuou Flávio - ...tô mais interessado nesse maluco aí.

Flávio se junta a Nick e Cassandra para enfrentar Shuìmían, pessoa que eles ainda sequer sabiam o nome ou o que queriam. Saber que ele era uma ameaça já era motivo suficiente para se unirem e entrarem em uma briga. Aqueles caras gostavam disso: luta. E tendo algum pretexto para lutar, já estava ótimo. Kéfera entendia esse sentimento muito bem.

– E então? Você vai atacar ou quer que a gente continue? - perguntou Cassandra, convencida como sempre.

– Heh! - Shuìmían sorria consigo mesmo - Já perderam tempo demais falando tanto. Será que são lutadores tão bons assim?

– É você que tá pedindo! - grunhiu Nick, pegando sua bola de basquete e atirando no inimigo. Shuìmían se desvia facilmente. A bola retornava para atingir o chinês pelas costas, mas ele desvia novamente.

– Mais alguma coisa? - ironizou Shuìmían.

– Ele é bom - reconheceu Nick.

– É assim que a gente gosta - falou Cassandra, correndo na direção de Shuìmían e mandando vários ataques com as pernas. O chinês desviava facilmente e, com uma rasteira bem colocada, derruba a garota no chão.

– Ai - reclamou ela - É...Isso vai ser bom.

– Não fique se achando - disse Flávio - Não pode derrotar um ninja! Yaah!

Flávio atacou com sua espada cuja lâmina Shuìmían segura com o dedo indicador e médio da mão direita.

– Ainda precisa treinar muito... - disse o chinês, jogando Flávio para longe - Vou repetir mais uma vez: não se intrometam!

– Agora já nos intrometemos, tiozinho - falou Cassandra.

– E não vamos sossegar enquanto estivermos de pé - disse Nick.

– Bom, se esse é o problema - disse Shuìmían - Vocês estão falando com a pessoa certa.

Shuìmían revela o pingente em formato de carneiro que carregava em seu pescoço. Finalmente, ele iria revelar seus poderes.

– Ondas Mentais! - disse ele, exclamando, mas sem gritar. Algo invisível a olhos comuns, mas muito relevante para os treinados em ki começou a sair do pingente. Eram ondas cor-de-rosa ou algo assim. As ondas atingem os três lutadores em cheio.

– O que é isso?! - reclamou Cassandra - Minha cabeça! Tá doendo! Tá doendo pra..

Mas logo depois ela começou a relaxar, perder a voz e cair no chão. O mesmo aconteceu com os outros dois. Caíram duros.

– Você..matou eles - balbuciou Kéfera, já desesperada.

– Não mato ninguém à toa - retrucou Shuìmían - Apenas os coloquei para dormir. As Ondas Mentais do Carneiro. Esse é o meu poder. Posso causar um enorme dano no seu cérebro com uma forte dor de cabeça, mas também posso fazer com que os atingidos caiam em um sono profundo.

– Você..faz as pessoas dormirem, é? - questionou Kéfera - Heh...bem, até que esse pingente não é tão forte assim.

– Oh, você acha. Então, deixe que eu te mostre uma coisa.

Shuìmían fechou os olhos e, de repente, Cassandra começou a se debater. Ela parecia desconfortável, seu sono não parecia nada tranquilo. De repente, o braço dela começou a ficar roxo. Kéfera não entendia o que estava acontecendo.

– O que..você fez com ela? - indagou a loirinha.

– Apenas demonstrei outro aspecto interessante do pingente do Carneiro - disse ele - Posso entrar nos sonhos da minha vítima fechando meus olhos.

– Sonhos? - Kéfera estava começando a ficar mais assustada com seu inimigo.

– Exato - continuou Shuìmían - E posso sugestioná-la como quiser. O corpo dela não vai reconhecer que é um sonho e vai responder conforme aquilo que sua mente acreditar que está havendo.

– Então...se você bater nela no sonho...

– Posso fazer isso tão forte que o corpo dela acreditará que apanhou. Por isso o braço ficou roxo. O poder da mente ainda é um mistério para a ciência, mas a magia já tem artifícios para isso há muitos séculos. O poder do meu Carneiro não é fantástico?

– N-Não vai me assustar! - Kéfera ainda insistia em enfrentá-lo - Você precisa ficar de olhos fechados para usar seu poder. Alguém pode te atacar quando fizer isso.

– Claro. Mas quando uso meu poder as ondas mentais ficam em volta do meu corpo. Se alguém tentar me atacar enquanto migro no sonho das minhas vítimas, também acabará dormindo.

"Impossível...esse cara é mais forte do que parece!", pensou Kéfera

– E então? O que vai fazer? Vai continuar resistindo? - Shuìmían continuava a se aproximar da menina. Ela recuava e, quando o inimigo estava prestes a atingí-la, um velho conhecido surge bem diante deles, como se saído do nada. Era o último dos quatro lutadores mais fortes do Lua Minguante: Philip Draco, entrando com seu inseparável bastão bloqueando o ataque de Shuìmían.

– V-Você... - Kéfera não chegou a ver a luta dele (sim, ela estava dormindo muito na ocasião), mas sabia quem era.

– Olá, garota. Veio invadir minha escola de novo? - disse Draco, com um sorriso cínico.

– N-não...é que ele...

– Colocou meus colegar para dormir, heim? - reparou Draco - Muito interessante. Imagino que tipo de poderes você deve ter.

– Você é amigo desses garotos? - indagou Shuìmían.

– Pode-se dizer que sim - falou Draco - Já trabalhamos juntos.

– Heh. Então não deve ser muito diferente deles. Vou acabar com você logo e cumprir minha missão de uma vez.

– Oh, é mesmo? - disse Draco sorrindo - É uma pena que eu não seja igual a eles.

Shuìmían iria dizer algo, mas seu oponente, em um piscar de olhos, simplesmente sumiu da sua frente.

– Hã? Como? O que aconteceu com ele?

– Se me lembro bem...esse Draco era um excelente mágico - falou Kéfera.

– Como eu disse...sou bem diferente daqueles três - falou Draco, tocando Shuìmían nas costas com seu bastão - Não deveria ter desviado disso?

– Moleque convencido. Não pense que vai me vencer com um ou dois truques - disse Shuìmían.

– Espero que não ou não teria graça - disse Draco, sorrindo de modo confiante - Faz tempo que não tenho uma luta de verdade.

Será que Draco é páreo para Shuìmían?