A Girl’s Choice

Álbum

-Ei, Tenten! Olhe por onde anda! –meu chefe gritava.

-Desculpe, desculpe!

Não conseguia me concentrar no trabalho. Minha cabeça estava em outro lugar. Na verdade, em outros três lugares.

Seria uma enorme mentira dizer que eu queria que nada daquilo estivesse acontecendo, ou que eu preferiria voltar a ser ignorada pelos garotos. Mas a verdade é que eu ainda não estava totalmente à vontade com tudo. Quero dizer, deixá-los competir pelo meu coração parece tão...medieval...

Hehe, acabei de imaginá-los com armaduras de guerrereiros e montados em cavalos. Derrotando dragões, combatendo bruxas más, e provando seus valores como cavalheiros. Minha imaginação vai longe...

-Tenten! –dessa vez não foi meu chefe.

-Ah, oi, Sakura!

Ela estava sentada à mesa 7 junto com o...Naruto...

-Olá, Naruto. –aquilo era estranho, Sakura nunca gostou muito do Naruto, que nunca escondeu o quanto amava Sakura.

-Oi, Tenten. –ele respondeu junto a seu largo sorriso característico.

-Você já tem par para o baile de final de ano? –Sakura me perguntou.

O baile de final de ano era uma comemoração a todos os formandos (não necessariamente apenas os do terceiro ano), e todos os alunos do E.M. podiam participar. É algo que a nossa escola faz que difere um pouco das outras. Ano passado eu não fui, não por não ter par, mas por não estar na cidade no dia (meu pai teve de viajar a negócios e eu tive de ir com ele).

Os formandos do último ano tinham um nome especial para esse baile, já que, no caso deles, a noite era de fato especial. Para eles, era o Baile de Formatura.

Também é essa a noite em que eu terei de tomar uma decisão, possivelmente a mais importante que já tomei até hoje.

Sei que Sakura só me perguntou aquilo para poder contar alguma coisa importante dela mesma sem parecer que estava se gabando. Isso porque ela sabia que eu não tinha par algum, eu lhe contaria se tivesse.

Eu costumava contar-lhe tudo o que acontecia de importante na minha vida, o que significava quase nada. Mas como eu lhe contaria sobre aqueles três? Ainda mais sendo um deles o amor platônico da vida dela.

Estava me sentindo mal escondendo tudo aquilo dela, mas talvez ela nem quisesse olhar na minha cara se soubesse o que realmente estava acontecendo.

-Não. –eu respondi, meio sem jeito. –Ainda não convidei ninguém. –era a chamada “escolha das garotas” este ano. Ou seja, garotas convidam garotos. Irônico à minha situação, não?

-Ah, que pena. Mas decida-se logo, os melhores já estão sendo convidados!

Isso é o que você pensa, não pude deixar de rebater mentalmente.

-E vocês? –essa era a deixa que a Sakura tanto queria.

-Bom, ... –os dois ficaram um pouco envergonhados, com as bochechas levemente rosadas.

-Sakura me convidou e eu aceitei! –respondeu Naruto, radiante.

-Ah, que bom! –tentei ser animada e ajudar o casal que estava se formando.

Eles fizeram seus pedidos, e, de longe, eu os observava quando podia. Era um casal cômico, mas bonito.

Eu me peguei sentindo um pouco de inveja de Sakura. Ela tinha sorte, tinha uma vida colegial normal, enquanto eu passava por uma situação fora do padrão em todos os sentidos e não fazia idéia de como lidar com a mesma.

Mas não vou ficar pensando nisso! Tinha de viver a minha vida e encarar o meu “problema” com coragem!

Ao final do dia, estava ajudando a fechar as portas do Ichiraku e logo iria para casa descansar.

Amanhã é domingo...

Domingo, dia do meu encontro com Sasuke. Não faço idéia do que esperar. Dos três, ele é com quem eu menos tive contato. Todas as vezes em que nos encontramos parecia que eu tive de dar o primeiro passo, e eu sou péssima nisso.

Mas vou tentar ser otimista desta vez, ao contrário do que normalmente sou. Afinal, o que poderia acontecer de ruim? Veríamos um filme; na pior das hipóteses, seria um filme meloso, sem graça e dispensável, nada traumatizante até aqui.

Depois, ele me levaria para tomar sorvete. Aí o pior que pode acontecer é o meu sabor favorito estar em falta, ou eu acabar me sujando toda de sorvete. Embaraçoso, mas, de novo, nada traumatizante.

Acabei de lembrar que não combinamos o horário. Não que isso vá fazer muita diferença, uma vez que é domingo, nunca faço nada nos domingos (além de estudar, infelizmente). E essa é uma rotina que fico feliz em quebrar.

Meu pai ainda está dormindo (ele gosta de acordar bem tarde aos domingos), e já deixei um bilhete na porta da geladeira dizendo que vou sair. Não preciso dar detalhes, ele nunca foi um pai-coruja.

Alguém está batendo à minha porta. Acho que ainda é um pouco cedo para cinema, mas é claro que não vou mandar ele voltar depois.

Abri a porta com um largo sorriso de boas-vindas, digno de dona-de-casa que recebe o marido e dou de cara com...um entregador.

-Entrega para... –ele parou para ler um pedaço de papel. –Tenten...

-Ah, sim, sou eu.

-Assine aqui, por favor. –ele apontava para uma linha no mesmo papel em que ele havia lido o meu nome.

Assim que assinei ele me entregou um embrulho onde facilmente caberia uma tela de 20 polegadas. Mas, estranhamente, o pacote era bem leve.

-Tenha um bom dia. –o entregador virou-se e foi embora.

Fechei a porta e fiquei olhando para o que tinha em mãos por algum tempo. Não havia nenhum bilhete, nenhuma identificação do remetente.

Sentei-me ali mesmo, atrás da porta, e comecei a abrir a caixa de papelão. Dentro havia incontáveis bolinhas de isopor, pedaços de plástico bolha, e outros pequenos objetos que impediam o conteúdo de ser danificado.

Até que, lá no fundo, minha mão se deparou com algo mais duro. Finalmente...

Agarrei o pequeno objeto e o trouxe à superfície.

Era um...álbum de fotos...