Não fui de carro pra não levantar suspeitas.

Estava chovendo, um pouco, mas ainda assim esta chovendo.

Cheguei à loja que já ia fechar e peguei o que eu tinha encomendado. Abri a pequena caixa e o objeto frágil e delicado estava ali, perfeito.

19:05h. antes de entrar no ônibus comprei um cartão que tinha um desenho bem divertido e uma rosa branca que Sara tanto gostava. O ônibus chegou e entrei rapidamente para me proteger da chuva que caia e me sentando no ultimo banco.

Trin-trin.

Peguei o celular e era Brass.

- Grissom.

- Gil é o Jim. – ele pigarreou – Te liguei, pra lhe informar que foi apenas um trote.

- Tem certeza?

- Sim! – ele deu uma pausa – este lugar só tem gente desprezível! – sua voz era de raiva.

- sara não precisa saber disso, ela ainda esta se recuperando... –falei um pouco aliviado.

- Ok.- então ele desligou.

O ônibus parou, talvez pra encher o tanque e mas algumas pessoas entraram no ônibus. Ficamos talvez uns quinze minutos parados ali.

Peguei o celular quando o ônibus foi ligado e começou a se movimentar novamente.

- Oi!

- aonde você esta? Quer dizer, você saiu do laboratório e sem carro... – Sara estava preocupada.

- Estou ajudando Brass e Sofia em uma investigação e Brass esta de carro, então... – menti.

- Cuidado com a chuv... – ela disse.

- Sempre tenho cuidado. – ri.

- esta bem. – sua voz era sedosa – Já acab.. de in...tig.. e depo... tenh. Uma surpresa p.. v...ê. – a ligação estava falhando.

- amor, não entendi, a ligação esta ruim. – falei devagar.

- O que? – ela gritou.

- Não estou te entendendo. – eu disse mais uma vez.

- Depois eu t... ...o – então começou a chiar.

- Te amo. – falei baixo.

- T.... te ....o.

- que? – arqueei a sobrancelha achando aquilo engraçado.

- V... te ....ar... mensagem. – e ela desligou.

Deixei o celular em meu colo e sorri, eu estava realmente feliz, qualquer um podia ver isso no meu olhar.

Olhei pra janela e era tudo escuro do lado de fora, a chuva insistia em cair.

Encostei minha cabeça na janela e esperei por sua mensagem, olhei pro cartão que estava um pouco molhado na ponta, não me encostei a ele para não rasgar. Fechei os olhos por um segundo e eu pedi sentir sua respiração quente. Eu estava pensando nela, imaginando ela, então abri novamente os olhos e decidi treinar meu pedido de casamento. Ela não sabe que comprei uma aliança. Era um segredo de que todos sabiam menos ela. Uma surpresa.

Algo me fez voltar à realidade, um barulho estranho me assustou. Não sabia o que era realmente, talvez fosse barulho de pneu ou apenas a chuva.

A caixa com a aliança sem querer caiu de meu bolso. Realmente tudo balançava... eu podia ouvir gritos de desespero, mas quem ali estava gritando? Tudo começou a girar... Por que estava girando? Eu não entendia e não sabia o que estava acontecendo e tudo não passava de míseros borrões. Naquele momento eu fiquei com medo e me lembrei dela, tentei gritar seu nome, mas nada saiu de minha boca, eu sabia que ela não estava ali... Mas era algo que não se pode controlar.

Pude ouvir a voz de minha mãe, mas ela provavelmente estava em casa vendo algum programa de culinária...

Eu sabia que tinha algo de errado, então apertei os olhos, era a única opção.

Meu corpo não estava mas na poltrona e eu só sentia a rosa em minha mão que estava cheia de lama. Agarrei forte a rosa e um de seus poucos espinhos me espetou, como se aquilo me incomodasse neste momento.

Eu só não pensei que esse ônibus não me levaria para outro lugar. Meu corpo não mexia como eu queria, estava preso nas ferragens.

Ouvi um barulho familiar entre um gemido e outro e forcei a olhar pro lado, era meu celular tocando, e pelo toque era a mensagem de sara, até que tentei pegar o celular, mas foi em vão, eu nunca saberia o que ela me escreveu.

A dor era agonizante e não me restava nada agora, ela pediria, ou melhor, me imploraria pra eu resistir. Mas pra dizer a verdade cometi o maior erro de minha vida...

Fechei os olhos pra ver se a dor passava... Sim passou.

**

Foi tudo como um flash.

Eu estava de pé em lugar estranho, olhei a minha volta e vi pessoas de branco andando de um lado para o outro com pessoas em macas ou até mesmo sendo carregadas no braço e pareciam estar com muita pressa. Era um hospital. Eu só não entendia o que eu estava fazendo ali.

Olhei fixamente pra minha frente. Era Nick e Cath. Corri na direção deles e ao me aproximar vi que estavam chorando.

- Por que estão chorando? O que estamos fazendo aqui? – eles nem ao menos me olharam.

- Cadê Sara? – olhei pra trás e era Sofia.

- O que ouve com a Sara? – mas uma vez ninguém me respondeu.

- Sara esta lá dentro ainda. – cath apontou pra porta ao nosso lado.

Logo um medico saiu acompanhado por Dr. Robbins. O que Dr. Robbins estava fazendo ali?

Aproveitei a porta entre aberta e entrei e acabei me paralisando de tão assustado que fiquei.

Sara estava em prantos e chorava muito e ela segurava uma mão... Minha mão e eu podia sentir.

Olhei pra minha mão e depois pra sara que esta de costas para mim me curvei um pouco pra olhar melhor e eu pude-me ver deitado na cama, desarrumado, sujo de lama e ensangüentado.

Meus olhos se estreitaram ao ver aquela cena.

- Desculpa, ele não resistiu. – Nick entrou na sala com os outros logo atrás e se aproximou de Sara dando-lhe um abraço e soltando a mão dela da minha.

Uma lagrima rolou por minha face e agora eu me lembrava de tudo.

Como eu não pude resistir? Por que não resisti?

- a mãe dele já sabe? – sara ainda chorava.

Eu arregalei os olhos, ainda estava paralisado e indignado com a situação. Minha mãe, ela teria um infarto...

- Warrick foi cuidar disso. – Nick sussurrou.

- O que ele fazia em um ônibus? – sara se afastou de Nick – Sofia ele não estava com você e com o Brass? – ela gritava enquanto seu corpo tremia.

Todos se entre olharam e meus olhos se estreitaram e me sentei no chão.

- Desculpa meu amor. – falei como se alguém pudesse me ouvir.

- Sara não se sinta culpada! – Sofia pediu.

- Agora não. – Cath ordenou.

- Ela precisa saber! – Sofia disse autoritária.

- O que? – Sara cruzou os braços antes de passar a mão no olho.

- Grissom queria te fazer uma surpresa. – ela olhou pra Nick que a incentivou a continuar – Ele fingiu, ou melhor, mentiu, porque ele tinha comprado uma aliança. E todos nós estávamos sabendo e prometemos a ele que iríamos te distrair. Ele ia te pedir em casamento.