Sara nada disse só se aproximou de meu corpo gélido e o abraçou enquanto chorava mais.

Nick ia puxá-la, mas Cath o repreendeu.

- Deixa ela! – Cath segurava Nick – ela o amava demais. – ela falou só pra Nick ouvir.

Nick por sua vez olhou pra Sara tristemente e saiu do quarto.

- Grissom... – levantei olhando pra Sara – Por que me deixou Grissom? Eu te amo, por que você fez isso? Grissom...

- Desculpe. – eu soluçava. E ela beijava a face de meu corpo gélido. Suas mãos estavam em meu rosto. E por um segundo pude sentir seu toque.

- Minha surpresa, não vale mais de nada. – ela disse com a cabeça em meu peito – Vou colocar na cadeia quem fez isso com você.

Ela ergueu um pouco o rosto e acariciou minha face.

Cath já estava saindo da sala quando um doutor chegou perto dela dizendo que o motorista do ônibus tinha acabado de falecer também.

Eu estava ali, sem vida, morto. Isso eu pude entender, mas o que minha alma, o que eu ainda fazia aqui na Terra?

**

Quase tres semanas que o acidente tinha ocorrido e foi relatado que o ônibus estava em péssimos usos e a empresa foi multada. Mas Sara queria mais, pra ela alguém deveria pagar por aquilo, alguém deveria ser preso.

Nick a segurou pelos ombros.

- Ele não vai mais voltar! – Nick olhava Sara – Chega de chorar.

Sara puxou seus braços dando um passo para trás.

- Não me atormente. – Sara estava emburrada – Só quero justiça!

- sara me ouça. – Nick pedia com gentileza – Se lembra de quando me disse que quando chega a hora de alguém é inútil dizer...

- Cala a boca. – ela gritou e algumas pessoas olharam pra ela – Você não sabe o que é amor, você não sabe o que é ter uma experiência de quase morte, você não sabe de nada! – ela estava vermelha.

- Você não foi a única que teve uma experiência de quase morte por aqui. – Nick falou secamente.

Sara tentou enxugar as lagrimas ao sair da sala e deixando Nick só.

Ele bateu na mesa brutalmente e sentou na cadeira. Ele só queria ajudar ela, cuidar dela, como fazia...

Eu jamais deixei Sara, eu sempre acompanhava seus passos.

Depois de minha morte nada tinha se resolvido, não totalmente. Sara ultimamente evitava ir pra casa e quando ia eu sempre tinha que vê-la chorando pelos cantos, se lamentando por algo. Então ela passava a maior parte do tempo no trabalho, tentando fixar ao máximo o que fazia de melhor.

Cath era a nova supervisora, mas ela ainda não tinha se mudado pra minha sala, por razões sentimentais.

Sara estava lá, sentada na minha cadeira olhando tudo. Sentei-me na cadeira a sua frente e sinceramente meu coração estava acabado de tanta dor. Aquilo talvez fosse um castigo, no qual eu a via sofrer.

Ela retirou algo do bolso e o lendo pela centésima vez, era o cartão que eu tinha comprado pra ela. E a única coisa encontrada alem da rosa.

Estiquei meu braço sobre a mesa quando ela dobrou o cartão e o guardou de novo. Sua mão estava ali enquanto ela chorava, tentei pega-la e acabei por conseguir, sua mão era quente como sempre sorri e olhei pra ela, mas ela não sentiu.

- Sara! – ela olhou pra porta enxugando as lagrimas e tirando sua mão da mesa. Era Greg.

- Pode falar! – ela respirou fundo.

- Grissom não desistiu de você e nem de ninguém. – ele deu uma pausa – Se quiser reabrir o caso pode contar comigo. – Greg sorria – porque também Grissom não foi o único que morreu no ônibus.

Sara ficou de pé e deu um abraço em Greg.

- Eu sabia que um dia você iria amadurecer. – e ambos riram.

- Também estou dentro. – Nick entrou. Sara sorriu agradecendo.

- Então vamos começar? – Sara olhou pros dois.

Com a ajuda de Cath Sara conseguiu reabrir o caso.

Sara ainda não tinha se acostumado com a minha partida.

Greg buscava os itens que tinha achado no local. Enquanto Sara e Nick revia tudo.

- Ok! Encontramos o pino de centro, mas nada do rolamento. O pneu de trás o do lado esquerdo estava perdendo ar. – Nick olhou pra Sara – quer mesmo continuar?

Sara não precisou responder só com o olhar ele sabia da resposta.

- Tudo bem. – ele pegou o mapa e Greg chegou na hora com vários itens achados no local – O ônibus virou nesta curva. – Nick franziu a testa enquanto olhava o mapa.

- O que foi? – Sara olhou pra ele.

Nick era esperto, mas me surpreendi quando Greg respondeu.

- Havia um carro, provavelmente inocente e como a pista estava molhada e...

- Espera! – Sara colocou a mão na mesa e eu me aproximei para olhar – O carro pode ter acendido o farol no alto e o motorista ficou cego fazendo assim ele perder o equilíbrio do ônibus na pista, o carro conseguiu desviar do ônibus...

- Por isso duas marcas diferentes de pneus queimados na estrada... – Greg a interrompeu.

- sim! E como o pneu estava ficando vazio talvez o pino de centro do rolamento tenha prendido ou sei lá e o rolamento se quebrado fazendo o ônibus perder seus pneus traseiros e acabar como acabou. – sara parou.

- foi fácil! – Greg sorriu.

Sara não iria desistir tão fácil.

- Opa, talvez isso tenha sido proposital – Nick olhou pros dois ao seu lado – quando o pneu se esta ficando vazio o motorista sempre sente a diferença. Mas ele parou em um posto instante atrás, ele poderia ter trocado o pneo, mas não o fez, e depois não parou mais em nenhum ponto, pneus de ônibus são difíceis de furar quando se estão na estrada...

- Então uma mãozinha arrumou um jeito de furar o pneu? – Greg ainda tentava entender.

- Mas como a mãozinha furou o pneu em movimento? – sara baixou a cabeça.

- talvez tenham feito isso quando o ônibus parou no posto. – Nick falou baixo – E ainda tem o rolamento...

- É como vamos saber de que forma o rolamento saiu? – Greg perguntou.

- vamos ter que encontrar o rolamento pra saber. – Nick o respondeu.

- Exatamente! – sara o olhou com um meio sorriso. Era isso que Sara queria informações, pistas.

- Vou falar com as vitimas que sobreviveram. – Greg olhou para um papel – Lisa Swift, Carlos Augusto, Christian Estácio e por ultimo a pequena Susana. Talvez eles se lembrem de mais algumas coisas.

- boa sorte. – Nick piscou.

Greg sabia que se fechasse esse caso com alguém sendo preso, provavelmente Hodges iria ficar furioso com ele.