The Asylum For Wayward Victorian Girls escrita por Miss Kwon


Capítulo 3
Capítulo 2: End of The World


Notas iniciais do capítulo

TENHO UMA RECOMENDAÇÃO obrigada ♥ enfim, obrigada pelos reviews e aqui está outro capítulo *-* "End of the World" é uma música da Kerli, significa "fim do mundo". Vocês logo entenderão porquê.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/167136/chapter/3

Pov Kerli

30 de novembro de 1862

 Eu tremia de frio e esfregava os braços, apertando o fino vestido rosa chiclete contra meu corpo pálido. Não era um dia muito bonito, o que era algo extremamente estranho para eu pensar, já que eu tentava sempre ver o lado bonito das coisas. Mas não tinha como ver beleza naquele momento e o céu londrino não ajudava.

 -Kerli? - Chamou minha irmã mais velha, Eliisa, por trás de mim.

 -Sim? - Me virei trêmula para a loura alta vestida com uma calça de moletom curta e blusa comprida.

 -Está frio. Vamos entrar. - Convidou com um sorriso torto indicando a porta da varanda atrás de nós.

 -Não, obrigada. Eles... ainda estão.. brigando? - Fiz algumas pausas para conseguir respirar. Voltei meu olhar ao céu noturno sem estrelas. Eliisa suspirou e sentou-se delicadamente ao meu lado no parapeito.

 -Sim. - Abaixei a cabeça e sequei a lágrima que escorreu por meu rosto. - Shh... Não deve durar muito hoje, Kellu. - Chamou-me pelo apelido.

 -Eu posso ouví-los daqui. Papai está bêbado? - Deitei minha cabeça no ombro de minha irmã e ela confirmou com um gesto. Suspirei tristemente e me afastei de Eliisa. Olhei seus olhos esverdeados, estavam tão tristes quanto os meus.

 -Sim. Ele está....

 -Mamãe está bem? - Perguntei limpando outra lágrima. No segundo que eu terminei a última palavra, ouvimos um barulho de vidro se quebrando na casa.

 Disparamos para dentro e o que vimos foi terrível o suficiente para fazer Eliisa gritar e deixar minhas pernas fracas. Papai quebrara um vaso barato e ameaçava mamãe com um caco de vidro. Mamãe chorava e isso quebrou meu coração mais do que qualquer coisa. Eliisa deu um chute nas coisas do nosso pai, que berrou de dor e se curvou.

 -Vadiazinha!Como você pôde?? - Ele agarrou Eliisa pelo cabelo e colocou o vidro na jugular dela.

 -NÃO! - Berrei, desesperada pela vida da minha irmã. - Não, por favor!

 -Isso te deixa triste, Kerli?Deixa é? - Perguntou em tom de deboche, apertando mais o vidro contra Eliisa e fazendo uma fina linha de sangue escorrer.

 -Por favor!Deixe Eliisa em paz!Nós faremos o que tu quiseres!

 -Eu quero ficar longe de vocês!Dessa vida infernal!

 -Então fique!Mas não nos machuque. - Implorei me aproximando. Papai fez um bico debochando do meu desespero e choro, apertou ainda mais o caco em Eliisa e a soltou.

 -Espero nunca mais ver vocês. - E foi para o quarto. Provavelmente pegar suas coisas. Eu e minha mãe corremos para Eliisa e eu virei seu corpo frágil e pálido para nós.

 A linha não era mais fina. O sangue jorrava do pescoço dela e ela gemia baixinho de dor. Coloquei as duas mãos no corte, então notei a profundidade dele. Essa não.

 -Eliisa, aguente.... Mãe!Me ajuda!

 Mamãe trouxe um pano e limpou um pouco do sangue jorrado. Eu começava a ficar ensopada de vermelho, as lágrimas se misturavam com o líquido espesso do pescoço de minha irmã mais velha, os olhos dela reviravam de modo doentio e eu estava com medo. Medo de que talvez ela saísse dali.

 -Kerli... - Sussurrou Eliisa, tentando sorrir. - Eu amo você, ok?Amo mesmo. Você é a pessoa mais importante do mundo pra mim e... Mamãe, eu te amo, muito mesmo. Nada disso é... culpa... - ela sufucou no sangue - de vocês. Vocês são... a minha vida.

 E ela não estava mais conosco.

30 de novembro de 1872

 Toda noite, naquele mesmo dia, eu vestia aquelas mesmas roupas, sentava no mesmo lugar e esperava. Esperava que quando eu virasse, encontraria ali minha irmã, viva e saudável. Mas ela nunca voltaria. PARA KERLI!NÃO PENSA ASSIM. Tua irmã vai aparecer ali, rindo e brincando, sendo a boba de sempre, ingênua e sonhadora, contando piadas pra você, tentando imitar o sotaque inglês dos lordes e sendo a tua vida.

 Não.

 Ela nunca mais fará nada disso. Porque a vida dela acabou. Aquele desgraçado tirou a vida da pessoa que eu mais amava e depois fugiu. Não havia um único dia que eu não acordasse lembrando dela gritando "ACORDA KELLU ADORMECIDA". Eu odiava que ela gritasse isso, mas hoje em dia eu sentia falta.

 -Kerli?

 -Sim? - Me virei na esperança de ver a loura alta, mas minha mãe estava lá. Era só a minha mãe.

 -Sai daí. Ela morreu, querida, lembra?Somos só eu e você agora.

 -Mas e se eu quiser deixá-la viva na minha mente? - Fiz um bico de choro e minha mãe me abraçou.

 -Você vai sofrer ainda mais, querida.

 Comecei a chorar, abraçando tudo que me restou com força. Ela estava viva. A única que sobrou. Mas Eliisa não precisa estar morta. Precisa?

 -Sabe... faz dez anos. - Comentei limpando a garganta

 -Eu sei. Uma década sem ela.

 -Uma década inteira.

 -Vou fazer o jantar, ok Kellu? - Mamãe sorriu. Oh, como ela era gentil e doce. Não merecia sofrer tanto.

 -Ok, mãe. - Ela me deixou sozinha e eu me virei para o armário de casacos. Tinha uma coisinha loira brincando ali. - Olá? - Me aproximei e ela saiu de lá. Era. Minha. Querida. Eliisa. Kõiv.

 -KEEEEEEEERLI! - Gritou ela me abraçando. Wow, há quanto tempo eu não a abraçava. Isso me entristeceu.

 -MÃAE! - Berrei. - Eliisa voltou!

 Minha mãe apareceu na varanda e olhou para nós com uma expressão assustada.

 -O que?

 -Eliisa! - Apontei. - Ela voltou! - Ela acenou para mamãe e me abraçou mais uma vez, eu retribui.

 -K-Kerli.... Por que você está abraçando o vazio? - Mamãe chorou.

**

03 de dezembro de 1872

 Eu estava lá, no portão. Minhas malas pesadas foram carregadas por um homem estranho.

 -Kerli - mamãe me abraçou. - Me desculpe.

 -Fazer o que.

 Eu não podia acreditar. A única coisa que me restou, minha mãe, me coloca num hospício!Ver sua irmã morta é motiva pra ir parar num HOSPÍCIO?????

 Entrei na recepção e sentei num banco de madeira. O lugar era todo cinzento, a tintura da parede estava lascada, o cheiro era de alvejante e eu podia jurar que vi um rato por ali. Eu estaav irritada. Nervosa por ter sido internada. Como se eu fosse louca!Mas... meu pensamento mudou assim que ouvi minha mãe desabafar para a recepcionista.

 -Eu a amo. Amo mesmo. Ela é tudo que me restou. Minha filha mais velha morreu, meu marido a matou e então fugiu. Kerli ficou comigo. Eu estou preocupada, não aguento mais acordar à noite com o choro baixo dela, vou até o quarto e a vejo abraçado com uma foto da irmã. Não aguento mais vê-la triste o tempo todo. E há alguns dias... ela passou a ver a irmã. Ela... ela... a abraçou, enquanto eu só via ela abraçando o vento.

 -Entendo - a recepcionista não pareceu se importar muito. - Tua filha ficará em ótimas mãos.

 -Ceto, irei embora. - Ela veio até mim e me deu um abraço esmagador. - Tchau minha filha, eu te amo, volto daqui um tempo para te buscar, ok? - Ela beijou minha testa e foi embora.

 -Kõiv, Kerli. - Gritou a recepcionista ruiva minutos depois da saída de minha mãe. Fui até o balcão e ela me entregou um papel. - Teu quarto é o W14A, tuas malas já foram colocadas lá.

 Comecei a andar pelo hospício a procura do quarto W14A e quando mais eu andava, mais eu percebia: merda, eu estou no fim do mundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço reviews?