- Ela sofreu apenas um desmaio, mas quando ela caiu bateu muito forte com cabeça. Bem no local onde está localizado o tumor - explicou - Mas os exames apontaram outra coisa

- O que seria? - Perguntei

- Ela está grávida. Sua situação ficou mais delicada - suspirou - Sinto muito, mas ela terá que continuar aqui. 

Grávida? Eu seria pai!

 - Posso vê-la? - Pedi

Ele assentiu e pediu que eu o acompanhasse. 

- Senhor Schäfer. Creio que o senhor sabe que com a gravidez da senhorita Bauer ela não poderá fazer o tratamento de quimioterapia. - Falou sério

- Então senhor Giesel ela vai ... - Eu não conseguiria concluir minha frase

- Não sabemos ao certo. Tentaremos de tudo para salvá-los - ele sorriu para mim - Ela está com dez semanas.

No caminho até o quarto, eu ficava cada vez mais desesperado. Antes o senhor Geisel já havia explicado que quando a situação chegasse ao uso da quimioterapia ela poderia ter mais tempo de vida. Claro, a situação agora não era a esperada. 

Quando chegamos ao quarto ele me deixou sozinho. Minhas mãos estavam trêmulas e suadas. Respirei fundo e girei a maçaneta. Aquele lugar não era agradável, nunca gostei de hospitais.

Lívia estava deitado em uma cama cheia de fiozinhos presos em seus braços. Seus olhos não brilhavam mais como antes, estava com uma aparência mais frágil. Aquele barulhinho irritante que indicava seu coração estava lento. Me aproximei dela e me sentei na poltrona ao lado. Quando me viu o bip acelerou.

- Gustav - Murmurou

- Estou aqui meu amor - Passei a minha mão em seu rosto

- Desculpe - Tentando se sentar - Eu estou grávida não é ?

- Não, eu que peço desculpas - Eu estava com os marejados e a voz saiu difícil da minha boca - Sim

-Eu não vou aguentar Gustav - ela começou a chorar - Essa criança vai morrer por minha culpa

- Não vai - assegurei - O senhor Giesel disse que tem boas chances

- Por favor não minta para mim, eu sei que não tenho chances. Por conta da gravidez não posso fazer o tratamento - ela passou a mão na barriga

- Eu não vou aguentar se te perder também - Eu já não conseguia esconder o choro

Ela apenas afagava meu cabelo. Eu não queria que ela me visse naquele estado. Eu tinha que ser forte, não um fraco.

- Você não vai me perder - ela sorriu limpando uma lágrima minha - Onde quer que eu vá eu sempre vou estar ao seu lado.

- Não diga isso você vai ficar bem. Vai se curar - Assegurei

- Gustav, você sabe que eu nunca acreditei na cura. Não se iluda por favor - soluçou - Agora a única coisa que eu quero é que essa criança viva.

- Vocês duas vão se salvar - Limpei meu rosto

- Eu sei que vou morrer, não vai adiantar - ela se aproximou de meu rosto - Eu estou com medo por ela

Eu dei apenas um beijo nela e a deixei descansando em seu quarto. Eu tinha que respirar, não aguentaria ter que segurar mais meu choro. Eu sempre achei que quando fosse pai seria a coisa mais feliz de minha vida. Hoje eu penso diferente.

Aproveitei e passei em casa para pegar algumas peças de roupas para ela, já que teria que ficar agora no hospital. Mas antes de voltar eu teria que passar em um lugar.

No cemitério.

Fazia dez anos desde a última vez que havia pisado nele. Nada mudará desde então, talvez apenas a sitação em que vivia. Fui em direção á três lápides. Todas estavam cheias de flores e presentes. Coisa de fãs.

- Olá velhos amigos - Sorri - Peço desculpas por demorar tanto para vim fazer uma visita, mas creio que saibam o porque. 

Olhei para as suas fotos. Senti um nó na minha garganta. 

- Eu queria que vocês estivessem aqui ao meu lado. Não sei ser forte como você Tom, não consigo ver mais a beleza nas coisas como você sempre via Bill e agora necessito de alguém que me escute como você fazia Georg. - minha frustação saia com as lágrimas - Lívia precisa de mim e meu filho, mas eu preciso também de alguém. Porque vocês me deixaram? Não era para ser assim! Tinhamos tantas coisas para conquistar. Não é justo. - Soquei a lápide.

Minha mão começou a ficar rouxa. Maravilha só falta eu ter quebrado socando a lápide do Tom. 

Foi então que eu vi que na frente da lápide deles. Reconheci a foto dela.

- Birgit - sussurei.

Fui até lá e então vi algo que me suspreendeu.

Birgit Enser Bauer. Eu nunca havia notado que o sobrenome das duas eram iguais. Além claro da aparência.

- Por favor Lívia espero que não esteja mentindo novamente.