“Teremos que ir ao Ministério para oficializar sua adoção, mas por enquanto pode ir aproveitar seu último dia letivo com seus amigos, depois pensamos nisso.” Snape disse após o café da manhã.

“Senhor, posso dizer a Ron e Hermione sobre isso?”

“Acho que pode confiar a seus dois amigos, mas peça para eles manterem segredo, muitas pessoas poderiam levar isso pelo lado errado.”

“O que quer dizer, senhor?” Harry perguntou curioso.

“Não é o momento certo para falar sobre isso, Harry, talvez quando estiver maior poderemos ter essa conversa.” Harry conhecia seu novo guardião bem o bastante para não insistir e foi procurar seus amigos.

“Ron, Hermione!” Ele encontrou os dois sentados na sala comunal da Griffinória. “Preciso falar com vocês.” Ele os puxou pelas mãos até um canto onde poderia falar sem ser ouvidos, já que a maioria dos alunos estava do lado de fora, aproveitando o ultimo dia no castelo.

“Ontem à noite...” Ele começou em voz baixa

“Você o que?!” Ron gritou atraindo olhares curiosos para o trio.

“Ronald fale baixo.” Hermione sussurrou. “Você tem certeza Harry? Quero dizer, é o Snape.”

“Isso mesmo, é o morcego velho das masmorras que odeia os griffinórios!”

“Você não entendem, não é? Ele é a primeira pessoa que realmente se importa com o que acontece na casa dos Dursley, ele enfrentou Dumbledore por mim! Sei que será complicado, mas vocês não podem simplesmente ficar felizes por mim?!” Harry estava tão sobrecarregado que não pode fazer nada além de explodir com seus amigos.

Ele saiu correndo da sala comunal para ir se esconder na biblioteca, o último lugar onde pensariam em procurá-lo e poderia chorar sem que o vissem.

Eles não entendem, pensou, mas, como poderiam? Cresceram em famílias perfeitas e cheias de amor, ele não conhecera nada além de descaso e, muitas vezes, crueldade, em seu tempo com os Dursley. Então quando chegou a Hogwarts, teve que lidar com a fama que adquirira ao escapar da maldição de matou seus pais quando era apenas um bebê. Muitos querem sua fama, mas é legal, não é? Ser famoso por sobreviver enquanto seus pais morrem. Não, não é.

Poucas pessoas viram o garoto por trás da cicatriz e ele estava chorando por causa de duas dessas pessoas. Mas Snape viu o menino de verdade dentro dele ontem, o menino que não quer nada além de ser normal e ter uma família de verdade, e ofereceu isso a ele. Um lar onde não seria nada além de uma garoto comum e com um guardião que se importa. Como o homem poderia então ser tão ruim? Ele é severo, mas isso não significa que seja mau.

“Harry?” Hermione chamou e ele limpou as lágrimas rapidamente.

“O que você quer?”

“Por favor, Harry, agimos como idiotas, sua felicidade é tudo que importa.” Ele olhou para Ron.

“O que?” Hermione deu-lhe uma cotovelada. “Tudo bem.” Ele assoviou. “Me desculpe, Harry, só estava surpreso. Se você está feliz com sua decisão, então eu vou ficar bem.”

“Obrigado.” Os três amigos deram um forte abraço.

“Harry, prometa que escreverá toda semana.” Hermione disse enquanto o abraçava.

“Bem, talvez nem toda semana...” Ele brincou e ela lhe deu um tapa no braço. “Tudo bem, eu prometo.” Ele os abraçou mais uma vez antes dos dois partirem para as férias.

Ele voltou para os aposentos de Severo com medo de ter tomado a decisão errada. Não, Harry, vai ficar tudo bem, pensou consigo mesmo.

“Como foi com seus amigos?” O homem perguntou assim que ele fechou a porta.

“Eles não entenderam de início, mas agora está tudo bem.”

“Temos algumas coisas para discutir.” Ele colocou as provas que estava corrigindo de lado. “O diretor agendará a audiência no ministério para essas férias, vamos lhe dar alguns dias para que possa repensar sua decisão, mas, se seguir minhas regras, não teremos problemas.” Harry estremeceu com o que poderiam ser.

“E quais seriam, senhor?”

"Você vai me tratar com respeito todos os momentos. Não terá que fazer as tarefas domésticas, mas deve manter seu quarto sempre arrumado. Agora eu sou seu guardião e você deve me dizer se estiver se estiver com dor ou necessidades. Meus aposentos privados, bem como meu laboratório, são áreas que você não deve entrar sem minha permissão. Você vai me obedecer. E mais importante, não vai se colocar em perigo."

"E minhas punições?"

"Pretende descumprir minhas ordens?" Snape deu a Harry um olhar aguçado.

"Não, senhor. Só é bom saber o que esperar."

"Bem, não sou seu tio. Não vou abusar de você ou deixá-lo sem comida, mas eu sempre posso te dar uns tapas no bumbum ou colocá-lo de castigo."

O rosto de Harry queimou em cinco tons diferentes de vermelho a menção de Snape o bater como se fosse uma criança. Snape riu da cara de Harry e disse.

“Alguma pergunta?”

“Vamos passar as férias no castelo?”

“Somente as primeiras semanas enquanto termino de corrigir as provas, depois vamos à minha casa, Snape Manor.”

“Senhor, por que é sempre tão rígido quando estamos no laboratório?” Harry se arrependeu da pergunta no mesmo instante, mas Snape não pareceu se incomodar.

“Acredite, não é o primeiro me fazer essa pergunta.” Ele o tranquilizou. “No laboratório estamos o tempo todo lidando com ingredientes perigosos e poções instáveis, se eu não fosse rígido, os acidentes seriam mais freqüentes.” Harry balançou a cabeça sinalizando que entendeu, mesmo que não concordasse.

“O quarto que dormiu ontem a noite, será seu a partir de agora e você tem a liberdade de decorá-lo como quiser, o mesmo vale para seu quarto em minha casa.”

“Obrigado, senhor.” Harry sorriu com lágrimas nos olhos, tudo parecia bom demais para ser verdade.

“Agora pode ir para lá começar seus deveres de verão, quando antes começar, mais cedo terminará e poderá aproveitar suas férias. Se tiver dúvidas pode vir me perguntar.”

Harry não queria fazer a lição, mas também não queria contrariar Snape no primeiro dia.

“Tudo bem, senhor.”

“Harry?” Snape o chamou quando já estava quase no corredor, ele voltou alguns passos. “Quando estivermos a sós, pode me chamar de Severo.”