A aula terminou e eu passei os últimos horários pensando no ocorrido.

Quando bateu o sinal de saída eu corri para o portão da escola. Queria ver Adrian, esse episódio mexeu comigo de certa forma.

Quando entrei no carro, vi que Adrian não estava lá.

-Onde está o Adrian Alfred?

-Ele ficará até mais tarde na escola.

-Haa...

O resto do trajeto foi silencioso. Chegando em casa, subi para o quarto, tomei um banho, e fui dormir um pouco.

Xx

Acordei com os sussurros de Adrian que parecia conversar no corredor com Dona Julieta.

-Ela não pode ficar aqui...

-Adrian, ela é uma boa menina e não tem ninguém mais na vida.

-Fodas vó. Ela não é nada nossa, não devia estar aqui...

Sai de perto da porta de meu quarto. Não queria ouvir mais isso.

Já chega o tanto que me sinto mal por estar morando de favor. É muito humilhação pra uma única garota.

E o Adrian? Porque ele me odeia tanto? Poxa, eu não sou tão desprezível assim. Ou sou? Mas que merda de vida! Mas eu devia agradecer por Julieta ter me ajudado...

Já escorriam lágrimas por minhas bochechas.

Ele é lindo, mas toda a falta de educação que ele tem o deixa tão feio...

Acabei adormecendo e chorando.

Acordei com o Toc-toc na porta de meu quarto. (É estranho dizer “meu quarto”)

-Annabel? Você está bem querida? Venha jantar.

-Claro, já estou indo Dona Julieta.

Levantei-me e fui direto para a sala de jantar. Acabei esquecendo de lavar o rosto, e como já estava bem próxima a mesa, não tinha como sair correndo pra lavar o rosto.

-Você estava chorando querida? Dona Julieta perguntou assim que me sentei na mesa, ao seu lado e em frente Adrian.

-Não, é só... Um mosquito que picou meu rosto.

-Humm.

Ok, não convenci ninguém com essa desculpa.

Adrian se quer levantou os olhos azuis do prato. Mexia nas folhas de alface com o garfo, mas não colocava na boca e parecia com os pensamentos distantes.

Eu tentava não o encarar, mas já estava ficando impossível.

Garoto estranho, totalmente indecifrável e lindo, mas...

-Vocês dois estão muito estranhos. Julieta comentou.

Não se ouviu nenhuma resposta, nem minha e tão pouco de Adrian.

Assim que terminei, pedi licença e voltei para meu quarto, para organizar meus livros e cadernos.

Fiquei das 9 da noite até as 1 da manhã, organizando minhas coisas e lendo um livro. Só parei as 1 porque levei um susto ao olhar pro relógio e ver que já era tudo isso.

Desci até a cozinha e bebi um copo de água e logo retornei ao meu quarto, quando cheguei a porta, vi Adrian parado na parede ao lado da porta de meu quarto, fitando o chão.

-Adrian? O chamei de leve. Ele levantou os olhos, parecia triste e distante, como no jantar

-Podemos conversar?

-Tá. Entrei no quarto e ele logo em seguida

Encarei-o durante algum tempo, olhando dentro de seus olhos imensamente azuis, esperando ele dizer algo.

-Me desculpa por hoje mais cedo.

-Tá bom.

-Porque está tão monossílaba comigo?

Eu já tinha essa resposta na ponta da língua, mas iria doer dizê-la.

-Eu não sou nada sua, nem era para eu estar aqui.

-Você me ouviu conversando com minha avó?

-Era impossível não ouvir, parecia que vocês estavam falando do meu lado. Eu sei que você me odeia, eu juro que não quero te aborrecer ou atrapalhar, assim que conseguir um emprego eu vou embora da sua casa, te juro que não te incomodo mais. Estou mais que acostumada e ser rejeitada pelas pessoas.

-Eu não... Devo parecer um monstro pra você né... Ele disse fitando o chão e suas palavras saíram quase inaudíveis.

-Não. O monstro aqui sou eu. Boa noite Adrian.

Ele saiu de meu quarto e eu fui dormir, triste, claro. Não entendo o porquê de tudo isso... Parece que eu fui destinada a sofrer, sempre e em qualqeur lugar que eu esteja...