Alice In Dreamland escrita por Lirium-chan, Lyssia


Capítulo 2
Olhos de vidro


Notas iniciais do capítulo

Lirium- Minna-san ^^"
Desculpem pela demora '-'
Eu e a Ly-chan tivemos muitas dificuldades pra conseguir a média de palavras que essa fic nos coloca XD
Então...O poder de enrolar foi usado u_u"
Mas pessoalmente; eu acho que ficou muito bom ^^ A Ly-chan é muito criativa, certo? =3
Obrigada pela paciência pessoal...
Beijos, Lirium-chan ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/166669/chapter/2

Era como se a pele de Rin fosse atingida pelos espinhos das rosas, embora isso fosse impossível, já que ela corria relativamente distante da parede e os espinhos não a alcançavam. Mesmo assim, a pequena loira ainda tinha a impressão de estar sendo envolta por espinhos. Não parou de correr, ansiosa pelo chá.

Em sua cabeça, talvez aquele misterioso fabricante de bonecas, de cabelos azuis vibrantes, estivesse lhe preparando uma surpresa e Len estivesse lá na hora do chá.

Afinal, ele havia prometido.

Agarrou-se mais à boneca que tinha as mesmas características de Len.

O chão do labirinto também estava manchado de vermelho, em pequenas poças, que escorriam das rosas.

Mesmo quando os seus pés pisaram sobre as poças vermelhas e seus sapatos e meias ficaram manchados da cor rubra;

Ela não percebeu.

Sua mente e seu olhar se mantiam fixos no caminho à frente. Mesmo que fosse um labirinto, seu pequeno corpo virava com perfeição nas curvas e evitavam as paredes fechadas. Não havia o que temer, era como se a armadilha- digna de guardar o Minotauro - se movesse para que a garota encontrasse o caminho certo. Ela não se perderia. Sabia disso. Já estava fundida com aquele mundo;

Já era um deles.

Rin finalmente saiu do labirinto, chegando a uma clareira circular, com uma grama baixa e bem verde. Pode ver uma mesa no centro, com uma toalha azul-clara e bolos, tortas e doces espalhados por ela, junto com um bule branco, decorado por flores amarelas e três xícaras que faziam conjunto.

Haviam três cadeiras, uma estava Kaito, com uma cartola marrom com uma faixa vermelha, em outra, a pequena boneca que Rin havia visto antes, de olhos de cristal brilhantes como o de um ser vivente. A última estava vazia. E ao redor da mesa, várias outras bonecas estavam caídas, cada uma com uma "fantasia" diferente.

Uma duquesa vermelha, uma coelha com cabelos rosados, uma lagarta de cabelos roxos.

Seu irmão não estava lá...

"Venha cá, querida, venha tomar chá." Rin foi até ele, hesitante, se sentando na única cadeira vazia. O "tic tac" persistente e irritante do relógio finalmente parou.

"O que houve com o relógio?" perguntou, curiosa, enquanto se servia de um pouco de chá e observava a boneca de cabelos esverdeados.

"Oh, nada demais!" disse Kaito, pegando o relógio dourado e o olhando. "O relógio de ouro parou, mas não se preocupe, apenas beba seu chá."

A jovem bebericava seu chá, um pouco incomodada, pois o homem observava cada movimento seu, sorrindo de maneira quase perversa;

Rin pensou em abraçar as bonecas pra se sentir mais segura, mas percebeu que, em algum momento, ela havia as deixado cair no chão. Pelo menos achou que a culpa teria sido sua.

Olhou novamente para a pequena boneca de cabelos verdejantes;

Pensando que o sorriso costurado dela, parecia muito mais aberto, e estranhamente, parecia mais cruel. Tirou sua atenção da pequena boneca de olhos vidrados, olhos esses que ainda por cima pareciam olhar pra ela.

Seguiu-se um longo e perturbador silêncio, onde só se podia ouvir o pequeno som que Rin emitia ao tomar chá. Desejou mais que tudo poder ouvir o irritante som de “Tic-Tac” do relógio.

Não se demorou muito, Kaito levantou-se e caminhou lentamente até em frente à Rin. “Dá-me a honra dessa dança?” Indagou, ainda sorrindo de um modo estranho. De maneira hesitante, a menina colocou a sua pequena mão sobre a do homem, que a puxou, delicadamente, para uma valsa, onde os dançarinos flutuavam no ar.

Não havia música;

Não havia necessidade de música.

Os passos seguiam, calmamente, controlados, Kaito movimentava-se, guiando Rin em sua dança, de uma forma incrivelmente perfeita. Rin ainda estava hesitante, embora estivesse se divertindo um pouco com aquilo. Seus olhos, vez ou outra, passavam pela mesa, vendo que as bonecas pareciam seguir seus movimentos.

De repente, sentiu-se estranha, como se uma vertigem fosse tomar conta de seu corpo. E foi exatamente isso que aconteceu, caiu no chão, desfalecendo, sendo observada por Kaito, que tinha um sorriso no rosto.

"Está na hora de você saber..." sussurrou o de cabelos azuis, voltando a sua mesa de chá, como se nada tivesse acontecido.

Rin levantou-se, o mundo girara e acordou em outro lugar, parecia que estava em outra parte do mundo maravilhoso, uma parte com certeza esquecida e com certeza nada maravilhosa. Era uma pequena clareira. Ao redor, era cheia de árvores negras, secas e ameaçadoras, pareciam mãos formadas para atacá-la, a luz era fraca e ela não tinha nenhuma das bonecas em mãos para agarrar contra seu corpo e fazer o sentimento ruim ir embora. Com certeza não era agradável como o lugar aonde se encontrava anteriormente.

De repente, uma mão branca agarrou seu ombro, ela tentou se virar com o susto, mas o toque lhe causou dor. Lembrou-se da sensação de ter tido sua pele machucada pelos espinhos das rosas no labirinto. O sangue escorria dos cortes conforme ela tomava noção da existência de cada um deles, quando estava com Kaito, era como se estivesse sob um torpor, era como se perto dele não existissem. Mas pelo visto estavam lá o tempo todo. Inúmeras outras mãos saíram de dentro do bosque ao redor de si e apertaram forte o seu corpo, ela só sentia a dor provocada pelos toques violentos sobre suas feridas.

"Não! Por favor eu quero voltar para minha terra!" Rin ouviu uma mulher gritando em sua cabeça e logo em sua frente, naquele cenário horrendo, viu uma mulher de vermelho, muito parecida com uma das bonecas.

"Você nunca vai voltar, agora é parte desse mundo... minha bonequinha vermelha."

E repentinamente a cena mudou, agora Rin via uma mulher de cabelos rosados e olhos azuis.

"Eu preciso voltar, eu tenho... eu vou me casar... eu preciso... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!" e a mulher caiu de joelhos, chorando copiosamente, deixando até mesmo Rin com os olhos marejados. O de azul apenas riu.

"Você pode ser minha noiva, Luka-chan..."

e a cena mudou de novo. Mas agora Kaito estava diferente, abaixado perto de sua vitima.

Uma pequena de cabelos verdes, sentada ao chão, com os olhos arregalados. Ela ergueu o olhar, e Rin jurou ter visto pena passar pelos olhos de Kaito.

"Não... eu tenho meus pais... eu...."

"Sinto muito... você terá que ficar aqui, para sempre. Mas eu cuidarei de você. Será minha boneca preferida... minha doce Alice..."

As vozes gritantes e angustiadas ressoavam na cabeça de Rin e abaixavam o tom, até que virassem o murmúrio e então deixassem de existir e isso ocorria gradativamente enquanto as mãos gélidas iam deixavam de segurar seu pequeno corpo, até que a garota se viu sozinha no meio daquele lugar escuro e só se podiam ouvir seus lamúrios.

Ela entendera;

Todas aquelas pessoas haviam passado pelo que ela passou, todos haviam estado naquela clareira. Soube naquele momento que aquilo se repetiria com ela. Lágrimas começaram a brotar de seus olhos e um arrepio percorreu sua espinha quando uma mão tocou seu ombro. Era a mão dele. A mão de Kaito. “Isso não vai doer tanto assim... Só é doloroso o bastante para que perca a sua sanidade!” Sussurrou o homem em seu ouvido, o tom de sua voz era calma e aveludada. A menina não teve coragem de olhar pra trás, seu corpo machucado e dolorido levantou-se e suas pernas bambas correram o mais rápido que podiam. Podia sentir a marca das unhas dele sobre o seu ombro. Adentrou o bosque, os galhos das árvores arranhavam sua pele, haviam inúmeros obstáculos em sua frente, seu corpo era pesado e as lágrimas faziam a sua visão turva enquanto ela ofegava de exaustão e soluçava com o choro. Era uma figura lastimável. Estava suja, seu vestido era puído, seu sapato perdera o brilho e o laço em sua cabeça estava totalmente desorganizado. “Com toda a certeza levarei uma bronca quando chegar em casa nesse estado!” Pensou, mas não tinha certeza de que voltaria, em fato, sentia que nunca mais sairia daquele mundo. Mas é uma alegria humana se enganar para adiar o sofrimento e tentar correr do destino inevitável.

Continuou correndo desesperadamente até que por fim acabou tropeçando em uma raiz, seu corpo ia de encontro ao chão se não tivesse sido segurada bem a tempo, Kaito a segurara pela cintura e abraçara contra o seu corpo, impedindo-a bem a tempo de tentar escapar novamente, a garota tentava inutilmente se desvencilhar dele, mas não tinha força o suficiente nem pra se colocar de pé, acabou por se ajoelhar, o homem ainda a manteve sobre seus braços enquanto ela continuava a chorar grossas lágrimas. Não quis olhar para ele, mas se tivesse o feito, repararia que não possuía uma única gota de suor escorrendo por sua face, perceberia que o homem não chegara realmente a correr atrás dela. Nunca precisou.

O fabricante de bonecas sorrira diabolicamente, colocando o indicador sobre a testa da menina, que ainda olhava pro chão. “Espere! Vo-você disse que ia trazer Len para brincar comigo!” Exclamou, as lágrimas caiam no chão com violência.Não fora uma última frase bem reformulada, mas... Pelo que vira, não adiantava de nada implorar por sua vida. “Eu prometi, não foi? Não se preocupe, sou um homem de palavra!” Quando ele disse isso, sua voz tinha um tom sarcástico, diferente do calmo habitual. Rin sentiu medo. Medo por si. Medo pelo seu irmão. Não gritou, esperou com uma paciência que lhe era excruciante. A dor insuportável invadiu seu corpo no momento em que ele desferira o poder em sua testa e ela caiu quase desfalecida no chão, sentindo o impacto do solo em seus machucados, uma luz azul contornou seu corpo. Seus olhos se fecharam lentamente e de um deles escorreu uma ultima lágrima. Aquele foi seu último momento de sanidade antes de transformar-se. Seu corpo levitou no ar para dar inicio à “metamorfose”.

Seus cabelos loiros e sedosos tornaram-se de tecido, sua boca rosada e pequena agora não passava de um sorriso costurado na pele de pano, seus olhos eram azuis como o céu e então mudaram para o vidro cristalizado;

Era menina;

Agora era boneca.

Kaito a amparou, apertando-a entre os braços, como num abraço aconchegante. Foi a carregando pelo mundo subterrâneo, caminhando a passos firmes pela floresta, logo alcançando um ponto onde já podia se ver algumas árvores bem verdes e majestosas. Enquanto andava, dançava, como se dançasse com a pequena bonequinha de pano.

Finalmente, sem nunca se perder ou parar, atravessou o labirinto de rosas manchadas de sangue, chegando até a clareira onde estava a mesa de chá. Viu que todas as bonecas pareciam observar enquanto ele voltava. Segurou Miku delicadamente entre suas mãos, sorrindo para ela, acariciando seus cabelos de pano verde-azulado.

"Eu trouxe para você, minha querida Alice, o que tanto querias. Uma nova companhia para brincar." E colocou a bonequinha loira sentada ao lado de sua favorita, carinhosamente.

Enchendo uma xícara e colocando bastante açúcar, sentou-se na mesa e começou a tomar seu chá, calmamente, enquanto cortava uma torta, parecendo realmente concentrado. Logo depois olhou em seu relógio de ouro, surpreso.

"Aquele menininho insistente ainda não desistiu..." pensou alto, com um sorriso sacana no rosto. Embora nenhuma das bonecas pudesse ouvir, Kaito ouvia com perfeição alguém chamando o nome de sua mais nova bonequinha da coleção.

Levantou-se e foi até a boneca Rin, percebendo que algo misterioso havia descido por um de seus olhos de cristal, umedecendo o pano que formava o rosto da boneca. Pegou-a em suas mãos, colocando no chão logo em seguida, junto com as outras bonecas, que miravam Kaito com seus brilhantes olhos, com raiva. Ele riu um pouco, olhando diretamente para Rin.

"Eu prometi que traria seu irmão de volta, não foi?" perguntou, alargando ainda mais o sorriso, quase de forma maníaca. "Então, irei buscá-lo agora... sou um homem de palavra, minha querida."

E então se distanciou das bonecas, deixando até mesmo Miku, que parecia olhar para as outras bonecas com superioridade, havia se tornado a cúmplice de Kaito, o amava como ele a amava, e não o odiava como as outras bonecas. Na verdade, desprezava as outras, as considerava realmente inferiores a si. Principalmente a pequena novata. Mas essa teria a honra de a acompanhar sempre, mesmo assim. Seria sua companheira.

O "fabricante de bonecas" atravessou o labirinto em uma velocidade impressionante, e, quando passava pelas rosas machadas, essas pareciam absorver o sangue e tornavam-se brancas novamente, e as poças iam desaparecendo, assim como a marca de seus sapatos. Chegou ao lugar que Rin caiu, logo debaixo do enorme e aparentemente interminável fosso, o observando, sorridente.

Começou a escalá-lo, até que chegou em uma poltrona, se acomodou bem e estalou os dedos.

E algo como uma rajada de vento cortou o ar, entrando no estranho fosso, jogando tudo que ali estava pro alto. Kaito sabia que só teria uma oportunidade de pular para fora. E depois de cinco minutos subindo, finalmente viu sua chance e pulou para fora. Percebeu que seu chapéu caiu quando saltou e o pegou do chão antes de seguir seu trajeto.

Foi andando pela cidade, recebendo olhares estranhados, pois suas roupas não condiziam com o ano nem o lugar. Finalmente chegou em uma pracinha, algumas pessoas andavam com cachorros, outros andavam de bicicleta ou caminhavam.

"Riiiin! Por favor, se estiver ouvindo, responda! RIIIIN!" um loiro de olhos lindamente azuis, com os cabelos longos e brilhantes presos em um rabo-de-cavalo corria pela praça enquanto gritava, com os olhos assustados, chamando atenção dos que passavam.

"Menino, venha cá..." chamou Kaito, com um sorriso sacana. Len o encarou, depois arqueou uma sobrancelha e fingiu não ter ouvido. "Hei, hei! Acho que sei onde está essa menininha!" e novamente Len fingiu não ter ouvido.

Kaito respirou fundo, irritado. Se aproximou de Len por trás, antes que ele pudesse recomeçar a correr e chamar pela irmã, colocou as mãos nos ombros do loiro, que estremeceu, aproximou o rosto do ouvido dele...

"Vamos juntos ao País das Maravilhas?"

FIM.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Lyssia oi ^^~~
Etto... eu e a Lirium-chan nos esforçamos muuuuito para enrolar nesse capitulo. Sério, nunca enrolei tanto... acho que é pouca coisa e o capitulo ia ficar pequeno, então... mas bem, espero que tenham gostado, por que foi tenso escrever, mas foi tãaaaao legal! *-*
Arigato por aturar minha preguiça e escrever comigo, Lirium-chan =3~~
E como ela é muito paciente mesmo, resolvemos fazer uma continuação, Alice Adventuries in Underground! XD Vamos contar o que aconteceu com o Len =D Há! Dessa vez vocês não podem ir olhar no PV u,u (?)
Agradeço desde já a quem deixar comentários ^^