Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 33
Encontros e Desencontros


Notas iniciais do capítulo

Oi leitoras queridas! Desculpa a demora pela atualização, mas como é época de final de ano e trabalho num supermercado, nem tive tempo para viver direito.
Espero que gostem do capítulo. Sinto que alguns leitores me esqueceram, mas leiam por favor.
Ah! E só lembrando que estou consertando os erros nos capítulos anteriores e em Aira Snape (primeira temporada) e modificando algumas coisas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/166537/chapter/33

Ketlen estava me seguindo pela estação King Cross. Ela não a conhecia tão bem ainda. Avistei a pilastra e corri para atravessá-la. Segundos depois Ketlen estava ao meu lado. Não havia tanta movimentação como no ano anterior. Sentia saudades das pessoas. Até isso fazia falta!

Antes eu mergulhava em um mar de pessoas, agora havia poucos corajosos que enfrentariam Hogwarts esse ano. Sem eu sequer perceber, Ketlen sumiu de minha vista. Ela provavelmente encontrou alguma colega de dormitório e foi conversar com ela. Ainda observava a estação e sentindo a nostalgia que ela era, quando ouvi um barulho ínfimo, mas que eu conhecia. Quem aparataria ali? Olhei para os cantos e quase morri do coração ao ver meu pai ao meu lado. Como ele sempre consegue chegar sorrateiro dessa forma?

– Na próxima seria melhor avisar – impliquei, mas ele não deu sinal de que tivesse ouvido. Apenas retirou um envelope de sua capa e entregou-me. – Para que isto? – mas antes que eu pudesse perguntar mais, ele desaparatou. Adorava o mistério todo que meu pai empregava.

Abri o envelope e retirei a carta. Bem, tenho de ressaltar que o ataque surpresa de meu pai foi mais leve do que o conteúdo da carta. Acho que se fosse uma carta de suicídio seria mais aceitável. Somente para ter certeza de que eu estava lendo certo (coisa que fiz cinco vezes) virei o envelope de boca para baixo; e infelizmente caiu um pedaço de metal dourado, que eu identifiquei imediatamente.

O que ele pensava que estava fazendo me dando essa tarefa? Peguei o distintivo de monitor da Grifinória e vi meu nome entalhado nele: Aira Snape em letra legível. Na carta dizia que eu era obrigada a usar o distintivo e tinha passe livre para entrar na Torre da Grifinória se fosse preciso. Muito legal! Como se os grifinórios fossem-me deixar fazer isso!

O apito soou e eu corri para o trem. Não queria perder minha condução. O corredor estava vazio. Não seria problema encontrar uma cabine para mim. E realmente não foi. Adentrei em uma e deixei minha mala ao lado da janela. Estava prestes a abrir minha mala para retirar algumas coisas que me manteria sã durante as horas de viagem, quando ouvi uma batida na porta.

Olhei para o lado e meu coração quase parou. Oh meu Deus! Eu deveria estar vendo coisas! Não era possível!

– Oi – ele disse. – Podemos ficar aqui?

Tinha tantas cabines vagas. Para que ficar na minha? “Podemos”? Olhei mais para o lado e vi mais uma duas pessoas atrás dele.

– Então... – olhei de volta para ele. – Podemos?

– Tanto faz!

Voltei para minha mala, como se nada tivesse acontecido, mas estava acontecendo. O que esse maluco estava pensando em se enfiar em Hogwarts? Olhei de soslaio para ele. Eu tinha a plena certeza que era ele, pois ele exibia um sorriso cafajeste e um brilho em seus olhos que eu conhecia bem. Merlin, socorro! Ele estava em minha cabine – acompanhado -, mas ainda assim estava ali.

– Não se importa mesmo?

– Não – olhei para ele. – Por que me importaria Fred?

Ele sorriu, como se eu tivesse respondido a pergunta de um milhão de dólares. A única pessoa na cabine que não estava muito a vontade era Gina. Estava carrancuda e de braços cruzados. Acho que se separar do namorado – ainda mais ele sendo o Harry Potter – quando seu arquiinimigo está atrás dele, não é muito agradável.

Jorge estava sentado, olhando para a paisagem na janela ainda era zona urbana, mas logo mudaria.

– Voltar para a escola depois de fugir é um dos grandes feitos dos Weasley?

Fred olhou para Gina.

– Pode ir se não quiser ficar. Mais eu prometi para a mãe que ficaria de olho em você.

Ela levantou-se e saiu da cabine. Jorge ficou de pé e se espreguiçou.

– Vou ver se acho alguns compradores – ele pegou a maleta do Gemialidades Weasley e saiu, fechando a cabine. Fred levantou-se e trancou a porta e fechou as persianas. Era tudo planejado. Somente a parte do Jorge. Os irmãos tinham arranjado isso.

Fred aproximou-se e curvou-se para cima de mim, prendendo suas mãos ao assento, ao lado de meu corpo. Merlin... (eu realmente preciso de palavras que demonstrem como me sinto). Ele estava tão próximo, que eu podia sentir seu hálito, sua respiração e o cheiro de sua pele. Oh meu Deus! Eu ainda o queria como sempre quis, só que dessa vez meu corpo gritava para beijá-lo e ter seus lábios em minha pele.

Tentei afastar esse pensamento, mas era inútil com ele tão próximo...

Fred aproximou-se mais, porém não me beijou. Sentou-se ao meu lado. O quê? Ele não podia fazer isso comigo! Eu olhei para ele, perguntando-me porque me fazer sentir dessa maneira, se não quer me beijar? Ele usou meu estado de torpor e enlaçou minha cintura e aproximou seus lábios aos meus.

Eu olhava dentro de seus olhos brilhantes e via seu sorriso cafajeste. Aquele sorriso que tantas vezes vi quando estávamos juntos.

Ele aproximou-se mais e fechei meus olhos, esperando o beijo, mas o que aconteceu não foi o beijo. Foi um riso. Olhei e vi Fred rindo. Afastei-o de mim e fui me sentar no assento à frente dele.

Cruzei minhas pernas e meus braços. Agora ele ria de mim. Sou muito idiota por cair no charme dele.

O riso parou e Fred olhou-me.

– Não precisa ficar carrancuda.

Era tão frustrante a sensação. Eu sempre me mostrei forte ao lado dele e ali, quase cai em seus braços.

– Você ainda sente algo por mim. Se não, não teria aceitado o beijo.

Eu odiava que ele estivesse certo.

– Apenas entrei em seu jogo.

– Não, você esperava que eu a beijasse.

Desde o começo ele queria ter certeza de que eu gostasse dele. E eu estraguei tudo com a tentativa de beijo.

Levantei-me para sair do ar frustrante, mas Fred segurou meu braço e puxou-me contra ele, jogando-me contra o assento. Ele ficou por cima de mim. Vi os olhos dele. Sentia falta deles.

– Saia de cima de mim!

Ele não se moveu. A não ser para se aproximar mais de mim. Afastou alguns fios de cabelo em meu rosto e desceu seus lábios aos meus. Eu não deveria retribuir, mas era mais forte que tudo que já enfrentei. Deixei a língua de ele invadir minha boca e explorar com ganância. Eu fazia o mesmo. Agarrei seus cabelos e o puxei para mais perto, apertando seu corpo contra o meu. Era tão bom estar com ele novamente, mesmo que por alguns minutos.

Eu puxei a camisa dele, querendo arrancá-la. Pela ansiedade em tocá-lo, passei minhas mãos por baixo da camisa dele e o arranhei. Fred deslizou sua mão em minha perna, apertando-a. Como isso soava tão sensual? Ele liberou minha boca e desceu seus lábios para meu pescoço.

Era a melhor sensação do mundo. Fred me desejava. Eu sabia que ele ainda me queria, mas não daquela forma. Ele olhou-me e mordi meu lábio.

Mas a porta foi aberta. Aberta! Ela estava trancada. Levantei-me num pulo, empurrando Fred que quase caiu no chão e olhei para a porta. Era o fim do mundo. Não se fosse apenas por duas das três pessoas que estavam me observando. Mas Parkinson estava ali, olhando tudo como faziam Ketlen e Draco.

Parkinson estava calma até. Achei que fosse revidar de alguma forma. Mas acabei percebendo que não estava me agarrando com quem ela ama e sim com Fred. Draco pendeu a cabeça para o lado e observou mais atentamente. Ele abriu um sorriso fraco para mim.

– Vejo que perdi – ele colocou as mãos no bolso e se virou. Ele virou o rosto para mim. – Boa sorte com a cenoura. Você vai precisar.

Parkinson correu atrás dele. Essa era a chance dela conseguir o que queria. Eu me sentia aliviada e ao mesmo tempo receosa. O que diabos fofocariam depois? Tenho certeza que em pouco tempo todo o trem saberia.

Ketlen adentrou o vagão e sentou-se no assento vazio. Arrumei meus cabelos e olhei-a.

– Achei que ele fosse fazer um escândalo.

– Por quê?

Draco não fazia escândalo. Ele podia irritar e provocar certas pessoas, mas não se rebaixaria a tanto. Eu pelo contrário, adorava um escândalo, pois era o momento de jogar tudo na cara de quem me confrontava. Nem me importava se receberia punição.

Ketlen olhou-me e suspirou.

– Eu estava com o Draco (e Parkinson veio junto) para procurar você. Ele queria te ver antes de desembarcamos na estação – ela cruzou os braços e balançou o pé. – Só sei que ele ouviu o Jorge conversando com alguém, dizendo que o irmão estava com você. Bem, Draco fingiu ciúmes, pois Parkinson estava no encalço dele e veio voando para cá. E o resto você sabe.

A porta explodiu logo depois. Mas porque diabos, a Parkinson tinha que estar ali? No fundo ela gostou de me ver com Fred, pois teria Draco só para ela.

Suspirei e sentei-me. Fred sentou-se ao meu lado, mas eu deixei espaço entre nós dois. Mas até parece que ele deixaria esse espaço. Ele me encurralou na janela. Olhei para ele com vontade de xingá-lo um pouco.

– Acredito que a Parkinson está consolando o Draco – comentei. Sentia pena dele. Mas ele arranjaria uma forma de escapar dela.

– Achei que você tinha dito que não queria ficar próxima dele – ela apontou para Fred.

Fiquei vermelha. Irmãos são como pais (sejam eles de sangue ou não – inclui irmãos) sempre nos envergonhando. Ketlen sorriu. A desgraçada sabia de meu precipício pelo Fred. Nunca deveria ter contado meu relacionamento conturbado para ela. Agora ela estava sorrindo, como se tivesse se tornado o cupido e juntado um casal. Infelizmente para ela não éramos um casal.

Levantei-me e olhei para os dois. Eu simplesmente queria dizer umas poucas e boas para Ketlen sobre minha vida particular que não lhe interessava, mas não adiantaria nada. Ela estava convicta de que precisa me ajudar. Não me admiraria que ela tivesse levado Draco até ali e sugerido que ele arrebenta-se a porta.

Fred olhou-me. A camisa dele estava toda amarrotada e tinha marcas de batom no rosto dele e em seu pescoço. Eu deveria agradecer aqueles três por terem aparecido. Eu ia fazer algo inapropriado e em um vagão de trem. No que eu estava pensando? Perdi a razão e estava seguindo o desejo. Era um perigo ficar perto dele.

– Se agüentar ser alvo de fofoca iminente, é bom se preparar – disse olhando para Fred. Ele apenas abriu um sorriso cafajeste e começou a se arrumar.

– Será um prazer ser alvo de fofoca tendo uma mulher linda como você integrante da mesma.

Não sabia se ele estava brincando ou falando sério. Mas duvidava de que ele estivesse brincando. O olhar dele demonstrava que era uma possibilidade ele gostar de ser alvo de fofoca se eles falassem que eu e Fred estávamos juntos. O pior seria enfrentar meu pai e não ser esculhambada por ele por eu ter feito algo idiota. E tinha ainda o fato de que ele não sabia que eu Draco terminamos. Ele me acusaria de ter traído meu ex-noivo e seria o inferno receber sermões dele.

Agüentei o restante da viagem com Ketlen ao meu lado, conversando e eu no mundo da lua. Fred saiu algumas vezes. Em uma delas foi ao banheiro e voltou com o cabelo penteado e sem marcas de batom. Em outras apenas voltava e se sentava, olhando pela janela.

Ketlen queria sair, mas apertei tanto o braço dela, que suspeitei ter ficado um hematoma. Ela me olhou feio e ficou ao meu lado. Não queria ficar sozinha com ele e me embolar em seus braços e sentir o calor de seu corpo sobre o meu... Na verdade queria, mas não queria... Droga! Por que não posso ter dilemas normais como os N.I.E.M.s? Tem de ser sobre me agarrar com ele?

Não que querer se envolver com um homem não seja um dilema. Mas cá entre nós: não é todo dia que seu primeiro namorado – que você ainda ama – te agarra e te deixa igual um trapo, sem reações e apenas o querendo.

Oh Merlin! Que eu fiz para merecer tal castigo?

Finalmente o trem desembarcou na Estação de Hogsmead! Sai correndo. Pouco me importava em demonstrar que não o queria, andando como se tivesse desfilando e mostrando que sou poderosa e ele não pode me ter. Pelo contrário. Eu queria correr o mais rápido possível, conseguir uma carruagem e sair de perto de Fred. Ele já teve a prova de que eu ainda o desejo e não adiantaria jogar falsete sobre ele.

Felizmente consegui uma carruagem. Ketlen me seguiu, afobada, mas conseguiu subir. Pude relaxar e suspirei alto.

Tinha o inferno em dose dupla em minha vida agora: Hogwarts e Fred.

– Não entendo porque fugir dele – Ketlen não entenderia e nem era para entender. Não quero que as pessoas saibam que estamos juntos e se ficarmos longe um do outro há maiores chances da fofoca não durar mais que algumas semanas. Ela não sabia o risco que era eu me envolver com ele.

E agora que provavelmente todos diriam que trai Draco, Bellatrix era bem capaz de me torturar com Cruccio e me entregar ao Grayback. Mas esse não era realmente o problema. Fred é amigo e seu irmão está junto de Harry Potter caçando a forma de deter Voldemort. Quer motivo mais aparente de me manter longe dele? Ele era uma arma contra mim e era a mais poderosa.

Ainda tinha o banquete. Meu pai fez a coisa mais rápida e simplória que podia. Desejou um ano letivo bom e cheio de torturas (que os Comensais adorariam praticar) nos alunos arruaceiros. Também apresentou o novo professor e algumas mudanças nas matérias. Estava esperançosa de que ele me esqueceria, mas decidiu continuar:

– Como os monitores da Grifinória não têm responsabilidade e abandonaram Hogwarts, demonstrando falta de coragem, elegi um novo monitor – ele fez uma pausa. – Ela será responsável por tudo. Inclusive intervir a meu mando – Já estava demorando demais tudo isso. Ele adorava deixar as pessoas nervosas. – Minha filha, Aira Snape é a nova monitora e tem o poder de castigar não somente os Grifinórios, mas os membros de outras casas também.

Todos bateram palmas sem entusiasmo. Fiquei sentada e comendo. Não sabia como estava conseguindo engolir qualquer coisa, mas parecia certo fazer isso.

E meu primeiro papel foi saber a senha – coisa que eu não sabia – e que meu pai tratou de passar por meio de sinais. Acabei entendo que deveria ter deixado algo passar na carta. A peguei e li tudo de novo e no verso estava a palavra em francês: coeur. Coração. Bela escolha de palavra.

Quando subi para a torre, os alunos estavam todos aglomerados esperando minha passagem. Fred estava ao lado da porta junto de Jorge. Eles diziam palavras aleatórias e a mulher no quadro (com aparência tediosa) dizia Não.

– Coeur! – disse alto o bastante.

– Finalmente! – a mulher disse a abriu a porta.

– Como é que é? – perguntou Fred.

– Coeur. É francês. Significa coração – ele me olhou estanho. – Não fui eu que escolhi – disse em autodefesa.

– Coeúr? – Fred tentava pronunciar.

– Diga “Quer”. É a mesma pronúncia, mas se escreve C-O-E-U-R. Coeur – Sinceramente não sabe francês?

– Não preciso saber francês – ele virou o rosto e entrou.

– Na próxima aprenda! – gritei enquanto ele entrava e sai logo em seguida.

Ele estava me ignorando. Então eu ia ignorar de novo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews, amores?
Quero saber se estão gostando.
O que acham que vai acontecer agora com esses dois?
Gente, notícia aqui. Eu vou viajar no ano novo e onde ficarei nem sei se tem internet e mesmo se tiver não vou me arriscar escrevendo a fanfic perto das pessoas. Então só vou poder atualizar bem depois do ano novo.
Feliz natal atrasado para vocês e um bom ano novo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aira Snape - A Comensal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.