Voz: Booth

- Acho que poderíamos ir um pouco mais rápido...

Max estava sério, nunca havia o visto assim. Não respondi, apenas acelerei um pouco mais... Realmente não podíamos perder tempo. Chegando ao local, tive a impressão de que estava abandonado. Um prédio velho, antigo... As janelas fechadas e empoeiradas.

- Você fica aí.
- Não mesmo! Você pode ser o “Agente Federal do FBI”, mas Temperance é minha filha, e tenho muito mais experiência que você!

Aquilo não era verdade. Fui um Ranger, liderei batalhas, salvei e deixei vidas... A experiência de Max se resumia em assassinatos mal feitos. Mas não quis rebater seu argumento... Aquela não era a hora, Bones poderia estar ali, correndo perigo... Não a deixaria esperando.

- Tudo bem. Pegue essa arma. Se atirar em mim, ou se usá-la sem necessidade, nunca mais espere tocar em uma.

Tirei a arma de meu cinto, lhe entregando.

- Você está brincando não é? Já atirei com uma HK!

Não respondi. Apenas fiz um sinal, para que ficasse quieto, e andasse silenciosamente até a grande porta de madeira. Max fez uma cara de desagrado, mas percebi que estava me seguindo. Chegando á porta, percebi que Max estava pronto para chutá-la, embora acreditasse que jamais conseguiria arrombá-la sozinho. O segurei.

- No três.

Contamos mentalmente, e então chutamos juntos a porta, que caiu diante de nós. Estendi a arma e fiz sinal para que Max me seguisse... Era visível sua incomodação por ficar atrás. Percorremos com certa pressa o prédio, e depois de revistado o primeiro andar, quando chegamos ao segundo, logo vimos um homem de meia idade, tentando escapar por uma das janelas.

- Parado, ou atiro!

O homem logo levantou as mãos para cima. Estava nervoso... Não precisava nem mesmo de perguntas para saber que escondia algo.

- Não é o que você está pensando...
- Mesmo? Pois tudo o que vi está contra você.

O silêncio se fez por alguns instantes, até que Max o interrompesse.

- Se fosse você, não brincava com esse cara... Ele pode ter um rostinho bonito, mas sabe bater!

Olhei para Max, com cara de desaprovação. Logo, se calou.

- Agente Especial Seeley Booth, FBI, tenho algumas perguntas.
- Olha, vou dizer tudo o que sei... Ben está morto! Fizemos alguns negócios, mas há muito tempo... 
- Como sabia que perguntaríamos sobre Ben?

Novamente o silêncio se fez. Senti seu desconforto, e a dificuldade para responder a pergunta.

- Olha, tudo bem... Vou dizer. Me contaram que viriam, sabia que seria suspeito, por isso tentei fugir.
- Quem contou?

O vi soltar o ar, como se não houvesse mais o que fazer.

- O irmão de Jamie... Acho que é Marcus... Ele pode responder. Agente Booth, apenas trabalho com medicamentos... Não posso responder mais nada!

Sabia que estava falando a verdade. O deixei ir, enquanto Max insistia para pegá-lo. Ao invés de seguir seu conselho, fiz sinal para que saíssemos dali... Tínhamos que chegar a casa de Marcus o mais depressa possível.

Não precisei de mais de três batidas para saber que Marcus não abriria a porta. Não podia esperar... Onde quer que estivesse, Bones poderia estar correndo perigo. Sem pensar, derrubei a porta. A força foi tanta que a fumaça ainda confundia nossos olhos enquanto entrávamos. Logo após afastar a fumaça, enxerguei Marcus. Infelizmente, não da maneira como queria. Ele estava morto, aparentemente havia se enforcado. A corda estava presa na parte de cima da lareira, e seu corpo estava ao alto... Não olhei por muito tempo, o medo aumentara. Liguei para Camille, fiquei na frente da casa até que todos chegassem. Max também estava em silêncio, provavelmente estava assustado, assim como eu. Assim que Camille chegou, saí. Max disse que ficaria bem, que os ajudaria. Acelerei, sozinho. Chegando, pedi uma dose. Queria que fosse o suficiente para afastar meus pensamentos ruins, queria que fosse o suficiente para pensar que tudo ficaria bem. Mas não era... Bebi mais uma dose, e depois outra... Não conseguia sentir o álcool em minha boca, não conseguia afastar meus pensamentos... Foi aí que senti uma mão sobre meu ombro, me virei, e encontrei Angela.

- Booth, essa não é a maneira certa de lidar com a situação...

Angela se sentava, ao meu lado.

- Como soube que estaria aqui?
- Cam me ligou, preocupada, dizendo que havia saído sem dar satisfações... Achei que o encontraria aqui.

Uma pausa se deu, levei uma das mãos à cabeça, e então comecei...

- É só que... Marcus não faria... Ele queria continuar...

Angela me lançou um olhar, compreendendo e pedindo para que continuasse.

- E se eles estão com Brennan... Eu não sei... Se algo acontecesse a ela... Eu...

As lágrimas começaram a correr, impedindo que continuasse. Angela entendeu, e aproximou-se em um abraço. A abracei mais forte quando percebi que estava chorando, e logo senti suas lágrimas molharem meu terno. Ficamos ali, abraçados, por um tempo... Era o que precisava, era o que precisávamos, para conseguir seguir em frente. Antes de sairmos, Angela segurou meu braço...

- Nós vamos encontrá-la, e ela estará bem... Eu prometo.
- Afinal, é a Bones não é?

E então demos um meio sorriso, e saímos juntos.