Primeiro Problema em Forks

Capitulo 12

Pais também erram

POV Carlisle

"Que é isso campeão?"

Ele soltou um dos braços que mantinha suas pernas flexionadas contra o peito e começou a desenhar círculos no tapete com a mão, mas não ergueu a cabeça para que eu pudesse ver o seu rosto.

Ele devia estar se sentindo mal, por seus irmãos serem pegos, já eu por outro lado não sabia o que sentir.

Se Emmett não tivesse feito essa confusão toda, eu não teria descoberto tudo, ou pior poderia ter descoberto da pior forma como da outra vez.

Mas não podia regozijar o sofrimento do meu filho, eu precisava conversar com ele sobre isso, mas não iria forçá-lo a falar por meio de ameaças eu só precisava respeitar o seu tempo, resolvi insistir com carinho.

"Filho, você quer falar com o Papai agora?"

Eu o perguntei se ele queria, porque se eu houvesse dito "filho eu quero falar com você", provavelmente ele teria se endireitado e me olhado com respeito e até mesmo falado, mas eu não queria ouvir o que viria da sua boca por respeito, como pedidos de desculpas e eu não faço mais e eu vou ser bom de agora em diante, eu queria ouvir o que viria do seu coração, o que ele estava sentindo pra que eu pudesse ajudar.

Era uma situação nova pra mim, eu nunca batera num filho meu com raiva antes, embora Edward quase tenha me feito repetir essa façanha hoje, eu também precisava falar, Emmett e eu precisávamos de uma conversa de pai pra filho, mas o que eu queria mesmo era uma de filho pra pai, eu só queria que meu filho ficasse bem.

Ele só balançou a cabeça negativamente, em resposta a minha pergunta.

"Tudo bem então, quando você estiver pronto, o papai quer muito falar com você sobre o que aconteceu hoje, estarei aqui, não vou pra o hospital até resolvermos tudo, ok?"

Eu disse com carinho e paciência, e o vi mover a cabeça em um quase imperceptível movimento de sim, fazendo meu coração apertar por não poder ver o seu rosto.

"Se você precisar de mim, estarei no quarto de Edward falado com Rosalie e ele."

Fechei a porta com cuidado e me dirigi ao quarto do meu caçula, onde minha esposa já aguardava na porta, ela passou o seu braço na minha cintura e eu descansei o meu no seu ombro beijando o topo de sua cabeça.

Eles estavam tranqüilos, Edward estava vasculhando as caixas com suas coisas organizando seus CDs, murmurando algo sobre a tortura de não poder ouvi-los e Rosalie estava deitada no divã, de lado de forma que ficasse de costas pra todos e olhasse pra paisagem através da parede de vidro.

Então me lembrei do que Edward perguntou antes de sair, ao mandá-la chamar a mãe e no nervosismo por causa da bombástica descoberta sobre Edward eu a mandei para o quarto sem consolá-la depois da surra.

Os cabelos da minha princesa estavam cobrindo seu lindo rosto, e meu coração ficou do tamanho de uma ervilha, eu nunca dei uma palmada se quer naquele bumbunzinho sem oferecer o devido conforto e perdão imediatamente, o que me fez lembrar novamente do meu mais velho encolhido no chão, e jurei a mim mesmo que essas foram as primeiras e últimas vezes em que Carlisle Cullen disciplina seus filhos e não oferece conforto imediato.

O conceito da punição física e justamente pagar pelo erro de forma direta e eficaz, libertar-se da culpa e saber que está tudo pago, que está perdoado, que uma vez que pagaram as conseqüências com os seus traseiros, eu não tinha mais nada contra eles, por isso o conforto e o perdão depois da surra era sempre a prova, de que eu os punira com amor e não com raiva, que eu os corrigira e não os condenara, que eles estavam pagando a si mesmos seus erros e não a mim alguma forma de compensação, e que sempre doera mais em mim do que neles.

Meus filhos todos sabiam disso, sempre ficou muito claro, mas Emmett e Rose certamente estavam um pouco confusos e eu estava disposto a esclarecer da melhor e mais paciente forma possível.

Esme também não tinha falado com seu Bebê ainda, e eu sabia ser essa uma ótima oportunidade de ficar sozinho com a minha Princesinha.

Esme e eu não líamos pensamentos como nosso filho, mas tantos anos de amor, convivência e paternidade nos tornou capazes de ler nossos olhos, um simples olhar e ela pegou Edward pela mão e o guiou pra fora do quarto.

"Princesa, olha aqui pro papai."

Eu pedi com uma voz suave, que a fez tirar o cabelo do rosto e por atrás da orelha pra me olhar, não era nem de longe a impetuosa Rosalie, era só a minha Princesinha castigada.

"Como você está querida?"

Eu perguntei acariciando o seu rosto perfeito, tinha ainda marcas de veneno, ela provavelmente sofreu cada varada e cintada do irmão, mas também devia estar sentindo a falta do meu perdão.

"De-me um abraço minha Princesinha."

Ela se levantou rapidamente, se enterrou nos meus braços e rompeu em lágrimas no meu pescoço.

"Por favor, papai, me perdoa, eu nunca mais vou mentir pra você, confie em mim, por favor!"

Ela prometeu entre soluços.

"Shiiiii..., meu amor eu te amo e te perdoei desde o primeiro momento da sua punição, o papai só estava nervoso e sem condições de lhe oferecer conforto com aquela gritaria toda do seu irmão, mas eu te amo tanto minha princesa, eu jamais deixaria de te amar por qualquer motivo, você sempre terá o meu perdão."

Ela me soltou pra que pudesse olhar pra mim e limpou a lágrimas com um sorrisinho sem graça e disse.

"Eu também te amo papai, mais do que você possa imaginar, você me faz sentir proteção, como se nada pudesse me acontecer porque sou sua filha, eu nunca quero perder a importância que eu tenho pra você, quando você me mandou pro quarto do Edward e chamar a mamãe, eu pensei que fosse porque estava tão chateado comigo por mentir para protegê-lo, que não iria me perdoar."

Eu segurei o seu queixo com um dedo para impedir o seu rosto de continuar inclinando pra baixo, olhei nos seus olhos e pedi.

"Perdoe-me minha Princesinha, eu não devia ter feito isso com você."

Ela arregalou os olhos e depois franziu o cenho em confusão.

"Você se arrependeu de ter me dado uma surra?"

"Bela tentativa meu bem, mas não me arrependo de um tapa se quer, você mereceu cada minuto dela e você sabe disso, e por mais que me doa farei quanta vezes eu julgar necessário. Eu me arrependo de não tê-la oferecido o conforto depois que sua punição já tinha acontecido, sinto-me como se tivesse lhe negado a parte mais importante da lição, a de que eu estou aqui para guiá-la porque eu te amo e me preocupo com você."

"Esta perdoado, mais não vá fazer outra vez em?"

Ela apontou o dedo pra mim com testa franzida imitando a minha voz, os meus gestos e depois sorriu me abraçando.

Eu a ergui num abraço e ela soltou um gritinho quando a girei no ar.

"Mas agora me responda meu bem, eu disse quando a coloquei no chão e me sentei no divã dando um tapinha no meu colo pra ela se sentar."

"Porque você mentiu pra livrar seu irmão, você tem noção da surra que você iria levar por arquitetar tudo aquilo? Eu já perdoei, eu só estou tentando entender, vocês passam a maior parte do tempo dedurando um ao outro."

"Ele é meu irmãozinho caçula eu não consigo velo apanhando, lógico que vê-lo levar uma bronca ou até ficar de castigo costuma ser o ponto alto do meu dia, afinal eu sou a irmã mais velha, esse é o meu dever, mas vê-lo levar uma surra já é muito pra mim, dar uma surra nele até que eu gostaria, mas a sua, é surra de pai e dói de verdade, principalmente nos meninos."

Minha memória de vampiro juntou dois mais dois e eu pude me lembrar que em nenhuma das surras que Edward levou foram deduradas por ela, somente delitos menores, e todas as vezes em que ele apanhou por algo que ela já sabia, ela levou bronca por encobrir, foi castigada e até já apanhou em casos mais graves, e o mesmo valia para o Edward também.

Ela percebeu que eu estava mergulhado nas minhas lembranças e me tirou do meu devaneio.

"Eu o amo papai, ele é meu irmão e sei que ele me ama também, é só por isso."

Ela disse olhando pra baixo quase sussurrando.

"Se vocês se amam tanto, por que fazem a minha e a vida de sua mãe tão difícil?"

Eu perguntei piedosamente.

"Porque esse garoto é um chato!"

Eu lancei um olhar de advertência a ela e em seguida ouvi a voz dele vindo do corredor.

"Ah sim! E você é a pessoa mais agradável do mundo todo, não é mesmo maninha?"

"EDWARD!"

"Eu não disse palavrão!"

"Ai minha orelha mãêêê!"

Rose riu quando percebeu que o irmão tinha ganhado um puxão de orelhas da mãe, dei-lhe um segundo olhar de advertência e chamei-os pra dentro.

"Edward, faça o favor aqui!"

"Eu estou de boca limpa só a chamei de agradável!"

Ele falou tão rápido quanto pode enquanto entrava no quarto escoltado pela mãe.

"Sente-se Edward."

Eu ordenei apontando para o divã ao lado da irmã, ele passou a mão no traseiro de uma forma que quase me fez rir e sentou-se com um gemido.

Rosálie não perdeu a oportunidade de provocá-lo

"Bebê!"

"Papai olha Ro..."

"Tudo bem, deixe-me falar antes que eu desista de recompensá-los."

Eles fizeram uma cara impagável, eu adoro vê-los assim, não eram nem de longe os rostos apavorados, tristes, arrependidos ou doloridos que eu tive que ver a pouquíssimo tempo atrás.

Mais uma vez lembrei-me de Emmett, eu preciso voltar a vê-lo sorrir, Emmett e tristeza na mesma frase não é natural.

"Eu como pai, não só tenho a obrigação de puni-los pelo mau comportamento, mas também recompensá-los pelo bom comportamento, estou muito feliz em vê-los se defendendo como eu vi, ao ponto de tomarem o lugar um do outro num momento de dor, é claro que não aprovamos que o façam com mentiras e omissões e vocês sabem disso, mas o ponto é, vocês demonstraram afeto mutuo sem serem ordenados, e isso é realmente uma atitude louvável e digna de recompensa."

Esme balançava a cabeça em concordância.

Eles pareciam crianças em frente a um grande embrulho de natal esperando a ordem para abri-lo.

Sua mãe e eu decidimos fazer uma negociação com vocês dois, não venderemos os carros de vocês...

"IURRUUUUU!"

Os dois saltaram em comemoração.

"Se..."

Eu completei apagando a euforia deles.

"Vocês dois daqui em diante prometerem que não vão mais se atacar daquele jeito, que foi o real motivo da venda, desde o princípio estávamos planejando tirá-los de vocês, mas não vende-los, e quando vimos vocês rolando no chão como animais selvagens tínhamos decidido que você não mereciam todos os privilégios que vocês acumularam sendo nossos primeiros filhos, já que estavam desobedecendo a regra principal dessa casa. Não se Ferirem."

"Mas o senhor disse ao Jazz que tinha uma feira de carros para organizar antes de nos atacarmos!"

Edward disse confuso, Rose não disse nada, mas seu olhar transparecia a mesma questão.

"Essa história de super audição, me cansa sabiam disso? Vocês não precisam se utilizar disso pra ficar focando cada cômodo dessa casa, como um bando de fofoqueiros atrás das portas, esta casa é grande o suficiente pra que vocês pelo menos tentem dar privacidade uns ao outros, o que tanto vocês estavam ouvindo seu irmão e eu? Eu usei o termo feira de carros porque eu queria conversar com vocês sobre o castigo dos carros e sobre a corrida, lá na garagem mesmo, e sabia que haveria gritaria como em uma feira dado ao apego que vocês têm a eles, e depois subiríamos para o escritório onde ganhariam umas palmadas e cinco cintadas com o cinto da disciplina, mas vocês cinco sempre fazem tudo mais difícil, brigando, omitindo coisas, resistindo, rosnando, Emmett iria ganhar umas palmadas bem dadas e cinco com o cinto pela trapaça, Jasper e Alice iriam ganhar somente umas palmadas pela aposta e por encobrir vocês dois, e vocês iriam apanhar pela desobediência e seriam privados dos carros por causa da corrida, mas isso aconteceria em privado como sempre, mas aí...-, Emmett resolve resistir a punição, Jasper resolve rosnar pro próprio pai, Rosálie resolve mentir e você Edward, não vou nem comentar."

Eu respirei fundo ao encerrar meu discurso, ele brincava com os botões do pijama e ela alisava as unhas, ambos olhavam pra baixo envergonhados, eu queria ter o dom de poder ver a cara dos outros três também, depois de ouvir isso tudo.

"Então é isso, o veredicto continua o mesmo entregue na sala, com a exceção da venda dos carros, que ainda poderão ser vendidos se vocês dois descumprirem o nosso trato, é pegar ou largar."

"PEGAMOS!"

Os dois responderam antes que a palavra largar deixasse a minha boca.

"Não se esqueçam, estão presos nesse quarto até segunda ordem, ok?"

Abaixei entre os dois e beijei a bochecha a de cada um, Rose sorriu e devolveu o beijo, Edward fez cara de nojo e soltou um sonoro Blerklimpando o rosto.

"Como se você não estivesse no meu colo enroscado no meu pescoço chorando há alguns minutos atrás, Doutor!"

Pensei somente pra ele dando um sorriso e recebendo-o de volta.

"Eu amo vocês, comporten-se."

Disse Esme, que estava calada desde o princípio vendo-me lidar com eles.

"Eu também!"

Responderam ao mesmo tempo, enquanto eu fechava a porta e abraçava aminha esposa.

"Vou ver como estão meu Anjinho e minha Bonequinha, enquanto vocês dois conversam."

Ela se despediu de mim sabendo que eu precisava falar com Emmett sozinho.

Bati na porta, mas não tive resposta, eu não podia mais esperar e resolvi convencê-lo a falar comigo.

Empurrei com cuidado, seu cheiro ainda estava ali, mas na sua cama somente havia um bilhete que dizia.

Cullens,

Hoje percebi o quanto prejudico a todos vocês, inclusive a você meu querido Anjo.

E sei que vocês também têm consciência disso, tanto é que nem me chamaram pra participar da aposta.

Desculpe-me caras, se eu ferrei todo mundo.

Desculpe-me Esme, por fazê-la chorar.

E desculpe-me Carlisle por fazer sua vida tão difícil, entendo que seja difícil pra o senhor me perdoar, mas saiba que sempre serei eternamente grato por tudo.

Sai logo atrás de você quando entrou no quarto do Edward, por tanto já estou longe, melhor deixar assim, sentirei falta de vocês, mas tenho a eternidade pra me acostumar.

Com amor e gratidão Emmett MacCarty.

Eu fiquei em estado de choque, der repente senti o impacto do meu corpo no chão.

Aquelas palavras invadiram minha mente como a habilidade da Jane.

Cullens? Caras? Esme? Carlisle? Emmett MacCarty?

"NÃAAAAAAAO!"

Eu gritei a plenos pulmões...

Continua...