Molly colocou as suas roupas dentro da mala e suspirou ao fechá-la. Nos quarenta minutos em que estava se arrumando para ir embora Daniel não apareceu uma vez sequer, ou ao menos se preocupou com ela.

-Ele poderia ao menos fingir que se preocupa comigo – disse ao pegar o casaco. Já estava abrindo a porta do quarto quando viu o olhar questionador de Daniel.

-O que está fazendo? - perguntou em frente a porta.

-Indo embora – ela disse ao tentar passar por ele, mas ele a impediu segurando o seu braço. – pode me largar?

-E por qual motivo está indo? – indagou frio.

-Já estou cansada disso tudo – desabafou – admito que a noite passada foi um erro, quero dizer, eu errei ao te agarrar, mas me ignorar não vai ajudar muito e se jogar para cima de Angel só vai me deixar pior. Se esse era seu plano conseguiu. Agora me solte, pois vou embora.

-Está agindo assim por causa da lição de numero 5?

-Lição? – indagou confusa.

-Sim – sorriu – a frieza depois de ir para a cama é algo que as mulheres devem aprender. E você, Srta Carinha feliz é um horror nesse aspecto. Mostrou-se confusa, insegura e completamente vulnerável. Precisa ser segura, dona de si, isso deixará o homem confuso e atordoado.

-Estava apenas... Me dando uma lição?

-Sim.

-Então.. Dormir comigo também foi uma lição?

-Em parte sim – admitiu sério a encarando e em seguida arrependeu-se de suas palavras ao ver os olhos marejados da mulher a sua frente – Molly, o que quis dizer foi...

-JÁ CHEGA – Ela gritou, o assustando – estou indo embora. Não vou continuar com isso. – puxou o seu braço soltando-se dele – apenas brincou comigo esse tempo todo. Lições? Seu cretino – bateu em sua face – isso foi apenas um modo de brincar comigo.

-A única que quis essas lições foi você, Molly – ele falou frio.

-Verdade, mas me arrependo.

-Se arrepende? E por quê?

-Porque fui tola o bastante para achar que você prestava – ao dizer isso virou de costas, e saiu caminhando em direção as escadas.

Daniel ficou parado vendo-a se afastar. A sua vontade era de ir atrás dela, mas não conseguiu mandar em seu corpo, apenas a observou ir embora.

Molly suspirou ao entrar em casa. Ela havia conseguido um lugar na classe econômica de um vôo e passou o caminho toda apertada entre duas senhoras acima do peso. Ela estava cansada, frustrada e triste.

-Fui mesmo idiota – disse ao retirar o seu casaco, jogando-o no chão da sala – não deveria ter dormido com ele. Agora estou aqui.. Sozinha e... –“Acho que apaixonada” pensou.

-Você foi um idiota – Marcondez falou ao olhar para Daniel, o qual bebia um uísque de forma pensativa – armou tudo isso para no final cometer esse engano?

-Apenas fui precipitado – disse calmo.

-Precipitado? – riu irônico – isso é algum eufemismo? Vá atrás dela antes que a perca de uma vez.

-Eu nunca a perderei, porque nunca a tive – falou sombrio.

-Você deprimido é horrível – Angel comentou ao adentrar a sala onde estavam – Daniel, vá logo atrás dela. E você pode nunca ter tido ela, mas sei que gosta se não... Nunca teria imaginado em armar algo tão ridículo quanto essa encenação.

Daniel a olhou durante alguns segundos, mas logo voltou a olhar para o nada.

-Use as suas famosas lições nela – sorriu diante do olhar dele – escutei vocês discutindo, apenas termine isso e faça-a se apaixonar por você.

-Eu concordo – Marcondez disse sorrindo – vá atrás dela antes que a perca.

Daniel deixou o copo sobre uma mesa próxima e olhou para as duas pessoas a sua frente, sorrindo em seguida.

-Tem razão. Este homem depressivo não sou. Vou praticar a 6 e a 7 lição e na 8, ela estará apaixonada por mim.

-Assim que se fala – Angel disse – “Um pouco arrogante, mas pelo menos ele parou de ser depressivo. Com ele não há meio termo. Uma lastima”  pensou ao olhar para o homem a sua frente.