Molly entrou na empresa onde trabalhava e podia jurar escutar alguns murmúrios e burburinhos por onde passava. Ela não havia dormido bem e a ultima coisa que queria era ser alvo de fofocas, mesmo que elas tivessem fundamentos. Ela entrou em sua sala, ligou o computador e começou a trabalhar com afinco. Em poucos segundos conseguiu desligar-se de Daniel e de suas lições, ela já estava relaxando quando escutou uma batida em sua porta e em seguida Daniel entrou em sua sala, sério.

-O que deseja Sr. Heiden? – indagou fria. Ela havia prometido a si mesma esquecer tudo sobre Daniel, e isso incluía frieza ao falar com ele.

-Sr? Acho que já passamos dessa fase – ele disse ao fechar a porta e sentar-se em sua frente – Me deixou sozinho com Angel, isso foi maldade.

-Sinto pelo transtorno, mas peço que da próxima vez contrate alguém que aceite seus termos para a próxima mentira que quiser contar. – o encarou – e agradeço se sair de minha sala. Tenho algumas coisas a fazer.

-Hum frieza? – ironizou – essa me parece a nossa ultima lição. Está usando o meu jogo contra mim?

-Está imaginando coisas demais.

-Será? Ou você que está enganando a si mesma?

-Sr. Heiden saia da minha sala, por favor – falou aumentando a voz.

-Está se descontrolando Srta Carinha feliz.

-Você que está me irritando.

-Pelo menos saímos do senhor – sorriu – quer almoçar?

-Com você? Não mesmo – disse nervosa levantando-se – se não quer sair da sala, faço bom proveito. – caminhou ate a porta, mas ao girar a maçaneta percebeu que a porta estava trancada – me dê a chave – falou sem olhar para Daniel.

-Que chave? – perguntou fingindo-se de inocente.

-A da porta – gritou nervosa virando-se para encará-lo – porque está fazendo isso? Não pode me deixar em paz?

-Ate poderia, mas temos que terminar as nossas lições – falou ao se levantar e a encarar – não está curiosa para as próximas lições?

-Não – disse gélida – já tive o bastante dessa idiotice.

-Então ficou furiosa por achar que fui pra cama com você apenas por causa das lições? – sorriu – e se eu te disser que não foi assim? Se eu te disser que fui porque você estava me deixando louco já?

-Hã?

-Isso faria você mudar de idéia?

-Idiota – disse ao perceber o que estava acontecendo – acha mesmo que vou cair nisso? Acha que vai, com meia dúzia de palavras, me fazer de idiota novamente?

-Não exatamente, afinal não tinha meia dúzia de palavras presumo que tivesse bem mais.

-Cretino – murmurou ao olhar para a porta – se não me der à chave vou começar a gritar.

-E dizer que eu lhe prendi contra a sua vontade?

-Não – o encarou sorrindo – vou apenas dizer que estava me assediando sexualmente.

-Interessante, vão acreditar em mim ou na Srta Carinha feliz? – sorriu vitorioso – não fui eu que estava tentando seduzir o chefe e acho que muitos perceberam.

-Eu não estava....

-Não? – a interrompeu sorrindo – engraçado porque ate onde eu sei pular em cima do chefe, vestir roupas provocativas... Tudo isso é seduzir.

-Já tinha percebido?

-Sim – admitiu sorrindo – porque não vamos esquecer o que houve lá?

-Não posso.

-E porque não? Não foi sua primeira vez.

-Porque se eu esquecer estarei agindo como antes. Estarei passando por cima de meu orgulho, e não vou continuar fazendo isso.

Daniel não disse nada, apenas sorriu, levemente. “Aprendeu” pensou.

-Muito bem, você venceu – falou retirando uma chave do bolso e entregando a ela – a chave é sua juntamente com uma outra coisa – disse misterioso.

-Outra coisa? Que coisa? – ela indagou curiosa encarando-o.

“Meu coração” Daniel pensou sorrindo ao olhar para a mulher a sua frente.

Uma semana havia se passado desde que Daniel havia falado com Molly na sala dela e desde aquele dia ele não havia mais a cumprimentado, conversado ou olhado para ela. Molly já estava confusa demais para tentar querer entende-lo. Ela encontrava-se em uma das ruas movimentadas de Manhattan quando esbarrou-se em alguém, ao virar-se para se desculpar sorriu ao ver um antigo conhecido seu. Conversaram durante longos minutos ate Molly ser convidada para sair por ele, ela aceitou com um sorriso no rosto e prometeu a si mesma esquecer Daniel Heiden de uma vez por todas.

Na sexta-feira, uma mulher maquiava-se no espelho de um dos banheiros da empresa onde trabalha enquanto admirava a roupa que vestia. Ela resolveu optar por um vestido preto, que se ajustava as suas curvas de forma natural, de alça e com um pequeno decote fazendo conjunto com uma jaqueta branca curta de manga.

-Vai dar tudo certo – murmurou para o seu reflexo no espelho antes de sair do banheiro. Passou por algumas, poucas, pessoas que ainda estavam na empresa e ao sair da portaria viu o seu antigo conhecido. Ela acenou para ele, antes de atravessar a pista e ir ao seu encontro.

-Espero que não tenha demorado – ela falou sorrindo para o homem de cabelos castanhos e sorriso gentil a sua frente.

-Esperar por uma bela mulher é uma honra – disse ao abrir a porta para ela.

Molly sorriu ao entrar, esperou ele dar a volta para colocar o cinto, mas ao olhar para a portaria sentiu uma pontada de tristeza em seu intimo. “Isso é ridículo. Não posso continuar pensando nele” pensou ao olhar para o seu colega. O colega dela dirigiu durante todo o percurso em silencio, apenas se pronunciou ao estacionar o carro em frente a um restaurante.

-Chegamos – disse sorridente ao sair do carro.

-É lindo – ela disse ao ver a fachada estilo barroca do local. Ao entrarem ele disse o seu nome e logo foram direcionados a uma das mesas. Sentaram-se e quando o garçom chegou Molly viu uma pessoa sentada em sua frente – Só pode ser brincadeira – murmurou ao ver Daniel com dois homens sentados conversando.

-O que foi? – o seu acompanhante perguntou ao olhar para a mesma direção – conhece algum deles?

-Um deles é o meu chefe – respondeu sem vontade, mas sem tirar os olhos dele. E como em um passe de mágica, Daniel virou-se encontrando o olhar dela.

Os olhos de Daniel não conseguiram desgrudar do olhar de Molly. Ele sabia que estava sendo chamado pelos homens ao seu lado, mas não se importava. Naquele momento a única coisa que queria era poder ir ate ela. Ele se levantou, mas ao caminhar ate a mesa onde estava percebeu que ela estava acompanhada.”Rápida demais, ela.” pensou ao caminhar ate eles parando ao lado da mesa.

-Que surpresa Molly – ele disse a olhando seriamente.

-Sr. Heiden este é...

-Senhor? Imaginei que um final de semana na Suíça fosse nos deixar mais próximos aos olhos das outras pessoas.

-Não é nada disso – ela falou para o seu acompanhante, olhando em seguida para Daniel – o que está fazendo?
             -O que deveria ter feito há algum tempo – ao dizer isso segurou em seu braço a fazendo levantar-se – Sinto muito – disse ao acompanhante dela – mas esta mulher não poderá continuar lhe vendo – ao terminar de falar a puxou em direção a saída, mesmo sobre os seus protestos, a soltando apenas no lado de fora do restaurante.

-O QUE ESTÁ FAZENDO? – disse exaltada o olhando.

-Apenas fique calma.

-Calma? Como posso ficar calma depois do que fez?

-Molly apenas...

-Não. Quero que volte lá e explique que você teve um surto psicótico a ele.

-Não vou fazer isso – disse sério.

-Então voltarei sozinha e tentarei me explicar – disse ao virar-se de costas e caminhar em direção a entrada do restaurante, mas ele segurou em seu braço a fazendo parar e em seguida a puxou para perto de si. – o que está faz...

Antes que Molly pudesse terminar a sua frase, Daniel selou os seus lábios contra os dela fazendo-a arfar e suspirar diante de seus beijos.

-Porque está me machucando assim? – ela murmurou ainda em seus braços após um intervalo entre os beijos.

-Machucando? – sorriu sem vontade – a única que faz isso é você.

-Como?

-Eu estou louco por você desde a primeira vez em que lhe vi – confessou. – desde que bateu em meu carro só consegui pensar em você.

-Então...

-Eu te escolhi para me ajudar de propósito. Assim que vi o seu cartão de visitas na rua soube que iria trabalhar para mim.

-Agiu de má fé – disse fingindo indignação.

-E a coisa fica pior – admitiu sorrindo sem importar-se com as pessoas que passavam em volta – Sabe o Sr Marcondez e sua filha Angel? São meus amigos. Fiz aquilo tudo para conquistá-la.

-Me conquistar? – murmurou pasma.

-Sim, não sabia mais o que fazer. Estava louco por você.

-Então... Não me levou para a cama pela lição?

-Nem poderia já que foi você quem me agarrou – sorriu – e fico feliz por isso. Deus, Molly. Você é a única que consegue me fazer perder o controle.

-Sou?

-É. – suspirou – sei que ainda é cedo, mas...

-Antes de falar.... Essa semana que não falou comigo, porque foi?

-Foi a minha lição numero 7.

-E a 6?- indagou após pensar um pouco.

-Foi ir atrás de você na sua sala. Na verdade esta lição é sobre mostrar que está interessado, enquanto a setima é recuar.

-Então as suas lições são sobre conquistar uma pessoa de quem gosta? – perguntou após pensar um pouco.

-Na verdade não, admito que estou nervoso por estar próximo a me declarar a você e receber um não como resposta.

-Porque não tenta? – o instigou sorrindo.

-Molly, Srta Carinha feliz – sorriu – estou apaixonado por você, sei que pode não gostar de mim, mas poderia nos dar uma chance?

-Mesmo sem perceber eu te dei uma chance de me amar desde o momento em que aceitei ir com você a Suíça. Eu já estava sentindo algo, mas não queria admitir. Eu gosto de você Sr Perfeito.

-Senhor Perfeito? – repetiu com um sorriso na face.

-Sim, afinal você foi o único homem que conseguiu me conquistar ao mesmo tempo em que mostrou o quanto eu valia. Me deu confiança e amor. Tudo ao mesmo tempo. Sem falar que é bonito, divertido e charmoso.

-Você esqueceu um adjetivo – falou aproximando os seus lábios dos dela.

-Qual? – murmurou ao sentir a respiração dele próxima a seu rosto.

-O sedutor – sussurrou antes de beijá-la no meio da rua. “Como eu disse. Ela se apaixonou por mim em minhas oito lições. E eu... Encontrei alguém por quem se vale a pena lutar.” pensou ao apertá-la contra si.

8º lição: Se declarar.