Karminna agora passeava pelo corredor do Internato, sem saber muito bem o que fazer em seguida. As aulas não começariam naquele dia, e sim no próximo, e ela não sabia como passar esse tempo. Não haviam quartos disponíveis para ela, portanto ela teria que passar suas noites sozinha.

Viu um garoto loiro de olhos verdes, alto, bronzeado e muito bonito. Desejou poder conhecê-lo. Foi aproximando-se na sua costumeira cara-de-pau, sem a menor vergonha de falar o que quer que fosse na cara de quem quer que seja. O garoto mexia em seu celular, encostado na parede, bem distraído. Quando Karminna estava bem perto, alguém puxou-a pelo pulso.

Ela virou-se, sobrancelhas arqueadas, querendo saber o que a pessoa que a puxara queria. Deparou-se com um garoto de altura mediana, pele morena, cabelos bem negros e olhos cor de mel muito bonitos. Ela ficou a olhá-lo.

- Olá, meu nome é Brad - ele disse, animado. - Quer alguma ajuda para se localizar aqui? O Internato é bastante grande...

Karminna olhou para trás e o garoto loiro havia se afastado, indo conversar com um outro ruivo, no fim do corredor. Deu de ombros e mirou Brad.

- Pode ser. Meu quarto é o... - ela checou a chave que havia recebido da sra. Morron - 405.

- Ótimo, vou levar você - Brad pegou-a pelos ombros e virou-a de costas para ele. Foi empurrando Karminna como num trem. No caminho, indicou as salas importantes, cuja localização era importante saber. Ele agia como se fosse amigo de Karminna há tempos.

- Como seu cabelo é bonito - comentou Brad, subitamente, inclinando-se para frente, encostando o queixo no ombro de Karminna e mexendo em seus cabelos. A garota achava até engraçado o modo como ele agia.

- Obrigada - riu ela. - Ei, qual é o nome daquele garoto loiro que estava no corredor?

- Aishi - respondeu Brad. - Mas, veja só, ele é muito chato.

Karminna olhou para trás para ver a expressão de Brad. O garoto parecia um pouquinho irritado. Talvez não gostasse muito de Aishi, mas porque seria? Aishi era bonito. Muito mesmo. Karminna não sabia direito como julgar as pessoas.

- Porque ele é chato? - perguntou ela, interessada.

- Ah, ele é falso e não sabe como tratar as pessoas. Quero dizer, ele sempre desmerece o sentimento delas.

Talvez Brad tivesse uma mágoa antiga com Aishi, algo que o fazia guardar remorso desde então. Karminna passava os olhos distraidamente pelas portas dos quartos, todas da mesma cor - azul. Era absolutamente iguais, o que confundia a garota, exceto pelo número em uma placa ornamentada, bem bonita. Os quartos dos garotos ficavam do lado direito do corredor, e os das garotas, do lado esquerdo. Karminna e Brad subiram a escada até o quarto andar e a garota foi contando os números. 401... 402... 403...404...405. Ali estava o quarto no qual ela iria passar todas as suas noites, absolutamente sozinha.

- Bem, aqui está - disse Brad, parando ao lado de Karminna para encarar a porta azul. - Seu quarto.

- Obrigada por me acompanhar até aqui... Brad - Karminna virou-se para olhá-lo e sorriu. Parecia mais simpática assim, vista de perto. - Meu nome é Karminna.

- Eu sei que é - Brad soltou uma risada - Você disse quando se apresentou, na cerimônia.

- Argh, é mesmo. E eu odiei aquela cerimônia, pra falar a verdade. Não precisava de um bando de rostos estúpidos me encarando.

- Credo, Karmin... Posso te chamar de Karmin? Seu nome é tão grande. - disse Brad.

- Tá, pode, pode. Bem, Brad, vou entrando. Preciso desfazer aquela mala idiota. Estou com tanta preguiça, acho que vou dormir no chão enquanto arrumo as coisas.

- Boa sorte - falou o garoto, já se afastando. - Ah, e ouça o que eu digo, não fale com o Aishi.

- Vou tentar resistir. - Karminna abriu a porta do quarto e entrou. Acendeu a luz e suspirou, tentando pensar em algum motivo para não sentar no chão e chorar.