The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 46
Flash, Flash




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 Acordei com o telefone tocando, eram só 6:00 da manhã. Deveria ser muito importante, pois ninguém liga a essa hora.

- Alô?

- Bryan ou Michelle, por favor? - uma voz desesperada falava. Meu coração apertou, meu corpo tremeu...

- Sou eu, Michelle...

- Michelle... é o Jeffrey... eu não sabia pra quem ligar primeiro... o Davey, ele...

- O que aconteceu, Jeff?

- Ele... ele bateu com o carro... aah... ele...

- Ele não...? -Meu pavor subiu ao olhos com a possibilidade.

- Ainda não... você tem que vir pra cá... por favor, você tem que vir!

- Tá, eu vou! Me fale onde ele está.

Jeffrey me passou o endereço do hospital, minhas mãos trêmulas anotavam rabiscos molhados pelas minhas lágrimas. Eu não tinha como subir e explicar para papai, não dava tempo. Eu precisava ver como ele estava... 

Tomei um táxi e paguei o dobro da corrida para que ele fizesse o caminho em menos tempo.

Chegando lá, me informei sobre a entrada dele e onde o encontraria, mas não poderia vê-lo, ele estava na emergência.

Segui pelos corredores indicados e pude ver a figura que nada parecia Jeffrey naquele momento exceto altura e cabelos. Ele chorava muito, estava com roupas normais, os cabelos rosas estavam mais curtos e presos. Ele parecia só um moleque sem a parafarnalha toda que usava, me aproximei dele e chamei pelo seu nome.

Pareceu confuso num instante.

- Michelle?

- Sim.

Então me abraçou forte e se desesperou ainda mais, me explicou como Davey estava e chorava muito. Só entendi realmente o estado de Davey quando o médico apareceu.

- Vocês são parentes de David P. Marchand?

- Ela é a namorada, doutor. Eu sou o melhor amigo... - Jeff respondeu e eu mal entendi porque ele fez aquilo.

- Eu não... -tentei dizer, mas o médico logo me interrompeu.

- Ele está muito mal, ficou preso nas ferragens e pelo jeito o airbag não ajudou nesse caso. Teve um traumatismo craniano leve, quebrou duas costelas.Perdeu muito sangue, precisa de uma transfusão  e talvez assim, ele possa ficar bem.

- Ora, faça a transfusão de sangue!

- Sim, faria...

- Mas? - Jeff perguntou forçando-o a falar.

- O tipo sanguineo dele é muito raro... precisamos de alguém da família, que seja compatível. Senão fica dificil salvá-lo.

- Qual o tipo sanguineo dele?

- AB negativo... Precisamos de alguém compatível... Com licença, precisamos estabilizá-lo.

Eu não sabia o que fazer, nem sabia dessa coisa de tipo sanguineo. Liguei para Josh... talvez ele pudesse ajudar.

- Jos, qual seu tipo sanguineo?

- A - ... por quê?

Expliquei a ele resumidamente o que aconteceu.

- Miche, sinto muito... e a familia dele?

- Não tem mais os pais vivos, ninguém tem seu tipo sanguineo... todos são de Rh positivo. Ele vai morrer!

- Eu vou tentar algo aqui. Mantenha a calma e me ligue qualquer coisa.

A essa altura, todos os amigos tiravam amostras para testar compatibilidade, enquanto o relógio parecia marcar uma hora a menos na vida de Davey.

Uma enfermeira saiu com umas fichas em nossa direção horas depois.

- Bem, o sr. Marchand tem o tipo sanguineo AB de Rh negativo. Ele pode receber doações de todos os grupos: A, B e O, de Rh também negativo. Acontece que... nenhum de vocês são compativeis. - uma outra mulher apareceu para falar com a enfermeira rapidamente, depois saiu. - Mas há um doador para ele. Acabou de surgir... Vocês não podem mais ficar, sinto muito. Não são da família, mesmo que fossem, ele está na UTI, vocês não podem vê-lo.

- Não quero ir! - resmunguei.

- Vamos, Michelle. Estamos aqui há horas... podemos tomar café juntos e amanhã cedo voltamos. - Adam falou, carinhoso.

Fomos para uma cafeteria ali perto, não tinhamos muito o que falar um pro outro, estavamos arrasados demais pra querer conversa.

Todos queriam apenas saber quem era o tal doador. Eu queria saber.

...................................................................................................

Fui a primeira a chegar, 5:30 da manhã, contra a vontade de meu pai.

Me surpreendi com o que encontrei no corredor.

- Oi Michelle...

- Josh? O que faz aqui?

- Ele precisava de um doador compatível... A- é compatível...

- Você veio de tão longe para... doar sangue?

- É, eu também devia um presente de aniversário.  Esse foi bom?

- Você não existe.

- Existo sim e estou bem aqui. Aliás, eu posso ver os diagnósticos dele e tudo o mais que vocês não podem.

O abracei com carinho, ele era tão maravilhoso. E sei que não era por interesse em mim que ele teve aquele gesto. Jos faria aquilo para qualquer pessoa que pedisse.

Os outros começaram a chegar e apresentei Josh a eles, como doador de Davey.

- E agora, ele recebeu a doação? - Jeff perguntou

- Sim, recebeu. Precisamos esperar para ver se não haverá rejeição. - respondeu Josh

- Quanto tempo?

- Depende muito de cada organismo. Pode demorar horas, dias ou semanas. Eu posso ter acesso aos diagnósticos, assim vou saber se haverá possibilidade de rejeição.

- Ele não pode rejeitar... nenhum de nós é compativel!

- Melhor manter a calma, é uma possibilidade. Eu já posso assegurar para vocês que ele vai acordar logo.

Davey acordou no dia seguinte. E o sangue de Josh foi rejeitado cinco dias depois.

- Miche... você pode tentar...  é a última esperança pra isso dar certo. Ele está acordado, mas está muito fraco e ainda corre riscos.

Então eu tentei.

.................................................................................................

- Temos outro doador compatível. - disse a enfermeira.

- Quem é? - Jade perguntou aflito.

- Walker. Michelle Walker.

- Qual o procedimento agora? - Papai perguntou.

- Se ela aceitar o termo, a transfusão começará assim que ela encher a bolsa de sangue.

Papai me abraçou forte e sussurrou em meu ouvido se eu realmente queria fazer aquilo. Eu  respondi que era tudo o que queria naquele momento, então assinamos o termo.

Duas horas foi o tempo que levei para encher aquela bolsa. Me sentia fraca quando terminei e Josh disse que era normal.

Passamos dias inteiros no hospital, para saber o estado de Davey.

Ele já estava recebendo visitas, mas achei melhor esperar, não poderia irritá-lo. Jeff e eu conversávamos como se as desavenças passadas não tivessem acontecido.

Josh ficou por lá até Davey receber alta, um mês depois do ocorrido. Quase em seu aniversário.

Meu sangue corria nas veias de Davey. Ele estava bem, e Jos tinha de partir.

Não houve nenhum contato carnal entre nós, apenas afeto puro.

- Estou tão feliz que deu tudo certo. - disse ele

- Nem tudo ainda...

- Você vai aprender o que a ligação de sangue pode fazer, Miche. Vocês são um só agora.

- Olhe, o anel hoje está um azul mais escuro!

- Foi pra eu notar que não o tirou do dedo?

- Talvez...

- Eu reparei o tempo todo, boba!

- Como conseguiu o passaporte?

- Está brincando, né? Você sabe do meu berço... sou tão mimado quanto você!

- Puxa vida, Josh...

- Eu disse que você é rara... AB - também... Somente 0,5 % da população mundial tem esse tipo sanguineo. Raridade não deve se misturar.

- Entendi sua indireta.

- Não, eu fui realmente direto.

- Eu...

- Em outra vida, em outro tempo, em outra situação nós poderíamos ficar juntos, nos amar.

- Não nos amamos?

- Sim, mas não o suficiente para ficarmos juntos a vida inteira.

Então ele foi para seu lugar, dois dias depois da alta de Davey. Ele se tornou quase tudo para mim.

Adam levou Dave para sua casa, queria ficar de olho nele, junto com sua esposa.

Jeffrey pediu  para que o ajudasse a colocar as coisas de Davey em ordem para quando ele voltasse.

- Ele falava seu nome todas as noites. E agora, seu sangue corre pelas veias dele. Estava escrito...

- Jeff, eu o amo, mas sejamos realistas: ele não me aceitará de volta.

- Você não teve a chance de tentar ainda...

- Eu sei.

- Bem, largue isso... amanhã terminamos! Você tem um teste pra Universidade!

- Obrigada.


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