The Beautiful Thieves escrita por bitterends


Capítulo 47
Última Noite




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O exame correu bem, prestei para pedagogia... Era a melhor maneira de contribuir para o mundo: ensinar algo bom para nossas crianças.

Passaria a tarde livre se não fosse Jeffrey me ligando, pedindo ajuda com últimos detalhes na casa de Davey... eu ainda não entendia porquê diabos ele não poderia fazer aquilo sozinho.

Atendi o chamado, um tanto estranha, com a sensação de que não daria muito certo e que teria uma surpresa não muito boa.

- Que bom que veio, Michelle!

- Você precisava de ajuda, não Jeffrey? Então aqui estou.

- Sim, então... são coisas pequenas sabe, só abrir a correspondência, fazer um resuminho, porque ele não lê nada do que aparece sabe, ajeitar as roupas das malas nas gavetas e tirar o pó dos móveis... Eu sei que poderia fazer sozinho, peço desculpas por isso até... mas é que tenho que abastecer os armários e a geladeira, está faltando tudo aqui!

- Sem problemas, pode ir. Cuido de tudo pra você.

- Tá... obrigado! Tem ajudado muito...

- Imagine.

Comecei pelas roupas, só assim percebi como sentia falta de seu cheiro, da colônia suave se misturando ao aroma do amaciante. Me peguei pensando nas camisetas que costumava vestir depois de nossas noites, podia sentir seu toque leve em meu corpo e arrepios me percorreram. Estava viajando acordada, apressei as tarefas e finalmente cheguei nas correspondências.

Sentei no balcão da copa americana para abrir e ler aquilo tudo, quando um envolope caiu no chão e eu abaixei, ficando escondida por trás dele. Escutei passos, a porta abrir. Só podia ser Jeff.

- Acho que Davey não gostará do que chegou para ele, Jeff... Multas por velocidade, um processo. Só não foi pior porque ele ficou em estado grave também.

Levantei bruscamente, mas não era Jeffrey parado ali.

- O que você está fazendo aqui, na minha casa? - Davey perguntava confuso e começando transparecer nervosismo.

- Eu só estava...

- Sai daqui! Eu não quero ver você, não quero falar com você... saia da minha casa, agora! - Vai começar tudo de novo...

Ele gritava, o que me deixou louca de raiva. Juntei suas correspondências em minhas mãos e segui até a porta. Tranquei-a. Me voltei para Davey, que olhou aquela cena surpreso.

- Eu não vou sair, Davey. Não vou sair! Chame a portaria, a polícia e o que mais quiser, mas não vou sair até que me escute.

- Por que tenho que escutar você? Tudo o que tinha de saber você me escreveu. - Seu tom mudou para irônico... antes assim do que gritando.

- Talvez não seja suficiente. Já passaram-se meses, as coisas podem ter mudado.

- Prove que as coisas mudaram, Michelle. Porque suas palavras não valem muito agora, suas atitudes destruíram tudo o que teríamos.

- E o que teríamos? Um filho? Davey, pare de me crucificar por isso! Eu sei que não foi o certo, não foi justo com você e nem com a criança... mas já parou pra pensar que não fui eu a única culpada disso tudo?

- Agora a culpa é minha?

- De nós dois! Você mentiu pra mim... você sabe que era fraca, insegura, meus hormônios estavam a maior loucura.

- Eu menti, mas não tive a ver com o que veio depois.

- Foi consequência, Davey! E sinceramente, não posso dizer que foi de todo mal. Aprendi muito com meus erros, você não faz ideia.

- Você não se arrepende de ter matado o próprio filho? Você... quer saber... eu não acredito que você...

- QUER PARAR COM ISSO? Eu tentei me matar aquela noite, e teria conseguido se não tivessem me encontrado. Pedi sua ajuda, antes de atentar contra mim e você negou, esqueceu que tinha algo de seu interesse dentro de mim... Nunca passou pela sua cabeça o que eu senti quando realmente soube que havia te perdido pra sempre?

- Nunca te passou pela cabeça que eu voltaria pra você quando tudo acalmasse?

- Claro que não! Nada passava pela minha cabeça se não acabar comigo, Davey.

- Eu te amei, esse tempo todo. Pensei em você. Sonhei com você todas as noites. Usei Jeffrey, querendo encontrar você em algum canto familiar, chamei seu nome...

- Eu sei. - Suspirei, enquanto ele afundava no sofá, esperando que eu continuasse. - E aprendi a encarar meus erros, estive pela Africa, vendo pessoas que tem problemas maiores que nós dois e as ajudando. Tive nosso bebê, sim Davey... Tive vários! Zanúbia, Iroque, Zola... foram tantos! Eu fiz coisas boas, eu sou boa. E sei melhor que nunca disso. - ele sorriu irônico, eu sabia o que ele estava pensando e continuei. - Eu convivi com médicos, pessoas realmente especiais. Entre eles, Josh.

- Eu tenho nada a ver com isso e sua histórinha.

- VOCÊ TEM TUDO A VER! PRESTA ATENÇÃO! Ele me incentivou a te procurar, mesmo enquanto estávamos juntos, ele me amava e aceitava ficar comigo mesmo pensando em você. Eu voltei pra cá, mesmo confusa sobre o que faria. E ai houve o seu acidente!

- E daí?

- Davey... ele veio da Africa, doar sangue pra você, sabia? E houve rejeição... agora... eu estou em você, de um jeito que não vai poder tirar.

- Você... você foi a segunda doadora?

- Eu fui. Era o mínimo que eu poderia tentar por você, Davey. Eu destruí tanta coisa, que achei que ao menos isso poderia ajudar. Ao contrário do que pensa, não fiz isso porque queria estar com você, não quis te manipular, nem com a doação, ou com a música. Eu fiz porque achei certo, porque talvez você fizesse o mesmo, e se não o fizesse, também não importaria.

Ele me olhava um tanto admirado. Coloquei a correspondência em suas mãos e me dirigi à porta, destranquei-a e saí.

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Ela saiu pela porta de minha casa, eu estava confuso... Jeffrey e Adam me contavam todos os dias o que havia acontecido naquele mês, que ela era a primeira a chegar e a última a sair. Eu tentava aguentar meu orgulho e deixá-la partir, fingindo não me importar, tocando no mesmo ponto (''ela abortou nosso filho''). Eu realmente não sabia admitir que tinha errado tanto quanto ela.

Eu a deixei ir uma vez. A deixei ir outra vez.

Não poderia persistir no erro pela terceira vez, seria burrice.

Eu não podia mais negar a minha vontade de tê-la nos braços, o dia, a noite, a madrugada, a vida inteira.

Eu precisava tocá-la de novo. Eu precisava dela.

Pela primeira vez, eu sentia que ela seria capaz de me fortalecer para sempre.

Sai pelo corredor, enquanto ela ainda esperava pelo elevador.

- Michelle!

Ela virou-se lindamente, e eu vi nela, por flashes de segundo, a garota de cabelos louros, vestido branco, lábios preenchidos com batom vermelho e aqueles olhos azuis cintilantes. Eu vi a menina que pregou os olhos em mim numa festa e nunca mais tirou.

Tomei sua mão, a beijei olhando em seus olhos, como na primeira vez em que nos vimos.

Perguntei então algo que realmente sentia que hora de fazer, e que nós dois estávamos prontos para acontecer.

- Vamos zerar e recomeçar?

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"Te amo para o infinito, porque o 'para sempre', sempre acaba"


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Notas finais do capítulo

Acabou gente... ou não. Talvez um capítulo extra, não sei, não é uma ideia.
Sinceramente eu amei esse final!
Quero agradecer a minha primeira leitora Maísa, Hime-chan! Que me inspirou em vários (ou todos...) capítulos e me convenceu muito bem a estender a estória, que teria terminado bem antes. As dicas, a atenção que deu ao enredo e principalmente a sua amizade maravilhosa que ofereceu à mim graças a essa fic, que foi a primeira coisa que escrevi e terminei em menos de um ano.
Dedico este último capítulo pra você Maa e espero que goste dele tanto quanto eu!
Agradeço a todas ou todos que acompanharam até aqui.
Mil beijos, até próximas fics!



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